Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
A CULTURA DA GOIABEIRA Prof. Angelo Pedro Jacomino
Centro de Origem
região tropical da América: sul do México até sul do Brasil
Histórico em S.P. -
Década de 70: início do cultivo em diferentes regiões; cultivo por sementes; frutos para indústria; início de seleções (IAC e produtores). Década de 80: tratos culturais mais intensivos; Lançamento de novos cultivares com genes americanos (Ruby e Supreme); Lançamento das cultivares Paluma e Rica (FCAV-Jaboticabal); Início da propagação por estaquia; Frutos para indústria = grandes indústrias, grandes volumes; Frutos para mesa = pouca oferta, preço alto. Década de 90: tecnologia para produção ao longo do ano; Popularização de consumo in natura (maior oferta, novos mecanismos de varejo); Advento de pequenas indústrias com processamento o ano todo.
Classificação Botânica Família Myrtaceae Alguns Gêneros
Algumas Espécies
Eucalyptus
Eucalyptus spp
Eugenia
E. jambos (jambo) E. uniflora (pitanga) E. uvalba (uvaia) E. tomentosa (cabeludinha)
Feijoa
F. seloviana (goiabeira serrana)
Myrciaria
Myrciaria spp (jabuticaba)
Psidium
P. cattleianum (araçá doce) P. araça (araçá verdadeiro) P. guajava (goiaba)
Importância Econômica
Brasil: maior produtor mundial de goiabas vermelhas;
-
Área colhida: 16.308 ha;
-
Produção total: 345.533 ton/ ano;
Região N
2002
2003
2004
2005
3.364
3.191
2.333
4.432
NE
140.800
155.078 216.445
156.886
SE
135.381
132.564 145.262
142.200
S
12.176
13.164
12.375
10.429
CO
29.406
24.750
31.868
31.586
328.747 408.283
345.533
Brasil
321.127
Principais regiões produtoras
(AGRIANUAL, 2008)
Importância Econômica EXPLORAÇÃO VEGETAL POR REGIÃO AGRÍCOLA
(CATI, 2007)
Importância Econômica
Volume comercializado no CEAGESP – SP em 2007:
-
-
Total: 6.400 toneladas; Goiaba branca: 923 toneladas; Goiaba vermelha: 5477 toneldas.
Preço médio mensal (R$/kg) na CEAGESP, entre 2003 e 2007: 2,5 2 R$/kg
-
1,5 1 0,5 0 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Vermelha
Branca
(AGRIANUAL, 2008)
Importância Alimentar
Principais componentes das partes comestíveis de diversas frutas. Frutas
Componentes (mg/100g) Calorias
Fibras
Cálcio
Fósforo
Vit. A
Vit. C
Banana
270-480
0,3-1,1
3-14
16-50
0,01-0,2
10-30
Abacate
400-600
1-2
4-20
4-20
0,03-0,5
4-20
Abacaxi
---
0,3-0,6
6-37
7-20
0,03-0,06
25
Lichia
260
0,2-0,4
8-10
30-40
---
20-60
Goiaba
150-200
4-5
17
30
0,2-0,4
150-450
Mamão
100
0,5-1,3
13-41
5-20
---
35-70
Manga
260
0,9-1,1
6-13
6-80
0,03-0,6
8-170
Laranja
200
0,5
40
17-20
0,2
45-80
Acerola
250
0,7-1,8
8-36
16-35
0,17-1,1
1.300
Importância Alimentar
Fruto benéfico à saúde; Fonte de Vitamina C e Fibras; Goiabas vermelhas ricas em Licopeno. Licopeno
-
Pigmento carotenóide responsável pela coloração avermelhada dos tomates, melancias, mamões, pitangas e goiabas vermelhas;
-
Age como agente antioxidante com capacidade seqüestrante de radicais livres;
-
Possível ação contra o câncer, principalmente o de próstata, e doenças cardiovasculares.
Descrição da Planta ÁRVORE
Porte pequeno a médio, geralmente 3-5 metros de altura, podendo chegar até 8m; Característica tortuosa e esgalhada com casca lisa e delgada que se desprende em lâminas, quando velha.
Descrição da Planta
FOLHAS
Completas;
Oblongas;
Coriáceas;
Pubescentes na página inferior;
Com nervuras secundárias ao longo da principal.
Descrição da Planta
RAMOS
-
Ramos do ano: 60-150cm de comprimento. Apenas nestes ramos surgem as inflorescências; Ramos netos: surgem do ramo do ano e produzem frutos. Importante para ampliar o período de safra, em pomares de mesa.
