A ditadura cívico-­militar de Alfredo Stroessner no Paraguai: memória, cotidiano e setores populares

June 1, 2017 | Autor: Paulo Pereira | Categoria: Latin American Studies, Paraguay, Paraguayan History, Stronismo
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08/07/2016

UNILA ­ Curso de História: A ditadura cívico­militar de Alfredo Stroessner no Paraguai: memória, cotidiano e setores populares. 0

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UNILA ­ Curso de História Projeto de Extensão Blog do primeiro Bacharelado em História com ênfase em América Latina terça­feira, 7 de julho de 2015

A ditadura cívico­militar de Alfredo Stroessner no Paraguai: memória, cotidiano e setores populares.

Informações dos Professores.

Prof. Alexandre C. Varella Prof. Hernán Venegas Marcelo Prof. Paulo Renato da Silva Profa. Rosangela de Jesus Silva

Em  diversos  eventos  nacionais  e  internacionais,  uma  das  demandas  mais  cobradas  pelos movimentos e organizações sociais refere­se à criação de políticas memorialísticas sobre o passado  autoritário  em  muitas  sociedades  latino­americanas.  Em  julho  de  2013,  na  XV Cúpula  Social  do  MERCOSUL,  realizada  em  Montevidéu,  discutimos  a  importância  do desenvolvimento de políticas públicas, por parte dos Estados nacionais, que destaquem os casos  de  violações  aos  direitos  humanos  realizados  pelos  governos  cívico­militares  em nosso  continente.  Essas  discussões  foram  realizadas  no  painel  “Educación  en  Derechos Humanos”  e  teve  a  participação  de  militantes  políticos,  de  educadores,  de  juristas  e  de estudantes dos países associados ao MERCOSUL. Já na I Conferência Municipal de Direitos Humanos, realizada em junho de 2015, em Foz do Iguaçu,  coordenei  um  eixo  chamado  “Direito  à  memória  e  à  verdade”,  no  qual  discutimos sobre  a  necessidade  da  criação,  por  parte  dos  órgãos  governamentais,  de  políticas  que apurem  e  esclareçam  os  casos  de  violações  aos  direitos  humanos.  Além  desse  ponto, debatemos  sobre  a  necessidade  da  construção  de  “lugares  de  memórias”  que  destaquem  o processo  histórico  da  região,  e  também  sobre  a  formação  de  um  órgão  que  questione  os patrimônios históricos e culturais que enaltecem a figura dos ditadores e dos torturadores. Desde  a  década  de  1990,  muitos  movimentos  sociais  começaram  a  cobrar  do  Estado paraguaio  o  estabelecimento  de  políticas  públicas  referentes  às  violações  aos  direitos fundamentais  dos  seres  humanos  ocorridas  durante  a  ditadura  cívico­militar  de  Alfredo Stroessner (1954­1989). Em 1996, o Congresso Nacional criou a Lei 838, que indenizava as vítimas  de  violações  aos  direitos  humanos  durante  o  governo  de  Stroessner.  Outro  passo importante  foi  a  criação  da  Comisión  de  Verdad  y  Justicia  (CVJ),  em  2003,  legitimada  pela Lei  2225.  Esse  órgão  foi  formado  por  setores  da  sociedade  civil,  por  movimentos  sociais  e por líderes políticos e tinha como objetivo central a coleta dos testemunhos das vítimas do regime  stronista  e  a  publicação  destes  num  documento  público.  Em  2008,  foi  entregue  aos Três Poderes os tomos referentes ao Informe Final da CVJ. Em 2014, após sessenta anos da ascensão do General Stroessner, apresentei a monografia intitulada  Cotidiano,  memória  e  política:  setores  populares  e  a  ditadura  cívico­militar  de Alfredo  Stroessner  no  Paraguai  (1954­1989).  O  principal  objetivo  do  trabalho  consistiu  na identificação  das  formas  de  resistências  cotidianas  desenvolvidas  pelos  setores  populares durante  o  regime  de  Stroessner,  destacadas  pelos  tomos  III  e  V  do  Informe  Final  da  CVJ. Essa  monografia  apresentou  as  ações  opositoras  das  mulheres,  dos  camponeses,  dos povos indígenas e das crianças. As  ações  desses  grupos  político­sociais  foram  “silenciadas”  pela  historiografia  sobre  o stronismo.  O  sentimento  de  medo,  o  sistema  assistencialista  e  os  mecanismos desenvolvidos  pela  ditadura  são  tidos  como  formas  de  desarticulação  política  dos  setores populares  e  que  levaram  ao  apoio  incondicional  desse  grupo  ao  regime  autoritário.  Dessa maneira,  o  trabalho  questionou  essa  visão  tradicional,  através  da  análise  de  alguns testemunhos existentes nas fontes. É importante destacar que a monografia apresentou as resistências cotidianas dos setores populares a partir do âmbito político e cultural.  Foi  na  esfera  dos  traumas  que  as  mulheres,  as  crianças,  os  camponeses  e  os  indígenas começaram  a  relatar  suas  experiências,  antes  marginalizadas  pela  historiografia  específica sobre o assunto. Nessas vivências, observamos as memórias sobre o passado recente e os questionamentos  das  imagens  produzidas  pelo  governo  de  Stroessner.  Pensando  no cotidiano  como  um  espaço  político  e  cultural,  o  trabalho  concluiu  –  embasado  nas  fontes analisados  –  que  os  setores  populares  foram  sujeitos  políticos  expressivos  durante  o governo  de  Stroessner  e  que  desenvolveram  formas  de  resistências  cotidianas.  Numa sociedade  “dominada”  pelo  sentimento  de  medo  e  de  impotência,  muitos  grupos  e  muitos indivíduos atuaram politicamente de diversas maneiras, muitas delas não apenas no espaço público, mas também na esfera do cotidiano/privado.

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  “Imagem  marcante  de  crianças  em  protesto  contra  Stroessner  é  parte  do  acervo  do  Museu das  Memórias”.  Disponível  no  artigo  “No  Paraguai,  a  memória  viva  da  ‘longa  e  escura  noite de  35  anos’”.  Disponível  em:  http://www.adusp.org.br/files/revistas/50/r50a08.pdf.  Acesso em 1 jul. 2015.

Paulo Alves Pereira Júnior ­ Graduado em História ­ América Latina pela UNILA e mestrando em História pela UNESP. Postado por UNILA ­ Bacharelado em História. às 07:46 

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