A EDUCAÇÃO A DISTANCIA E AS ESCOLAS DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS

May 30, 2017 | Autor: Marta Maia | Categoria: Distance Education
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A EDUCAÇÃO A DISTANCIA E AS ESCOLAS DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS Conference Paper · August 2001 DOI: 10.13140/2.1.3354.4963

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A EDUCAÇÃO A DISTANCIA E AS ESCOLAS DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS MARTA DE CAMPOS MAIA

SUMÁRIO

1.

1. 2. 3.

Estamos entrando na sociedade do conhecimento, como tem sido proposto por diversos autores (Drucker, 1995; Toffler, 1990), e deveremos ter uma demanda por melhor e maior quantidade de pessoas qualificadas. O “capital” da sociedade do conhecimento não será mais a matéria-prima ou bens produzidos e acumulados, como acontece atualmente, mas sim o conhecimento. Assim, do mesmo modo que hoje demandamos por mais bens materiais, nessa nova sociedade deveremos demandar por mais conhecimento.

4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13.

Introdução O Uso do Computador na Educação A Tecnologia e as Mudanças Alcançadas Apresentação de Índices da Educação no Brasil O Conceito de Educação à Distância Aplicação da EAD nas Universidades Comunicação de Massa As Organizações e a Educação à Distância Três Modelos de Educação à Distância A Experiência da Universidade Aberta Novos Rumos com a Educação à Distância Conclusão Bibliografia

INTRODUÇÃO

A ampliação do conhecimento acumulado pela sociedade tem sido expressiva nos últimos tempos e, através da Internet, o homem atual possui um acesso muito maior a informações, de uma maneira extremamente rápida em comparação a outras épocas. Mas o fato de termos abundância de informação, não significa que as pessoas têm mais conhecimento. O conhecimento é produto do processamento da informação. Mas como será possível incentivar esse processamento e como ele acontece? Será que ele ocorre espontaneamente ou necessita de auxílio de pessoas mais experientes que facilitem o processamento da informação? Com o auxílio adequado de especialistas pode-se atingir graus de excelência cada vez maior na área de trabalho e, com isso, uma melhor e maior quantidade de conhecimento. Para tanto, é necessário criar meios para que as pessoas possam ter chance de construir conhecimento e, portanto, aumentar a demanda por mais e melhor Educação.

O desenvolvimento de novas tecnologias tem provocado uma revolução silenciosa na sociedade, transformando os meios de fazer negócio, o modo de trabalhar das pessoas, e também possibilitando outros recursos de aprendizado. Propiciaram o desenvolvimento de novas alternativas de educação à distância (EAD), que combinam os já conhecidos recursos educacionais, com as ferramentas das modernas tecnologias de informação (TI). 2.

