A CONVERGÊNCIA E O USO DA IMAGEM NO JORNALISMO NA WEB

May 26, 2017 | Autor: Janaína Casanova | Categoria: Audiovisual, Convergencia Digital, Webjornalismo, Multimídia
Share Embed


Descrição do Produto

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – HABILITAÇÃO JORNALISMO

JANAÍNA OLDANI CASANOVA

A CONVERGÊNCIA E O USO DA IMAGEM NO JORNALISMO NA WEB

SANTA MARIA 2008

JANAÍNA OLDANI CASANOVA

A CONVERGÊNCIA E O USO DA IMAGEM NO JORNALISMO NA WEB

Monografia de Conclusão de Curso apresentada ao Curso de Comunicação Social – Habilitação Jornalismo, do Centro de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social – Jornalismo.

Orientadora: Profª. Drª. Luciana Pellin Mielniczuk

SANTA MARIA 2008

JANAÍNA OLDANI CASANOVA

A CONVERGÊNCIA E O USO DA IMAGEM NO JORNALISMO NA WEB

Monografia de Conclusão de Curso apresentada ao Curso de Comunicação Social – Habilitação Jornalismo, do Centro de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social – Jornalismo.

Aprovado pela banca examinadora em 11 de dezembro de 2008.

BANCA EXAMINADORA:

_______________________________________________ Luciana Pellin Mielniczuk, Profª. Drª. (UFSM) (Presidente/Orientadora) ________________________________________________________

Luciano Miranda, Prof. Dr. (UFSM / CESNORS)

________________________________________________________

Vivian Belochio, Profª. (UFSM)

AGRADECIMENTOS

Agradeço por todas as coisas boas que aconteceram nesses quatro anos e que fizeram com que eu chegasse até aqui, sem pensar em desistir. Agradeço pelas coisas não tão boas, mas que foram necessárias para o crescimento e aprendizado. Agradeço por fazer parte da melhor turma, que não atendeu às previsões e seguiu unida até o 8º semestre. Por todas as alegrias partilhadas, por todas as piadas, fotos, praias (e muito, muito mais). Alegrias que serão guardadas para sempre e foram fundamentais em todos os momentos.

Agradeço por todos os estilos de música que me acompanharam nesses meses de leituras, de impaciência com o computador problemático e na casa nova sem internet.

À minha família (pai, mãe, irmão, avôs, avós, tias, tios, primos, primas) que sempre me incentivaram, acreditaram, confortaram e viveram junto comigo, sem deixar faltar o apoio e carinho de todas as formas.

Agradeço à minha orientadora Luti, que me ‘orientou’ desde o 1º semestre, quando entrei ‘perdida’ no JORDI- o Grupo de Pesquisa em Jornalismo Digital. Desde então, contei sempre com o apoio e incentivo, desde as primeiras leituras em espanhol (época em que eu não tinha nem e-mail) até à monitoria e agora à monografia.

Agradeço por todos os amigos que ajudaram, de alguma forma, neste trabalho.

Agradeço por confiar em Deus, que mostra o melhor caminho a seguir e nos dá força, coragem e fé para continuarmos nossa caminhada a caminho do bem e de uma vida melhor.

RESUMO

O trabalho estuda o uso da imagem no jornalismo na web, partindo das mudanças ocorridas com o processo da convergência jornalística. Leva-se em conta as relações entre as quatro dimensões da convergência: tecnológica, profissional, empresarial e comunicativa. Detendose na dimensão comunicativa ou de conteúdo, busca-se organizar os produtos multimídia e audiovisuais, sistematizando esses dois conceitos e propondo um quadro sistemático de audiovisual e multimídia. São abordados termos como webjornalismo audiovisual, telejornalismo online, multimídia por justaposição e multimídia por integração, que são explicados e exemplificados. A integração das mídias encontra soluções em produtos e recursos de sites e portais. Infográficos, slideshows, hipervídeos e mashups são alguns exemplos de como está acontecendo o uso da imagem na dimensão dos conteúdos jornalísticos da web. Além disso, nota-se que características como a hipertextualidade e a interatividade contribuem para novas possibilidades de tratamento dos recursos multimídia e audiovisuais, provocando rupturas significativas no formato dos conteúdos, criando novas funções e inserindo o leitor na narrativa.

Palavras-chave: Convergência. Webjornalismo. Audiovisual. Multimídia.

RESUMEN

Lo trabajo considera para estudiarlo el uso de la imagen en el periodismo en la tela, el irse de los cambios ocurridos con el proceso de la convergencia. Uno admite cuenta las relaciones entre las cuatro dimensiones de la convergencia: empresarial, tecnológica, profesional y comunicativa. Persistente sí mismo en la dimensión del comunicativa o del contenido, procura uno para organizar las multimedias y los audiovisuais de los productos, sistematiza estos dos conceptos y en vista de un cuadro sistemático de audio-visual y de multimedias. Son términos como webjornalismo audiovisual, telejornalismo en línea, las multimedias para la yuxtaposición y multimedias para la integración, se explican que y los exemplificados. La integración de los medios encuentra soluciones en productos y recursos de sitios y de portales. Infográficos, los slideshows, los hipervídeos y los mashups son algunos ejemplos de pues está sucediendo el uso de la imagen en la dimensión del contenido periodístico de la tela. Por otra parte, uno nota que característica mientras que el hipertextualidade y el interatividade contribuye para las nuevas posibilidades de tratamiento de las multimedias y de los audiovisuais de los recursos, provocando rupturas significativas en el formato del contenido, creando nuevas funciones e insertando al lector en la narrativa.

Palabras-clave: Convergencia. Webjornalismo. Audiovisual. Multimedia.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Tela inicial Globo News....................................................................................... 17 Figura 2 - Visualização de um dos vídeos da seção “Em cima da hora”............................. 18 Figura 3 - Etapas da convergência (IGARZA, 2008, p. 147).............................................. 21 Quadro 1- Quadro das etapas da convergência (IGARZA, 2008, p. 148)........................... 23 Figura 4 - Modelo de notícia hipertextual............................................................................ 28 Figura 5 - Infográfico sobre a crise financeira – (publicado em 03/10/2008)...................... 29 Figura 6 - Infográfico sobre a crise financeira – seção “Entenda a crise”........................... 30 Figura 7 - Infográfico sobre a crise financeira - Seção “Ánalise da crise” – opção “Vídeo”...................................................................................................................... 30 Figura 8 - Célula informativa híbrida................................................................................... 32 Figura 9 - Imagem inicial do Infográfico............................................................................. 33 Figura 10 - Vídeo inserido no infográfico............................................................................ 33 Figura 11- Texto e vídeo no infográfico.............................................................................. 34 Figura 12 - Reportagem de ELPAÍS.com, de 28/10/2008................................................... 39 Figura 13 - Tela inicial da TV Uerj (http://www.tvuerj.uerj.br/)......................................... 43 Figura 14 - Exemplo de Hipervídeo.................................................................................... 45 Figura 15- Ilustração do link - texto integrado ao vídeo..................................................... 46 Figura 16 - Página inicial do clicRBS.................................................................................. 49 Figura 17- Página de exibição do vídeo............................................................................... 50 Figura 18 - Notícia do site G1 (g1.globo.com).................................................................... 51 Figura 19 - Slideshow do zerohora.com.............................................................................. 54 Figura 20 - Slideshow pausado, mostrando as informações da imagem.............................. 54 Figura 21 - Our Signal (http://oursignal.com)……………………………………………. 55 Figura 22 - Site do Yahoo!, que estava inserido como fonte no mashup........................... 56 Quadro 2 - Quadro sistemático de audiovisual e multimídia............................................... 57

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................9 2 2.1

A CONVERGÊNCIA.................................................................................................10 A RELAÇÃO ENTRE AS DIFERENTES DIMENSÕES DA CONVERGÊNCIA.......................................................................................................13 2.1.1 A dimensão comunicativa e a dimensão tecnológica...............................................15 2.1.2 A dimensão comunicativa e a dimensão profissional..............................................19 2.1.3 A dimensão comunicativa e dimensão empresarial ................................................20 2.2 CONVERGÊNCIA 3.0.................................................................................................22 3 3.1 3.2

CONTINUIDADES E RUPTURAS..........................................................................25 O INFOGRÁFICO COMO CONTINUIDADE...........................................................25 O INFOGRÁFICO COMO RUPTURA.......................................................................31

4 O USO DA IMAGEM NO WEBJORNALISMO.........................................................35 4.1 AUDIOVISUAL ..........................................................................................................35 4.1.1 Uma nova idéia: o Webjornalismo Audiovisual.......................................................39 4.1.2 A Televisão online .......................................................................................................41 4.1.3 O Hipervídeo................................................................................................................42 4.2 DOIS SIGNIFICADOS PARA O TERMO MULTIMÍDIA.........................................44 4.2.1 Justaposição ou integração.........................................................................................48 4.2.1.1 Infográfico.....................................................................................................................50 4.2.1.2 Slideshow......................................................................................................................51 4.2.1.3 Mashup..........................................................................................................................52 5 CONCLUSÃO......................................................................................................................56 REFERÊNCIAS......................................................................................................................59

5 CONCLUSÃO......................................................................................................................57 REFERÊNCIAS......................................................................................................................58

1 INTRODUÇÃO

A convergência no jornalismo é um processo que envolve diferentes dimensões, englobando as mudanças no âmbito das tecnologias, na rotina dos profissionais, nas estratégias das empresas e na produção do conteúdo. Nenhuma dessas dimensões aparece separadamente, pois elas se complementam e afetam uma às outras. No contexto da convergência, surgem diferentes possibilidades de explorar os recursos das redes digitais para o jornalismo na web, algumas das quais estão diretamente relacionadas ao conteúdo, que faz parte da dimensão comunicativa da convergência. Termos como audiovisual e multimídia são recorrentes. No entanto, a conceituação é complexa e exige reflexão, já que o jornalismo na web ainda é relativamente novo e muitos termos e soluções precisam ser estudados. Por isso, objetiva-se, neste trabalho, sistematizar os conceitos de ‘audiovisual’ e de ‘multimídia’ além de apresentar exemplos de produtos que se inserem nessas denominações. Para chegar ao nosso objetivo, utilizaremos como metodologia o Estudo de caso como ilustração. O objetivo é que o corpus não seja formado apenas por um produto específico, mas sim, que se utilize mais de um produto para ilustrar os conceitos teóricos apresentados ao longo do trabalho. Dessa maneira, os argumentos serão ilustrados e poderá ser demonstrado como os conceitos são colocados em prática nas páginas da web. Para isso, serão utilizadas soluções disponibilizadas em sites e portais que terão alguns de seus produtos analisados ao longo do trabalho. O primeiro capítulo apresenta a idéia de convergência e suas quatro dimensões (SALAVERRÍA, 2003): tecnológica, profissional, empresarial (SAAD, 2003) e comunicativa. Também apresenta-se a convergência 3.0, conceito de Igarza (2008), que explica a evolução do processo de convergência desde o início da Internet até o momento atual, levando em conta também os conteúdos e dispositivos. No segundo capítulo, aborda-se as continuidades e rupturas provocadas pelos conteúdos multimídia na web. Para isso, baseia-se em Palacios (2002) e Mielniczuk (2003). Para exemplificar as continuidades e rupturas, é empregado o infográfico, que é o produto mais complexo, que tem a capacidade de integrar diferentes meios. São utilizados os estudos de Canavilhas (2007), que apresenta o infográfico como um novo gênero jornalístico.

No terceiro capítulo, discute-se os conceitos de multimídia e audiovisual, em diferentes aspectos, a partir de autores como Ramón Salaverría (2005), Masip e Micó (2008), Lev Manovich (2006), Leila Nogueira (2005) e Antônio Brasil (2002). Exemplifica-se o uso da imagem no jornalismo na web, com apresentação de produtos multimídia e audiovisuais. Ao final, sistematiza-se as idéias de audiovisual e multimídia, criando subcategorias para esses, a partir dos conceitos e conclusões apresentados ao longo do trabalho. Considerase as soluções e propostas para os conteúdos audiovisuais e multimídia apresentadas pelos sites e portais de jornalismo na web.

2 A CONVERGÊNCIA

“A convergência multimídia não deve ser entendida somente como uma gestão otimizada dos recursos, mas também como a busca de produtos informativos qualitativamente melhores através da cooperação entre os meios. Este é talvez o grande desafio.”

