A EDUCAÇÃO PARA À SUSTENTABILIDADE: Um olhar para o avanço econômico proporcionado por uma Mineradora no município de São João da Boa Vista/SP

May 27, 2017 | Autor: R. Periódico dos ... | Categoria: Sustentabilidade, Educação, Sociedade
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Revista FOCO. ISSN: 1981-223X

A EDUCAÇÃO PARA À SUSTENTABILIDADE: Um olhar para o avanço econômico proporcionado por uma Mineradora no município de São João da Boa Vista/SP Romilson Cesar Lima1 Sandra Regina Trevisan Gonçalves dos Santos2

Resumo A educação é considerada uma importante fonte de transformação do ser social. Provocações e novos desafios surgem a cada dia em busca de analisarmos se estamos atuando ou não de forma moral e ética. A sustentabilidade e o consumismo são características bem opostas, de um lado empresas que primam pelo progresso, oferecem vagas de empregos e beneficiam seres humanos com suas atividades, do outro, uma nova educação, dotada de preocupações com a preservação ambiental. Considerado um dos assuntos mais comentados na atualidade, a educação para sustentabilidade está intrinsecamente ligada à solidariedade, respeito e afetividade e precisa estar conectada a três pilares: prosperidade econômica, respeito ao meio ambiente e proteção social. Para isto, é necessário que as pessoas substituam o pensamento capitalista consumista, mantendo a sustentabilidade. Esta pesquisa teve o objetivo de identificar acontecimentos atuais provocados por uma mineradora no município de São João da Boa Vista e o quanto a conscientização pela Educação para a Sustentabilidade pode proporcionar para a localidade e humanidade. Investigouse a Lei Orgânica e Legislação Municipal a fim de evitarem a ação da mineradora e manter, sem maiores danos, o turismo local e regional. Palavras-chave: Educação. sustentabilidade. sociedade. Abstract Education is considered an important source of transformation of social being. Provocations and new challenges arise every day in order to analyzy whether or not we are acting with morals and ethics. Sustainability and consumerism are quite opposite characteristics on the one hand companies that strive for progress, offer job openings a new education, endowed with concerns over environmental preservation. Considered as one of the most discussed subjects currently, education for sustainability is intrinsically linked to solidarity, respect and affection and has to be connected to three pillars: economic prosperity, environmental respect and social protection. To achieve this we need that people of a role model to replace the consumerist capitalist thinking, maintaining the sustainability. This research aimed to identify current events caused by a mining company in São João da Boa Vista and awareness how much the Education for Sustainability can provide to the location and humanity. The Organic Law and Municipal Law were investigated in order to prevent the action of mining and maintain, without further damage, the local and regional tourism. 1

Administrador de Empresas (UNIP) com especialização em Gestão Empresarial (PUC) e MBA em Gestão Industrial (FGV). Mestrando em Desenvolvimento Sustentável e Qualidade de Vida (UNIFAE). Professor na Faculdade Jaguariúna (FAJ) e Consultor Empresarial. 2 Graduada em Letras (UNIFEOB), Comunicação Social (UNIFAE), Especialista em Educação Empreendedora (UFSJ) e Mestranda em Desenvolvimento Sustentável e Qualidade de Vida (UNIFAE). Jornalista, Assessora de Comunicação, Professora de Ensino Profissional - SENAI e Consultora em Gestão de Pessoas e Negócios – Email: [email protected]

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Keywords: Education. Sustainability. Society.

