A criação coletiva do espetáculo \" Villa-Lobos: vamos todos cirandar! \"

June 1, 2017 | Autor: Joana Boechat | Categoria: Music, Musical Performance
Share Embed


Descrição do Produto

A criação coletiva do espetáculo “Villa-Lobos: vamos todos cirandar!” Fernanda Torchia Zanon1 Joana de Castro Boechat2 Resumo: Este artigo tem por objetivo propor uma reflexão sobre a criação coletiva do espetáculo do Grupo Quinto, “Villa-Lobos: vamos todos cirandar!”. O Grupo Quinto, constituído por seis pianistas da cidade de Belo Horizonte, Brasil, surgiu em 2012 com propostas de âmbitos artístico e educativo. Os pianistas atuam em espaços que vão além da sala de concerto e têm como ideal a interação com outras formas de manifestação artística, como teatro e design. Nesse contexto, foi criado o espetáculo cênico-musical "Villa-Lobos: vamos todos cirandar!". Voltado para o público infantojuvenil, o espetáculo foi concebido de forma colaborativa pelos integrantes do Grupo Quinto, a atriz Ana Hadad e o designer Graziani Riccio. O relato da experiência e a discussão são fundamentados na pesquisa artística e em textos de autores como Hannula, Domenici, entre outros. A partir de seus pressupostos, as autoras, que estão diretamente envolvidas no processo de criação coletiva do espetáculo, descrevem-no em seus aspectos epistemológicos e sociais. Palavras-chave: Espetáculo cênico-musical; Pesquisa artística; Performance musical e pesquisa; Piano expandido.

  1. Introdução Este artigo surgiu a partir de uma reflexão posterior à concepção do espetáculo “Villa-Lobos: vamos todos cirandar!”, assim como seu processo de evolução ao longo das diversas apresentações realizadas. Após o período de imersão na realidade ficcional criada, contemplando todos seus aspectos – musicais, cênicos e técnicos –, sua elaboração acontece a partir do momento em que confrontamos essa realidade com as nossas questões de investigação. Sobre esse processo de reflexão do fazer artístico que resulta em pesquisa, Hannula, Suoranta e Vadén explicam que: Pesquisar é, portanto, um evento que emerge relativamente gradual, em que se esforça para perceber o que e por que as questões e as coisas tratadas em cada caso significam, forçando o pesquisador a pensar quem ele é e onde estái (Hannula, Suoranta, and Vadén 2005, 48–49).

                                                                                                                1  Fernanda Zanon é licenciada e bacharel em Música pela Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil. Integra o Grupo Quinto desde 2012 (www.grupoquinto.com). Atualmente cursa o Mestrado em Performance pela Universidade de Aveiro, Portugal. E-mail: [email protected] 2  Joana Boechat é bacharel em piano pela Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil. É

fundadora do Grupo Quinto (www.grupoquinto.com). Atualmente cursa o Mestrado em Performance pela mesma instituição. E-mail: [email protected]  

O Grupo Quinto, formado por seis pianistas graduados pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) foi criado em 2012. A ideia de se unir e criar um grupo foi em decorrência da dificuldade encontrada pelos integrantes em conseguir a realização de concertos individuais nos teatros de Belo Horizonte (MG). Pensava-se que em grupo mais oportunidades surgiriam e novos convites apareceriam, o que de fato aconteceu. Mas o motivo principal seria a possibilidade de se criar novas formas de apresentar um concerto, desenvolver algo inusitado e dialogar com outras artes, indo ao encontro de ideias atuais: Os shows cada vez mais lançam mão da iluminação, dos efeitos visuais e da direção de cena. E mesmo em modalidades nas quais apenas o músico e seu instrumento se fazem presentes, há que se considerar a situação de palco, de atuação e de relação com a plateia. Assim, é possível afirmar que, de uma maneira geral, a interação de aspectos cênicos e musicais faz parte da prática artística tanto da área de Música, quanto de Teatro (Fernandino 2014, 1).

Foi neste contexto que criou-se coletivamente o primeiro grande projeto do Grupo Quinto, “Villa-Lobos: vamos todos cirandar!”. 2. O espetáculo O espetáculo “Villa-Lobos: vamos todos cirandar!” foi criado pelos integrantes do Grupo Quinto, a diretora cênica e figurinista Ana Hadad e o designer gráfico Graziani Riccio. Colaboraram também o músico Marcelo Dino, convidado para compor uma peça inédita para o espetáculo, e a técnica em iluminação Marina Artuzzi. “Villa-Lobos: vamos todos cirandar!” surgiu em 2013, a partir do diálogo entre os seis pianistas sobre seus anseios artísticos. O espetáculo foi desenvolvido para o público infanto-juvenil e foi elaborado de forma coletiva. A criação colaborativa foi uma consequência dos objetivos artísticos do Grupo Quinto, que dialogam com o momento atual: Colaboração, participação e comunidade estão se tornando atualmente as categorias centrais de reflexão sobre arte, cultura e organização social. Com o rápido desenvolvimento da arte interativa, espaços sociais virtuais, cibercultura e da sociedade em rede, as noções de individualismo, subjetividade e identidade individual já não parecem ser suficientes para descrever as tendências que definem a natureza da arte contemporânea; eles já não aparentam harmonizar-se com os ritmos do presente.ii (Kluszczynski 2007, 471)