Ramón Salaverría

A convergência é um processo multidimensional que afeta as diferentes áreas dos meios, pois não ocorre somente em um nível, mas sim em todas as dimensões (SALAVERRÍA, 2003). Nesse mesmo sentido, García Avilés [et al.] (2008) descrevem a convergência como um processo multidimensional que, facilitado pela implantação generalizada das tecnologias digitais de telecomunicação, afeta no âmbito tecnológico, empresarial, profissional e editorial dos meios de comunicação, propiciando uma integração de ferramentas, espaços, métodos de trabalho e linguagens anteriormente desagregados, de forma que os jornalistas elaboram conteúdos que se distribuem através de múltiplas plataformas, mediante as linguagens próprias de cada uma. (García Avilés [et al.], 2008, p. 35, tradução nossa ).1

Para entender o conceito de convergência, é preciso conhecer cada uma de suas dimensões, propostas por Ramón Salaverría (2003). Ele sintetiza as quatro dimensões articuladas entre si pelo processo de convergência: empresarial, tecnológica, profissional e comunicativa. Cada uma delas será explicada a seguir, com seus principais aspectos. Dimensão empresarial: Na dimensão empresarial, desataca-se a aparição da internet como nova plataforma para o Jornalismo, que obrigou os grupos de comunicação a revisar os modelos de articulação dos meios. As empresas passaram e passam por um processo de diversificação midiática. Dimensão tecnológica: A dimensão tecnológica corresponde à revolução instrumental que aconteceu nos últimos anos nos processos de composição, produção e difusão da

1

un proceso multidimensional que, facilitado por la implantación generalizada de las tecnologías digitales de telecomunicación, afecta al ámbito tecnológico, empresarial, profesional y editorial de los medios de comunicación, propiciando una integración de herramientas, espacios, métodos de trabajo y lenguajes anteriormente disgregados, de forma que los periodistas elaboran contenidos que se distribuyen a través de múltiples plataformas, mediante los lenguajes propios de cada una.

imprensa. A tecnologia digital trouxe uma reconfiguração profunda e abriu novos horizontes ao trabalho jornalístico. No começo dos anos 1990, as redações eram cadeias lineares de produção com um objetivo único: publicar um jornal impresso todos os dias. Sem dúvida, a aparição dos diários eletrônicos provocou mudanças rápidas nesse modelo. Até metade dessa época, os diários começaram a oferecer um segundo jornal através da Internet, que reproduzia mais ou menos literalmente os conteúdos do jornal impresso. Apenas dois anos mais tarde, em 1997, os jornais viram a necessidade de criar redações autônomas que elaboraram conteúdos específicos para a versão digital. Este processo causou um progressivo distanciamento e ‘descoordenação’ entre as redações que, desde dois ou três anos, está se tentando superar através da implantação dos sistemas de gestão integrada dos conteúdos. (SALAVERRÍA, 2003, p. 2, tradução nossa).2

Dimensão profissional: a convergência multimídia mudou também o trabalho dos jornalistas, que agora atuam de maneiras diferentes, classificados em: “jornalista multiarea” e “jornalista multiplataforma”. O primeiro é o que trabalha, exercendo diferentes funções, como redação, fotografia, edição. O multiplataforma é o que elabora e difunde as informações através de múltiplos canais e ajusta os produtos informativos às características de cada meio. Dimensão comunicativa ou de conteúdo3: a revolução digital abriu novos horizontes para a expressão jornalística, estabelecendo o desafio de criar uma retórica jornalística multimídia. As potencialidades do webjornalismo, como a hipertextualidade e a interatividade, criam novas formas de apresentar a informação e trazem a necessidade de se pensar em diferentes maneiras de aproveitar essas utilidades. Essas novas formas de apresentar a informação levam à integração dos meios e dos conteúdos, denominada por Salaverría (2003) como “integração multimídia”. E para que ocorra essa integração, necessita-se essencialmente de três coisas: planejamento, inovação e formação. Uma vez situados esses pilares, é possível pensar em como se pode conseguir o máximo aproveitamento informativo das coberturas multimídia. E para fazer esse trabalho o profissional precisa ser entendedor do processo. O autor sugere o perfil ideal do Jornalista Multimídia. Ele deve ter:

2

A comienzos de los años 1990, las redacciones de los periódicos eran cadenas lineales de producción con un objetivo único: publicar un diario impreso todos los días. Sin embargo, la aparición de los diarios electrónicos provocó cambios rápidos en ese modelo. Hacia mediados de la década, los diarios comenzaron a ofrecer un segundo periódico a través de Internet, que reproducía más o menos literalmente los contenidos del periódico impreso. Apenas un par de años más tarde, hacia 1997, los periódicos vieron la necesidad de crear redacciones autónomas que elaboraran contenidos específicos para la versión digital. Este proceso causó un progresivo distanciamiento y descoordinación entre las redacciones que, desde hace dos o tres años, se está intentando superar a través de la implantación de los sistemas de gestión integrada de los contenidos (Content Management Systems). 3 Salaverría denomina, em 2007, a Dimensão Comunicativa também como dimensão de conteúdo.

1. capacidade para o trabalho em equipe (o jornalismo multimídia exige enormes doses de comunicação interna), 2. familiaridade com as novas tecnologias, 3. agilidade para enfrentar a informação de última hora (muitas vezes os jornalistas 'do papel' carecem dos reflexos informativos que possuem, por exemplo, os jornalistas de rádio ou de agência, e esses reflexos são vitais na rede), e 4. notáveis destrezas comunicativas, tanto textuais como audiovisuais. (SALAVERRÍA, 2003, p. 10, tradução nossa). 4

Ao se apresentar essas quatro dimensões, nota-se que todas estão inter-relacionadas entre si. Porém, no presente estudo, deter-se-á em uma delas: a dimensão comunicativa. Palacios (2002) já usava o termo “convergência multimídia”, que se refere às idéias da dimensão

comunicativa

e

a

uma

das

características

do

Webjornalismo:

a

multimidialidade/convergência. O autor define a multimidialidade/convergência assim: “No contexto do Jornalismo online, multimidialidade refere-se à convergência dos formatos das mídias tradicionais (imagem, texto e som) na narração do fato jornalístico”. (PALACIOS, 2002, p. 5).5 Diante disso, vê-se que as diferentes dimensões da convergência se complementam, principalmente a tecnológica, a profissional e a comunicativa, pois todas giram em torno do fazer jornalístico na Web, refletindo-se nos produtos.

4

1. capacidad para el trabajo en equipo (el periodismo multimedia exige enormes dosis de comunicación interna), 2. familiaridad con las nuevas tecnologías, 3. agilidad para enfrentarse a la información de última hora (a menudo los periodistas 'del papel' carecen de los reflejos informativos que sí poseen por ejemplo los periodistas de radio o de agencia, y esos reflejos son vitales en la Red), y 4. notables destrezas comunicativas tanto textuales como audiovisuales. 5 O autor utiliza nessa citação o termo online, porém, utilizaremos o termo “webjornalismo”, pois é a palavra que melhor se adequa ao jornalismo feito na e para a Internet, mais especificamente, na World Wide Web. Portanto, webjornalismo é o jornalismo que utiliza as ferramentas da Internet para investigar e produzir conteúdos jornalísticos difundidos pela Web, e que tem uma linguagem própria, composta por textos, sons, imagens e animações, conectados entre si através de links. (CANAVILHAS, 2007). É importante explicar o porquê da utilização do “Webjornalismo” no trabalho, pois o próprio termo já nos traz idéias das características e especificidades que serão abordadas. Continuando, vemos que Webjornalismo se encaixa melhor do que Jornalismo online, que também é muito utilizado, pois “o termo ‘online’ conduz à idéia de conexão em tempo real, ou seja, fluxo contínuo de informação e quase instantâneo. As possibilidades de acesso e transferência de dados online utilizam-se, na maioria dos casos, de tecnologia digital. Porém, nem tudo o que é digital, é online. O webjornalismo, por sua vez, refere-se a uma parte específica da internet, que disponibiliza interfaces gráficas de uma forma bastante amigável. (Mielniczuk, 2003, p. 26).

2.1 A RELAÇÃO ENTRE AS DIFERENTES DIMENSÕES DA CONVERGÊNCIA

A dimensão comunicativa é um dos planos da convergência e é o mais visível, pois está ligado diretamente aos produtos jornalísticos e aos diferentes meios, ou seja, à multimidialidade. Para Salaverría, a multimidialidade é vista como a capacidade de processar e difundir mensagens que integram diversos códigos – textuais, visuais e sonoros – e gozam de unidade comunicativa. Assim, a convergência multimídia está no plano dos conteúdos, ou das linguagens jornalísticas, pois linguagens jornalísticas que anteriormente faziam parte de meios independentes (a linguagem do jornalismo escrito e a linguagem do jornalismo televisivo) começam a se mesclar em uma linguagem jornalística multimídia que enriquecido, além disso, pela hipertextualidade, está desenvolvendo uma nova forma de expressão 6 jornalística através da Rede. (SALAVERRÍA, 2007, tradução nossa).

Edo (2002) aponta que, a partir da década de 1990, o jornalismo digital oferece uma mensagem unificada mediante uma linguagem própria, denominada de linguagem múltipla:

A nova linguagem, que ainda não está definida nem consolidada, é um dos grandes desafios do jornalismo do século XXI. Deve incluir texto, áudio e vídeo, contar com as possibilidades interativas da Internet e facilitar a atualização constante das notícias de uma maneira atrativa para o público. Mas o certo é que ainda não existe como tal, e que se darão muitos passos medianos antes que cheguemos a vê-lo feito realidade. (Edo, 2002, p.8, tradução nossa).7

Sobre a importância da linguagem no âmbito da integração multimídia, Salaverría afirma que: “as próprias linguagens jornalísticas são exemplo de convergência: os conteúdos multimídia que hoje caracterizam as formas mais vanguardistas do jornalismo são, no fundo,

6

lenguajes periodísticos que anteriormente formaban parte de medios independientes (el lenguaje del periodismo escrito y el lenguaje del periodismo televisivo) empiezan a hibridarse en un lenguaje periodístico multimedia que enriquecido, además, por la hipertextualidad está desarrollando una nueva forma de expresión periodística a través de la Red. [Entrevista, disponível na Internet] 7 El nuevo lenguaje, que todavía no está definido ni consolidado, es uno de los grandes retos del periodismo del siglo XXI. Debe incluir texto, audio y vídeo, contar con las posibilidades interactivas de Internet y facilitar la actualización constante de las noticias de una manera atractiva para el público. Pero lo cierto es que todavía no existe como tal, y que se darán muchos pasos intermedios antes de que lleguemos a verlo hecho realidad.

uma mescla das linguagens exploradas durante o século XX pelos meios impressos e audiovisuais” (SALAVERRÍA, 2008, p. 32, tradução nossa).8 Para melhor entendimento de como ocorre essa integração e o que está envolvido no processo de convergência, vê-se como a dimensão comunicativa se relaciona com cada uma das outras três: a tecnológica, a profissional e a empresarial.

2.1.1 A dimensão comunicativa e a dimensão tecnológica

As tecnologias digitais têm espaço garantido nos meios de comunicação. Substituíram as ferramentas analógicas que eram utilizadas até pouco tempo para a investigação, produção e divulgação das informações. “As tecnologias digitais têm multiplicado os suportes de consumo nas mãos do público, graças aos computadores, agendas eletrônicas, telefones móveis e diversos dispositivos domésticos”.9 (SALAVERRÌA, 2008, p. 35, tradução nossa). Canavilhas cita McLuhan, quando aborda a multimidialidade. O autor, no seu estudo, considerou que o efeito de um novo meio é sempre a soma dos efeitos dos meios antecedentes. Na Web, esse efeito somatório é reforçado pela sua multimidialidade, a possibilidade de integrar diferentes tipos de conteúdos – vídeo, som, fotos, etc. – em um só documento. Se pode dizer, sem medo de exagerar, que a Web é o meio dos meios, por incorporar as características de todos os meios antecedentes, somando-lhes além disso características únicas resultantes de sua natureza, como a hipertextualidade e a interatividade, que permitem à recepção uma não-linearidade na leitura dos conteúdos e um maior domínio sobre produto midiático. (McLuhan, 1968 apud CANAVILHAS, 2007, p. 97, tradução nossa).10

Quanto à multimidialidade, sabe-se que a informática abriu a possibilidade de fundir num único meio e num único suporte todos os outros meios. E ela faz isso de forma integrada, de modo que a combinação dos meios construa uma modalidade discursiva única. Ribas (2004) cita Machado (1997) afirmando que a informática impõe o desafio de aprender a 8 Los propios lenguajes periodísticos son ejemplo de convergencia: los contenidos multimedia que hoy caracterizan a las formas más vanguardistas del periodismo son, en el fondo, una amalgama de los lenguajes explorados durante el siglo XX por los medios impresos y audiovisuales 9 Las tecnologias digitales han multiplicado los soportes de consumo em manos del público, gracias a los ordenadores, agendas electrónicas, teléfonos móviles y diversos dispositivos domóticos. 10 consideró que el efecto de un nuevo medio es siempre la suma de los efectos de los medios antecedentes. Em la Web, este efecto sumatorio es reforzado por su multimedialidad, la posibilidad de integrar diferentes tipos de contenidos -vídeo, sonido, fotos, etc.- en un sólo documento. Se puede decir, sin temor a exagerar, que la Web es el medio de los medios, por incorporar las características de todos los medios antecedentes, sumándole además características únicas resultantes de su naturaleza, como la hipertextualidad y la interactividad que permiten a la recepción una no linealidad en la lectura de los contenidos y un mayor dominio sobre el producto mediático.

construir o pensamento e expressá-lo socialmente através de um conjunto integrado de meios, através de um discurso áudio-tátil-verbo-moto-visual, sem hierarquias e sem a hegemonia de um código sobre os demais. (RIBAS. 2004, p. 5). Cabrera González (2000) denomina essa fase como “modelo multimídia”. Nela, as publicações utilizam o máximo das características do meio, principalmente a interatividade, os sons, imagens em movimento (vídeo), imagens estáticas (fotografias) e gráficos. Nesse modelo, nota-se uma nova linguagem, pela integração de diferentes elementos multimídia no texto. Essas possibilidades são construídas a partir da convergência tecnológica, que possibilita a integração dos meios em um único suporte, estabelecendo, assim, uma relação direta da convergência comunicativa com a convergência tecnológica. 11 Além disso, “os objetos digitais podem replicar-se sem maiores custos, têm a capacidade de se integrar com certa facilidade em mais de um suporte e podem expandir-se com muita flexibilidade”. (IGARZA, 2008, P. 40, tradução nossa).12 Tratando a respeito da relação entre a internet e os meios tradicionais, um fator que aquela possui é o de possibilitar o uso de uma tecnologia comum, independentemente das tecnologias utilizadas anteriormente fora dos meios virtuais. Todo o conteúdo da internet está em formato digital. As velhas distinções entre a tecnologia necessária para criar os conteúdos e a que se usava para os levar ao seu destinatário – que constituíam limitações cruciais para os padrões de consumo e a lógica empresarial dos diferentes meios – tem-se visto substituídas por um só tipo de conteúdo: a informação digitalizada, transmitida e recebida mediante canais e tecnologias comuns. (IGARZA, 2008, p. 113, tradução 13 nossa).

