A DISTRIBUIÇÃO DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO NO PARANÁ NO PERÍODO DE 2002 A 2007: Uma análise espacial

July 3, 2017 | Autor: M. Rodrigues | Categoria: Spatial Analysis, Industrial Economics
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A DISTRIBUIÇÃO DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO NO PARANÁ NO PERÍODO DE 2002 A 2007: Uma análise espacial RESUMO: A atual configuração da indústria pelo Paraná se deve ao fato de que na década de noventa, este Estado despontou de forma significativa no avanço da modernização e diversificação industrial, transformando sua base produtiva com modernização das agroindústrias e incorporação de novas fábricas com elevado padrão de tecnologia na produção. Nesse contexto, o campo da teoria dos conceitos de espaço e região é útil para ajudar na avaliação dos padrões espaciais que exercem impactos sobre o desempenho do setor industrial, e, consequentemente, no desenvolvimento regional do Estado. Diante disso, o objetivo deste trabalho é examinar o comportamento espacial do numerário de empresas pertencentes ao setor industrial de transformação nos municípios do Paraná, no período de 2002 a 2007, no intuito de identificar, quando possível, a existência de clusters e observar como a proximidade entre os locais pode influenciar, ou não, na dinâmica regional. Foi utilizado para tanto, a técnica de análise exploratória de dados espaciais, a partir da qual se pode observar que a distribuição do numerário de empresas pelos municípios do Estado possui dependência e heterogeneidade espacial, bem como constatar a presença de clusters. PALAVRAS-CHAVE: Espaço, região e dependência espacial.

THE DISTRIBUTION OF THE PROCESSING INDUSTRY IN PARANÁ DURING THE PERIOD 2002 TO 2007: An spatial analysis ABSTRACT: The current configuration of the industry into Paraná State is due to the fact that in the nineties, this state emerge significantly in the progress of modernizing and industrial diversification, transforming its production base with modernization of agribusiness and incorporation of new plants with high standard technology in production. In this context, the field theory of the concepts of space and the region is useful to help in evaluating the spatial patterns that have an impact on the performance of the industrial sector, and hence the regional development of the state. Thus, the objective of this study is to examine the spatial behavior of the number of companies belonging to the industrial processing sector in the municipalities of Paraná, from 2002 to 2007 in order to identify, where possible, the existence of clusters and observe how the proximity between the sites can influence or not, the regional dynamics. Was used for both the technique of exploratory analysis of spatial data, from which we can see that the distribution of cash to companies by municipalities of the state has spatial dependence and heterogeneity, and note the presence of clusters. KEY-WORDS: Area, region and spatial dependence.

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1. INTRODUÇÃO Buscar condições para se atingir crescimento e desenvolvimento econômico sustentado soa razoável para países que ainda não alcançaram esta meta. Uma vez que o território Nacional é representado por diversas regiões menores (espaços), as quais incorporam Estados, e estes, por sua vez, se dividem em Municípios, é importante entender o desenvolvimento econômico no campo de cada uma dessas subdivisões. Autoridades no tema – Thunen, Dubey, Perroux, Boudeville e Polèse – ressaltam a importância da economia espacial e regional no bojo da referida discussão. Para eles o estudo do desenvolvimento regional visa investigar os padrões locacionais das atividades econômicas procurando mostrar onde estão instaladas e porque estão lá, valendo-se da análise da comparação de um local e outro no que diz respeito aos problemas relativos à proximidade, concentração e dispersão das atividades econômicas, bem como nas respectivas características sociais, políticas e administrativas de cada região. Com isso, esta temática permite avaliar o desempenho de qualquer atividade econômica no que tange aos níveis de crescimento do produto, produtividade, geração de empregos e perfil da produção – esteja ela situada em qualquer um dos setores: indústria, agropecuária e comércio – no âmbito regional. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é examinar o comportamento espacial do numerário de empresas pertencentes ao setor industrial de transformação nos municípios do Paraná, no período de 2002 a 2007, no intuito de identificar, quando possível, a existência de clusters e observar como a proximidade entre os locais pode influenciar, ou não, na dinâmica regional. A justificativa para esta análise se encontra no fato de que, no passado recente (década de noventa), o Paraná despontou de forma significativa no avanço da modernização e diversificação de sua indústria, transformando sua base produtiva que antes era essencialmente agrária, com modernização das agroindústrias, e incorporação de elevado padrão de tecnologia na produção gerando maior valor agregado nos produtos. Para isso, recorre-se à técnica de análise exploratória de dados espaciais para se analisar o padrão espacial das indústrias de transformação residentes do Estado. Assim, este artigo abrangerá, além desta introdução, a seção 2 em que se realiza uma breve discussão teórica sobre a evolução e importância da indústria no Paraná, e sobre os conceitos de espaço e região pertinentes a discussão em questão; a seção 3 onde será exposto o método de análise exploratória de dados espaciais visando definir a autocorrelação e dependência espacial, e se possível identificar os clusters; a seção 4 para trabalhar a análise dos resultados a partir do método proposto; e a última para considerações finais. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1.