2.1. Música O repertório foi escolhido dentre as Cirandinhas e Cirandas de Heitor VillaLobos, compostas em 1925 e 1926, além da peça Cirandando,

encomendada ao compositor paulista Marcelo Dino. A opção pelas peças de Heitor Villa-Lobos justifica-se pelos seguintes motivos: seu teor folclórico, sua proximidade com o universo infantojuvenil, sua linguagem que transita entre as músicas dos universos erudito e popular e pelo fato de o compositor ser o mais representativo para o universo da música de concerto no Brasil. Além disso, durante o Estado Novo, segundo governo do Presidente Getúlio Vargas, entre 1937 a 1945, o compositor desenvolveu o projeto de Canto Orfeônico nas escolas regulares de todo o país, relacionando sua obra à educação musical. A peça de Marcelo Dino aborda um pot-pourri de alguns temas trabalhados por Heitor Villa-Lobos, composta de maneira a explorar o piano preparado e as possibilidades tímbricas a serem realizadas ao mesmo tempo pelos seis pianistas. Pilhas, fios de nylon e recursos manuais como socos e dedilhação das cordas foram ferramentas usadas por Marcelo Dino para a criação de diferentes atmosferas. Cirandando é interpretada ao fim do espetáculo, mostrando a união dos pianistas e finalizando sua condução. Alguns encontros foram realizados com o compositor para que ele ouvisse a peça e respondesse algumas dúvidas que surgiram durante os ensaios, como por exemplo, os melhores materiais para tocar dentro das cordas. Nos primeiros ensaios, nós utilizamos crinas de arcos de violino para tocar dentro das cordas do piano, mas percebemos que fios de nylon produziriam timbres que iam de acordo com o que desejávamos musicalmente. A relação compositorintérprete desenvolvida entre Dino e o Grupo Quinto foi muito positiva artisticamente. Segundo Foss, “parcerias [entre compositores e intérpretes] são um empreendimento conjunto em música nova”. (Domenici 2010, 1142) 2.2. Artes Cênicas e Figurino Por apenas terem formação básica para a criação de uma vertente cênica e por desejarem a construção de um espetáculo coletivo, o Grupo Quinto convidou a atriz e diretora Ana Hadad para auxiliar na parte cênicomusical. Para uma maior interação com o público infanto-juvenil, a diretora criou personagens que tinham personalidades e figurinos condizentes com o universo infantil. Os seis personagens criados foram: uma pianista má e rabugenta, com manias de limpeza; uma menina meiga que gostava de tocar piano; um capitão respeitado por todos; uma mulher louca com uma cartola de mágico; um anjo com asas azuis, representante da natureza; e um menino que brinca com sua barquinha. Gestos cênicos foram construídos de forma a obter-se um fio que conduzisse uma peça à outra. Passar de pianistas eruditos para pianistas personagens foi um grande aprendizado profissional. Sair da zona de conforto e enfrentar a performance de uma outra forma até então nunca antes feita exigiu ensaios extras e uma dedicação além da interpretação musical. O figurino foi criado de acordo com as personalidades definidas para cada personagem. Muitas peças foram criadas pela própria diretora cênica, como a asa azul, os calçados com botões e a saia amarela.

Figura 1 – Detalhe dos figurinos dos pianistas

 

2.3. Iluminação A iluminação ficou a cargo da técnica em iluminação Marina Artuzzi. Os pianistas necessitavam de uma boa iluminação no teclado e dentro do piano, já que teriam que tocar Cirandando usando as cordas do instrumento. Além disso, era necessário um controle excessivo para que a luz não atrapalhasse as projeções. Uma reunião com Marina foi suficiente para que ela entendesse a necessidade dos pianistas em relação à iluminação e elaborasse o mapa de luzes de forma funcional. 2.4. Cenário O cenário foi criado pelo designer Graziani Riccio e desenvolveu-se ao longo de reuniões com o Grupo Quinto. Graziani pensou em um cenário móvel, fácil de transportar e que utilizasse de recursos tecnológicos. Cada uma das peças interpretadas ganhou uma projeção, que foi transmitida através de um adesivo eletrostático fixado na lateral do piano. Inicialmente, existia um tema musical para o público infantil, porém ele também remota ao público adulto a sua infância, logo existe um conflito de gerações, e na minha opinião ele deveria ser minimizado. As projeções, mais figurino e interpretação cênica têm o objetivo de preencher espaços existentes, para aproximar as faixas etárias e conciliar o conflito. (Entrevista realizada com o designer Graziani Riccio)

Sobre a participação do Grupo Quinto na elaboração do cenário, o designer Graziani diz: A participação do grupo foi muito positiva, agregadora e em sintonia. Era necessário gerar conforto para interpretação musical, as projeções não poderiam atrapalhar e desconcentrar os músicos. Tudo era previsto e estudado em grupo. Cada músico expressou em palavras o sentimento de cada peça que interpreta, dessa forma as ideias surgiam para confecção das mídias que seriam projetadas.