11 Sabemos da existência de outro termo que se refere ao assunto: o crossmedia. Porém, não o utilizaremos no trabalho por se tratar de um ângulo diferente do assunto em questão. Mas vale deixa a explicação. A idéia de crossmedia se aproxima do conceito de convergência. A palavra crossmedia, em sua composição, remete a alguns significados, como cruzamento de mídias, interseção ou mídias cruzadas. Apesar de não possuir uma definição formada, o conceito remete à ao uso de múltiplos meios de comunicação para tornar o conteúdo mais acessível. (PATO, 2008). Célia Quico considera que crossmedia se define como: “um produto e/ou serviço interactivo que envolve mais do que um médium, nomeadamente, televisão, telemóveis e computadores pessoais.” (QUICO, 2003, p. 2) “Historicamente, o termo Crossmedia existe desde que as editoras conseguiram publicar obras, que antes apenas existiam em formato de papel, em formato electrónico – veja-se por exemplo, o caso das enciclopédias que incluíam formato digital em CD Rom. Hoje, com a crescente digitalização, é já dado como adquirido, pelo o público, a existência de um formato na Internet da maior parte dos conteúdos que existem em papel.” (PATO, 2008, p.4) 12 Los objetos digitales pueden replicarse sin mayores costos, tienen la capacidad de integrarse con cierta facilidad en más de un contenedor y pueden expandirse con mucha flexibilidad. 13 Las viejas distinciones entre la tecnología necessaria para crear los contenidos y la que se usaba para llevarlos a su destinatário – que constituían limitaciones cruciales para los patrones de consumo y la lógica empresarial de los diferentes médios – se han visto sustituidas por un solo tipo de contenido: la información digitalizada, transmitida y recebida mediante canales y tecnologias comunes.

Os conteúdos audiovisuais são um exemplo de como os avanços tecnológicos contribuem para os produtos multimídia, pois antes eles eram vinculados especialmente à televisão. Agora, têm tomado conta do computador, cuja tela está se convertendo no meio de visualização predominante desses conteúdos. Igarza explica os motivos dessa mudança:

durante muito tempo, os conteúdos interativos, multimídia e audiovisuais só podiam difundir-se na rede a baixas velocidades e com uma qualidade distante da qualidade televisiva, a qual o usuário médio estava acostumado. Três fatores modificaram essa situação: a) a otimização das tecnologias de processamento da informação e reprodução (capacidade de visualização dos conteúdos); b) a extensão e otimização das tecnologias de redes de alta velocidade (as conexões à Internet de melhor qualidade se incrementam vertiginosamente); c) o custo dos fatores tecnológicos se mantém constante apesar das melhorias. (IGARZA, 2008, p. 42, tradução nossa ). 14

O autor aponta que a idoneidade dos computadores para administrar eficientemente o conteúdo digital não está e nunca esteve em dúvida. No entanto, sua capacidade para administrar os conteúdos audiovisuais se tornaram apropriadas há pouco tempo, quando os equipamentos adquiriram mais capacidade de armazenamento (os conteúdos audiovisuais são de maior volume que os arquivos de texto ou de áudio), de processamento e reprodução (telas com melhor resolução). “O fato de que possam conectar-se à rede com altas velocidades mediante tecnologias de banda larga lhes tem facilitado a tarefa de receber online conteúdos audiovisuais que antes só podiam distribuir-se por cabos de vídeo”. (IGARZA, 2008, p. 46, tradução nossa ).15 Para exemplificar, tem-se o site da Globo News (http://globonews.globo.com), um dos diversos sites jornalísticos que utiliza o potencial de distribuir as informações através dos conteúdos audiovisuais com qualidade e velocidade:

14

Durante mucho tiempo, los contenidos interactivos, multimedia y audiovisuales solo podían difundirse en la red a bajas velocidades y con una calidad lejana a la calidad televisiva a la que el usuario medio estaba acostumbrado. Tres factores modifican esta situación: la optimización de las tecnologias de procesamiento de la información y reproducción capacidad de visualización de los contenidos), la extensión y optimización de las tecnologías de redes de alta velocidad (las conexiones a Internet de mejor calidad se incrementan vertiginosamente), el costo de los factores tecnológicos se mantiene constante a pesar de las mejoras. 15 El hecho de que puedan conectarse a la red con altas velocidades mediante tecnología de banda ancha les há facilitado la tarea de recibir en línea contenidos audiovisuales que antes solo podían distribuirse por videocable.

Figura 1- Tela inicial Globo News.

Na tela inicial, são apresentadas várias opções de vídeo, incluindo as principais notícias do dia, na seção “Em cima da hora” (indicada na seta 1). Também há a seção “Globo News ao vivo”, que possui programação 24 horas no ar. (indicada na seta 2). O site da Globo News, que pertence ao portal globo.com, é essencialmente audiovisual, pois todas as seções possuem vídeos ou transmissão ao vivo. Na tela a seguir, apresenta-se a tela de exibição de um dos vídeos da seção “Em cima da hora”, da notícia intitulada “Polícia apreende armas e drogas em escola do Rio. O vídeo tem duração de 25 segundos. A duração dos vídeos varia, não há um tempo fixo. Na coluna ao lado (indicada pela seta), tem-se a relação das outras notícias da seção.

Figura 2- Visualização de um dos vídeos da seção “Em cima da hora”.

Nota-se, nesse exemplo, uma das possibilidades de apresentação dos conteúdos audiovisuais na internet, com a utilização da capacidade de armazenamento e de processamento, assim como de reprodução, com conteúdos audiovisuais (vídeos e transmissão ao vivo) de qualidade.

2.1.2 A dimensão comunicativa e a dimensão profissional

No contexto da convergência, sabe-se da importância que tem a Dimensão Profissional16, citada por Salaverría, pois ela define o trabalho do jornalista na Web, criando novas rotinas produtivas e, assim, interferindo no produto final. Pois, como afirma Edo (2002), a convergência multimídia se traduz em uma mudança de perfil profissional – “É o jornalismo multimídia que exige escrever a notícia para a rede, com as correspondentes

16

Segundo Salaverría, “parece claro que estas nuevas dinámicas de convergencia están haciendo que el trabajo del periodista sea cada vez más vertical o, lo que es lo mismo, que asuma mayor responsabilidad y protagonismo en el proceso de producción informativa. Y ya sea por el camino de la multitarea o de la multiplataforma, es evidente que en el terreno profesional encontramos una tercera dimensión de la convergencia multimedia”. (SALAVERRÍA, 2003).

atualizações, e contar as coisas com os meios audiovisuais, compartilhando toda a informação”. (EDO, 2002, p. 110). 17 Além disso, no que se refere ao trabalho dos jornalistas na produção das notícias no cenário convergente, afirma-se o seguinte:

A tecnologia digital favorece a integração de funções que antes estavam separadas no processo de produção de informativos, pelo que os jornalistas assumem as tarefas de gravação e edição (até faz alguns anos separadas), e se incrementa a automatização de tarefas e serviços. O trabalho se divide em compartimentos cada vez mais reduzidos, de maneira que alguns profissionais chegam a questionar-se sobre a própria função de repórteres, porque tem se transformado em “empacotadores de conteúdos”, como indicávamos antes. Há menos redatores que buscam e geram notícias, e cada vez são mais os que se dedicam a elaborar o que se recebe da agência ou através de outras fontes. (SALAVERRÍA, 2008, p. 42).18

Vêem-se aí as mudanças no trabalho das redações multimídia, que exigem uma mudança no perfil do profissional: aquele conhecedor dos recursos da web, que esteja capacitado e saiba unir os diferentes meios para produzir um conteúdo multimídia da melhor forma possível, explorando as potencialidades fornecidas pelo meio digital.

2.1.3 A dimensão comunicativa e dimensão empresarial

Com o surgimento da internet, as empresas de comunicação buscaram estratégias para fazer uso das novas tecnologias, gerando bons resultados.

17

“Es el periodismo multimedia, que exige escribir la noticia para la Red, com las correspondientes atualizaciones, y contar las cosas com los médios audiovisuales, compartiendo toda la información...”. 18 La tecnología digital favorece la integración de funciones que antes estaban separadas en el proceso de producción de informativos, por lo que los periodistas asumen las tareas de grabación y edición (hasta hace unos años separadas), y se incrementa la automatización de tareas y servicios. El trabajo se divide en compartimentos cada vez más reducidos, de manera que algunos profesionales llegan a cuestionarse su propia función de reporteros, porque se han convertido en “empaquetadores de contenidos”, como señalábamos antes. Hay menos redactores que buscan y generan noticias, y cada vez son más quienes se dedican a elaborar lo que se recibe de agencia o a través de otras fuentes.

O que ocorreu com as empresas informativas entre o início da década de 1990 e a virada do milênio foi uma incessante busca por modelos estratégicos que alterassem minimamente a estrutura da empresa, seus produtos e o seu processo operacional, mas que, ao mesmo tempo, explorassem ao máximo as vantagens que a revolução digital apresentava. (SAAD, 2003, p. 92).

Uma das idéias que surgiram e ainda estão sendo estudadas e implantadas é a do multimedia desk, ou “redação única”, modelo estratégico utilizado pelas empresas. As redações integradas estão, aos poucos, tomando espaço e geram mudanças no processo de produção da informação. É um caminho proposto para a integração das mídias, pois “exige uma nova postura em relação à construção de conteúdos, e a proposição de narrativas que, conforme o tema e o suporte, explorem o melhor do texto, do som e da imagem, associados à interatividade”. (Saad, 2003) Salaverría, ao falar dos desafios da dimensão empresarial, conclui:

O principal desafio pendente é passar da simples integração gerencial das companhias de comunicação a uma integração editorial dos diversos meios que compõem essas companhias. Não se trata de que os meios que se ajustam ao grupo percam sua identidade e independência em respeito aos demais, mas que articulem canais de comunicação interna adequados para potencializar no conjunto certas estratégias informativas e, deste modo, para facilitar que cada meio se concentre naquilo em que está realmente especializado. (SALAVERRÍA, 2003, p.7, tradução nossa)19.

Com isso, vê-se que a dimensão empresarial, assim como as outras, influi diretamente na dimensão comunicativa da convergência, como indica a seguinte afirmação:

19

El principal reto pendiente es pasar de la simple integración gerencial de las compañías de comunicación a una integración

editorial de los diversos medios que componen esas compañías. No se trata de que los medios que conforman el grupo pierdan su identidad e independencia respecto de los demás, sino que articulen canales de comunicación interna adecuados para potenciar en conjunto ciertas estrategias informativas y, asimismo, para facilitar que cada medio se concentre en aquello en lo que está realmente especializado.

A progressiva transformação da web em um ambiente audiovisual, com suficiente capacidade para que os usuários acessem conteúdos multimídia, estabelece uma série de decisões estratégicas para as empresas de comunicação. Os cibermeios estão reagindo diante desta demanda e as produções multimídia crescem em quantidade e qualidade, pelo que é provável que a divisão estrita entre texto, áudio e vídeo tende a desaparecer conforme a web aumente seu enorme potencial multimídia. (SALAVERRÍA, 2008, p. 41, tradução nossa). 20

Portanto, quanto mais profunda e clara a compreensão que a empresa tem do papel da internet, mais será necessário explorar os recursos que a sua tecnologia oferece. E cada vez mais a empresa deverá conhecer o ambiente tecnológico e estar atenta ao desenvolvimento ou absorção de novas tecnologias que venham a ser úteis nas suas estratégias de comunicação.

2.2 CONVERGÊNCIA 3.0

Tem-se clara a idéia de pensar a convergência como um processo, algo que sempre está se relacionando, em contínuo andamento. Até o momento, viu-se o fenômeno da convergência em suas quatro dimensões: empresarial, tecnológica, profissional e comunicativa. Agora,

será abordada a evolução da convergência desde o seu início na

Internet. Igarza (2008) analisa esse processo e o distingue em três etapas, chegando ao conceito da convergência 3.0. A figura a seguir, retirada do livro “Nuevos medios: Estrategias de convergencia”, mostra a divisão em três fases: a Convergência 1.0, relacionada diretamente à internet; a Convergência 2.0, com a internet como um metameio; e, finalmente, a Convergência 3.0, que se refere ao momento atual, quando as potencialidades do meio são exploradas de maneira eficaz, criando um conteúdo multimídia integrado.

