A CRISE DO MERCOSUL

May 27, 2017 | Autor: Reinaldo Toso Júnior | Categoria: International Relations, International Trade, Mercosur/Mercosul
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WISCONSIN INTERNATIONAL UNIVERSITY DOUTORADO ADMINISTRAÇÃO DE NEGÓCIOS OS MERCADOS COMUNS E AS EMPRESAS

A CRISE DO MERCOSUL

Por REINALDO TOSO JÚNIOR W1027

RESUMO O Mercosul e os problemas internos que mais preocupam os países-membros. As dificuldades de acertos de divergências entre a Argentina e o Brasil, as controvérsias que abalam a credibilidade do Mercosul com impacto em setores específicos da economia de cada País. As dúvidas sobre o futuro do Mercosul e da capacidade política da Argentina e do Brasil.

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INTRODUÇÃO

O interesse do autor pelo tema ocorreu do fato que o Mercosul é o maior e mais ambicioso projeto da política externa brasileira segundo o próprio Itamaraty (CORRÊAS, 1998) e assumiu a forma de um imenso compromisso de integração regional na América do Sul.

Este grande acordo comercial é um fato real que foi fruto e ao mesmo tempo conseqüência da aproximação entre o Brasil e a Argentina e o desejo da criação de um mercado comum, embora o Mercosul Político esteja muito longe de uma realidade, segundo Gobbo (2003, p. 39) existem dois tipos de mercados, um é a cooperação e o segundo é a integração econômica, o Mercosul é sem dúvida um poderoso instrumentos de integração com todas as sua dificuldades .

Na prática o Mercosul, na sua forma e como foi criado, passou por várias fases, no início reuniu todos os elementos para a criação de uma área de livre comércio para promover o desenvolvimento e a projeção dos quatro países membros na economia internacional. A segunda fase foi a União Aduaneira, cujo maior marco foi a criação da TEC1 (GOBBO 2003, p. 44). A terceira fase é a formação do Mercado Comum permitindo circulação de pessoas, bens, serviços e capitais.

Hoje o Mercosul apresenta-se como uma União Aduaneira imperfeita, mas é um forte agente de polarização regional, colocando o Brasil como líder regional e internacional

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Tarifa Externa Comum

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em assuntos envolvendo vias de desenvolvimento nos países que não estão no eixo central das grandes economias globais.

"Washington, EUA - O governo dos Estados Unidos foi efusivo nesta sexta-feira em seus elogios aos resultados da primeira Cúpula de Presidentes da América do Sul e enalteceu o ato de liderança do presidente Fernando Henrique Cardoso de convocar e realizar o histórico encontro. “Eu não poderia estar mais satisfeito”, disse ao Estadão.com o embaixador norte-americano em Brasília, Anthony Harrington.".

SOTERO 2000

Justifica-se neste aspecto o interesse pelo tema, pois a fragilidade dos paísesmembros e as incertezas não permitem a identificação de uma clara definição do destino do Mercosul rumo ao futuro.

OBJETIVO Este artigo tem o objetivo de apresentar e analisar sob um ponto de vista o Mercosul, sua importância estratégica, sua prática e possíveis projeções resultantes desta análise.

DESENVOLVIMENTO

A fragilidade da América Latina, política, econômica e social, já foi analisada e estudada por muitos, propor soluções isoladas para cada país resolve parcialmente o problema, algumas vezes criam-se outros problemas causados pela polarização econômica,

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como exemplo podemos citar os Estados Unidos da América e a constante massa de imigrantes que para lá se dirigem todos os anos, uma grande parte desta massa é de origem latina, incluindo brasileiros, com suas conseqüências sociais e econômicas (UOL, 2004).

A concepção do Mercosul, que na sua essência é um projeto comercial entre os países signatários (BRASIL, 2004), prevê uma série de etapas de integração econômica rumo a uma união econômica, os desafios para cumprir estas etapas são os dados de cada país membro (Anexo1). Apesar dos países membros estarem em um mesmo contexto histórico e geográfico, estes possuem diferenças significativas.

Estas diferenças contrastam entre os países membros, pois vão desde a extensão territorial, distribuição da população, capacidade industrial e nível de desenvolvimento, entre outras. As dificuldades enfrentadas por todos os países são comuns, mas as soluções e detalhamento de como resolvê-las é exclusiva para cada país-membro e por causa disso o Mercosul não segue uma linha de soberania supranacional, como é o caso da União Européia. O Mercosul preserva a soberania de cada país-membro (Estado-parte) do tratado (BRASIL, 1994 e ALMEIDA, 2001).

As maiores conseqüências destas diferenças sentiram-se com abalos causados no plano internacional, que afetaram as economias internas dos maiores membros do Mercosul: Brasil e Argentina, estes abalos testaram a solidez do Mercosul, gerando crises de credibilidade e impactos econômicos em alguns setores.

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A primeira crise foi causada pela mudança da política cambial brasileira em janeiro de 1999 (ALMEIDA, 2001), se é que podemos chamá-la de crise, foi seguida de uma série de críticas, principalmente por parte da Argentina ao Brasil.