Breve Explanação sobre Formação e Importância da Indústria no Paraná

Para entender como ocorreu essa transição é preciso nos remontarmos a um pouco da história do Estado do Paraná, quando este ainda era essencialmente agrário. De acordo com Wachowicz (1987), o primeiro ciclo econômico pelo qual o Paraná passou foi o da produção da erva mate, o qual predominou de meados de 1840 até 1914 como o segmento responsável pela maior parte da produção e absorção de trabalho, funcionando desta forma como fator de ocupação regional. Após a fase da erva mate, especificamente o período de 1919 a 1934, a consolidação da produção se dá pelo setor madeireiro. Lima et al. (2007) destacam que o estabelecimento da madeira como principal setor produtivo, que de início se desenvolveu vinculada ao suprimento de barris e caixas de embalagens para a produção de erva mate, foi devido a forte demanda interna e às conseqüências da guerra que criavam demanda em virtude do processo de reconstrução dos países afetados, de forma a beneficiar as exportações. 2

Já a partir de 1930, entra em vigor a fase do café como principal vertente na produção, devido à expansão da lavoura paulista pelo Norte do Paraná. Aqui o processo de modernização, dinamismo e diversificação da agricultura se acentuam, ocorrendo maior acúmulo de capital, o que proporcionou um maior número de atividades industriais e comerciais girando em torno da cultura do café (PINHEIRO, 2007 apud FERRARIO et al., 2008). Considerando então as três fases, até meados da década de 1960, o que se observou foi um dinamismo econômico inicialmente concentrado na produção da erva mate e posteriormente nas produções dos gêneros madeireiro e cafeeiro1. Estes eventos proporcionaram, através da atração de mão de obra, o aumento da população economicamente ativa o que corroborou desenvolvimento mais contundente da urbanização. Entretanto, a partir de meados dos anos cinquenta e sessenta já se observava uma alteração dos fluxos de acúmulo de capital para outros setores, principalmente aqueles voltados para exportações. Adiciona-se ainda, que 1970 é marcado por duas grandes transformações na economia brasileira que também influenciaram na direção dos investimentos. A primeira foi o esgotamento da fronteira agrícola que expandiu a migração do campo para as zonas urbanas. A segunda foi a desconcentração industrial, que deslocou parte da produção concentrada no eixo sudeste para novas regiões como o Paraná. O conjunto desses dois processos com as transformações qualitativas2 que emergiram da atividade agrícola na época constituíram-se na base para as transformações da base produtiva, no Paraná, dos setores primário e secundário que geraram expansão da transformação da produção e industrialização de produtos como soja, milho, trigo, carnes, etc., contribuindo para o crescimento e a solidificação da agroindústria e inserindo o Estado em um novo ciclo econômico3 (LIMA et al., 2007). No entendimento de Lourenço (2000), o Paraná presenciou grande dinamismo econômico nos anos 70, no que ele autodenominou de surto econômico. Dentre os fatores estimulantes de tal fenômeno, destacou-se com importância o programa nacional de investimentos, o estabelecimento de uma agricultura capaz de acompanhar e absorver os estímulos da modernizada política de crédito agrícola e a política de atração de investimentos industriais realizada pelo governo estadual entre 1975 e 19784. Conforme o autor, esta postura agressiva do Estado proporcionou a implantação de segmentos modernos das indústrias de cimento, metalmecânica e refino de petróleo na Região Metropolitana de Curitiba (RMC); e sofisticou gêneros já tradicionais da madeira, papel e celulose e diversificação do agronegócio. Ademais, esse momento coincide também com a consolidação da Cidade Industrial de Curitiba (CIC) e o estabelecimento de residência no Estado da Refinaria de Petróleo de Araucária (REPAR), da montadora Volvo e da fábrica da New Holland. Na década de oitenta até 1995, contudo, há interrupção do bom desempenho do Estado em sua industrialização. Lourenço (2003) aponta como causas disto, a retração dos investimentos produtivos e a forte recessão econômica dos anos oitenta, em virtude do esgotamento do sistema de produção denominado substituição de importações que se deu por conta da forte intervenção governamental na economia causando elevado endividamento externo5. Por outro lado, Lima et al. (2007) demonstraram que, mesmo apesar desta circunstância de crise econômica, a economia paranaense ainda foi capaz de alcançar resultados positivos. O Paraná se encontrava numa posição diferenciada em relação aos demais estados em decorrência do grau considerável de abertura econômica, do crescimento dos termos de troca, aumento da inserção na

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Os investimentos eram concentrados nestes setores. Em outras palavras, nas modestas (poucas) indústrias da época. Dentre estas transformações, destacam-se a introdução da mecanização, de commodities internacionais, integração entre a agropecuária e indústria, e pesquisas e créditos que permitiram produzir produtos não tradicionais em novas áreas (LIMA et al., 2007). 3 Lima et al., 2007 ressalta que neste momento, anos setenta, é quando se inicia de fato o processo de industrialização no Paraná. Para o autor este é o ponto de ruptura entre o sistema de produção agrário e o industrial no Estado. 4 Esta Política de atração de investimentos para o Paraná se deu sob forte presença de concessões fiscais pelo Governo Estadual na época. 5 Para entendimento mais aprofundado do impacto da crise dos anos oitenta sobre o Paraná, ver Lourenço (2003). 2