20

La progresiva transformación de la web en un entorno audiovisual, con suficiente capacidad para que los usuarios accedan a contenidos multimedia, plantea una serie de decisiones estratégicas para las empresas de comunicación. Los cibermedios están reaccionando ante esta demanda y las producciones multimedia crecen en cantidad y calidad, por lo que es probable que la división estricta entre texto, audio y vídeo tienda a desaparecer conforme la web aumente su enorme potencial multimedia.

Convergência 1.0

A convergência é a Internet

Convergência 2.0

O metameio

Convergência 3.0

Os novos meios sociais e a quarta tela

Figura 3- Etapas da convergência (IGARZA, 2008, p. 147)

Para chegar a essa conclusão, o autor considerou os efeitos e a evolução do processo da convergência em seis dimensões: políticas de governo e regulações; desenvolvimento comercial; infraestrutura; conteúdo; dispositivos e consumidores. Como o presente trabalho enfoca a dimensão comunicativa, será levado em conta somente as dimensões do conteúdo e dos dispositivos, que estão relacionados também às outras dimensões propostas por Salaverría: empresarial, profissional e, principalmente, à tecnológica. Então, organizaram-se as características das três etapas da convergência relacionadas ao conteúdo e ao dispositivo, apontadas por Igarza, e as relacionamos no quadro a seguir:

Conteúdos: Na internet, os conteúdos são Convergência 1.0 textuais. Falta flexibilidade na cultura organizacional dos grandes meios. A (desde 1998) produção se digitaliza. A distribuição não se adapta à convergência. Os formatos, unidades de sentido, custos e dispositivos são diferentes.

Conteúdos: A Internet é um metameio. Na

Convergência 2.0 Internet, os conteúdos são ainda na maioria textuais. Os meios informativos produzem (a partir de 2002) conteúdos noticiosos (textos) para telefonia móvel. Os meios gráficos pagos perdem audiência e se desenvolvem os jornais gratuitos. Os Meios de Comunicação de Massa (MCM) incorporam versões “online” mais desenvolvidas que usam como ferramenta de fidelização e marketing direto. Os meios audiovisuais ampliam a informação com textos e serviços na Internet.

Dispositivos: os computadores pessoais usam discos de capacidade limitada freqüentemente 20 gigabytes. Crescem as conexões à Internet com banda larga (ADSL) de uma velocidade até 1 MB/s.

Conteúdos: Todos os MCM têm versões Dispositivos: A baixa dos preços

Convergência 3.0 online e competem pela audiência na contribuem para sua difusão. Os Internet. Independentemente de sua natureza computadores portáteis incrementam (a partir de 2006) de origem (impresso, televisivo e sua porcentagem de mercado. Os radiofônico), as versões online dos MCM utilizam similares linguagens visuais e tipos de conteúdos (todos são multimídia) e espaços de participação) fóruns, chats, blogs). Irrompe o jornalismo participativo (blogs). Aparecem e desenvolvem os modelos “wikis” (wikipedia). As imagens audiovisuais invadem a Internet. A TV perde audiência. Os meios impressos seguem perdendo audiência. Os periódicos gratuitos ganham terreno. Os conteúdos audiovisuais se desagregam em unidades menores para serem distribuídas e reproduzidas por todos os dispositivos. Os conteúdos começam a ser identificados com metadados.

sistemas operativos aumentam suas facilidades para a gestão de conteúdos audiovisuais. Os reprodutores se incorporam aos sistemas operativos, o que facilita o acesso aos diversos tipos de conteúdos oferecidos pelos novos meios. A maioria dos dispositivos incorpora tecnologias bluetoohth para a conectividade sem fio entre dispositivos.

Quadro 1- Quadro das etapas da convergência (IGARZA, 2008, p. 148).

Vê-se, com a evolução da convergência, que a Internet tem tido um efeito nivelador entre os meios. Uma das principais características da última etapa é o fato de as versões online dos meios impressos incorporarem vídeos e áudios. Igarza completa: “os novos meios puros (aqueles que têm surgido graças à Internet e que não têm uma representação off line) usam iguais estratégias combinatórias. Todos são mais ou menos multimídias”. (IGARZA, 2008, p. 160). Na Internet, a combinação de conteúdos de natureza diferente (textos, imagens fixas ou

animadas, desenhos e gráficos, sons, vídeo) é utilizada por todos, em um formato digital comum e de maneira simultânea. No capítulo inicial, viu-se o conceito de convergência e delimitaram-se suas quatro dimensões: empresarial, tecnológica, profissional e comunicativa. Deu-se atenção à dimensão comunicativa, relacionando-a com as outras três. Concluiu-se a partir das idéias de Salaverría, que a convergência é um processo em que todas as dimensões se relacionam entre si. Partindo dos conceitos de convergência, em especial da dimensão comunicativa, no próximo capítulo, será destacado o estudo das continuidades e rupturas que acontecem com o uso dos recursos multimídia no jornalismo na web.

3 CONTINUIDADES E RUPTURAS

“E talvez a característica mais importante da multimídia seja que ela capta em seu domínio a maioria das expressões culturais em toda a sua diversidade. Seu advento e equivalente ao fim da separação e até da distinção entre mídia audiovisual e mídia impressa, cultura popular e cultura erudita, entretenimento e informação, educação e persuasão”.

Manuel Castells.

A utilização otimizada das características ou potencialidades do meio vem juntamente com as idéias de rupturas e continuidades, que são explicadas por Palacios (2002) e Mielniczuk (2003). Segundo Palacios, nem todas as características do webjornalismo representam aspectos realmente novos. Muitos deles já existiam em outras mídias e sua utilização é uma continuidade no novo suporte. Explicando melhor:

A Multimidialidade do Jornalismo na Web é certamente uma Continuidade, se considerarmos que na TV já ocorre uma conjugação de formatos mediáticos (imagem, som e texto). No entanto, é igualmente evidente que a Web, pela facilidade de conjugação dos diferentes formatos, potencializa essa característica. (PALACIOS, 2002, p. 6).

Conforme Mielniczuk, “a ruptura estaria na quebra de um certo padrão, a qual é proporcionada por um grau elevado da potencialização do uso de determinada característica e acaba acarretando em uma mudança de funções ou criação de novas funcionalidades”. (MIELNICZUK, 2003, p.2)

3.1 O INFOGRÁFICO COMO CONTINUIDADE

Para explicar a idéia de continuidades e rupturas, utilizar-se-á o infográfico na web, que é considerado um novo gênero do jornalismo por autores como Diaz Noci e Salaverría. A ruptura se caracteriza, sobretudo, por oferecer um conteúdo interativo e mais completo,

que proporcione

transformações significativas

na

narrativa

jornalística

(MIELNICZUK, 2003). Um exemplo de ruptura, dentro da convergência, seria a infográfico, pois é um produto multimídia que explora imagem, texto e som conjuntamente, sendo um exemplo da evolução do jornalismo na Internet, como explica Salaverría: A área onde de detecta com mais clareza essa evolução é, provavelmente, a infografia. Em apenas cinco anos, desde 1998 até a atualidade, a infografia digital tem explorado formas jornalísticas revolucionárias, que aproveitam cada vez mais as potencialidades do suporte digital. As infografias dos meios digitais que há somente cinco anos não eram mais que reproduções estáticas das que se elaboravam para o suporte impresso, hoje em dia tem se convertido em depuradas peças jornalísticas que integram textos, imagens estáticas e dinâmicas, 3D, sons e cada vez maiores doses de interatividade. Não em vão as mais recentes produções deste tipo tem sido chamadas de “jornalismo imersivo”, já que não se limitam a contar ou a mostrar a informação, mas que convidam o usuário a experimentar por si mesmo o que se lhe deseja transmitir. (SALAVERRÍA, 2003, p.6, tradução nossa).21

A infografia traz a possibilidade de interagir com uma informação gráfica, que pode combinar o movimento, o som, a fotografia, o vídeo e o texto, criando, assim, uma nova forma de narrar o fato. É uma criação visual feita sob medida para um determinado conteúdo. Essas características a afirmam como um novo gênero do jornalismo: Nos meios tradicionais, a infografia se apresenta como um complemento ao texto, tanto na imprensa como na televisão. Na Web, a infografia pode funcionar como um complemento – quando se abre desde um link no texto mas pode funcionar também como uma unidade informativa autônoma, composta por fotografias, vídeo, som e texto. É essa autonomia que a transforma em um novo gênero. (CANAVILHAS, 2007, p 95, tradução nossa). 22

O infográfico possui todas as características citadas por Igarza como próprias do modelo comunicativo dos novos meios: Integração, Interatividade, Hipermidialidade e Imersão:

21

El área donde se detecta con más claridad esa evolución es, probablemente, la infografía. En apenas cinco años, desde 1998 hasta la actualidad, la infografía digital ha explorado formas periodísticas revolucionarias, que aprovechan cada vez más las potencialidades del soporte digital. Las infografías de los medios digitales que hace tan sólo cinco años no eran más que reproducciones estáticas de las que se elaboraban para el soporte impreso, hoy día se han convertido en depuradas piezas periodísticas que integran textos, imágenes estáticas y dinámicas, 3D, sonidos y cada vez mayores dosis de interactividad. No en vano las más recientes producciones de este tipo se han dado en llamar 'periodismo inmersivo', ya que no se limitan a contar o a mostrar la información, sino que invitan al usuario a que experimente por sí mismo lo que se le desea transmitir. 22

En los medios tradicionales, la infografía se presenta como un complemento al texto, tanto em la prensa como en la televisión. En la Web, la infografía puede funcionar como un complemento -cuando se abre desde un enlace en el texto, pero puede funcionar también como una unidad informativa autónoma, compuesta por fotografías, vídeo, sonido y texto. Es esta autonomia que la transforma en un nuevo gênero.

1) Integração: a tecnologia se combina com formas criativas para gerar novas formas híbridas de expressão; 2) Interatividade: o usuário manipula e influencia diretamente em sua experiência com os meios de comunicação, e através deles estabelece comunicação com os demais. 3) Hipermidialiadade: a criação de um traçado próprio de interconexões entre os componentes segundo a vontade do usuário. 4) Imersão: o usuário navega imerso entre formas e apresentações não lineares, resultantes das estratégias estéticas e formais derivadas dos processos anteriores. (IGARZA, 2008, p. 36, tradução nossa).23

Além disso, a chegada da Infografia nos cibermeios aconteceu por dois caminhos: através do modelo mais antigo, desenvolvido pela imprensa escrita, e do mais recente e dinâmico, criado pela televisão. A partir dessas duas fontes, a infografia adquiriu características próprias na internet . Assim, já há um consenso em afirmar que a infografia interativa - ou “infografia digital”, “infografia multimídia” ou “infografia online” (SALAVERÍA, 2005) é um gênero específico e consolidado. Ela é o gênero da vanguarda no uso da hipertextualidade, da multimidialidade e cada vez mais da interatividade. O hipertexto é um elemento importante quando se fala dos conteúdos multimídia, pois ele liga os diferentes conteúdos: imagens, sons, vídeos, desenhos. E Salaverría explica: “Os infográficos interativos são altamente hipertextuais já que, de início, se apresentam como hipertextos independentes com um alto nível de autonomia em respeito ao cibermeio que os hospeda”. (SALAVERÍA, 2005, p. 167, tradução nossa).24 Quanto à multimidialidade e à interatividade, os infográficos interativos também encabeçam os avanços da linguagem ciberjornalística no âmbito da multimidialidade. Graças a diversas aplicações informáticas, hoje é possível não só imprimir movimento aos gráficos e textos, mas também combiná-los com sons. (...) A interatividade também tem reflexo nos infográficos, mas talvez não com a força da hipertextualidade e da multimidialidade. A interatividade dos infográficos atuais se limita, na realidade, à capacidade que se oferece ao leitor de determinar o itinerário da leitura. (SALAVERÍA, 2005, p. 167, tradução nossa).25

23

1)Integración: la tecnologia se combina con formas creativas para generar nuevas formas híbridas de expresión; 2)Interactividad: el usuário manipula e influye directamente en su experiencia con los medios de comunicación, y a través de ellos establece comunicación con los demás; 3)Hipermedialidad: la creación de un traza propia de interconexiones entre los componentes según la voluntad del usuário; 4)Imnmersión: el usuário navega inmerso entre formas y presentaciones no lineales resultantes de las estrategias estéticas y formales derivadas de los procesos anteriores. 24 Los infográficos interativos son altamente hipertextuales ya que, de entrada, se presentan como hipertextos independientes, côn un alto nível de autonomía con respecto al cibermedio que los alberga. (...) los infográficos interactivos son hipertextos en si mismos. 25 Los infográficos interativos también encabezan los avances del lenguaje ciberperiodístico en el ámbito de la multimedialidad. Gracias a diversas aplicaciones informáticas, hoy día no solo es posible imprimir movimiento a los gráficos y textos, sino tanbién combinarlos con sonidos. (...) La interactividad tanbién tiene reflejo en los inforgráficos, pero quizá no

Apesar de a interatividade no infográfico ainda estar em um nível inicial, sabe-se que a possibilidade de mesclar essas três características: a hipertextualidade, a multimidialidade e a interatividade, traz um diferencial, pois assim se permite unir diferentes meios, seja em células independentes26, caracterizando uma continuidade, ou em células híbridas, como rupturas. Na figura a seguir, tem-se a idéia de “células informativas independentes”, que aparecem no modelo de notícia hipertextual proposto por Mielniczuk (2003).