O USO DO COMPUTADOR NA EDUCAÇÃO

O computador usado como instrumento pedagógico, tanto nas instituições de ensino, como no desenvolvimento e treinamentos empresariais, deve objetivar o contato do educando com as novas tecnologias, podendo melhorar a qualidade do processo educacional. A Internet, que é uma ferramenta universalmente utilizada, tem transformado o modo de comunicação das pessoas, mas, além disso, ela vem possibilitando transformações na área educacional, como no caso da modalidade de EAD que utiliza seus mais variados recursos, e, que vem atender às novas demandas por ensino e treinamentos ágeis, de qualidade e acessíveis facilmente, possibilitando uma formação acadêmica diferenciada. Esta é uma forma não convencional de educação, que possibilita uma atualização dos conhecimentos gerados de forma mais intensa e presente. Esta modalidade de ensino, a EAD através da Internet, surgiu como resposta às necessidades de constante especialização e reciclagem da mão-de-obra do setor produtivo, permitindo uma ampliação na oferta de cursos que possam ser realizados dentro da própria empresa interessada. Sua utilização para a capacitação e atualização dos profissionais da educação e a formação e especialização em novas ocupações e profissões são razões do crescimento desta modalidade de ensino nos níveis médio e superior. As empresas ao introduzirem tecnologia nos cursos de treinamento tradicionais, perceberam logo a necessidade de fazer parcerias com as universidades. Além dos altos custos financeiros para concretizar um projeto de EAD ficou clara a necessidade de metodologias pedagógicas adequadas, que demandam quantidade de conhecimento, e que por sua vez é a especialidade do meio acadêmico. É neste contexto que a educação à distância vem surgindo nos últimos anos como uma das mais importantes ferramentas de difusão do conhecimento e de democratização da informação. Apesar de existir há mais de 150 anos no mundo, somente nesta década a educação à distância se tornou alvo de estudos e pesquisas acadêmicas, de forma sistematizada. Mas, para que estas tecnologias possam ser utilizadas para atingir objetivos pedagógicos, é necessária uma estratégia de ensino-aprendizagem claramente definida, assim como a existência de alguns elementos estruturais básicos com a qual professores e alunos possam contar. Por esta razão, as experiências de aprendizagem à distância serão vistas como vitais para todos os estudantes e pelas universidades. Nos últimos anos a Internet tem mudado completamente a forma de apresentação do conteúdo didático – o escopo, o conteúdo e o oferecimento da educação à distância estão completamente diferente. O número de estudantes à distância, em todo o mundo, vem crescendo 33% anualmente, e a previsão é de que chegará a 2,2 milhões alunos em 2002, de acordo com pesquisa do International Data Corporation (IDC).

Considerando apenas o ensino superior, o MEC acumula 2.500 pedidos de habilitação de cursos de educação à distância, mas até agora somente duas universidades obtiveram a permissão do MEC para oferecer este curso, emitindo no final deste um certificado válido. 3.

A TECNOLOGIA E AS MUDANÇAS ALCANÇADAS

As tecnologias computacionais vêm se alterando profundamente nos últimos anos. Recursos que inicialmente eram vistos como inacessíveis tanto pelo preço como pela sofisticação tecnológica, como por exemplo, a vídeo-conferência, hoje já estão disponíveis na casa das pessoas. A conversa ‘face-aface virtual’ já é uma realidade presente. A utilização em massa de recursos de multimídia e vídeo-conferência deve ser considerada na construção da educação à distância. Mas, a tecnologia mais transformadora de todas, é a Internet. A disponibilização do seu uso para comunicação entre as pessoas deve ser estimulada e até mesmo exigida nas empresas e escolas. 4.

APRESENTAÇÃO DE ALGUNS ÍNDICES DA EDUCAÇÃO NO BRASIL

No Brasil coexistem pobreza e riqueza, atraso e desenvolvimento, alto nível de sofisticação tecnológica e ausência de atendimento às necessidades básicas em todos os setores, e o panorama educacional não é dos melhores, apresentando grandes distorções qualitativas e quantitativas. Se pensarmos nas dimensões do nosso país, na quantidade de pessoas para serem educadas, na infraestrutura física disponível, assim como no número de educadores com capacidade para facilitar esse processo de construção de conhecimento, facilmente chegamos à conclusão de que a educação a distância é uma solução bastante viável e esta tem sido a solução que o governo tem proposto para corrigir as distorções educacionais no nosso país. Ela não requer construção de mais espaço físico e pode atender regiões que hoje não dispõem de especialistas. Segundo o relatório da Unesco (Programa das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), denominado Investing in Education: Analysis of the 1999 World Education Indicators, apresentado em fevereiro deste ano, os números constatados da educação no Brasil são os seguintes:  Nas últimas décadas, as mudanças no mercado de trabalho e nas condições sociais provocaram uma clara demanda por educação. Habilitações de nível médio e superior, que anteriormente eram para uma minoria de elite na força de trabalho, estão se tornando importantes para uma proporção crescente de empregos.  O Brasil precisa adaptar seus sistemas educacionais com rapidez, a fim de enfrentar esta nova demanda. Durante o período 1991 a 1997, a permanência esperada no ensino fundamental cresceu de 8,7 para 10,5 anos, enquanto no ensino médio o crescimento foi de 1,3 para 2,2 anos.  O relatório aponta que o aumento combinado dos anos de expectativa média de permanência na educação básica no Brasil pulou de 10 para 12,7 anos.  O índice de analfabetismo entre a população com 15 anos ou mais de idade era de 20,1%, em 1991, e caiu para 13,8%, em 1998. Em números absolutos, o país possui ainda cerca de 15,2 milhões de analfabetos.

