A dobra e a anulação do sujeitar-se nos filmes de Joachim Trier

May 25, 2017 | Autor: Susana Viegas | Categoria: Gilles Deleuze, Michel Foucault, Ethics and Film, Joachim Trier
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Government of Self, Government of Others. Ethical and Political Questions in the Late Foucault IFILNOVA/EPLAB FCSH-UNL, 6th-8th of March 2017

A dobra e a anulação do sujeitar-se nos filmes de Joachim Trier Susana Viegas

Esta comunicação insere-se no meu projeto de pós-doutoramento sobre o valor das imagens em movimento para a filosofia. Nela procurarei analisar uma possível derivação fílmica de um ‘conhece-te a ti mesmo’ para um ’cuidado de si’ através dos filmes do norueguês Joachim Trier. Foucault é uma fonte essencial para compreendermos a importância da distinção entre moralidade e moralismo na ética cinematográfica deleuziana, tal como é apresentada nos dois volumes de Cinema. Para o seu esclarecimento, analisarei os limites de pensarmos a personagem do suicida como estilo de vida, debate enraizado na ideia de uma estética da existência. Em Oslo, 31. august (2011), Joachim Trier filma o último dia de Anders, um toxicodependente, em recuperação numa clínica, que no dia 30 de Agosto tem uma entrevista de trabalho em Oslo. Passa o dia com os amigos, mas a vida normal que o espera no futuro apresenta-selhe com estranheza e desprendimento. Aqui a ameaça é o si mesmo. Tal como Phillip, o escritor de sucesso em Reprise (2006), ele pode fazer tudo, pode escolher tudo, e escolhe autodestruir-se, não pertencer ao mundo, não se adaptar ao futuro, não se auto-transformar. No filme seguinte, Louder Than Bombs (2015), a situação de autodestruição de Isabelle, uma fotógrafa de guerra, revela possíveis causas para essa decisão – será o excesso de atenção, de se estar alerta auditiva e visualmente mas sem interferir, uma das causas? Através dos seus filmes, Joachim Trier lida com o de-fora do lado mais quotidiano da vida, questionando-o artisticamente. O que pode ameaçar uma vida confortável não é senão o si mesmo e é desta solidão que se molda a sua identidade. Como reconciliar o eu privado e o eu público? Nenhuma das ações de Anders, Phillip ou Isabelle pode ser redentora – não se acredita mais neste mundo. Por outro lado importa ainda analisar alguns dos recursos formais utilizados pelo cineasta. Qual a função das imagens documentais de arquivo na exploração do passado nos filmes de Trier? Como pensar as diferentes linhas temporais? O que nos dizem sobre as reais possibilidades de intervir no nosso mundo?

BIO: Susana Viegas é desde 2014 bolseira de pós-doutoramento da FCT no IFILNOVA FCSHUniversidade Nova de Lisboa e na Universidade de Deakin. Licenciada e mestre em Filosofia, doutorou-se em Filosofia, variante Estética, na Universidade Nova de Lisboa em 2013 com uma dissertação sobre a filosofia do cinema em Gilles Deleuze tendo recebido uma bolsa de doutoramento da FCT (2007-2011). Colaborou no projeto coordenado pelo Professor João Mário Grilo no IFILNOVA, ‘Film & Philosophy: Mapping an encounter’, e é atualmente coeditora da ‘Cinema: Revista de Filosofia e da Imagem em Movimento’ (cjpmi.ifilnova.pt) e da ‘Aniki: Revista Portuguesa da Imagem em Movimento’ (aim.org.pt/aniki). Recentemente publicou "Gilles Deleuze and Early Cinema: the Modernity of the Emancipated Time", Early Popular Visual Culture 14.3 (2016): 234-250.

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