Figura 4 – Modelo de notícia hipertextual.

Cada quadrado representa uma célula informativa que pode se constituir em texto escrito (triângulos cor de laranja), sons (círculos verdes) ou imagens (quadrado amarelo). No exemplo a seguir, de uma infografia27 do site zerohora.com (www.zerohora.com), do portal clicRBS pode-se ver um caso em que ocorre a continuidade, pois ela conjuga elementos midiáticos já utilizados por outras mídias, mas em “células informativas independentes”, como foi visto no modelo de notícia hipertextual.

con la pujanza de la hipertextualidad y la multimedialidad. La interactividad de los infográficos actuales se limita, en realidad, a la capacidad que se ofrece al lector de determinar el itinerario de lectura. 26 A célula informativa corresponde à lexia constitutiva do hipertexto, ou seja, cada bloco de texto ou tela que se apresenta ao clicarmos em um hiperlink. 27 Os infográficos encontram-se no CD-ROM em anexo.

Figura 5- Infográfico sobre a crise financeira – (publicado em 03/10/2008).

Escolheu-se esse infográfico por ilustrar o modelo de notícia hipertextual e por trazer diferentes aspectos da crise, sendo cada um deles explicado de uma maneira diferente, ora utilizando gráficos, ora texto ou vídeo; e por estar relacionado às notícias que falam sobre o assunto, seja na página principal do portal clicRBS ou do site zerohora.com. Na imagem, pode-se ver seis diferentes “caminhos” para seguir no infográfico. Em cada seção do menu, há textos e gráficos explicando cada uma delas – “História da crise”; “Entenda a crise”; “Dicas para se orientar”; “Glossário da crise” e “Quantos castelos já caíram”. Na seção “Entenda a crise”, a crise é explicada através de um gráfico em forma de história em quadrinhos interativa.

Figura 6- Infográfico sobre a crise financeira – seção “Entenda a crise”.

A seção “Análise da crise” traz um vídeo e outros links que remetem a conteúdos do próprio site, como notícias e colunas de opinião.

Figura 7- Infográfico sobre a crise financeira - Seção “Ánalise da crise” - opção “Vídeo”

Viu-se, então, que esse exemplo se constitui em um caso de continuidade, e não de ruptura, pois ele apenas conjuga os diferentes formatos midiáticos, sem apresentar novas possibilidades de utilização das mídias.

3.2 O INFOGRÁFICO COMO RUPTURA

Para explicar melhor o conceito de rupturas, reforça-se a idéia da convergência como ruptura com a citação de Canavilhas (2007), que explica a grande inovação que é a junção dos elementos como o som, o vídeo e a infografia, na notícia da web e a importância de agregá-los em um único elemento informativo, para assim, melhorar a compreensão a respeito do assunto: A partir desde delineamento, a integração de cada hipermídia no modelo construído para esta investigação se fez de acordo com uma regra básica: o vídeo, som ou infografia seriam elementos internos da notícia e não um simples apêndice. Esta é, talvez, a inovação mais importante no modelo proposto para a Web. Na atualidade, muitas publicações online oferecem vídeo e áudio, mas sempre desintegrado do texto. Em geral, em paralelo com o texto existem links para vídeos ou som, mas se trata de notícias de televisão ou de rádio que simplesmente foram convertidos a um formato digital, sem que sua linguagem tenha sido adaptada ao meio. Nestes casos falamos de uma complementaridade de conteúdos e não de uma integração, a condição necessária para que se possa falar de uma nova linguagem. Nesta investigação os elementos hipermídia foram preparados de tal forma que sua integração na notícia não resultou absolutamente essencial para a compreensão da notícia. O objetivo é que funcionem como um valor agregado, um elemento informativo que possa melhorar a percepção de compreensão e a satisfação com a leitura, ou seja, quer permita ao usuário perceber uma gratificação como resultado de sua interatividade com o conteúdo. (CANAVILHAS, 2007, p. 98, tradução nossa).28

Esse elemento informativo pode ser comparado à “célula informativa”, já citada anteriormente. Mielniczuk fala que “talvez estejamos caminhando para uma ruptura em que a célula informativa, em vez de ser ou um texto escrito, ou som, ou imagem, é um texto híbrido”. (MIELNICZUK, 2003, p. 188). A figura a seguir mostra a célula informativa híbrida, em que se mesclam o texto, o som e a imagem, formando uma unidade informativa autônoma, que traz em si todas as informações. 28

A partir de este planteamiento, la integración de cada hipermedia en el modelo construido para esta investigación se hizo de acuerdo con uma regla básica: el vídeo, sonido o infografía serían elementos internos de la noticia y no un simple apéndice. Esta es, quizás, la innovación más importante en el modelo propuesto para la Web. En actualidad, muchas publicaciones on line ofrecen vídeo y audio, pero siempre desintegrado del texto. En general, en paralelo con el texto existen enlaces a vídeos o sonidos, pero se trata de noticias de televisión o de radio que simplemente se han convertido a un formato digital, sin que su lenguaje haya sido adaptado al medio. En estos casos hablamos de una complementariedad de contenidos y no de una integración, la condición necesaria para que se pueda hablar de un nuevo lenguaje. En esta investigación los elementos hipermedia fueron preparados de tal forma que su integración en la noticia no resultara absolutamente esencial para la comprensión de la noticia. El objetivo es que funcionen como um valor añadido, un elemento informativo que pueda mejorar la percepción de comprensión y la satisfacción con la lectura, o sea, que permita al usuario percibir una gratificación como resultado de su interactividad con el contenido.

Figura 8 – Célula informativa híbrida.

Um caso de ruptura ocorre no exemplo a seguir, de um infográfico da zerohora.com. Nesse infográfico, novas possibilidades são exploradas, como a junção, em um mesmo momento, de formatos midiáticos diferentes (fotografia, texto e vídeo), além da interatividade, que exige a participação do leitor para que o conteúdo do infográfico seja acessado.

Figura 9- Imagem inicial do Infográfico.

Na próxima imagem, já se pode notar que há uma célula informativa híbrida, que possui integração de texto, imagem e som, como no modelo visto anteriormente. O leitor tem a possibilidade de interagir com o conteúdo, acionando o comando (indicado pela seta) para que o vídeo seja exibido. Nesse caso, o vídeo faz parte da narrativa.

Figura 10- Vídeo inserido no infográfico.

Na próxima parte, ainda se terá um texto inserido junto com o vídeo, para acrescentar mais informações sobre o conteúdo do infográfico, que são as mudanças no gol do Inter. O texto traz informações sobre o novo goleiro, e o vídeo mostra o seu trabalho em outros clubes. O leitor tem a escolha de ler o texto, pausando o vídeo, ou somente assistir ao que está sendo reproduzido, já que o vídeo começa quando a página em questão é acessada. Os vídeos, por começarem automaticamente, são inseridos como o conteúdo principal do infográfico, trazendo as informações e fatos que os leitores procuram ao acessá-lo.

Figura 11- Texto e vídeo no infográfico.

A partir desse infográfico, pode-se notar como a integração dos meios potencializa o modo de apresentar e tratar o conteúdo, trazendo informações em que se mesclam texto, som e imagem, resultando em um produto multimídia com unidade informativa própria. Nesses casos de rupturas, vê-se a importância de explorar adequadamente os recursos da web e divulgar as informações de modo eficaz e agradável a quem acessa o conteúdo. Assim, percebe-se que esses conteúdos estão ligados diretamente à dimensão comunicativa, ao se relacionar com a multimidialidade, hipermidialidade e interatividade. E o infográfico como ruptura traz uma nova funcionalidade aos produtos: permite a participação do leitor, ao criar uma narrativa que integre os conteúdos, e, principalmente, que tenha interatividade. Em outras palavras, o leitor, agora também interagente, pode navegar pela informação jornalística. Neste capítulo, foram abordadas as continuidades e rupturas que acontecem com a convergência comunicativa, mais especificamente, com o infográfico - um novo gênero do jornalismo que informa com palavras e, sobretudo, com imagens. No próximo capítulo, dar-se-á atenção ao estudo do uso da imagem no webjornalismo, explorando os conceitos de audiovisual e multimídia e sistematizando as idéias referentes a esses conceitos.

4

O USO DA IMAGEM NO WEBJORNALISMO

“Já não restam imagens simples. [...] O mundo inteiro é demasiado para uma imagem. Necessitamos várias delas, uma cadeia de imagens. [...]” Godar

No capítulo anterior viu-se o uso do infográfico na web e alguns exemplos de continuidades e rupturas. Mas o infográfico é apenas um dos produtos multimídia do webjornalismo. Neste capítulo, serão apresentados outros produtos e conteúdos multimídia e audiovisuais. Para isso, esses conceitos serão sistematizados. Audiovisual e multimídia, no senso comum, são termos utilizados para explicar a mesma coisa. Porém, há uma diferenciação entre eles, e para este estudo é importante delimitar o que é audiovisual e o que é multimídia, para assim, analisar-se o uso da imagem no webjornalismo. São dois termos que trazem muitas idéias e diferentes produtos, então, será feita a tentativa de sistematizar os dois conceitos e organizá-los, exemplificando com os produtos encontrados na web.

4.1 AUDIOVISUAL

Partiu-se da idéia de que a base do jornalismo audiovisual é a imagem em movimento. E notou-se que o uso dessa imagem em movimento vem sofrendo mudanças com o surgimento de outras mídias. Além disso, “a internet incrementa seu papel como fonte de informação e entretenimento, com um peso notável quanto a conteúdos audiovisuais. Igualmente, a relevância e a atividade dos usuários crescem sem pausa”. (MASIP E MICÓ, 2008, p. 94). O audiovisual surge com o cinema, no final do século XIX. Mais adiante, após a consolidação da linguagem cinematográfica, o audiovisual ocupa espaço na Televisão. Na década de 1980, aparecem mais novidades na projeção com o 3-D e o uso do vídeo de alta definição, HDTV, para o cinema. Enquanto isso, a TV fazia um uso maior dos recursos digitais.

Após o contínuo desenvolvimento do audiovisual no cinema e na televisão, a internet surge como um novo meio e disponibiliza suporte e tecnologia para os produtos audiovisuais. A introdução da edição digital traz modificações no estilo e na narrativa audiovisual. E, principalmente, possibilita novas formas de produção, apresentação e armazenamento de conteúdo. O jornalismo audiovisual, que antes era específico do cinema e da televisão, chega à internet e toma novas formas. “A tendência é a de que, com o tempo, passe a se estruturar de forma diferente da que apresentava na televisão. Como essa trajetória é longa, até que a adaptação ocorra, o novo meio segue replicando o meio antecessor”. (NOGUEIRA, 2005, p. 25). Em sua dissertação, Leila Nogueira aponta que algumas das características da TV continuam presentes na web, mas representam o início da elaboração de uma linguagem própria no webjornalismo audiovisual. Em linhas gerais, o que se verifica nas notícias audiovisuais da web é que as mudanças acabam sendo implementadas como uma remodelagem do que é feito no jornalismo da televisão. Ao longo desse processo, novos formatos jornalísticos começam a se delinear e as alterações graduais introduzidas no produto audiovisual antigo servem de base para a gramática do meio em formação. (NOGUEIRA, 2005, p. 25).

Canavilhas, quando fala na imagem em movimento, como o vídeo ou as imagens virtuais (3D), compara o webjornalismo com a televisão. Na televisão, o autor diz que a imagem é o elemento dominante, juntamente com a palavra e os elementos sonoros, e no caso do webjornalismo, é a palavra escrita que aparece como base. “A espetacularidade característica da televisão se perde como resultado de que o vídeo tem, tal como ocorre com o áudio, mais bem um papel de interpretante do texto”. (CANAVILHAS, 2003, p. 57).29 Ele completa: Por outro lado, o fato de que no webjornalismo o vídeo se apresenta em uma janela de pequenas dimensões, faz com que os subcódigos do jornalismo televisivo percam, também importância ao ser menos visíveis e, conseqüentemente, menos reconhecidos, ainda que integrados em contextos lingüísticos. A imagem em movimento se apresenta nesse caso como um valor agregado à notícia e não como um elemento autônomo. (CANAVILHAS, 2003, p. 57, tradução nossa).30

29

La espectacularidad característica de la televisión se pierde como resultado de que el vídeo tiene, tal como ocurre con el audio, más bien un papel de interpretante del texto. 30 Por otra parte, el hecho de que en el webperiodismo el vídeo se presente en una ventana de pequeñas dimensiones, hace que los subcódigos del periodismo televisivo pierdan también importancia al ser menos visibles y, consecuentemente, menos

O jornalismo audiovisual está tomando novas características na web, explorando os recursos disponíveis e buscando novas maneiras de utilizar a imagem em movimento nos conteúdos noticiosos. Em vários níveis, sabe-se que “junto à infografia e à fotografia, cada vez mais presentes configurando galerias, os vídeos adquirem mais relevância nos cibermeios”. (MASIP e MICÓ, 2008, p. 94, tradução nossa).31 Cabe lembrar que um clip de vídeo para uma informação que tenha como elemento principal o texto não é o mesmo que uma notícia televisiva. A tendência natural na internet consiste em incluir vídeos para legitimar o que diz o texto escrito, para contextualizar os acontecimentos que se referem na notícia ou para mostrar um fato difícil de descrever. (MASIP e MICÓ, 2008, p. 92, tradução nossa).32

Um exemplo do avanço do uso da imagem pode ser visto no site do El País. O jornal digital lançou um formato inovador, criando uma seção de vídeos em alta definição “i-HD”. A novidade não está no nível da informação, mas é um avanço na qualidade dos conteúdos audiovisuais. Inicialmente, o ELPAÍS.com disponibiliza uma galeria de vídeos com as estréias do cinema e também uma reportagem que traz basicamente só imagem e música, mas com uma qualidade de imagem nunca vista em um webjornal. Pode-se dizer que é um passo no desenvolvimento dos conteúdos multimídia para a web. Veja na figura a seguir, na tela à esquerda, onde é apresentada a primeira reportagem com imagem captada em alta definição:

reconocidos, aunque integrados en contextos lingüísticos. La imagen en movimiento se presenta en este caso como un valor añadido a la noticia y no como un elemento autônomo. 31 Junto a la infografía y la fotografía, cada vez más presente configurando galerías, los vídeos adquieren más relevancia en los cibermedios. 32 Cabe recordar que un clip de vídeo para una información que tenga como elemento principal el texto no es lo mismo que una noticia televisiva. La tendencia actual en internet consiste en incluir vídeos para legitimar lo que dice el texto escrito, para contextualizar los acontecimientos que se refiere en la noticia o para mostrar un hecho difícil de describir.