 A taxa de escolarização líquida no ensino fundamental cresceu cerca de 10 pontos percentuais entre 1991 e 1999, saltando de 86,1% para 95,4%. Entretanto, há ainda cerca de 4% da população em idade de escolarização obrigatória, o equivalente a 1 milhão de crianças, que continuam fora da escola.  De 1994 a 1999, o número de concluintes da educação fundamental saltou de 1 milhão e 588 mil para 2 milhões e 383 mil, um crescimento de 50,1%. No mesmo período, o número de concluintes da educação médio aumentou 67,8%, indo de 915 mil para 1 milhão e 535 mil. Mesmo assim, o total de concluintes da educação fundamental representa apenas 58% da população com 14 anos de idade, ou seja, com a idade correta para a conclusão da 8ª série.  Apesar da evolução significativa da matrícula, o percentual da população brasileira de 15 a 17 anos que freqüenta o ensino médio ainda é muito baixo. Este percentual evolui positivamente. Era de 22,7% em 1994 e, agora, chega a 32,6%. Na média dos países que integram a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), este percentual alcança 80%.  O país tinha, em 1997, 7% da sua população na faixa etária de 25 a 34 anos com nível superior. Os países com a escolaridade superior mais alta são Canadá e Estados Unidos.  O Brasil possui aproximadamente 54,2 milhões de alunos, incluindo todos os níveis de ensino. As escolas mantidas pelo setor público atendem a 46,5 milhões de estudantes, ou seja, 85,8% do total. Apenas no ensino superior, o setor privado é hegemônico, respondendo por mais de 62% da matrícula.  O número de alunos matriculados em cursos de graduação saltou 28% no período de 1994 a 1998, resultando num crescimento médio de 7% ao ano.  A década de 90 marca a virada das mulheres brasileiras, que ultrapassaram os homens em nível de escolarização. A proporção de pessoas analfabetas já é significativamente menor entre as mulheres do que entre os homens em todos os grupos. As mulheres também superaram os homens em número médio de anos de estudos e, nas salas de aula, reinam absolutas: 85% dos 1,6 milhão de professores da educação básica em todo o país são do sexo feminino.  Elas são maioria entre os alunos da educação média, da educação superior e da educação fundamental. Entre os concluintes, elas também são maioria.  Nos últimos quatro anos, a matrícula nos cursos de graduação apresentou uma taxa de expansão anual de 7%, em média. Com isso, o número total de alunos em cursos de graduação saltou de 1 milhão e 945 mil, em 1997, para 2 milhões e 125 mil, no ano passado. Incluindo os cursos de extensão, os seqüenciais e os de pós-graduação (especialização, mestrado e doutorado), o número total de alunos no ensino superior subiu para 2,7 milhões.  Em 2004, haverá 3 milhões de alunos matriculados nos cursos de graduação, caso se mantenha a taxa média de crescimento de 7% ao ano, verificada nos últimos anos. Para atender à demanda projetada, devem ser abertas cerca de 875 mil novas vagas.  O Brasil tem uma das menores relações de alunos por docente do mundo no ensino superior. A média das universidades públicas e privadas é de 12,9 alunos por professor. Entre os países que integram a OCDE, a média é de 16,7. Nas universidades públicas estaduais e federais, a relação