Para Graziani, a projeção tinha como objetivo transformar o piano em personagem cênico, atuando como uma espécie de “figurino” e ao mesmo tempo roteiro para o instrumento. Para Graziani, tanto os músicos quanto o piano ganharam um figurino e as projeções mostravam o roteiro do piano. As projeções foram criadas no programa Isadora Core, um software que disponibiliza um ambiente de programação gráfica para oferecer controle interativo sobre mídias digitais. Nele pode-se manipular, interagir com vídeos e sons em tempo real, através de um técnico operador ou até mesmo pela frequência de sons. O Isadora também lê a linguagem Quartz Composeriii, consome pouco recurso de processamento e sua operação é muito dinâmica. Os desenhos ficaram a cargo do designer, que associou as letras das canções e suas melodias a diversas cores e formas. Pelo fato das projeções serem realizadas ao vivo, a presença do designer/ técnico operador nos espetáculos é fundamental.

Figura 2 – Projeção na lateral do piano

 

3. Aspectos epistemológicos O processo de criação do espetáculo foi constituído de cinco etapas, todas baseadas no objetivo do Grupo Quinto, que era a criação de um espetáculo de forma coletiva e colaborativa: 1ª: reuniões do Grupo Quinto para elaboração do roteiro; 2ª: reuniões do Grupo Quinto com a diretora cênica Ana Hadad para confecção do figurino e elaboração da vertente cênica; 3ª: reuniões do Grupo Quinto com a técnica de iluminação Marina Artuzzi e o designer Graziani Riccio para discussão sobre a iluminação e cenário do espetáculo; 4ª: reuniões do Grupo Quinto realizadas por Skype com o compositor Marcelo Dino, para esclarecimentos sobre a obra Cirandando; 5ª: ensaios com todos os colaboradores para ajustes finais de iluminação, cenário e figurino. A tabela abaixo mostra em detalhes o processo de criação do espetáculo: Roteiro

Vertente cênica/

Iluminação e Cenário

Encontros compositor-

Ensaios

Peças interpretadas: Heitor Villa-Lobos: Passa, passa gavião; Carneirinho, carneirão; Vamos atrás da Serra Calunga; Olha aquela menina; O pintor de Cannahy; Vamos ver a mulatinha; Adeus, bela morena; Nesta rua tem um bosque; A condessa; Zangouse o cravo com a rosa; Cai, cai, balão; Pobre cega; Que lindos olhos; Nesta rua, nesta rua; Xô, xô, passarinho; O cravo brigou com a rosa. Marcelo Dino: Cirandando

Figurinos Bárbara – mulher rabugenta Fernanda – anjo azul Flávio – capitão Izabela – menina meiga Joana – louca com cartola Ricardo – menino meigo

Iluminação funcional. Cenário criado a partir de projeções.

intérpretes Encontros por Skype para discutirmos a peça Cirandando

Vários ensaios individuais com a diretora cênica e vários ensaios com todos os colaboradores.

4. Aspectos sociais A interação do Grupo Quinto durante a criação e realização do espetáculo se deu em três âmbitos: Pré espetáculo è Interação Grupo Quinto – Colaboradores Durante o espetáculo è Interação Grupo Quinto – Público Pós espetáculo è Interação Grupo Quinto – Público Durante o processo de criação do espetáculo, vários encontros, reuniões e ensaios foram realizados com os colaboradores, tanto individualmente, quanto em conjunto. Estes encontros foram fundamentais para que houvesse uma interação afetiva entre o grupo e os colaboradores. Durante o espetáculo foram observadas manifestações de crianças e do público em geral, que cantavam as canções folclóricas juntamente com a música que era interpretada pelo pianista. Além disso, antes do espetáculo ter início, os pianistas recebiam o público sentados em assentos da plateia e conversavam livremente com quem estivesse ao seu lado. Após o espetáculo os músicos recebiam as crianças e seus pais para tirarem fotos, conversarem, darem seus testemunhos e conhecerem o funcionamento do piano. Esta interação foi fundamental para que houvesse uma aproximação da música de concerto com o público. 5. Discussão Resultados obtidos no estudo de Sloboda & Ford (2012, p. 4-5) revelam que o público de concerto expressa as seguintes opiniões: (i) ter