Descrição da Planta
FLORES
Pentâmeras e hermafroditas; Androceu com muitos estames (cerca de 350); Gineceu com ovário ínfero, tri ou plurilocular, com muitos óvulos; Abertura das anteras e receptividade do estigma ocorrem durante abertura da flor; Não há incompatibilidade; Planta alógama, com taxa de polinização cruzada > 35%; Estigmas tornam-se receptivos 2 a 3 horas após a antese permanecem funcionais por 2 dias; Deiscência das anteras começa minutos antes da abertura da flor continua por 2-3 horas. Pólen permanece viável por 4 horas após deiscência; Principal agente polinizador = Abelha doméstica (Apis mellifera); Para cada grupo de 100 botões colhe-se 20 frutos (geralmente); O pegamento das flores é maior na base do ramo.
a
e e a
Descrição da Planta
FRUTO
Baga; Tem mesocarpo de textura firme e 4-5 lóculos cheios de massa pastosa, onde são encontradas as sementes; Formato redondo a piriforme; Cor da polpa variável (branca, vermelha, amarela, rosa).
Descrição da Planta
FRUTO
Principais Variedades
Grande parte dos pomares no Brasil e em outros países foram formados por sementes → grande variabilidade genética; No Brasil, os pomares de goiaba para mesa são de multiplicação vegetativa.
KUMAGAI
-
polpa branca;
-
principal cultivar para mesa;
-
casca lisa;
-
cor verde-amarelada quando madura;
-
polpa com sabor suave;
-
boa conservação em pós-colheita;
-
única variedade exportada.
Principais Variedades
PALUMA
-
resultado de melhoramento/seleção na UNESP-Jaboticabal;
-
bastante cultivada;
-
altamente produtiva (até 100 t/ha);
-
frutos grandes, piriformes, com pequeno “pescoço”;
-
casca lisa, amarela;
-
polpa firme, espessa, vermelha;
-
destinado basicamente para indústria.
Principais Variedades
PEDRO SATO
-
frutos ovalados e grandes;
-
polpa firme, rosada, sabor agradável;
-
cultivada para mesa e indústria.
Principais Variedades
SASSAOKA
-
polpa espessa, rosada;
-
casca rugosa, aparência atrativa;
-
grande possibilidade de expansão.
OGAWA Nº 1
-
polpa espessa, rosada, doce, saborosa;
-
frutos arredondados e grandes;
-
casca lisa, amarela quando madura;
-
bastante cultivada em São Paulo, visa mercado de mesa.
Principais Variedades
RICA
-
frutos ovalados, levemente piriformes, de tamanho médio;
-
casca verde-amarelada, levemente rugosa;
-
polpa vermelha, espessa e firme, com alto teor de açúcar;
-
especial para industrialização e para mesa.
SÉCULO XXI
-
frutos de casca verde-amarelada e rugosa;
-
polpa vermelha;
-
ótimo sabor e aroma acentuado;
-
ideal para indústria e mesa.
Multiplicação
ENXERTIA Porta- enxerto da região
Semente Material Rústico
Enxerto
Variedade selecionada
Multiplicação
ESTAQUIA
-
Ramos herbáceos; Matriz: plantas sadias e bem nutridas.
-
Implantação do Pomar CLIMA -
-
Temperatura: Ótimo desenvolvimento 25ºC (média); Precipitação: Mínimo de 600 mm/ano; Ideal de 1000 a 1600 mm/ano.
SOLO
Preparo do solo realizado de 2 a 3 meses ates do plantio; Aração profunda. Ideal = areno-argiloso
PLANTIO
Implantação do Pomar
Mudas com 5 a 6 pares de folhas e hastes com mais de 25 cm de altura;
Espaçamento depende: Sistema de condução; Irrigação adotada; Finalidade da produção. Geralmente: Industria = 7 a 10 m entre linhas e 5 a 8 m entre pls (200-300pls/ha) Mesa = 6 a 8 m entre linhas e 2 a 6 m entre pls (300-400pls/ha)
-
Adubação: 15 – 20L esterco; 150-200 g de SS; 3g de Zn.
Condução do Pomar PODA -
Objetivos: aumentar o arejamento e insolação no interior da copa; aumentar fotossíntese e produção de frutos; produções equilibradas; frutos de boa qualidade; redução e adequação da copa; planejamento época colheita.