cai para 9 alunos por professor. Nas instituições particulares, a relação é de 16,2 alunos por professor, e nas públicas municipais, de 16,1. Esses indicadores mostram que as universidades públicas federais têm condições de ampliar consideravelmente o número de alunos sem a necessidade de aumentar, na mesma proporção, o número de professores.  Há uma relação de 2,1 ingressantes por concluinte, o que indica ainda ser elevado o percentual de alunos que abandona, tranca matrícula, repete o ano ou muda de curso.  Em 1998, cerca de 1,5 milhão de alunos concluíram o ensino médio. A maioria absoluta pretendia dar continuidade aos seus estudos, conforme indicam as pesquisas. No entanto, o número de vagas ofertadas pelas instituições de ensino superior chega apenas a 776 mil. Verifica-se, portanto, que apesar expansão ocorrida a partir de 1995, a oferta de vagas não tem acompanhado o crescimento da demanda.  Para diversificar o ensino superior o MEC regulamentou recentemente (Portaria 912/99) o funcionamento dos cursos seqüenciais, previstos na nova LDB. Estes cursos superiores de curta duração - voltados para uma formação profissional específica ou, então, para complementação dos estudos - poderão vir a absorver boa parte da demanda por vagas criada pelos alunos que estão concluindo o ensino médio.  A distribuição de renda no Brasil é uma das mais perversas do mundo, de acordo com o relatório de indicadores educacionais da OCDE. 0s 10% mais ricos possuem praticamente a metade da riqueza nacional (47,9%), enquanto os 10% mais pobres concentram apenas 0,8% da renda produzida no País. Para reduzir este quadro agudo de desigualdade na distribuição de renda é necessário investir cada vez mais em educação, dando oportunidades de escolarização para todos os brasileiros.  “O relatório da OCDE é bem claro: baixos níveis de escolaridade produzem altos retornos para os poucos que são instruídos. É o que acontece no Brasil. Menos de 10% da nossa população adulta possui nível superior completo”.  Quanto maior é o nível de formação maior é a possibilidade de emprego e de salário mais elevado. O salário médio dos trabalhadores com pós-graduação é pelo menos 259% vezes mais alto que o de trabalhadores que possuem o ensino médio completo. O salário médio dos que têm o superior completo supera em 474% o daqueles que estudaram apenas as oito séries da educação fundamental. A Associação Brasileira de Tecnologia Educacional, em vários seminários tem afirmado que: “a EAD é um dos únicos mecanismos do qual o país pode lançar mão para diminuir as diferenças sociais e dar dignidade a seu povo”. O Brasil dispõe hoje de condições para oferecer educação distância com bastante competência, capaz de aprimorar o ensino ministrado em sala de aula e de fazê-lo chegar a mais brasileiros, nas regiões mais remotas do país. Os métodos e técnicas de comunicação hoje disponíveis possibilitam levar educação a milhões de estudantes e simultaneamente preparar milhares de professores, acelerando, sobretudo formação destes profissionais de ensino. Por ser um mercado com um enorme potencial, faz-se necessário enfatizar a importância da análise das aplicações do EAD nas escolas e nas universidades, é preciso ter muita clareza sobre as condições de ter a EAD como alternativa de democratização da educação.

5.

O CONCEITO DE EAD

Vários autores apontam características básicas do processo de educação à distância que, apesar da falta de homogeneidade, permitem uma formulação mais clara do conceito:  Moore (1996) definem Educação à Distância como a comunicação entre alunos e professores mediada por documentos impressos ou por alguma forma tecnológica.  Nunes (s.d.) argumenta que não basta um processo comunicativo de mão dupla. Deve ser organizado um processo sistematizado, bem definido e continuado. Basicamente, na Lei brasileira nº 9394, de 20/12/96, é apresentado a conceituação de educação a distância como: "uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem"; "com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados"; "apresentados em diferentes suportes de informação"; "utilizados isoladamente ou combinados"; "e veiculados pelos diversos meios de comunicação”. Este tipo de educação/aprendizado transforma a relação tradicional na sala de aula. O conceito de autoridade intocável do professor e seu domínio sobre o processo de ensino se transformam em compartilhamento do aprendizado. Surge uma nova interface entre alunos e professores, mediada pelas tecnologias computacionais, como a Internet. 6.