"Os regimes cambiais e as alianças externas preferenciais são apenas dois dos exemplos mais eloqüentes das assimetrias e discordâncias que o Brasil e a Argentina continuaram a exibir ao longo dos anos 1990 e mesmo durante momentos de crise do sistema político internacional e do sistema multilateral de comércio. O elemento novo, contudo, a ser destacado como resultado da integração dos anos 1980 seria a definição de uma relação privilegiada entre os dois países que modificou de forma relevante o cenário estratégico na América do Sul.".

ALMEIDA 2001

É fato que os países membros do Mercosul vivem problemas e possuem muitos desafios internos para solucionar. Os problemas internos que mais preocupam são exatamente dos dois maiores membros do Mercosul, Argentina e Brasil, pois as controvérsias acabam abalando a credibilidade do Mercosul, mas não antes de causar impacto em setores específicos da economia de cada País. Estas crises muitas vezes lançam dúvidas sobre o futuro do Mercosul e da capacidade política da Argentina e do Brasil.

"Cavallo aproveitou a oportunidade para, mais uma vez, atacar o Mercosul: chamou o sistema de tarifas comuns vigente entre os países que formam o bloco de “palhaçada”. Além disso, reiterou sua intenção de baixar a zero a tarifa de importação para computadores, softwares e aparelhos de telecomunicação, que, para o ministro, deveriam ter o mesmo tratamento dos chamados bens de capital."

CINTRA 2001

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Sucessivas crises que se apresentam dificultam a evolução do Mercosul para um bloco forte, o maior agravo é a perda de competitividade argentina, que tornou-se crônica em 2004 por causa da defasagem tecnológica do parque industrial argentino e sua perda de competitividade dentro do próprio bloco (ALABY 2004).

Enquanto as exportações brasileiras aceleram ao ponto de até gerar superávit favorável ao Brasil na balança Brasil-Argentina e da própria economia Argentina dar sinais de melhora e demandar por manufaturados brasileiros (caso dos eletrodomésticos), os empresários argentinos reagem e obrigam o governo daquele país a ignorar regras comuns do Mercosul, “Empresários pedem barreiras argentinas a 11 produtos do Brasil da BBC Brasil, em Buenos Aires” (CARMO 2004).

Estrategicamente o Brasil vem contornando os abalos que a Argentina tem causado ao bloco, fala-se mais agora de um Mercosul Político do que um Mercosul Econômico (ALABY 2004). O Brasil considera o Mercosul como estratégico para negociação de blocos e por causa disso sacrifica parte de seu desempenho perante as constantes mudanças na aduana Argentina, o caso mais grave e recente são as restrições à linha branca brasileira (geladeiras, fogões e máquinas de lavar).

Enquanto o Mercosul Econômico prossegue sem uma definição, o Mercosul Político persiste e os esforços do governo brasileiro para a integração regional são grandes. A última resposta do Governo á altura para a crise do Mercosul, o colapso da ALCA e das dificuldades nas negociações com União Européia foi o anúncio de estar preparando o BNDES para financiar obras de infra-estrutura nos países vizinhos (SOLIANI 2004).

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CONCLUSÕES

O Mercosul segue a mesma conturbada trajetória de seus países-membros, e este texto procurou analisar alguns destes momentos das dificuldades nas relações comerciais entre o Brasil e a Argentina no Mercosul, com os alguns enfoques. O Mercosul talvez tenha sido uma necessidade antiga dos países da América do Sul, mas está sujeito a situações de crises específicas no seus maiores expoentes, o Brasil e a Argentina. Os Estados-parte se beneficiaram muito nas relações existentes na esfera do Mercosul.

Mas como qualquer processo de integração, as dificuldades são grandes, ainda mais no contexto sul-americano. Não há dúvida que os diálogos entre os países membros estão mais claros e contínuos e estão gerando uma união muito mais ampla na História das Américas.

O Brasil assumiu para si o compromisso de líder e de agente integrador propondo alternativas (SOLIANI 2004) para aproximar os países sul-americanos, enfim busca ampliar oMercosul, diluir as fraquezas rumo a uma união mais duradoura e sólida para negociar com os grandes jogadores globais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALABY, Michel Abdo. Se não vale o que está escrito, para que serve o Mercosul? São Paulo: Jornal Administrador Profissional, nº 219, Setembro de 2004. __________. O Mercosul representa apenas 1,4% das exportações mundiais. Mas tem um peso estratégico. São Paulo: Jornal do Administrador Profissional, nº, Abril de 2002.

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ANEXOS ANEXO 1 - Quadro comparativo do Mercosul Indicadores 2003 População total População urbana Analfabestismo Desemprego Urbano PIB total Investimentos externos Exportação total FOB Importação total FOB Dívida externa total

Argentina 37944 89.60% 3.20% 19.70% $229,867 $1,741 $25,709 $8,990 $134,200

Brasil 177268 79.9% 13.10% 12.40% $757,335 $7,137 $73,084 $50,824 $235,000

Chile Paraguai 15774 5922 85.70% 56.10% 4.20% 6.70% 8.50% não informado $96,347 $8,740 $1,164 $14 $20,077 $1,241 $17,376 $1,862 $42,400 $2,800

Uruguai 3408 92.60% 2.40% 16.80% $16,918 $131 $2,232 $2,190 $8,600

Observações milhares de hab. porcentagem

milhões de dólares (U$ em K)

Fonte: ALADI, 2003. Indicadores socio-econômicos. www.aladi.org. Nota: O Chile foi incluído para referência.

Jundiaí, 14 de Outubro de 2004.

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