A doença mental é um mito ?

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A DOENÇA MENTAL É UM MITO ? Jack Hinckley (Presidente do American Mental Health Fund) Um dos maiores flagelos do mundo é, actualmente, a doença mental, acerca da qual se formulam ideias e conceitos muito erróneos, com atitudes que vão da demissão total à ignorância mais crassa. Nada melhor do que tomarmos conhecimento dos factos tal como eles são e se nos apresentam, a fim de podermos contrabalançar com a nossa acção os efeitos maléficos aos quais ficaremos sujeitos se nada fizermos para tal. Há cerca de 2 anos [1981], o filho de Jack W. Hinckley tentou assassinar o Presidente dos EUA. Por ocasião do seu julgamento, verificou-se que o rapaz sofria de distúrbios mentais graves, o que levou o pai a exclamar: “Quando a minha mulher Jo Ann e eu nos compenetrámos das consequências graves da doença mental, a tragédia já nos tinha batido à porta. Desde então, temo-nos persuadido cada vez mais de que se possuíssemos um melhor conhecimento desta doença – sinais e sintomas de aviso – grande parte da nossa desgraça se poderia ter evitado.” Tendo constituído posteriormente o Fundo Americano de Saúde Mental (American Mental Health Fund), a principal preocupação de Jack W. Winckley passou a ser a divulgação dos sinais aviso de possíveis distúrbios mentais: 

depressão grave e prolongada;



ansiedade e preocupações contínuas e inoportunas;



problemas orgânicos geradores de tensão;



isolamento e afastamento social;



pensamento desordenado e confuso;



alucinações e ilusões;



medos injustificados;



obsessões e compulsões;



emotividade desadequada e depressiva;



alteração brusca e exagerada de peso;



sono exageradamente prolongado ou reduzido;



egocentrismo excessivo;



perda de contacto com a realidade;



incapacidade de ultrapassar dificuldades ligeiras da vida diária;



incapacidade de frequentar uma escola, manter-se num emprego ou tomar conta das necessidades pessoais;



comportamento exageradamente imaturo;



auto-imagem e aparência negativas.

Além destes sintomas e sinais, há que ter em conta a clarificação de alguns preconceitos: 1º - As pessoas mentalmente doentes são frequentemente inteligentes e lúcidas. 2º - A doença mental não significa nem é o mesmo que atraso mental. 3º - A maior parte dos doentes mentais não é perigosa ou violenta. 4º - Muitos doentes mentais têm uma recuperação total. 5º - A insanidade mental é raramente invocada no sistema judiciário. 6º - A doença mental não é auto-provocada. […] [Nota do editor: Mesmo em países como os EUA, tecnicamente mais avançados que Portugal, a investigação na doença mental é muito reduzida, não ultrapassando os 7 dólares por paciente. A verba dispendida para a investigação das doenças cardíacas é-lhe em muito superior: 150 dólares, menos 50 dólares do que a atribuída por doente no programa de investigação do cancro. Com estes dados em mente torna-se conveniente haver, também em Portugal, uma preocupação especial com os programas de prevenção, tentando não menosprezar os primeiros sintomas e sinais de aviso de distúrbios. É sugerido o contacto com as autoridades sanitárias, que poderão dar a indicação da terapia adequada à situação, sendo muito importante a escolha do terapeuta. Tal como nos programas de prevenção, cuja efectivação se está a implementar cada vez mais entre nós, a organização de grupos de ajuda mútua e de auto-ajuda, bem como de cursos de sensibilização que possibilitem às pessoas uma tomada de contacto com uma realidade cada vez mais avassaladora e angustiante, torna-se cada vez mais importante e necessária. Aquilo que se faz nos Estados Unidos, também pode ser feito em Portugal.]

[Tradução e adaptação de artigo. Homem e Natureza. Revista CONHECER A PESSOA (Psicologia Comunitária), Abril/Junho 1984.]

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