APLICAÇÃO DA EAD NAS UNIVERSIDADES

Por ser um mercado com um enorme potencial, faz-se necessário enfatizar a importância da análise das aplicações do EAD nas universidades, é preciso ter muita clareza sobre as condições de ter a EAD como alternativa de democratização da educação. O EAD, como qualquer forma de educação, sob o ponto de vista social, precisa se realizar como uma prática significativa, como conseqüência aos princípios de qualquer projeto pedagógico.  O Papel do Professor - As tecnologias não substituem o professor, mas modificam algumas das suas funções. A tarefa de passar informações pode ser deixada aos bancos de dados, livros, vídeos, programas em CD. O professor se transforma no estimulador da curiosidade do aluno por querer conhecer, por pesquisar, por buscar a informação mais relevante. Num segundo momento, coordena o processo de apresentação dos resultados pelos alunos. Depois, questiona alguns dos dados apresentados, contextualiza os resultados, os adapta à realidade dos alunos, questiona os dados apresentados.  O Papel do Aluno - O aluno deve ser incentivado a estudar e pesquisar de modo independente, extraclasse, com o intuito de fortalecer o aprendizado colaborativo, dinamizar a comunicação e a troca de informação entre os alunos e, ainda, como forma de consolidar a aprendizagem através de atividades individuais ou em grupo. Neste novo ambiente, corre-se o risco do aluno realmente não precisar da presença física do professor, nos moldes que estamos acostumados hoje, mas há uma série de outras vantagens, como a criação de comunidades virtuais de aprendizado: com a diminuição da interação física entre alunos e os professores, elimina-se a necessidade de deslocamento, baixa-se os custos e aumenta-se a conveniência e a flexibilidade. Além de se ignorarem diferenças de horário e distâncias geográficas, os estudantes envolvidos nos grupos virtuais podem ser agrupados conforme aptidões e interesses, ao mesmo tempo

em que podem usufruir os benefícios da heterogeneidade de culturas e experiências, segundo Ives e Javenpaa (1996). Estes mesmos autores prevêem mais orientação do que ensino: com os instrutores desempenhando mais o papel de facilitadores do que de especialistas, pois os cursos serão menos estruturados e mais personalizados, cabendo aos próprios alunos cuidar de sua instrução. Observa-se que o novo ambiente seria composto por comunidades virtuais de aprendizado, que trazem vantagens de custo, maior conveniência, segurança e flexibilidade. Os alunos podem formar grupos de estudo em suas salas locais ou criar grupos virtuais intersalas remotas utilizando as ferramentas do WWW. Os grupos podem ser formados a partir de interesses e objetivos comuns que podem variar em função da necessidade de cada disciplina. Os professores elaborarão cursos menos baseado no conteúdo, e o aluno poderá controlar sua própria educação, aprendendo o que for mais apropriado para suas necessidades. Desta forma, o aprendizado poderá se estender por toda a vida, com cursos desenvolvidos para motivar o estudo. 7.

COMUNICAÇÃO DE MASSA

Uma vez que na EAD os cursos são previamente preparados e não há uma limitação de espaço e número de espectadores, é recomendável e vantajoso economicamente, que os cursos sejam oferecidos a um elevado grupo de pessoas. Os investimentos iniciais para a organização de cursos são bastante elevados, mas a combinação de uma produção efetiva e de qualidade com um elevado número de estudantes, tende a reduzir o custo individual por aluno.