Figura 12- Reportagem de ELPAÍS.com, de 28/10/2008.

A imagem em alta definição aproxima os conteúdos audiovisuais da web à qualidade do cinema. Manovich fez um estudo do cinema e das possibilidades criadas pela digitalização dos conteúdos. Com a digitalização, os produtos audiovisuais ganham qualidade quando utilizados na web. A própria origem desses conteúdos faz com que eles se aproximem, pois Manovich (2006) explica que ainda que a multimídia dos meios informáticos tenha se tornado habitual só em 1990, os cineastas já vinham combinando imagens em movimento, som e texto por todo um século. O cinema foi a moderna “multimídia” original. Assim como o cinema, pode-se citar outros exemplos, como os manuscritos medievais iluminados que combinavam texto, gráficos e imagens de figuras. Ele afirma também: Todos os meios digitais (textos, imagens fixas, a informação do tempo em vídeo ou áudio, as formas e os espaços tridimensionais) compartilham o mesmo código digital, o qual permite que diferentes tipos de meios se apresentem por meio de uma só máquina, o computador, que atua como um dispositivo de apresentação multimídia. (MANOVICH, 2006, p. 98, tradução nossa).33

Essa característica de compartilhar o mesmo código é o princípio da convergência, primeiramente da dimensão tecnológica, que se refere às tecnologias digitais e à possibilidade de integração dos diferentes meios a partir de um mesmo suporte. Salaverría aborda esse assunto ao falar da comunicação multimídia: 33

Todos los medios digitales (textos, imágenes fijas, la información del tiempo em vídeo o audio, las formas y los espacios tridimensionales) comparten el mismo código digital, lo cual permite que tipos diferentes de médios se presentem por médio de una sola máquina, el ordenador, que actúa como um dispositivo de presentación multimedia.

A diferença na atualidade é que as normas que terão que se desenvolver com as novas redes digitais já não afetam somente a dois códigos, como ocorria com o binômio de “texto-imagem” na imprensa e com o de “imagem-som” na televisão. A tecnologia digital tem posto sobre a mesa o desafio de desenvolver novas linguagens informativas que permitam integrar adequadamente três códigos - texto, imagem e som ( e talvez mais no futuro, como já se tem dito) – que até agora, por limitações tecnológicas, não havia sido possível coordenar adequadamente em um 34 produto informativo único. (SALAVERRÍA, 2001, p. 5, tradução nossa).

Assim, o diferencial da multimidialidade na web é a possibilidade de utilizar o mesmo código – o digital - na produção dos conteúdos. E desse modo, pode-se desenvolver conteúdos multimídia diferentes dos que já eram produzidos, por exemplo, no jornalismo impresso - em que já se utilizava texto e fotos conjuntamente - ou mesmo na televisão, que possibilita mesclar imagem e som. A multimidialidade no âmbito digital torna possível a integração dos diferentes meios em uma única unidade informativa, com o diferencial da hipertextualidade e da interatividade, características básicas do webjornalismo.

4.1.1 Uma nova idéia: o Webjornalismo Audiovisual

Na exploração dos recursos multimídia, uma nova definição surge: o webjornalismo audiovisual, que Nogueira (2005) define como sendo aquele que utiliza formatos de notícia com imagem em movimento e som como elementos constitutivos do produto disponibilizado nos bancos de dados da web ou veiculado através deste suporte de abrangência mundial. Ela explica o uso do termo “webjornalismo audiovisual”: Por entendermos que o jornalismo praticado na web é webjornalismo, decidimos adotar a terminologia Webjornalismo Audiovisual para identificar a atividade que utiliza formatos de notícia com imagem em movimento e som enquanto elementos constitutivos do produto disponibilizado nos bancos de dados da web. O conceito envolve ainda a atividade jornalística que é veiculada apenas através deste suporte. É importante lembrar, também, que o webjornalismo incorpora os usuários na produção dos conteúdos e é, por natureza, multimidiático. Ou seja, realiza-se no ciberespaço e, por isso, permite que diversos elementos como fotografia, infográfico, áudio e vídeo sejam usados na complementação da mensagem. (NOGUEIRA, 2005, p. 13). 34

La diferencia en la actualidad es que las pautas que se han de desarrollar con las nuevas redes digitales ya no afectan sólo a dos códigos, como ocurría con el binomio de "texto-imagen" en la prensa y con el de "imagen-sonido" en la televisión. La tecnología digital ha puesto sobre la mesa el reto de desarrollar nuevos lenguajes informativos que permitan integrar adecuadamente tres códigos texto, imagen y sonido (y quizá más en el futuro, como ya se ha dicho) , que hasta ahora, por limitaciones tecnológicas, no había sido posible coordinar adecuadamente en un producto informativo único.

A autora ainda explica que, embora isso já pudesse ser encontrado na TV, a web tende a potencializar as características da multimidialidade e da interação. Mas alerta: “Entretanto, os elementos audiovisuais e a interação na produção dos conteúdos se apresentam apenas enquanto potencialidades até a terceira fase do jornalismo na web”. (NOGUEIRA, 2005, P. 13).35 Após essa fase, já se pode pensar na idéia de rupturas, na qual falou-se anteriormente, pois os conteúdos vão além do que já era produzido na TV, criando novas formas de explorar as características. A partir de estudos na web, a autora classificou o webjornalismo audiovisual em três fases. A primeira fase, definida como contemplativa, abrange os produtos que somente transferem o mesmo conteúdo audiovisual exibido em rede aberta de televisão para bancos de dados da internet. Não há produção de material exclusivo para a internet, e a maior parte dos textos destina-se a promover a programação televisiva. Na segunda etapa, a participativa, estariam as emissoras que já produzem um conteúdo exclusivo para a web, mas usam a internet apenas como um suporte para a transmissão – ao vivo ou não – dos programas, que são produzidos ainda de acordo com a lógica da TV convencional. Não são exploradas as “potencialidades oferecidas pela Internet ao jornalismo desenvolvido para a web”. (PALACIOS, 2002). Na terceira fase, as emissoras, além de produzirem conteúdos exclusivos para a internet e de procurarem

explorar os recursos de convergência,

interatividade,

hipertextualidade e memória também oferecem a opção de personalização no que se refere à ordem de exibição dos conteúdos. É chamada de fase laborativa, pois é o usuário que vai precisar tomar as decisões e é dele que vai depender a montagem e veiculação da seqüência de notícias. Com base nestas observações, podemos dizer que quando o jornalismo audiovisual chega à internet, a tendência é a de que ele passe a se estruturar de forma diferente da que apresentava na televisão. Vai sofrer uma espécie de ‘reforma’ na tentativa de se adaptar ao novo meio. E neste processo novos formatos jornalísticos devem aparecer. (Nogueira, 2004, p. 6).

35

A terceira fase do jornalismo na web é o estágio em que acontece o “surgimento de iniciativas tanto empresariais quanto editoriais destinadas exclusivamente à internet” (PALACIOS, 2002, p.3). Mielniczuk (2003) fala que nessa fase os produtos jornalísticos apresentam, entre outras coisas, recursos em multimídia, como sons e animações, que enriquecem a narrativa jornalística.

A autora completa: “as notícias audiovisuais na web, portanto, trazem o diferencial da convergência para fazer frente à popularidade alcançada pelo jornalismo televisivo”. (NOGUEIRA, 2004, p. 8). E, completando a idéia, pode-se dizer que o jornalismo audiovisual ganha aspectos positivos com as vantagens que a web proporciona:

apesar de ser mais indicado disponibilizar na rede matérias curtas – com duração média de dois minutos para que o arquivo não fique muito pesado -, o limite de espaço não existe. Os assuntos podem ser desdobrados em vários formatos que, juntos, podem proporcionar uma compreensão mais ampla e contextualizada do fato. Na televisão, a notícia tem que ser dada em segundos. Os telejornais têm um tempo pré-determinado e um horário fixo para começar. Se a edição da matéria atrasar, a informação pode não ir ao ar. Na internet, a notícia audiovisual ganha outra dimensão e pode ser disponibilizada assim que o processo de edição for concluído. O conteúdo em vídeo pode ser disponibilizado ‘ao vivo’ ou on demand. (NOGUEIRA, 2005, p. 50).

4.1.2 A Televisão online

Inserido na questão dos conteúdos audiovisuais na Web, temos o telejornalismo online. As Tv’s online surgem no Brasil em 2000, no UOL News, e após, no Terra. A TV Uerj, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, produziu o primeiro telejornal experimental universitário do país, a partir de 2001, coordenado por Antônio Brasil. O autor trabalha com o telejornalismo online e tem a experiência da TV Uerj. A programação dela é produzida pelos estudantes de Jornalismo, e o conteúdo tem transmissão ao vivo pela internet. Na tela a seguir, tem-se a página da TV Uerj online, em que é possível ver as várias telas com os programas produzidos durante a semana:

Figura 13 – Tela inicial da TV Uerj (http://www.tvuerj.uerj.br/).

Antônio Brasil, no seu livro Telejornalismo, Internet e guerrilha tecnológica, de 2002, caracteriza o telejornalismo online: telejornalismo na web ou telejornalismo online se caracteriza hoje por uma agilidade do rádio com o potencial imagético da TV. Mas creio que o mais importante é a interatividade. O público participa muito mais através de e-mails, ICQ e contatos ao vivo durante as transmissões. (...) Ou seja, o telejornalismo online possui as mesmas características e o potencial de comunicação da própria Internet. A diferença não está restrita ao meio mas, sim, às possibilidades de um novo conteúdo. (BRASIL, 2002, p. 335).

Quanto à linguagem da TV na Internet, ele considera que o texto ainda é demasiadamente parecido com a TV, mas já estamos utilizando a palavra escrita com ilustrações na forma de fotogramas ou videogramas. É uma espécie de linguagem que se apropria do storyboard do cinema ou mesmo das representações lúdicas das histórias em quadrinhos. Mais uma vez, estamos adaptando o que já existe e aguardando a criatividade que, certamente, ainda virá, com um acesso mais fácil e universal à rede. (BRASIL, 2002, p. 337).

Pelas experiências já vistas, o autor conclui que a inclusão de recursos audiovisuais na Internet não é um caminho fácil, embora inevitável. “Mas também é claro que o crescimento vertiginoso do acesso à Internet por banda larga tem proporcionado aumento de qualidade e de velocidade, condições essenciais para qualquer possibilidade futura da TV na rede”. (BRASIL, 2002, p. 367).

Levando isso, em conta, aponta-se que a solução para a televisão na Internet estaria em oferecer aquilo que a TV tradicional (aberta ou segmentada) não oferece, com a comodidade de não interromper outras tarefas. “Em vez de imitar mal a televisão na rede, deveríamos observar as características próprias da Internet”. (BRASIL, 2002, p. 371). Esse é um dos tantos caminhos que se têm na produção dos conteúdos audiovisuais na web.

4.1.3 O Hipervídeo

O hipervídeo vem sendo experimentado na web, ainda que seu nome não seja muito usual. Esse produto é um exemplo da convergência entre TV e internet, pois explora códigos audiovisuais advindos da televisão, que se juntam com elementos da web, como o hipertexto e a interatividade. O hipervídeo pode ser definido como uma forma de estruturação de conteúdos audiovisuais em ambientes digitais, articulando imagens técnicas com a linguagem da hipermídia e viabilizando uma nova forma de estruturação discursiva. O hipervídeo tem um funcionamento muito próximo ao hipertexto. Porém, diferente de uma página da Web, que apresenta vários links simultaneamente no mesmo espaço, as oportunidades de associação no hipervídeo aparecem e desaparecem à medida que as seqüências de vídeo são reproduzidas. (...) Num hipervídeo as seqüências de vídeo são reproduzidas continuamente enquanto o usuário realiza escolhas que direcionam o desenvolvimento do fluxo audiovisual. (PATROCÍNIO, ?. p. 2).