predileção pela novidade (em oposição ao que já é estabelecido), (ii) pela imprevisibilidade, (iii) pessoalidade e (iv) em desempenhar um papel mais ativo no desdobramento do evento. Apesar do espetáculo “Villa-Lobos: vamos todos cirandar!” ter sido concebido em torno de Villa-Lobos e sua obra, o uso de multimídias, artes cênicas, iluminação e figurinos trouxe a novidade, imprevisibilidade, pessoalidade e atitude ativa ao público. Mesmo sendo um espetáculo para o público infanto-juvenil, vários adultos se sentiram surpresos por terem tido a oportunidade de resgatar as canções cantadas em suas infâncias. Além disso, pudemos concluir através de relatos dos espectadores que a inclusão de multimídias foi positiva para a aproximação do público com a música erudita. As crianças interagiam com as projeções e com os pianistas, e acabavam por se encantar com os figurinos e personagens criadas. Fazer do espetáculo um momento único para o público foi um compromisso do grupo, convergindo com a ideia que os espectadores buscam um momento especial, sendo considerados como interlocutores ativos, capazes até mesmo de interferir em um resultado único (Sloboda and Ford 2012, 4–5). Como pianistas integrantes do Grupo Quinto, constatamos um amadurecimento artístico desenvolvido ao longo das apresentações. Estávamos mais à vontade nas últimas apresentações e menos ansiosos em relação à performance musical. Aprendemos a reagir aos estímulos da plateia, que se fez parte integrante do espetáculo cantando e expressando o que sentiam. 6. Conclusão O espetáculo “Villa-Lobos: vamos todos cirandar!” foi apresentado nas cidades de Belo Horizonte, Itabira, Ouro Branco, Rio de Janeiro e São João del Rey, nos anos de 2013 e 2014. Ao todo foram 10 apresentações, com uma gravação de um DVD no espetáculo de estreia em Belo Horizonte. O espetáculo foi assistido por mais de 1000 pessoas e seu sucesso foi resultado do trabalho entre o Grupo Quinto e seus colaboradores. A experiência de criação coletiva e colaborativa teve um resultado positivo e continuará a ser um dos objetivos do Grupo Quinto.

Figura 3- DVD gravado em 2013

Como pianistas e agentes ativas no processo de criação deste espetáculo, podemos dizer que a pesquisa artística como instrumento de reflexão sobre a experiência artística nos permitiu situarmonos em relação à nossa prática. Sobre este assunto, compactuamos com a ideia de Domenici:

[...] não se pretende reduzir a arte à pesquisa, mas sim, articular a vivência e a prática artística com o conhecimento em geral e dessa maneira contribuir para o conhecimento da área. Assim, tanto arte quanto pesquisa ocupam lugares distintos no mundo, sendo ambos traços do artista (Domenici 2012, 7).

Ao abrirmo-nos à oportunidade de irmos além de intérpretes musicais e

tornarmos pianistas-atores, pianistas-personagens, concluímos que a interação da música com outras artes nos fez artistas mais completas e aptas a encarar novos desafios musicais e extramusicais.

Bibliografia

Domenici, Catarina. 2010. “O Intérprete Em Compositor: Uma Pesquisa Autoetnográfica.”

Colaboração

Com

O

———. 2012. “O Intérprete (Re)Situado: Uma Reflexão Sobre Construção de Sentido E Técnica Na Criação de ‘Intervenções Para Piano Expandido, Interfaces E Imagens – Centenário John Cage’” 2: 1–9. Entrevista realizada com Graziani Riccio em 27/08/2015. Fernandino, Jussara Rodrigues. 2014. “A Interação Cênico-Musical Nos Processos de Formação de Músicos E Atores.” Hannula, Mika, Juha Suoranta, and Tere Vadén. 2005. Artistic Research Theories, Methods and Practices. Academy of Fine Arts, Helsinki, Finland and University of Gothenburg/ ArtMonitor, Gothenburg, Sweden. http://www.academia.edu/2396657/Artistic_Research._Theories_Met hods_Practices. Kluszczynski, Ryszard W. 2007. “Re-Writing the History of Media Art: From Personal Cinema to Artistic Collaboration.” Leonardo. doi:10.1162/leon.2007.40.5.469. Sloboda, J., and B. Ford. 2012. “What Classical Musicians Can Learn from Other Arts about Building Audiences.” Guildhall School of Music: Understanding Audiences Working Paper 2 2012 (February 2011): 1– 12.

                                                                                                                i

Tradução nossa. Tradução nossa. iii Quartz Composer é uma linguagem de programação para o sistema operacional Mac OS X que permite aos usuários construir visualmente interfaces gráficas de usuário. ii

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.