$

Custo total

Custo por aluno

No de alunos 

Disciplinas Curriculares X Cursos Específicos

O que alguns artigos propõe é uma reengenharia da educação acadêmica, voltada ao ensino superior e principalmente na especialização e atualização profissional. Ressaltam que a sobrevivência das universidades, enquanto instituições de ensino, demandam o desenvolvimento de maior competência no uso da TI e nas novas tecnologias de EAD. Para eles, as instituições que vão permanecer serão aquelas que se destacarão tanto em volume de cursos como em abrangência de conhecimentos. Para isso devem repensar e aperfeiçoar continuamente sua qualidade de serviços, sistemas de avaliação e flexibilidade. Os cursos à distância têm como público alvo, em grande escala, pessoas que necessitam de reciclagem profissional. Estas pessoas não estão preocupadas com a obtenção de um diploma, mas em aprender novas técnicas de gestão.

Cursos específicos, voltados para executivos de empresas, são alternativas econômicas para viabilizar os altos investimentos iniciais desta tecnologia. Cursos regulares também devem utilizar esta tecnologia, mas podem constituir investimentos com um retorno em prazo maior. 8.

AS ORGANIZAÇÕES E O EAD

Para obter sucesso em tempos de constantes mudanças, as organizações necessitam de pessoas flexíveis, que trabalhem em times, comunicativas e constantes aprendizes. Muitas organizações reconhecem que o treinamento é a chave para a existência destas pessoas. A educação a distância preenche a grande lacuna de desenvolvimento de capacidades gerenciais locais e seu contínuo processo de educação. Surge um novo paradigma de ensino para atender às novas exigências de qualidade, custo e atendimento que o mercado requer. O alto grau de desenvolvimento das telecomunicações permite a viabilização desta proposta. Os fatores apresentados direcionam o desenvolvimento da educação para “fora” das Instituições de Ensino, rompendo as barreiras físicas. Há um grande ganho pedagógico para os cursos dentro da organização, com maior contato com o mundo exterior. A colaboração global também será de fundamental importância, pois os professores e alunos poderão ter facilidade em compartilhar materiais, como artigos, livros, revistas, papers, além de trazer benefícios com a heterogeneidade de culturas e experiências. Para o Brasil esse universo de aprendizado apresenta o problema da língua. Alguns sites com material educacional oferecem além da versão da língua do país de origem, versão em inglês e algumas vezes em espanhol e/ou alemão. Quanto à aprendizagem colaborativa, pode-se dizer que esta é a modalidade na qual a aquisição de conhecimentos, habilidades ou atitudes não é um processo inerentemente individual, mas resulta de interação grupal. Esse tipo de aprendizagem baseia-se nas seguintes premissas: a) cada participante tem conhecimentos e experiências individuais para oferecer e compartilhar com os outros membros do grupo; b) quando trabalham juntos como um time, um membro ajuda o outro a aprender; c) para construir uma equipe, cada membro do grupo deve desempenhar um papel para realizar a missão do grupo; d) o intercâmbio de papéis desempenhados no grupo adiciona valor ao trabalho da equipe porque o aluno pode assumir um ou outro papel com o qual esteja mais familiarizado numa dada situação. "Autonomia, cooperação e criticidade pressupõem o domínio, por parte do aluno e do professor, de diversas formas de acesso à informação, o desenvolvimento de uma atitude crítica de investigação e a consolidação de novas parcerias", como citou a educadora Maria Cândida Morais, (1997). As habilidades poderão ser testadas pela apresentação de projetos. A avaliação dos alunos poderá ser feita utilizando-se as mídias disponíveis no curso como a videoconferência, a Internet ou as mídias tradicionais, seguindo critérios estabelecidos pelos professores responsáveis por cada uma das disciplinas. Estes conceitos reforçam a idéia de que os alunos aprenderão por fazer e não por memorização. 9.

TRÊS MODELOS DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

O “Institute for Distance Education” (www.umuc.edu) propõe três modelos de EAD: Salas de Aulas Distribuídas, Aprendizado Independente e Estudo aberto.