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economia nacional e mercado, nacional e internacional, favorável aos seus produtos modernos6. Isso, de certa forma, proporcionou vantagens ao Estado para enfrentar a década seguinte e deslanchar em seu processo de industrialização. O segundo momento de desconcentração da indústria do eixo sudeste do país, data de meados de 1990, mais precisamente 1995. Nesse sentido, para entender como a indústria evoluiu no Paraná, é preciso traçar a situação econômica brasileira. Os fatos estilizados da estabilização monetária, abertura econômica, redefinição da atuação estatal, gestão macroeconômica restritiva, o reordenamento do tecido industrial do País e as estratégias de localização e realocação das atividades auferidas pelas empresas, permitiram ao Paraná aderirem de forma mais representativa à dinâmica industrial brasileira e aos gêneros exigentes de maior conteúdo tecnológico 7 (IPARDES, 2007). Nesse contexto, o melhor aproveitamento pelo Paraná, das oportunidades geradas pela conjuntura da economia nacional e internacional favorável, que atraiu grandes investimentos industriais para seu espaço econômico, se deu, como aponta Lourenço (2000), em face dos vetores da consolidação de um pólo automobilístico; da verticalização das cadeias agrícola e agroindustrial liderada pelas cooperativas; da expansão quantitativa e qualitativa do gênero madeireiro e papeleiro; do rearranjo da frente externa visando aproveitar a proximidade com mercados do Cone Sul; e o do melhor aproveitamento das vocações e o desenvolvimento das aptidões regionais, devendo-se buscar oportunidades relacionadas às áreas do conhecimento e da informação, bem como setores com maior qualificação tecnológica. Em consonância com essa explicação, Lima et al. (2007) verificaram que estes aspectos citados acima, em certa medida, garantiram ao Paraná diversificação de sua base produtiva e ampliação da base de exportações ao longo da década de 90, contribuindo para a sedimentação da sua indústria8. Por fim, a década de 2000 demonstra que o Estado foi capaz de manter dinamismo e diversificação em seu padrão industrial, com relação à década de 1990. No entanto, Ferrario et al. (2008) mostram que houve certo aumento da concentração industrial na Região Metropolitana de Curitiba, especificamente no eixo Paranaguá – Curitiba – Ponta Grossa. Salva guarda, é possível visualizar a eclosão de novos padrões industriais no interior do Estado, para ser mais preciso, em cidades de médio porte que geralmente apresentam nível de qualidade de vida superior em comparação aos municípios do Sudeste brasileiro, como Londrina, Maringá e outros com menor participação do Oeste e Noroeste do Estado. Por tudo, e mais, fica evidenciada a importância da compreensão da evolução e distribuição da indústria na análise do desenvolvimento regional paranaense, justificando assim, o exame da dinâmica espacial industrial deste Estado. 2.2.

Conceituação de Espaço e Região

Até a segunda metade do século XIX, quando a Escola Histórica Alemã despontou como primeira a ressaltar o estudo da importância do espaço para compreender o fenômeno de desenvolvimento econômico, o que se viu foi o domínio do pensamento dos economistas clássicos. Este grupo de economistas, como destaca Pinheiro (2007), esqueceu por muito tempo de considerar o elemento espaço nos seus estudos sobre teorias de análise regional. No pensamento de Richardson (1975), os pensadores desta escola focavam na evolução temporal das atividades econômicas. A preocupação está em como o crescimento econômico se dá no decorrer do tempo, bem como de que forma se dá a repartição do produto. Para o autor, o tempo se encarrega da análise econômica uma vez que fatos não econômicos impactam no comportamento espacial das atividades econômicas. Dado que ele considera que os recursos naturais têm localização pré-determinada, assim são considerações não econômicas os eventos determinantes de onde viver, trabalhar e produzir. 6

Pode-se também acrescentar aqui, a maturação dos investimentos realizados na indústria paranaense na década de setenta (Refinaria de Petróleo de Araucária, Volvo, New Holland, entre outras). 7 Nesta fase é que ocorre, como os estudiosos da área costumam dizer, a consolidação pesada da indústria no Estado. 8 Para observar melhor como a indústria está segmentada por setores e regiões, ver Ipardes (2007).

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Por esse prisma, Ferreira (1989 apud Pinheiro, 2007) argumenta que o motivo do descaso com a questão do espaço se dá por causa dos pressupostos que fornecem a base do pensamento clássico, dentre os quais se destacam tendência ao equilíbrio dos preços dos fatores em face da estrutura de mercado de concorrência perfeita, perfeita mobilidade de capitais até que o equilíbrio seja ajustado entre duas localidades e custos de transportes inexistentes. Desse modo, não há desigualdades entre regiões em seus níveis de produção, e, uma vez que o equilíbrio sempre será alcançado9, não haveria porque se preocupar com a dinâmica espacial das regiões influenciando no desenvolvimento econômico. Como já foi mencionado anteriormente, será com a Escola Histórica Alemã que surgirá a preocupação com o caráter espacial das atividades econômicas no âmbito do desenvolvimento regional. Para Pinheiro (2007), estes pensadores articularam pela primeira vez as peculiaridades de cada região, país, e em cada época, acerca dos fenômenos locacionais que geram explicações acerca das vantagens comparativas de um espaço em relação ao outro, e onde deverá ser localizada determinada atividade econômica. A partir de então, o estabelecimento de certa atividade econômica em determinado território passa a ser objeto de estudo do campo teórico da economia espacial, onde os problemas a serem analisados norteiam questões relacionadas à concentração de capital industrial e organizações, aglomerações de atividades econômicas em poucas regiões e a forma desigual como a expansão das atividades ocorre em cada região. A partir deste ponto, cabe então elaborar a diferenciação entre o que é espaço e o que é região, visando buscar a justificativa da importância do estudo dos dois termos para o entendimento do processo de desenvolvimento regional de certa atividade produtiva. Rolim (1998) retrata que o conceito de região parte da premissa de uma sociedade determinada na história, no seu território contíguo, e abrange ambientes físico, sócio-econômico, político e cultural, somando ainda uma estrutura espacial diferente de outras regiões e de outras entidades territoriais maiores, cidades e nações. Na direção desse conceito, qualquer região se dinamiza a partir do momento em que se estabelece ligação com o resto do mundo. Ainda em Rolim (1998), o exame do desenvolvimento de uma região específica vai se basear no aprendizado do funcionamento de um segmento da economia nacional, esse por sua vez membro de uma economia mundial, dentro de um conjunto de complexos parâmetros institucionais que significam as regras do jogo e inserido num ambiente social, no qual participam os atores do jogo que representam as forças atuantes. Ferreira (1989 apud Pinheiro, 2007) irá mostrar um conceito dinâmico de região, pois no decorrer do tempo as estruturas interiores que condicionam suas extensões de áreas se alteram, modificando também o conjunto de todas regiões interdependentes em dado espaço e seus padrões no espaço geográfico. Prosseguindo a discussão anterior, conforme Rolim (1990) apresenta, a teoria de Perroux sobre conceituação de região demonstra que esta é marcada por passado histórico e determinismo geográfico, referindo-se a ela como um fenômeno concreto sem ligação com sentido e projeto econômico. Em contraponto a isso, Boudeville10 (1973 apud Ferreira, 1989) incorpora em seu conceito de região três aspectos que atestam caráter econômico: (i) a região deve atender a um objetivo anteriormente pré-estabelecido – a divisão de um país em subespaços (regiões) requer a elucidação de qual a finalidade dessa partição; (ii) as regiões precisam ter seus aspectos sociais e econômicos caracterizados para compará-los com as outras regiões – o que exige descrição material do objeto em questão; e (iii) as regiões estabelecem entre si interdependências sociais, políticas, econômicas, institucionais e administrativas, e até dentro de seus próprios espaços. Essas relações inter e intra implicam na partição do espaço geográfico. A partir da definição das regiões, Pinheiro (2007) salienta que as mesmas podem ser caracterizadas em duas formas. Aquelas que detêm maiores semelhanças nas suas combinações de 9