No exemplo a seguir, há uma reportagem em hipervídeo chamada Consumo Consciente e produzida pela Agência Brasil (www.agenciabrasil.gov.br), um veículo público de comunicação. São cinco vídeos que abordam o tema da consciência do consumidor sobre seus direitos e deveres. Quando se clica em determinadas imagens dos vídeos, já pré-determinadas como links, remete-se para outros vídeos ou textos relacionados. Veja nas figuras que seguem:

Figura 14- Exemplo de Hipervídeo.

O círculo acima, perto da prateleira (indicação da seta), aparece durante a exibição da reportagem. Se clicar nele, o vídeo irá parar e será exibida uma tela com um texto explicativo sobre o que o círculo está representando. O que aparece no vídeo é um dos produtos da prateleira. Junto com o texto, há links para conteúdos que aparecem fora do vídeo, em matérias separadas.

Figura 15- Ilustração do link - texto integrado ao vídeo.

4.2 DOIS SIGNIFICADOS PARA O TERMO MULTIMÍDIA

O termo multimídia vem sendo usado desde antes do webjornalismo, pois ele não se refere somente ao suporte digital. A própria origem da palavra remete a um significado amplo: multimídia vem de “multi” – ‘numeroso’ e “media”, plural de meio - ‘meios’. Assim, o significado de multimídia fica claro: é aquilo que se expressa, transmite ou percebe através de vários meios. A multimídia pode se referir à combinação de meios que acontece, independentemente do computador, com outros suportes. Mas também tem referência à integração dos meios digitais, que se definiu a partir do código digital e das possibilidades surgidas com o webjornalismo. Concordando com essa idéia, tem-se o estudo de Mark Deuze (2004), que faz uma diferenciação e define a multimídia no jornalismo de dois modos: como o uso de diferentes códigos na apresentação de uma mesma notícia e como o uso de diferentes meios de comunicação. No primeiro modo, a apresentação das notícias num site é feita com o uso de dois ou mais códigos, por exemplo, a palavra escrita, música, imagens paradas e em movimento, animações gráficas, incluindo elementos hipertextuais e interativos. No segundo modo, relativo ao uso de diferentes meios, o significado de multimídia se refere à apresentação integrada, mas não necessariamente simultânea, das notícias através de diferentes meios, como site, e-mail, SMS, rádio, televisão, revistas e jornais impressos. Então, tem-se a diferenciação por ‘códigos’ e por ‘meios’, deixando mais claro o que significa a multimídia em cada um dos casos. Mas é importante notar que Deuze, quando fala de código, refere-se aos diferentes códigos dentro do suporte digital, ou seja, o código escrito, o sonoro, o imagético. E quanto ao código, há também a definição de Salaverría, que apresenta a multimidialidade como a “capacidade, outorgada pelo suporte digital, de combinar em uma só mensagem ao menos dois dos três seguintes elementos: texto, imagem e som”. (2005, p. 32).36 Para explicar melhor as diferenças da multimídia no âmbito da comunicação, há a citação de Salaverría. O autor divide a multimídia em dois planos: plano comunicativo e plano 35

“Capacidad, otorgada por el soporte digital, de combinar en un sólo mensaje al menos dos de los tres siguientes elementos: texto, imagen y sonido” (tradução nossa).

instrumental. O plano comunicativo se refere às linguagens; e o plano instrumental, aos meios: Assim, quando se fala de multimídia no âmbito da comunicação se alude a duas realidades: por um lado, às linguagens, e por outro, aos meios. No plano das linguagens, ou plano comunicativo, o adjetivo multimídia identifica aquelas mensagens informativas transmitidas, apresentadas ou percebidas unitariamente através de múltiplos meios. No plano dos meios, que por determinar denominaremos plano instrumental, multimídia equivale aos “Múltiplos intermediários” que podem participar na transmissão de um produto informativo (tanto se este produto é multimídia no sentido comunicativo como se não é. (SALAVERRÍA, 2001, p. 2, tradução nossa).37

Essa unidade comunicativa é o que caracterizaria a utilização do potencial da web para criar uma mensagem multimídia: A mensagem multimídia, como já temos dito, deve ser um produto polifônico no qual se conjuguem conteúdos expressados em diversos códigos. Mas, além disso, deve ser unitário. A mensagem multimídia não se alcança mediante a mera justaposição de códigos textuais e audiovisuais, mas através de uma integração harmônica desses códigos em uma mensagem unitária. Um produto informativo que somente permita aderir um texto, um vídeo e uma gravação de som separadamente não pode ser considerada propriamente uma mensagem multimídia; trata-se simplesmente de um conglomerado desintegrado de mensagens informativas independentes. (SALAVERRÍA, 2001, p. 4, tradução nossa).38

E para alcançar essa harmonização, os estudos apontam que é preciso observar certas qualidades como a não-redundância excessiva entre as mensagens expressas através de cada código. Na utilização dos produtos multimídia, a definição do formato mais adequado a cada conteúdo evita as narrações duplicadas, que ocorrem quando o texto e a imagem, ou o texto e o vídeo, ou o infográfico, repetem os mesmos conteúdos, e assim, não acrescentam informações, deixando o conteúdo repetitivo. Foram vistas, então, duas definições para a multimídia. No decorrer do estudo, o significado que será utilizado é o da multimídia relacionada ao código, citada por Deuze e Salaverría. 36

Así pues, cuando se habla de multimedia en el ámbito de la comunicación se alude a dos realidades: por un lado, a los lenguajes, y por otro, a los medios. En el plano de los lenguajes o plano comunicativo, el adjetivo multimedia identifica a aquellos mensajes informativos transmitidos, presentados o percibidos unitariamente a través de múltiples medios. En el plano de los medios, que por concretar, denominaremos plano instrumental, multimedia equivale a los "múltiples intermediarios" que pueden participar en la transmisión de un producto informativo (Xie, 2001), tanto si éste producto es multimedia en el sentido comunicativo como si no lo es. 38 El mensaje multimedia, ya lo hemos dicho, debe ser un producto polifónico en el que se conjuguen contenidos expresados en diversos códigos. Pero, además, debe ser unitario. El mensaje multimedia no se alcanza mediante la mera yuxtaposición de códigos textuales y audiovisuales, sino a través de una integración armónica de esos códigos en un mensaje unitario. Un producto informativo que sólo permita acceder a un texto, a un vídeo y a una grabación de sonido por separado no se puede considerar propiamente como un mensaje multimedia; se trata simplemente de un conglomerado desintegrado de mensajes informativos independientes.

Como um exemplo da multimídia que usa diferentes códigos, tem-se o modelo das páginas iniciais de sites e portais, que já trazem conteúdos com diferentes códigos: fotos, vídeos e texto. Veja na figura:

Figura 16- Página inicial do clicRBS.

A página inicial dispõe textos em links para as notícias, e junto ao texto insere fotografias e imagens para ilustrar as principais notícias da página inicial. O padrão do portal

clicRBS são duas fotos nas notícias gerais (seta 1), duas na editoria de esportes (seta 2), à direita da tela; e uma no espaço da zerohora.com. (seta 3) As imagens não servem como links, são usadas apenas como ilustração na página inicial. Mais abaixo, há a seção de vídeos (seta 4). São seis vídeos, das principais notícias, que aparecem na seção. Na página inicial, aparece a imagem em miniatura do vídeo que, juntamente com o título da notícia, forma um link que remete ao vídeo, abrindo-o em uma nova janela.

Figura 17- Página de exibição do vídeo.

Esses são exemplos de como os vários códigos são dispostos e utilizados no site. Nesse caso, eles são apresentados separadamente, em mensagens diferentes. Cada código (fotografia, vídeo) é utilizado para ilustrar as manchetes da página inicial ou servir como link para outro conteúdo multimídia.

4.2.1 Justaposição ou integração

Salaverría, no livro Redacción Periodística en Internet, identifica dois tipos de multimidialidade: por justaposição e por integração. A multimidialidade por justaposição é aquela que apresenta os elementos multimídia – texto, imagem e/ou som – de maneira desagregada. “Os links a esses elementos podem aparecer reunidos em uma mesma página Web, mas o consumo de cada um deles só se pode realizar de maneira independente e, se for o caso, consecutiva”. (SALAVERRÍA, 2005, p. 58, tradução nossa).39 No exemplo a seguir, tem-se uma notícia do site G1 que caracteriza a multimidialidade por justaposição, pois há o texto da noticia e junto a ele um vídeo com a reportagem sobre o assunto exibida no Jornal Hoje, telejornal da emissora Globo, à qual o portal G1 pertence.

Figura 18- Notícia do site G1 (g1.globo.com).

Os elementos estão reunidos na mesma tela, porém, são acessados separadamente. O leitor pode somente ler o texto ou apenas assistir ao vídeo (indicado pela seta), pois os dois são independentes, havendo apenas a ligação pelo assunto, o que faz com que eles se complementem.

39

Los enlaces a esos elementos pueden aparecer reunidos en una misma página Web, pero el consumo de cada uno de ellos – es decir, su lectura, visionado o audición – sólo se puede realizar de manera independiente y, si acaso, consecutiva.

Já a multimidialidade por integração é descrita por Salaverría como aquela que, além de reunir conteúdos em dois ou mais suportes, possui unidade comunicativa. “Quer dizer, trata-se daquela multimidialidade que não se limita a justapor conteúdos textuais, icônicos e/ou sonoros, mas que os articula em um discurso único e coerente”. (SALAVERRÍA, 2005, p. 59, tradução nossa).40 A unidade comunicativa pode ser entendida como uma forma de “simbiose lingüística”, descrita por Salaverría como, quando dois meios, por exemplo, a imagem e o som, formam uma simbiose perfeita, sendo totalmente compreensível para quem recebe a mensagem. Conforme já foi explicado, uma das peculiaridades da linguagem para o jornalismo na web é a capacidade de articular textos, imagens e sons em uma única mensagem. Um dos maiores desafios lingüísticos consiste, portanto, em alcançar a unidade comunicativa em mensagens que contenham todos esses ingredientes lingüísticos; ou seja, em criar conteúdos multimídia integrados. (SALAVERRÍA, 2005, p. 59, tradução nossa).41

A seguir, serão apresentadas as soluções encontradas de formatos de produtos multimídia. Há três produtos que se inserem no conceito de multimídia: o infográfico, o slideshow e o mashup, que incorporam os elementos da web em seus conteúdos.

4.2.1.1 Infográfico

O infográfico é o produto mais complexo, pois pode unir a multimídia e o audiovisual. A infografia aparece na web de duas formas: como informação complementar de uma notícia, geralmente servindo de ilustração para o texto, ou como a própria notícia, a informação principal. Nessa caso, e com a denominação ‘infografia multimídia’, considera-se a potencialidade dessa unidade informativa no jornalismo da web. Ribas (2004) explica que “o termo ‘multimídia’ não exclui ‘interativo’, ‘digital’ ou ‘animado’, características proporcionadas pelo meio a qualquer produto informativo.” Além

40 Es decir, se trata de aquella multimedialidad que no se limita a yuxtaponer contenidos textuales, icônicos y/o sonoros, sino que los articula en un discurso único y coherente. 41 Como ya hemos explicado, una de las peculiaridades del lenguage ciberperiodístico es la capacidad de articular textos, imágenes y sonidos en un único mensaje. Uno de los mayores retos lingüísticos del ciberperiodismo consiste, por tanto, en alcanzar la unidad comunicativa en mensajes que contengan todos esos ingredientes lingüísticos; o sea, en realizar contenidos multimedia integrados.

disso, a infografia multimídia pode utilizar convergência, interatividade, hipertextualidade e memória.

4.2.1.2 Slideshow

O slideshow é comumente utilizado nos sites para apresentar uma seqüência de imagens ou para narrar uma seqüência de fatos. As fotos são dispostas de diversas maneiras, dependendo do site. Também há a possibilidade de conciliar imagens e sons. Nesse caso, as imagens vão sendo passadas enquanto também transcorre o áudio, automaticamente, caracterizando o slideshow narrado (MIELNICZUK, 2003). No portal clicRBS e no site zerohora.com, pertencente ao portal, o slideshow é utilizado como galeria para as fotos das principais notícias do site. No exemplo a seguir, temse um slideshow com fotos enviadas pelos leitores da tragédia provocada pela chuva em Santa Catarina, no mês de novembro. Há duas possibilidades de visualização das fotos: ou com o slideshow em andamento (para isso é preciso acionar o comando para iniciar) ou com ele pausado. Neste exemplo, o slideshow está em andamento, e aparece só a foto na tela.

Figura 19- Slideshow do zerohora.com.

Na próxima figura, há uma outra foto do mesmo slideshow, mas agora a visualização é feita com a janela separada da página inicial do portal, e com o slideshow pausado. Assim, o leitor pode ver a barra abaixo da foto com as informações, legenda e os botões (indicados pela seta) para escolher as fotos a serem visualizadas.

Figura 20- Slideshow pausado, mostrando as informações da imagem.