No modelo de salas de aulas distribuídas as aulas envolvem comunicação síncrona: instrutores e estudantes combinam local e horário para se encontrarem, pelo menos uma vez por semana. Já no modelo do aprendizado independente os alunos podem fazer o curso independente do local onde estão e não têm que se adequar a escalas fixas de horário. A interação entre o monitor e o estudante é viabilizada através de tecnologias como o telefone, voice-mail, conferência via computador, correio eletrônico e correio tradicional. Não há aulas. O curso é apresentado em forma de material impresso, disquetes de computador, ou fitas de vídeo. No último modelo, utiliza-se de material impresso e outras mídias, tais como fitas de vídeo cassete ou disquetes de computador, que possibilitem ao aluno estudar no seu próprio local. O curso é operacionalizado através de material impresso, disquetes de computador ou fitas de vídeo. Os alunos se reúnem periodicamente em grupos, para receber apoio instrucional. Nas aulas discutem-se os conteúdos, esclarecem-se conceitos, realizam-se trabalhos em grupos, experiências em laboratórios, simulações e outros exercícios relacionados com a aprendizagem. 10.

A EXPERIÊNCIA DA UNIVERSIDADE ABERTA

Outra proposta de educação a distância tem sido a adotada pelas universidades abertas, que se caracterizam pela flexibilidade em diferentes aspectos, dentre os quais Moore cita os seguintes: a) qualquer pessoa pode inscrever-se num curso independentemente de sua formação escolar anterior; b) os alunos podem começar o curso a qualquer momento; c) o curso é feito em casa, ou em qualquer outro lugar escolhido pelo aluno; d) os materiais do curso devem ser desenvolvidos por uma equipe de especialistas e não por um único professor; e) o professor (tutor) que acompanha o aluno durante o seu processo de aprendizagem não é necessariamente o mesmo que desenvolveu o material do curso; f) os cursos têm alcance nacional; g) a universidade matricula um grande número de alunos e ganha com a economia de escala. A Open University, na Inglaterra, possui cerca de 300 mil alunos inscritos em cursos de graduação, extensão, e pós-graduação. Nos EUA são mais de 800 instituições de nível superior que oferecem esta modalidade de educação, entre eles centros de excelência como Stanford, Michigan, Cambridge e Oxford. No Brasil a procura não é diferente. 11.

NOVOS RUMOS COM A EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

Alguns pontos devem ser observados na implementação de propostas educacionais à distância de sucesso. Uma nova comunicação se estabelece e a transformação da educação presencial deve resguardar a qualidade educacional da educação:  Separação Física X Face-a-Face  Diploma X Aperfeiçoamento: O Papel dos Alunos e Professores  Formas de Comunicação e Material Empregado Collis (1996) identifica quatro padrões de comunicação em um ambiente de aprendizado interativo:  Exposição - no modo assíncrono pode ser viabilizada através de textos impressos ou mesmo através de páginas disponíveis na Internet, incluindo textos convencionais, artigos e trabalhos originais.  Questionamento - pode ser viabilizado através de mensagens via e-mail ou vídeo-

 

conferência, através de sistemas de Chat em tempo real ou através de sistema de áudio.  Resposta - pode ser viabilizada através de sistemas assíncronos ou de forma mais imediata e direta através de sistemas síncronos.  Discussão - ou trabalho em grupo envolvendo pequenos grupos de estudantes que pode ser viabilizado através de videoconferências. Vantagens do Uso da Internet Suporte aos Alunos  Como indivíduos, os alunos têm necessidades específicas que nem sempre são satisfeitas pelo atendimento padronizado oferecido pela instituição de ensino, motivo pelo qual necessitam suporte. O suporte envolve interação interpessoal onde cada uma das pessoas conhece a identidade da outra e sabe que uma está ali para aprender e a outra para facilitar a aprendizagem. Da mesma forma, Tait (1995) fala que suporte ao aluno é aquilo que complementa os materiais distribuídos indiscriminadamente a todos os alunos (material impresso, áudio e vídeo, livro texto), os quais não levam em consideração a experiência anterior, as necessidades e os estilos de aprendizagem individuais. Hoje, um bom curso com bons professores não é suficiente para satisfazer um aluno que aprende a distância. Mais do que um curso ele busca adquirir um ambiente de aprendizagem que inclui, além dos conhecimentos, da tutoria e da aprendizagem colaborativa, o suporte ou a assistência técnica ao aluno.