Para economistas clássicos, a economia trabalha no pleno emprego dos recursos tendo em vista que as forças de mercado de oferta e demanda sempre se equilibram num determinado nível de preços. 10 BOUDEVILLE, J. R. Os espaços econômicos. In: Difusão Européia do Livro. São Paulo, 1973.

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distritos e distâncias entre estes, chamadas de regiões homogêneas, e as que se reconhecem como regiões nodais ou polarizadas, compostas por unidades heterogêneas que se criam a partir da aceitação de não-uniformidade da economia espacial, que englobam significado econômico. Agora, no que tange à conceituação de espaço, Lopes11 (2001 apud Pinheiro, 2007) demonstra que este objeto é construído em função dos mais diversos conjuntos de dados econômicos localizados de formas desiguais pelo espaço em estudo. Esses fatos econômicos podem ser ou não dispersos, tendo em vista que o interessante são as características e a natureza das relações de interdependência entre eles. Perroux (1967 apud Rolim, 1990) irá recorrer ao conceito matemático de espaço abstrato para desenvolver sua idéia de espaço econômico. A geometria euclidiana fornece suporte à noção vulgar de espaço que é representado por n-dimensões onde os objetos estão contidos em seu interior. Contudo, é na noção de espaço abstrato, outro instrumental matemático, que ele encontra explicação para a análise das intra e inter-relações econômicas de um país. Desse modo, valendo-se de relações abstratas pode-se chegar à definição dos objetos em si mesmos, com o espaço sendo delimitado pelo conjunto dessas relações. Pode-se concluir disto, que existirá um número “x” de espaços conforme forem os sistemas de relações abstratas que determinam um objeto, ou em outras palavras, haverá tantos espaços econômicos quantos forem os eventos econômicos estudados. A diferença entre os dois conceitos de espaço para Perroux se mostra pelo fato de que o vulgar abarca as relações geonômicas (ciência das leis físicas da Terra) entre objetos (homens e coisas). Já o econômico é definido pelo conjunto de relações econômicas que se dão entre elementos econômicos (ROLIM, 1990). Seguindo a discussão de espaço, Perroux (1967) irá classificá-lo da seguinte forma: (i) o espaço econômico definido por um plano: considera que as partes oriundas das áreas são dependentes de uma decisão central – são os elementos de um espaço produtivo que tem em comum os planos e objetivos, além de se encontrarem sob a mesma coordenação; (ii) o espaço econômico como campo de forças: um elemento central (atividade produtiva ou empresa), que abrange determinado espaço econômico, libera forças centrífugas e centrípetas, que concentra pessoas e matérias em torno do seu núcleo, e afasta do seu campo de influência pessoas e outras atividades – observa-se aqui uma relação de dominação exercida pela atividade econômica ou empresa predominante, capaz de expulsar ou atrair, em sua órbita, outras empresas e atividades produtivas; e (iii) o espaço econômico como agregado homogêneo: uma atividade ou empresa que é considerada o centro do espaço econômico, manterá relações com outras atividades e empresas de mesma característica – configura-se assim que um elemento, pode estar situado a uma grande distância física de outro, mas desde que compartilhem das mesmas características, como um mercado em comum de fatores de produção ou bens finais, eles se situaram no mesmo espaço econômico. Por fim, Pinheiro (2007) elabora uma articulação entre os conceitos de região e espaço. A autora mostra que o espaço é determinado por um conjunto de regiões, em virtude de estas últimas possuírem a característica de contigüidade, conforme seja a localização das atividades econômicas. 3. METODOLOGIA 3.1 Análise Espacial Os economistas são relutantes em considerar o espaço como um fator relevante, desde os pensamentos de Marshall, o qual acredita na influência preponderante do tempo sobre o espaço. No entanto, durou até Walter Isard se opor na década de 50, ao chamar de “viés Anglo-Saxão”, o repúdio do fator espaço, comprimindo tudo na economia a um ponto de tal sorte que toda a

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LOPES, A. S. Desenvolvimento regional – problemática, teoria, modelos. Lisboa: Fundação Cabouste Gulbenkian, 2001.

