A educação na era midiatizada

June 29, 2017 | Autor: Daiana Stasiak | Categoria: The Internet, Comunicacion Social, Relações Públicas
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[email protected] ISSN 1982-5935

A EDUCAÇÃO NA ERA MIDIATIZADA THE EDUCATION IN AGE MIDIATIZADA

Daiana Stasiak 1 RESUMO: A proposta da resenha é enfatizar o entrelaçamento entre mídia e educação e apresentar a visão do teórico Muniz Sodré acerca das transformações decorrentes sobretudo pelo desenvolvimento das tecnologias e suas influências na sociedade contemporânea. PALAVRAS-CHAVES: Mídia, Educação, Sociedade ABSTRACT: This text porpose empathizer the interlacement between media and education. It shows Muniz Sodré vision about the changes and influences of technologies at contemporary society KEY-WORDS: Media, Education, Society Esta resenha trata das propostas feitas no capítulo II da obra “Antropológica do espelho – Uma teoria da comunicação linear e em rede”, publicada em 2002, por Muniz Sodré o qual trata das imbricações entre a Educação e os modos de educar para a ética na contemporaneidade. Neste contexto, o autor leva em conta o fenômeno da midiatização e defende a idéia de que as formas advindas das tecnologias devem ser aproveitadas e incorporadas aos métodos de ensino, ou seja, deve haver uma reestruturação dos modos pedagógicos levando-se em conta os desenvolvimentos ocorridos, principalmente no que concerne às áreas da cultura, economia, política e dos meios de comunicação nas últimas duas décadas. A experiência ética da educação colabora para a superação da moralidade circular que existe na esfera de domínio midiático na atualidade, Sodré defende a proposta de que vivemos em um bios midiático no qual a mídia é caracterizada como um dispositivo gerador de real com

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Relações Públicas. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Midiática pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM. [email protected]

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poder simultâneo, instantâneo e global que transforma as vivências e modos de acolher os fatos do mundo. Utilizando a metáfora de Chuan Tsu que trata de um arqueiro que se sente pressionado a acertar o alvo na medida em que seus acertos passam a valer prêmios valiosos, Sodré mostra a que se propõe o capítulo: nossa vida é algo mais que a pura e simples técnica, é a atitude ética o que transforma a mecânica repetitiva da ação instrumental. Mais ainda, é a educação a saída para as questões éticas pois, educar equivale a iniciar a consciência na trilha do estranhamento interno e externo, quando isso ocorre as mudanças eclodem, e o indivíduo além de preparar a si colabora para a construção das bases da transformação coerente da ordem social. O contexto da industrialização, do pós-guerra traz o início do acúmulo de capitais e explica o fenômeno do consumo e o conseqüente crescimento do mercado esse é um dos principais pontos que afetam a área da educação. Essas transformações econômicas fazem com que progressivamente as matérias primas tradicionais sejam trocadas por conhecimento e informação, assim torna-se necessário uma mudança de paradigmas onde a necessidade pela criatividade e inovação cresce e institui um ritmo em que a imaginação também pode dar as cartas, é necessário que o ensino valorize esta questão, nesse contexto há propostas de que as tecnologias podem suprir certas lacunas e beneficiar a educação. A mudança do paradigma dominante e as novas formas de organização do trabalho provocam alterações tanto nos modos de aprender e ensinar quanto nos conteúdos. É preciso que se considere um novo panorama do ensino que está sendo influenciado pela abundância de informações e pelo saber móvel e veloz, pois, a informação acelerada trazida pela mídia caracteriza, conforme Sodré “uma delegação de saberes às máquinas bem como a maquinalização da memória social”. Assim, a educação entra em confronto com a extraordinária facilidade que há no acesso às informações na atualidade. A nova ordem sociocultural traz a crise do conhecimento comum onde as informações perdem a estabilidade e a transmissão no espaço tecno-midiático acaba por assumir características de persuasão e fascinação o que, de certo modo, gera um conflito no processo tradicional do disciplinamento pedagógico. O ensino torna-se desestabilizado com a horizontalidade dos fluxos informacionais das tecnologias digitais e interfaces multimídias. No ethos midiático que estimula a aprendizagem

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solitária e lúdica, Bill Gates conforme Sodré, torna-se o grande exemplo pois, aprende em relação consigo mesmo, mediado pela máquina. O contexto das mutações pedagógicas também compreende o papel do professor, as tecnologias não substituem sua presença mas este passa, conforme citação de Drucker “a ser um líder, um recurso que motiva, dirige e incentiva o aprendizado”. Assim, os exageros individualistas do construtivismo devem ser desfeitos e o lugar ético do professor é reafirmado como a manifestação concreta de um território a pensar frente às imposições do ethos midiático. Porém, não há dúvida de que é necessário que seu estatuto seja repensado devido às mudanças trazidas pela nova ordem cibernética. Do mesmo modo que a escola, como forma cultural, deve adequar-se aos desenvolvimentos técnicos, afinal ela não é estática. Sobre a finalidade e o sentido da educação Sodré propõe que a atitude ética é o fator preponderante para que os indivíduos compreendam e saibam conviver com o fenômeno do consumismo. Hoje, o modelo sociabilizante (família, escola, igreja) entra em crise em virtude das transformações da vida social e da inserção do bios midiático. Sodré faz uma crítica à educação como um projeto da economia neoliberal, onde as escolas tornam-se prestadoras de serviço. Quando o mercado global é o árbitro a educação perde seu caráter de serviço público, assim a forma-escola é pressionada e deslocada por uma ideologia que valoriza o campo informacional em que os pressupostos são mais mercadológicos do que éticos. Ao propor uma reforma educacional o autor mostra que essa deve consolidar-se, principalmente no âmbito do extramuros. Famílias, empresas privadas, comunidades e imprensa devem colaborar para a reconstrução do processo de ensino e mostrar que uma ética do futuro é possível, assim, socioculturalmente redefinido o modelo escolar pode e deve incorporar as neotecnologias. Depois de perpassar os campos da economia, da política e da cultura, Sodré defende por fim, que as hipermídias devem ser utilizadas didaticamente pois trazem benefícios ao dar ao estudante um papel ativo na construção/reconstrução do conhecimento principalmente através dos recursos do hipertexto (som texto, imagem) que estimulam a associação de informações. Assim, a educação deve incorporar as tecnologias do seu tempo bem como se

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relacionar com as transformações político-econômicas, pois, defende que é através da relação educacional que se mede a resistência social à lógica da indiferença do mercado.

Bibliografia SODRÉ, Muniz. Antropológica do Espelho. Por uma teoria da comunicação linear e em rede. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

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