O desenvolvimento de espaços flexíveis de ensino-aprendizagem, nos quais possam ser utilizados os recursos e mídias disponíveis sem necessidade de grandes investimentos é o grande desafio para as universidades e empresas que vêm trabalhando em parceria para um melhor aproveitamento das possibilidades oferecidas pelo EAD. A disponibilidade de cursos EAD oferecidos, com certeza gerará uma competitividade ao nível de ofertas, custo e benefícios, obrigando as universidades e instituições de ensino a melhorarem seus currículos tanto no EAD e principalmente no tradicional, impulsionados pela concorrência e difusão de informação gerada direta e indiretamente pela Internet. Na construção de cursos via Internet, as instituições de ensino devem dar suporte aos professores e alunos para a utilização dos recursos desta nova tecnologia. No Brasil, um dos exemplos que podemos citar é o caso da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) que criou dois cursos via Internet. São eles: ‘Construindo páginas na WEB’ e ‘Acessando a Internet’. Estes cursos estão inseridos no projeto UFSC on-line, que tem como objetivo: “abrir um canal de comunicação com a comunidade interna e externa através da disseminação da tecnologia de comunicação eletrônica para administração e disponibilização da informação institucional, científica e cultural em redes de computadores”. Iniciativas como da UFSC são importantes para toda a nação, pois aceleram a obtenção de know-how em tecnologias de informação através da Internet. 12.

CONCLUSÕES

O EAD não pode ser considerado com uma forma de curso delivery. Mas, não se pode esquecer uma das estratégias básicas do EAD que leva em consideração as características próprias da educação a distância, que pressupõe uma grande ênfase no auto-aprendizado, e, portanto o interesse do aluno no aprendizado. O aluno deve ser incentivado a estudar e pesquisar de modo independente, com o intuito de fortalecer o aprendizado colaborativo. Aliás, estas características já deveriam estar presentes e,

portanto, deveriam ser reconsideradas quando se trata de alunos regulares em cursos nos moldes tradicionais, ou seja, um curso, seja ele qual for, só será bem aproveitado se aluno assim o quiser. No entanto, não é possível pensar em substituir a educação tradicional, onde há o contato dos professores com os alunos, por uma educação simplista, expositiva, que não leva em conta as dificuldades apresentadas pelo grupo de estudantes. A disponibilidade de cursos EAD oferecidos, com certeza gerará uma competitividade ao nível de ofertas, custo e benefícios, obrigando as universidades e instituições de ensino a melhorarem seus currículos tanto no EAD e principalmente no tradicional, impulsionados pela concorrência e difusão de informação gerada direta e indiretamente pela Internet. Dado que aprender se tornará uma atividade de toda vida, deve-se buscar desenvolver um ambiente que permita o compartilhamento de experiências entre trabalhadores do conhecimento, do cidadão do futuro, a fim de criar comunidades de conhecimento. Mas, apesar de toda tecnologia existente e disponível, não devemos nunca deixar de ter em mente que o elemento fundamental continua sendo o humano. O comprometimento de alunos e professores envolvidos foi decisivo no processo. E isso faz pensar em Paulo Freire, (1996) "Não sendo superior nem inferior a outra prática profissional, a minha, que é a prática docente, exige de mim alto nível de responsabilidade ética de que a minha própria capacitação faz parte. É que lido com gente". 13.

BIBLIOGRAFIA

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