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resistência espacial desaparece, ao confinar a teoria econômica a “um mundo maravilhoso sem dimensões espaciais” (FLORAX; NIJKAMP, 2003). Os modelos da Nova Geografia Econômica oferecem uma das maiores explicações sobre o comportamento dos aglomerados industriais e de trabalho (MIKKELSEN, 2004). Masahisa Fujita influenciado pelas idéias de Walter Isard, na Universidade da Pensilvânia, onde fez seu Pósdoutorado, compartilha com Paul Krugman o pioneirismo da Nova Geografia Econômica12. A partir desta evolução da teoria econômica, torna-se possível o estudo da economia regional e urbana em aspectos estatísticos geográficos, ao ponderar as interdependências e heterogeneidades das regiões através da análise espacial. A análise exploratória dos dados espaciais (AEDE) tem como princípio básico que os fenômenos espaciais possuam correlações entre si. Segundo Tobler (1970), tudo é relacionado com tudo mais, mas coisas próximas são mais relacionadas entre si do que as distantes. Em função desta sentença, a qual se tornou conhecida como a Primeira Lei de Tobler (PLT), Miller (2004) argumenta que este fato é central na análise espacial. Em um ambiente onde as bases de dados georeferenciados e novas tecnologias geográficas avançam, é possível analisar as distâncias e autocorrelações espaciais dos agentes econômicos, ao revigorar a PLT. Nas palavras de Haining (2003), a análise espacial inclui os desenvolvimentos e aplicações das técnicas estatísticas com o propósito de analisar dados espaciais e, como conseqüência, fazer uso dos dados georeferenciados. De acordo com Haining (2003), variáveis intensivas – taxas, densidades e proporções – são espacialmente dependentes e necessárias na análise espacial dos dados. Para se transformar uma variável extensiva em intensiva, torna-se indispensável sua divisão por atributos espaciais como: área, tamanho e população. As noções de dependência e autocorrelação espacial são definidas de forma informal por Florax; Nijkamp (2003) com a finalidade de facilitar o entendimento dos termos. Para os autores, dependências espaciais são clusters espaciais de valores similares, padrões comuns ou variações espaciais sistemáticas, isto é, uma característica da função densidade de probabilidade verificável apenas sobre condições simples, como a normalidade. Já a correlação espacial é simplesmente um momento da função densidade de probabilidade. Desse modo, a melhor associação estatística espacial para dados ordinais e em intervalos é dada pelos testes „c‟de Geary e „I‟de Moran. Os dois são parecidos, mas baseados em métricas diferentes. Usualmente utilizados para indicar a existência de autocorrelação espacial entre unidades espaciais de uma região. O I de Moran univariado é definido pela equação (1): n

I

n S0

n

wij xi - x

xj - x

i 1 j 1

,

n

xi - x

(1)

2

i 1

ou em termos matriciais,

I

n x' Wx S 0 x' x

(2)

em que x é um vetor n 1 das observações de xi em desvios da média x , W é a matriz de peso espacial com n n elementos onde wij representa a topologia do sistema espacial, e S 0 a soma de elementos da matriz de peso espacial. A matriz de pesos é determinada de forma exógena. Pode ser definida usando contigüidade, distância ou especificações mais complexas. Segundo Lesage (1999), as matrizes de contigüidades podem ser definidas como: 12

Uma síntese sobre o tema foi feito por (Fujita et al., 1999).

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a. Linear: wij 1 para a região que compartilha um mesmo limite local de interesse à esquerda ou à direita. b. Torre: wij 1 para a região que compartilha um mesmo lado com a região de interesse. c. Bispo: wij 1 para regiões que compartilham um vértice comum com a região de interesse. d. Linear duplo: wij 1 para regiões que possuem imediatos à direita ou à esquerda e. Torre dupla: wij 1 para regiões que compartilham o mesmo limite tanto ao norte, sul, leste e oeste. f. Rainha: wij 1 para regiões que compartilham lados e vértices em comum em relação à região de interesse. Figura 1 – Representação Gráfica do I de Moran

Baixo-Alto

Alto-Alto

Valores baixos e vizinhos com valores altos

Valores altos e vizinhos com valores altos

Baixo-Baixo

Alto-Baixo

Valores baixos e vizinhos com valores baixos

Valores altos e vizinhos com valores baixos

Fonte: Elaborado a partir de Pimentel e Haddad (2004).