4.2.1.3 Mashup

O termo mashup é utilizado para denominar um síte ou aplicação da Web que utiliza conteúdo de mais de uma fonte de informação para criar um novo serviço em um único local. Os mashups mais comuns envolvem mapas, mas há também mashups de vídeo, de fotos e de pesquisa. Eles são considerados agregadores de conteúdos e podem utilizar banco de dados de sites conhecidos, como o Google e Yahoo!. Mashup é um termo que se popularizou para descrever sites que combinam características e funções de um website com outro. O Our Signal é um mashup que junta postagens do Digg, Reddit, Delicious e HackerNews, criando um agregador de notícias filtradas pela Web 2.0. Veja o mashup na imagem a seguir:

Figura 21 - Our Signal (http://oursignal.com).

As notícias são todas expostas na tela, por ordem de importância. As mais lidas são colocadas em letras maiores, e à esquerda da tela, e assim por diante. A notícia do canto esquerdo, intitulada: “Bush grants pardons to 14” (indicada pela seta), é uma das mais lidas, e está em destaque. Ao clicar nela, remete-se ao site de onde provém a notícia. No caso, o site é o Yahoo! News, do portal Yahoo! dos Estados Unidos, já que o Our Signal é um mashup americano.

Figura 22- Site do Yahoo!, que estava inserido como fonte no mashup.

A partir do que foi lido, sistematizado e organizado, nota-se que a discussão sobre utilização de imagens no jornalismo na web é bastante complexa, por isso tentamos organizar algumas categorias, que apresentamos no quadro a seguir: - Cinema - TV Audiovisual

Um aparelho capta a imagem

- Internet à Webjornalismo audiovisual à Telejornalismo online à Hipervídeo à Slide show

Multimídia

Utilização de várias mídias

à Mashup à Infográficos

Quadro 2- Quadro sistemático de audiovisual e multimídia.

O conteúdo audiovisual é considerado aquele que é capturado com um equipamento. Já

o conteúdo multimídia pode ser “inventado”, unindo ilustração, animação, ou seja,

integrando as mídias já existentes.

O audiovisual na internet “evolui” com as principais características do jornalismo na web interatividade, com o hipertexto e a memória, característica que possibilita o armazenamento do conteúdo e, mais do que isso, a disponibilização para que o leitor tenha acesso aos produtos, caracterizando, assim, uma ruptura, criando novas funções. Quanto à multimídia, nota-se que sua principal característica é a união de diferentes mídias, incluindo o audiovisual, com os vídeos. Na multimídia, também tem-se a interatividade como diferencial, uma vez que, como visto anteriormente com os infográfico, que é a forma mais completa de multimídia, ela provoca rupturas ao inserir o leitor na narrativa.

5 CONCLUSÃO

A partir das leituras e estudos realizados para este trabalho, confirma-se a complexidade que envolve os conceitos de audiovisual e multimídia. Em uma tentativa de sistematizar tais conceitos, apresenta-se ao final do trabalho o quadro sistemático sobre audiovisual e multimídia, no qual divide-se os dois termos, organizando os produtos que se encaixam em uma ou em outra definição. Quanto ao audiovisual, conclui-se que se trata daqueles produtos que um aparelho capta a imagem; por exemplo, o vídeo. O audiovisual na web utiliza um produto que é originário do cinema e da televisão no suporte da web. Assim, temos os conceitos de webjornalismo audiovisual (NOGUEIRA, 2005) e de telejornalismo online (BRASIL, 2002), que se referem à utilização dos vídeos na internet. Quanto aos conteúdos multimídia, opta-se pela idéia de que são aqueles que agregam várias mídias diferentes (SALAVERRÍA, 2001; 2005). Destacam-se como soluções/recursos o Slideshow, o Mashup e os Infográficos, sendo esse último o produto considerado o mais complexo, pois além de utilizar as diferentes mídias em uma mesma mensagem, também possui o diferencial da interatividade. Para chegar ao quadro sistemático de audiovisual e multimídia, passou-se pelo estudo da convergência em suas quatro dimensões: tecnológica, profissional, empresarial e comunicativa. Foi feita a relação da dimensão comunicativa com cada uma das outras, mostrando como cada uma atua refletindo nos conteúdos do jornalismo na web. Foi visto que a tecnologia, com o código digital, possibilita a integração de diferentes meios em um mesmo suporte. E a atuação dos profissionais modifica, no momento em que a web fornece possibilidades para o trabalho no jornalismo e exige que o profissional esteja preparado para a linguagem multimídia. No mesmo caminho, as empresas necessitam de estratégias eficazes para inserir seus serviços na internet. Aprofundando a dimensão comunicativa ou de conteúdo, chegou-se aos produtos multimídia, que integram os diferentes meios. Com os recursos fornecidos pela convergência, estabelecem-se continuidades e rupturas no jornalismo na web. As continuidades ocorrem quando conteúdos que já existiam antes da web são reformulados e potencializados ao serem inseridos no suporte digital. Quanto às rupturas, como o exemplo do infográfico e o hipervídeo, ocorre quando o produto se potencializa a tal ponto de criar novas funções especificamente na web. Conclui-se que a interatividade atua como principal diferencial, uma

vez que insere o leitor na narrativa, criando novas relações entre leitor e conteúdo através dos recursos interativos apresentados. Após o estudo de continuidades e rupturas, trata-se dos produtos audiovisuais e multimídia. A evolução dos produtos audiovisuais, cria, ao chegar na internet, outras formas de apresentação, armazenamento e distribuição, ficando visível que as características da web fornecem recursos que ampliam as possibilidades na produção dos conteúdos do ‘webjornalismo audiovisual’ (NOGUEIRA, 2005) e do ‘telejornalismo online’ (BRASIL, 2002). Essas duas formas de apresentação do audiovisual têm como exemplos as TV’s virtuais e os vídeos utilizados nos sites e portais, ora como complemento da notícia, ora como a própria notícia, que fica em forma de memória, possuindo caráter autônomo. Temos a multimídia por justaposição (aquela que apresenta os elementos multimídia – texto, imagem e/ou som – de maneira desagregada) e a multimídia por integração (aquela que, além de reunir conteúdos em dois ou mais suportes, possui unidade comunicativa). Nem todos os produtos multimídia alcançam essa integração, mas caminha-se para isso. Uma solução para utilizar a multimídia por integração e alcançar a simbiose perfeita na mesma mensagem é o infográfico, que, como já foi visto, é capaz de possuir todas essas características. Então, com essas reflexões e discussões, o trabalho sistematizou e organizou os conceitos que ainda aparecem incertos no que diz respeito ao uso da imagem no jornalismo na web. Não se pretende apontar soluções definitivas, pois a própria reflexão faz com que se perceba que nada é fixo, estamos em constante processo de aperfeiçoamento e aprendizagem.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Robson; Márdero Arellano, Miguel Angel. Impacto da tecnologia RSS nos serviços de disseminação de informação. Disponível em: . Acesso em: 22. nov. 2008.

ALVES, Rosental Calmon. Reinventando o Jornal da Internet. Disponível em: . Acesso em: 04 jun. 2008.

BECKER, Maria Lúcia. Cultura textual e jornalismo multimídia: os desafios da construção de uma nova linguagem. IX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul, Guarapuava, 2008. CD ROM Intercom, 2008.

BRASIL, Antônio C. Telejornalismo, Internet e guerrilha tecnológica. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna Ltda., 2002.

CANAVILHAS, João. Webnoticia: propuesta de modelo periodístico para la WWW. Livros LabCom. Covilhã, 2007.

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. A era da informação: economia, sociedade e cultura. São Paulo: Paz e Terra, 2002. 1. v.

DEUZE, Mark. What is multimedia journalism? Published in: Journalism Studies, Volume 5, Issue 2, 2004, p. 139 – 152. Disponível em: http://www.informaworld.com/index/YYAX9U6JH2HU1GXK.pdf. Acesso em: 28 jul. 2008.

DIZARD, Wilson Jr. A nova mídia: a comunicação de massa na era da informação. 2. ed. rev. e atualizada. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2000.

EDO, CONCHA. El lenguage periodístico en la red: del texto al hipertexto y del multimedia ao hipermedia. Disponível em: . Acesso em: 09 out. 2008.

FERRARI, Pollyana. Jornalismo Digital. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2006.

FERRARI, Pollyana (org). Hipertexto, hipermídia: as novas ferramentas da comunicação digital. São Paulo: Contexto, 2007.

FIDALGO, António; SERRA, Paulo (Orgs.). Informação e Comunicação Online. Jornalismo Online. Volume 1. Covilhã: Universidade da Beira Interior/Portugal, 2003. Disponível em: . Acesso em: 04 set. 2008.

GOSCIOLA, Vicente. Roteiro para as Novas Mídias – do game à TV interativa. São Paulo: Senac, 2003. Disponível em: . Acesso em: 29 out. 2008.

LEMLE, Marina. Convergência de mídia. Disponível em: . Acesso em: 14 jun. 2008.

MACHADO, Arlindo. Hipermídia: o labirinto como metáfora. In: DOMINGUES, Diana. (org) A Arte no Século XXI: a humanização das tecnologias. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1997.

MACHADO, Elias e PALACIOS Marcos. Um modelo híbrido de pesquisa: a metodologia aplicada pelo GJOL. In: LAGO, Claudia e Benetti, Marcia. (Org.). Metodologia de pesquisa em jornalismo. São Paulo: Paulus, 2006, v. 1, p. -.. Petrópolis: Vozes, 2007, v. , p. 199-222.

MASIP, Pere e MICÓ, Josep Lluís. Recursos multimedia en los cibermedios españoles. Análisis del uso del vídeo en El País.com, ElMundo.es, La Vanguardia.es y Libertad Digital. In: Trípodos, número 23, Barcelona, 2008, p. 89-105.

MIELNICZUK, Luciana. Uma contribuição para o estudo do formato da notícia na escrita hipertextual. Salvador, 2003.

NOGUEIRA, Leila. O webjornalismo audiovisual - uma análise de notícias no UOL News e na TV UERJ Online. Salvador, 2005.

NOGUEIRA, Leila. O Jornalismo Audiovisual on-line e suas fases na Web. Disponível em: . Acesso em: 01 jul. 2008.

PALACIOS, Marcos. Jornalismo Online, Informação e Memória: Apontamentos para debate. Disponível em: . Acesso em: 18 set. 2008.

PALACIOS, M. et al. Um Mapeamento de Características e Tendências no Jornalismo on-line Brasileiro. Texto apresentado no Redecom, Salvador, 2002. Disponível em: . Acesso em: 07 out. 2008.

PATO, Luís Miguel da Cruz. Crossmedi@: A cultura do nomadismo audiovisual na implementação das: “Smart Mobs. Escola Superior de Educação de Coimbra, 2008. Disponível em: . Acesso em: 18 set. 2008.

PATROCÍNIO, Janaina Moreira do. Hipervídeo. Disponível em: . Acesso em: 03 set. 2008.

QUICO, Célia. Crossmedia em emergência em Portugal: o encontro entre a televisão interactiva, as comunicações móveis e a Internet. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Lisboa, 2003.

RANKIN, Bob. Mashups Explained. Disponível em: . Acesso em: 22. nov. 2008.

RIBAS, Beatriz M. A Narrativa Webjornalística: Um estudo sobre modelos de composição no ciberespaço. Salvador, 2005. Disponível em: . Acesso em: 15 out. 2008.

RIBAS, Beatriz. Características da notícia na Web Considerações sobre modelos narrativos. Trabalho apresentado ao II Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo SBPJor, Salvador. Disponível em: . Acesso em: 17 jun. 2008.

RIBAS, Beatriz. Infografia Multimídia: um modelo narrativo para o webjornalismo. Disponível em: . Acesso em: 23. nov. 2008.

SAAD, Beth. Estratégias para a mídia digital: Internet, informação e comunicação. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2003.

SALAVERRÍA, Ramón. Convergencia de médios. Disponível em: . Acesso em: 02 jul. 2008.

SALAVERRÍA, Ramón. La gente joven comienza a sustituir la televisión por los medios interactivos. [Entrevista disponibilizada em 21 de setembro de 2007, a Internet]. Disponível em: . Acesso em: 09 out. 2008.

SALAVERRÍA, Ramón. Los diarios frente al reto digital. Chasqui, 2007. Disponível em: . Acesso em: 22. nov. 2008

SALAVERRÍA, Ramón. Redacción Periodística en Internet. Ediciones Universidade de Navarra, S.ª (EUNSA), Navarra, 2005.

SALAVERRÍA, Ramón. Aproximación al concepto de multimedia desde los planos comunicativo e instrumental. In: Estudios sobre el mensaje periodístico, Departamento de Periodismo I de la Facultad de Ciencias de la Información de la Universidad Complutense de Madrid, 2001. Disponível em: . Acesso em:

SALAVERRÍA, Ramón; AVILÉS, José Alberto García. La convergência tecnológica en los medios de comunicación: retos para el periodismo. Barcelona, 2008. Disponível em: . Acesso em: 03 nov. 2008.

SALAVERRÍA, Ramón; Nocí, Javier Díaz (coords). Manual de Redacción Ciberperiodística. Ed. Ariel, Barcelona, 2003.

SCHWINGEL, Carla. Jornalismo Digital de Quarta Geração: a emergência de sistemas automatizados para o processo de produção industrial no Jornalismo Digital. Compós, 2005, Niterói. CD ROM Compós, 2005.

ANEXO A- CD com infográficos

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.