1 Introdução A educação no Brasil é determinada na Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) que são organizadas pelos níveis governamentais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Cada sistema educacional público é responsável por sua manutenção, que gere fundos, bem como os mecanismos e fontes de recursos financeiros. A nova constituição reserva 25% do orçamento do Estado e 18% de impostos federais e taxas municipais para a educação. A educação brasileira é regulamentada pelo Governo Federal, através do Ministério da Educação, que define os princípios orientadores da organização de programas educacionais. Os governos locais são responsáveis por estabelecer programas educacionais estaduais e seguir as orientações utilizando os financiamentos oferecidos pelo Governo Federal. As crianças brasileiras têm que frequentar a escola no mínimo por nove anos, porém a escolaridade é normalmente insuficiente. A Constituição Brasileira de 1988 estabelece que "educação" é "um direito para todos, um dever do Estado e da família, e está a ser promovida com a colaboração da sociedade, com o objetivo de desenvolver plenamente o desenvolvimento integral da personalidade humana e a sua participação nos trabalhos com vista ao bem-estar comum. O Brasil ocupa o oitavo lugar com 13,2 milhões de analfabetos com 15 anos ou mais, segundo o PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2012, sendo que este resultado podemos levar em consideração como um dos fatores dos impactos ambientais e sociais3. No estado de São Paulo, formado por 645 municípios, com uma população no ano de 2010 de 41.262.199 pessoas, 25.963.109 já freqüentaram creche ou escolas, apenas 5.380.325 pessoas concluíram o ensino fundamental e 2.051.109 frequentaram o ensino médio, o que para a graduação, apesar de todos os programas existentes que contribuem para a realização, 1.540.046 pessoas realizaram. Para o título de mestres esse número reduz para 52.746 pessoas e doutorado 25.568 pessoas no Brasil das escolas públicas e particulares. (IBGE, 2015a). O município de São João da Boa Vista tem 83.639 habitantes, com uma área total de 516,418 km² em um bioma de cerrado e mata atlântica sendo que atualmente existem 30.782 estudantes da pré-escola ao ensino fundamental nas escolas públicas com o empenho de 1.882 docentes (IBGE, 2015b). No município existem escolas particulares para todos os níveis de 3

Disponível em: < http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2014/01/1404371-brasil-e-o-8-pais-com-mais-adultosanalfabetos-aponta-unesco.shtml> Acesso de: 10 jun. 2015.

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Revista FOCO. ISSN: 1981-223X ensino, inclusive uma das instituições tem o Mestrado em Desenvolvimento Sustentável e Qualidade de Vida (Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino - UNIFAE). Para os autores Pelicioni e Philippi Jr (2002) a educação ambiental busca desenvolver o ser humano de forma integral, formando-o e preparando-o para a sociedade em busca de reflexos críticos e ações corretivas. Diferente do modelo econômico vigente que só pensa em lucros, preços e competição, frutos de um sistema capitalista; a educação ambiental prima pela justiça social, solidariedade e cooperação. Sua base conceitual é aplicada à educação e questões de meio ambiente. É difícil o desenvolvimento de um processo ambiental sem um diagnóstico situacional onde os objetivos educativos deverão ser alcançados. Trata-se de enfatizar a relação de causa e efeito dos processos de degradação com os sistemas sociais. A consciência ecológica vem aumentando e ganhando apoio desde meados do século XX. Na década de 70, a educação ambiental tornou-se fundamental para alterar a situação de destruição do nosso planeta. Em 1977, a Conferencia de Tbilisi (Geórgia, ex-URSS), enfatizou a importância da abordagem interdisciplinar para conhecimento e compreensão das questões ambientais por parte da sociedade como um todo. A sustentabilidade nas empresas tornou-se um tema muito comentado em nosso cotidiano e não pense que é devido às empresas estarem duradouras, mas, por estar ocorrendo muitos encerramentos prematuros de empresas em todos os níveis estruturais, seja ela uma empresa de pequeno porte ou uma de grande porte, conhecida em todo o mundo. Um dos fatores significativos que está afetando a maioria das empresas a manterem a sustentabilidade é o fato das organizações estarem competindo globalmente devido a mundialização, principalmente os concorrentes com produtos vindos da China e Índia e não mais nacionalmente, como era de costume. Empresas estão tendo que competir em um ambiente de negócios cada vez mais complexos, onde é preciso existir um nível cada vez maior de conhecimentos em busca de maior eficiência e eficácia em seus processos internos e externos. Quando pensamos no conceito sustentabilidade, sabemos que se trata em viver mais, mas é preciso saber como. Segundo Gomes (2006), os padrões de consumo impostos por uma sociedade capitalista precisam ser revistos, sob o motivo de que aqui há algum tempo, poderá não haver mais recursos para uma sobrevivência no planeta Terra. A educação para consumo é uma das alternativas fundamentais para que a sociedade possa se conscientizar em relação a sua responsabilidade diante de um melhor desenvolvimento sustentável no planeta. As perguntas que realmente surgem é o que deve ser feito para manter uma empresa sustentável? A educação para a sustentabilidade faz a diferença? Como está o compromisso das

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pessoas para com as ações capitalistas empresariais? As pessoas contribuem para o consumismo de produtos feitos por exploração de solos de forma consciente? Esta pesquisa teve o objetivo de identificar acontecimentos atuais provocados por uma mineradora no município de São João da Boa Vista e o quanto a conscientização pela Educação para a Sustentabilidade pode proporcionar para a localidade e humanidade.