O autor Anselin (1993) propôs uma ferramenta para visualizar a instabilidade da autocorrelação espacial global, através da dispersão do I de Moran. O procedimento é realizado por uma regressão linear, onde o coeficiente é o I , que indica o grau de relação espacial das variáveis. A Figura 1 representa o valor da estatística I de Moran para cada região em análise. Os quadrantes Alto-Alto (AA), Alto-Baixo (AB), Baixo-Alto (BA) e Baixo-Baixo (BB), indicam o padrão espacial dominante positivo ou negativo, entre valores altos e baixos. O quadrante AA representa regiões e seus vizinhos com valores acima da média para a variável em análise. O quadrante BA oferece a visualização de localidades com baixo valor para a variável em análise, cercado por vizinhos de alto valor. O quadrante BB acomoda as regiões e seus vizinhos com baixo valor para a variável analisada. O AB visualiza regiões com valores acima da média cercada por vizinhos de baixo valor. A metodologia univariada global fornecida pelo I de Moran não pode ser usada caso existam aglomerações espaciais desiguais (ANSELIN, 1995). A resolução deste problema pode ser dada ao utilizar o indicador de associação espacial local (LISA), também conhecido como Moran local. Ele mensura a contribuição individual de cada território na estatística I de Moran global. De acordo com Miller (2004), este indicador espacial desagregado captura as associações e 8

heterogeneidades espaciais simultaneamente. A estatística LISA é calculada para a i ésima localidade como: I i zi wij z j (3) j

em que wij indica os elementos da matriz de pesos espaciais W entre os pontos i e j , com z i e z j indicando o número das variáveis analisadas por região i e j . Seu somatório é proporcional ao indicador global de Moran, podendo ser interpretado como um indicador de aglomeração espacial local, bem como seu diagnóstico dado para instabilidade local, isto é, outliers espaciais (ANSELIN, 1995). O mapa de cluster fornecido pelo LISA indica as correlações espaciais locais significantes. Pode ser interpretado da mesma forma como ocorre na dispersão de Moran global, através de quadrantes AA, AB, BA e BB.

3.2 Dados O número de indústrias de transformação nos períodos de 2002 e 2007 foi obtido junto ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), através da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) para cada município do Estado do Paraná considerado na análise. De posse dos dados do numerário das indústrias em questão, foi realizada a intensificação desta variável dividindo a mesma pela População Economicamente Ativa (PEA) do município específico levando-se em conta o ano corrente de referência, obtido a partir do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Conjunto de dados é do tipo corte seccional para os municípios do Paraná, logo, o tamanho da amostra é composto por 399 observações. A análise desta seção foi realizada com auxílio do software OPENGEODA 1.0.0.5. Os valores das variáveis são associados aos municípios do estado do Paraná. A fim de fazer esta operação é necessário aplicar às variáveis extensivas à noção de espaço. O procedimento adotado foi dividir o número de indústrias do município pela respectiva PEA do município, para, portanto, tornar a região em análise espacialmente densa. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nesta seção, será realizada a análise do comportamento espacial do quantum de empresas pertencentes ao setor industrial de transformação nos municípios do Paraná, no período de 2002 a 2007, buscando desenvolver as questões oportunas acerca da dependência e heterogeneidade espacial da variável em foco, e quando possível, identificar a existência de clusters procurando mostrar como a proximidade entre os locais pode influenciar, ou não, na dinâmica regional do Paraná, valendo-se, para tanto, da metodologia de Análise Exploratória de Dados Espaciais. A distribuição espacial das indústrias de transformação para os anos de 2002 a 2007 está apresentada na figura 2. O primeiro mapa da figura 2, demonstra o desvio-padrão da distribuição das indústrias de transformação em relação à População Economicamente Ativa (PEA) para o ano de 2002, em que a média foi de 0,00366584 indústria por pessoa apta a exercer uma atividade econômica. Como se pode observar pela figura, de 399 municípios, 55 municípios possuem o desvio-padrão que varia na faixa entre -0,00172388 e 0,000970978, 176 municípios possuem desvio-padrão que varia entre 0,000970978 e 0,00366584, 110 cidades registraram desvio-padrão que varia de 0,00366584 até 0,0063607, 41 se situaram no intervalo de 0,0063607 a 0,00905556 e 17 municípios obtiveram desvio padrão acima de 0,00905556, podendo serem por isso, considerados como outliers positivos sobre a quantidade de indústria de transformação por pessoa economicamente ativa no âmbito municipal, levando-se em questão o ano de 2002, no estado do Paraná.

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Figura 2 – Distribuição Espacial das Indústrias de Transformação no Paraná em 2002 e 2007. 2002

2007

Fonte: Elaboração dos autores

No segundo mapa da figura 2, se observa o desvio-padrão da distribuição espacial das indústrias de transformação estabelecidas nos municípios do estado do Paraná por pessoa economicamente ativa, tendo como base o ano de 2007. O desvio padrão médio, neste caso, é de 0,00434819, sendo que dentre os 399 municípios paranaenses, 50 municípios presenciaram desviopadrão que varia entre -0,00166535 a 0,00134142, 179 detiveram desvio-padrão entre o intervalo de 10

0,0134142 a 0,00434819, 119 municípios registraram variação entre 0,00434819 a 0,00735497, 31 encontraram-se oscilando entre 0.00735497 a 0,0103617, e 20 municípios alcançaram desvio padrão superior a 0,0103617, destacando-se como outliers positivos. É possível então concluir a partir dos dois mapas anteriores, que cidades Pólo como Curitiba (inclui também sua região metropolitana), Londrina, Maringá, Apucarana, Cianorte, e outras cidades de menor porte como Bituruna, Imbituva, General carneiro, entre outras, foram capazes de manter seu dinamismo na relação indústrias de transformação/PEA ao longo dos anos de 2002 a 2007. Em outra ponta, a cidade de Rio Negro, não conseguiu manter dinamismo na relação em questão, e por isso deixa de aparecer no mapa de 2007, isto é, não mais destacada de vermelho. No entanto, cidades como Arapongas, Japurá, Loanda e Quatro pontes que antes não apareciam no mapa de 2002 destacadas de vermelho, agora são visualizadas no mapa de 2007, evidenciando um aumento no dinamismo de suas respectivas relações de número de indústrias de transformação/PEA. Diante disso, a intensificação da variável número de indústrias de transformação pela PEA nos permite captar de modo mais satisfatório a real dimensão do setor industrial de transformação em cada cidade. Gráfico 1 – Quantidade de Indústrias de Transformação por Cidade em 2007