Condução do Pomar
PODA DE FORMAÇÃO: -
-
Pomares para indústria; Pomares com dupla aptidão; Pomares para mesa. Poda a haste principal a 50cm 3 a 5 brotos entre 20 e 50 cm Distribuídos equidistantes e inclinação de 45º Usar tutores
PODA DE PRODUÇÃO
Condução do Pomar
-
Consiste no encurtamento dos ramos que já produziram de modo a manter a unidade de produção em atividade, pelo estímulo à nova brotação.
-
Poda correta varia com: variedade; clima da região; vigor do ramo; época do ano; idade da planta; tratos culturais.
-
Poda Contínua: poda escalonada na planta; planta produz ano todo; problemas fitossanitários.
-
-
Poda Total: Poda planta toda; produção da planta é concentrada; escalonamento por talhão.
Esquema da Poda de Formação
Condução do Pomar
4 A 5 PERNADAS TUTORAMENTO
ABERTURA
DESPONTE
PODA DE FORMAÇÃO PARA CRESCIMENTO LATERAL INDUSTRIA
Condução do Pomar
DESBASTE DOS RAMOS
Necessário retirar o excesso de brotos após a poda de forma a obter produção equilibrada, com frutos de boa qualidade. Realiza-se mais de uma vez
DESBASTE DOS FRUTOS
Frutos com 2-3cm diâmetro; Deixa-se 2-3 frutos por ramo.
Condução do Pomar
ENSACAMENTO DOS FRUTOS -
Vantagens: melhora aspecto do fruto→casca uniforme, sem manchas; controle de mosca das frutas, gorgulho e besouro amarelo; frutos sem resíduo de agrotóxicos.
Condução do Pomar
IRRIGAÇÃO
Pomares para indústria ciclo ago/set a fev/mar → não precisa irrigar; Pomares de dupla aptidão (produção ano todo) → necessário irrigar; Pomares para mesa (produção fora de época) → necessário irrigar.
ADUBAÇÃO DE PRODUÇÃO Nitrogênio: 400 a 1.200 g/pl/ciclo Fósforo: 50 a 1.200 g/pl/ciclo Potássio: 200 a 1.500 g/pl/ciclo
Pragas e Doenças PRAGAS
Psilídio (Triozoida sp)
-
Sugam a seiva das bordas das folhas, ramos e brotações novas; Injetam toxinas que causam encarquilhamento das bordas das folhas e posterior necrose; O período mais favorável é primavera-verão com altas temperatura e altos índices de pluviométricos.
-
-
Pragas e Doenças
Besouro amarelo (Costalimaita ferruginea vulgata)
-
Perfurações nas folhas novas (set a nov). Folha rendilhada, diminuição da área fotossintética.
-
Fonte: Vanderlei Londero Pellegrini – UFRGS/2007
Pragas e Doenças
-
Gorgulho da goiabeira (Conotrachelus psidii) Necrose na parte interna.
Fonte: Patrícia Maria Pinto – Petrolina-PE/2006
Pragas e Doenças
-
Mosca das frutas Ataca os frutos maduros (larvas).
Ceratitis capitata
Anastrepha sp
Pragas e Doenças
-
-
Percevejo da verrugose Cicatriz necrosada no fruto (ponto duro), deformação e queda. Outras: broca das mirtáceas, coleobroca, cochonilhas, lagartas, percevejos, coleópteros, tripes, nematóides.
Goiabeira atacada por nematóides
Fonte: Patrícia Maria Pinto – Petrolina-PE/2006
Pragas e Doenças
DOENÇAS
Ferrugem (Puccinia psidii)
-
afeta tecidos jovens (folha, botão floral, fruto e ramo); manchas necróticas recobertas por massa pulverulenta amarelovivo.
-
Pragas e Doenças
-
Seca bacteriana dos ramos (Erwinia psidii) em bratações novas → murchamento súbito e seca; em flores e frutinhos novos → mumificado e enegrecido
Pragas e Doenças
Antracnose (Colletotrichum gloeosporioides)
-
doença pós-colheita.
Colheita e Pós-Colheita
Realizada 3 vezes por semana;
-
Ponto de colheita: função do mercado; variedade; época do ano.
Frutos são colhidos por torção;
São muito sensíveis a danos mecânicos e muito perecíveis;
Seleção é feita por tamanho e cor da casca, manualmente.
-
Colheita e Pós-Colheita
Comercialização In natura
Sucos
Doces
Molhos
Angelo P. Jacomino (
[email protected])
USP – ESALQ – LPV Caixa Postal 09 13.418-900 Piracicaba / SP / Brasil Fone: +55 – 19 – 3429-4190