A cunhagem da \'portugalidade\' e a visão totalizante e equívoca de Portugal sobre o \'outro\'. O pós-colonialismo, o reajustamento do olhar, a globalização e os constrangimentos que permanecem.

May 26, 2017 | Autor: Vitor de Sousa | Categoria: Identity (Culture), Estado Novo
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Resumo A cunhagem da 'portugalidade' e a visão totalizante e equívoca de Portugal sobre o 'outro'. O pós-colonialismo, o reajustamento do olhar, a globalização e os constrangimentos que permanecem. O conceito ‘portugalidade’ foi forjado nos anos 50 e 60 do século XX, decorrendo de uma lógica estado-novista para que as ex-colónias portuguesas fossem vistas pela ONU não como territórios autónomos, mas como parte integrante do território português, o que é corroborado pelo discurso parlamentar da Assembleia Nacional, a partir de 1951. Toda essa estratégia ia no sentido de combater os movimentos independentistas que emergiam nas antigas colónias, defendendo a sua pertença a Portugal, por via do seu ‘destino histórico’. Esse facto seria sublinhado no discurso político da ‘portugalidade’, com a assunção de Portugal como um país uno e indivisível: “Portugal do Minho a Timor”. Eduardo Lourenço (1954) sustenta que a existência mítica precede a existência empírica; Roland Barthes (1957) olha para o mito como conversor da história em natureza e o contingente em eternidade; Pierre Bourdieu (1982) sustenta que não é o mito que dá forma à história. Entre a ‘portugalidade’ mítica e a que se encontra no domínio da política, ainda há vários investigadores que reabilitam a lógica da primeira História de Portugal, escrita no século XVI por Fernando Oliveira, abrindo a porta ao que se pode interpretar, nos dias de hoje, como uma dinâmica de ‘regresso de caravelas’. O que nos leva aos denominados ‘fazedores de passados’ e ao combate ideológico entre historiadores com acusações de revisionismo construídas a pretexto das memórias, nomeadamente no caso português. A memória transformou-se do ponto de vista cultural e político num terreno fértil onde se trava um combate duro pela construção de uma narrativa hegemónica, com cada uma das fações a reivindicar a sua própria verdade. Nesta crise de paradigmas, o plano identitário integra um processo mais amplo de mudança que, segundo Stuart Hall, abala os quadros de referência que antes pareciam dar aos indivíduos uma certa estabilidade.

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