Fonte: Elaboração dos autores

O gráfico1 nos permite identificar os 30 municípios com o maior número de indústrias de transformação no estado do Paraná, em que de longe o município de Curitiba é onde se encontra o maior número de estabelecimentos. Destaca-se que o somatório dos percentuais de participação, em relação ao número total de indústrias de transformação no Paraná, destes 30 municípios é de 65,48%. A ilustração demonstra ainda, que se tomarmos o intervalo de regiões que vai de Curitiba, pela ordem, até Arapongas, conjunto este que apresenta os maiores números de indústrias do referido segmento no Estado, a porcentagem em relação ao total de indústrias de transformação no Paraná é de 46,90%, o que fica evidenciado concentração considerável nestas 11 cidades. Considerando o gráfico 2, pode-se visualizar de modo mais preciso os municípios que se caracterizam como outliers. Desse modo, na primeira ilustração (2a), que utiliza dados do ano de 2002, podemos destacar como os outliers mais representativos os seguintes municípios com suas respectivas densidades: o município de Cianorte, com densidade de 0,018158 indústrias de transformação por pessoa com idade apta para realizar as atividades econômicas; Tunas do Paraná com densidade de 0,015957; General Carneiro com densidade de 0,014612; Imbituva apresentando densidade de 0,013689; Mandirituba com 0,012493; São Carlos do Ivaí com 0,011978, Bituruna 11

com a marca de 0,011457; Mariópolis detendo 0,010466; e Pato Bragado com o número de 0,010365. Gráfico 2 – Box Plot para as Indústrias no Paraná nos Anos de 2002 e 2007. 2a

2b

Fonte: Elaboração dos autores

Em outra ponta, observando a situação das indústrias de transformação nos municípios por pessoas aptas para a realização de atividades econômicas, para o ano de 2007 (gráfico 2b), Cianorte é o município que possui a maior densidade de indústrias de transformação por pessoa com idade ativa ao exercercício de atividades econômicas com a marca de 0,021636. Em seguida, o município de Tunas do Paraná com densidade de 0,020390. E por conseguinte, aparecendo com valores menores, os municípios de: Apucarana com densidade de 0,015176, Imbituva com a marca de 0,013045, Mandirituba com o valor de 0,013036, Sabáudia com o número de 0,012778, Pinhais registrando 0,012559, São Carlos do Ivaí 0,012302, Quatro Pontes 0,011967, Porto Vitória 0,011811, Bituruna 0,011320, Japurá 0,011174, Terra Boa 0,011162, Entre Rios do Oeste 0,010937, Loanda 0,010902 e Pato Bragado 0,010779. No que tange à análise de dependência espacial, o gráfico 3 nos serve de referência pois apresenta a relação espacial local de Moran para os municípios paranaenses segundo a concentração das indústrias de transformação. Nos dois períodos, 2002 e 2007, a relação espacial foi significativa, e positiva. No ano de 2002 (gráfico 3a) o I de Moran foi de 0,3034 indicando uma interação positiva entre as indústrias do Paraná, bem como entre os municípios, demonstrando-se estatisticamente significativo, em outras palavras, neste mesmo ano podemos rejeitar a hipótese de que não existe autocorrelação e dependência espacial entre os municípios. Da mesma forma, ao se observar o ano de 2007 (gráfico 3b) verificamos que o valor de I de Moran é maior, registrando o nível de significância de 0,3366, o que é compatível com um aumento (fortalecimento) da relação (dependência) espacial entre os municípios.

12

Gráfico 3 – Dispersão do I de Moran para o Paraná nos Anos de 2002 e 2007. 3ª

3b

Fonte: Elaboração dos autores

Na figura 3 temos os clusters existentes no estado do Paraná. Conforme a coloração, vemos os tipos de clusters que são apresentados pelo mapa. Onde a cor é vermelha, os clusters possuem relação positiva entre ambas as vizinhanças e se configuram como Alto-Alto, que é constatado quando a cidade analisada possui número elevado da relação indústrias de transformação/PEA bem como os seus vizinhos. Em locais onde a cor é azul escuro significa que a relação é Baixo-Baixo, isto é, há um número muito baixo de indústrias no município em questão e também um número muito baixo de indústrias em seus vizinhos. Já onde a cor é azul claro a relação é Baixo-Alto, onde o município em questão possui um número muito baixo de indústrias e seus vizinhos possuem um número alto de indústrias. Por fim, onde a cor é rosa, é quando a relação entre o município em questão e seus vizinhos é Alto-Baixo, representando o fato de que um município possui número alto de indústrias enquanto seus vizinhos possuem número baixo de indústrias. Figura 3 – Lisa-cluster para o Paraná nos Anos de 2002 e 2007. 2002

13

2007

Fonte: Elaboração dos autores

Considerando os dois mapas anteriores, podemos destacar a evolução13 dos tipos de clusters, juntamente com alguns dos municípios que os compõem. Considerando as áreas dos mapas destacadas de vermelho (cluster alto-alto), pode-se ressaltar que as cidades de Astorga, Apucarana, Cambé e Marechal Cândido Rondon mantiveram seu dinamismo de 2002 a 2007. Entretanto, é importante mencionar que cidades como Teixeira Soares, Cruz Machado, que em 2002 apareciam na área de cluster alto-alto, já não aparecem no ano de 2007 na mesma categoria, melhor dizendo, não são mais significantes e não são incluídos mais em nenhum dos tipos de clusters. Há ainda, cidades que migram de categoria, um exemplo é Curitiba, que em 2002 pertencia à área de cluster alto-alto, e em 2007 passa a integrar o conjunto baixo-alto. E, ainda, cidades que em 2002 não eram significativos, mas que em 2007 passam a integrar alguma categoria de cluster, como exemplo, Londrina, que em 2002 não era significante e em 2007 é englobado na categoria alto-alto. Pode-se notar ainda que os mapas de 2002 e 2007 na figura anterior não se diferenciam de forma contundente, pois os clusters onde prevalecem a relação Baixo-Baixo se expandem levemente de 2002 para 2007. Considerando esta análise, pode-se perceber que esta é estatisticamente significativa, podendo ser observado o seu nível de significância nos mapas da figura 4, em que a explicação para tal análise consiste com a regra de que quanto mais escura a coloração nos gráficos, mais significativos são seus resultados. Da mesma forma, a análise para os demais clusters obedece a mesma regra.

13

As mudanças que ocorrem e que hora enquadram determinado município em um tipo de cluster e outrora o enquadra em outra categoria de cluster se dão pelas variações das proporções dos números de empresas de transformação e População Economicamente Ativa.

14

Figura 4 – Lisa-significância para o Paraná nos anos de 2002 e 2007. 2002

2007

Fonte: Elaboração dos autores

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A análise espacial dos dados possibilitou mapear a atividade industrial de transformação para o Estado do Paraná conforme a dependência e nível de correlação espacial existentes nos 399 municípios paranaenses. Durante o período de análise, 2002 e 2007, a distribuição espacial apresentou uma leve mudança, apesar da forte atividade econômica do país neste intervalo. Deve-se ressaltar que essas alterações que ocorreram se deram em função das variações da relação número de indústrias de transformação/PEA dos municípios. A distribuição das indústrias de transformação intensificada pela PEA é desigual, concentrada nas regiões de Curitiba, Londrina, e em outras cidades pólo de menor porte como 15

Apucarana, Cianorte, Arapongas, onde ocorrem padrões alto-alto conforme a metodologia espacial de Moran local. Algumas cidades, como Quedas do Iguaçu e Chopinzinho chamaram atenção por serem as únicas com padrão alto-baixo para todo o intervalo de tempo considerado, isto é, elas possuem elevado número de indústrias por PEA, cercadas por redondezas de baixo valor, ao formarem uma espécie de ilha de indústria em suas respectivas regiões. As microrregiões de Prudentópolis, Guarapuava, Pitanga, Ivaiporã e mesorregião do Centro Ocidental Paranaense apresentaram padrões baixo-baixo de aglomeração espacial, portanto, abre espaço às atuações de políticas públicas nestas regiões de pouca atividade industrial com a finalidade de desenvolvê-las. Dado o índice de Moran local encontrado neste estudo, existe forte relação espacial entre os municípios do Paraná. Como sugestão de pesquisas posteriores é interessante utilizar o arcabouço da econometria espacial, ao acrescentar variáveis para explicar este comportamento, pois ocorre dependência espacial. Por fim, pode-se sugerir também, um trabalho que contemple uma desagregação maior da indústria geral, de acordo com a CNAE, em que a análise espacial poderá contribuir para identificar as aglomerações produtivas locais potenciais e auxiliar na promoção do desenvolvimento econômico e regional. 6. REFERÊNCIAS ANSELIN, L. The Moran Scatterplot as an ESDA Tool to Assess Local Instability in Spatial Association. Regional Research Institute, West Virginia University, 1993. ______. Local indicators of spatial association-LISA. Geographical Analysis, v. 27, n. 2, p. 93115, 1995. FERRARIO, M. N.; SANTOS, A. A. L.; PARRÉ, J. L.; LOPES, R. L. Uma Análise Espacial do Crescimento Econômico do Estado do Paraná para os Anos 2000 e 2004. VI ENABER, 2008. FERREIRA, C. M. C. Espaço, regiões e economia regional. In Haddad, P. R. (org) Economia regional, teorias e métodos de análise. Fortaleza: BNB Etene, 1989, cap. 1, p.45-66. FLORAX, R. J. G. M.; NIJKAMP, P. Misspecification in Linear Spatial Regression Models. Tinbergen InstituteOct. 2003 FUJITA, M.; KRUGMAN, P.; VENABLES, A. The Spatial Economy: Cities, Regions, and International Trade. MIT Press, 1999. HAINING, R. Spatial Data Analysis: Theory and Practice. Cambridge University Press, 2003. IPARDES. Dinâmica Recente da Indústria Paranaense: Estrutura e Emprego. Curitiba, 2007. 84p. LESAGE, J. The Theory and Practice of Spatial Econometrics. Não Publicado: Departamento de Economia da Universidade de Toledo 1999. LIMA, J. F., RIPPEL, R., STAMM, C. Notas sobre a Formação Industrial do Paraná – 1920 a 2000. UEPG Ci. Hum., Ci. Soc. Apl., Ling., Letras e Artes, Ponta Grossa, 15 (1) 53-61, jun. 2007. Disponível em: . Acessado em: 23/01/2009. LOURENÇO, G. M. A Economia Paranaense nos Anos 90: um modelo de interpretação. Curitiba: Ed. do Autor, 2000. 16

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