2 Referencial teórico e objetivos Uma das maiores preocupações do século XXI está em sabermos como devemos educar as pessoas para que o planeta Terra pare de sofrer as degradações ambientais aceleradas causadas pelo homem e aprenda a desenvolver uma consciência crítica, visto que a educação para sustentabilidade inter-relaciona aspectos sociais, ecológicos, econômicos, políticos, culturais, científicos, tecnológicos e éticos. Em Dezembro de 2002, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou, a Resolução 57/254, proclamando a Década das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (DNUEDS), para o período de 2005-2014, em Johanesburgo, para o Desenvolvimento Sustentável. Com a declaração pela UNESCO, o assunto ganhou importância e prima por princípios éticos e práticas sustentáveis como inclusão social, defesa da diversidade e inclusão do tema da sustentabilidade nas propostas pedagógicas, conforme solicitação pelo Ministério da Educação, por meio do Programa Nacional de Educação Ambiental. Os municípios precisam de cidadãos informados e transformados, afinal, a sustentabilidade clama pela transformação de hábitos e a construção de uma sociedade mais igualitária e justa em busca de futuras gerações que aprendam lidar com desafios locais e globais em uma trajetórias de mudanças. (site: ). Neste sentido, esse trabalho teve como objetivo identificar acontecimentos atuais provocando por uma mineradora no município de São João da Boa Vista e o quanto a conscientização pela educação para a sustentabilidade pode proporcionar para a localidade e humanidade, colaborando para desenvolver oportunidades de melhorias para manter a sustentabilidade e empregabilidade. O seu enfoque deve buscar uma perspectiva de ação holística que relaciona o homem, a natureza e o universo, tendo como referência que os recursos naturais se esgotam e que o principal responsável pela sua degradação é o ser humano.

2.1 Educação

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Revista FOCO. ISSN: 1981-223X O direito à educação no mundo atual foi assegurado para as pessoas na Declaração Universal dos Direitos do Homem, concedida por votação pelas Nações Unidas no artigo 26, onde todas as pessoas têm direito a educação gratuita no ensino elementar e fundamental, sendo o ensino profissional e técnico generalizado. A educação superior deve existir para todos na mesma condição de igualdade, visando o pleno desenvolvimento humano, respeitando os direitos e liberdade, levando a compreensão, tolerância, amizade e atividades da nação promovendo a paz. A evolução humana formada pela hereditariedade e adaptação biológica, depende dos avanços do sistema nervoso, mecanismos psíquicos e interações sociais constituindo o comportamento mental, sendo indispensável à formação do individuo. Na construção da linguagem está a primeira interação que temos em vida, o que possibilita identificar costumes e regras devido estarmos em contato com as coisas adquiridas por transmissão exterior, por meio da educação e interações sociais formando assim a lógica e a moral. Diante disso, o papel educacional enobrece o ser em condições já elaboradas, não que devemos formá-las, mas criar condições para que o ser forme sua opinião sobre o certo e o errado, sendo este aprendizado criado nos primeiros anos de vida com a família (Piaget, 1974). Piaget (1996) trata sobre a importância de utilizarmos um método de ensino diferenciado, voltado para a formação de personalidade livre e autônoma, até mesmo por motivo de não existir apenas uma moral, mas vários tipos de reação moral, pois vivemos em um meio ambiente social que sofre a pressão dos adultos, no caso das crianças ou a pressão do capital, no caso do proletariado que depende da venda do seu trabalho para sobreviver, onde se sujeita a realizar uma atividade quando envolve a necessidade básica para a vida. O ser como individuo é formado pelo respeito “do pequeno pelo grande, da criança pelo adulto, do caçula pelo irmão mais velho” relata Piaget. Em 1977, Piaget realizou um estudo da construção moral das crianças resumidos em quatro estágios, na qual, uma das identificações consideradas é quando o grupo combina suas regras, envolvendo então a ética em uma atividade racional e social, com regras que servem a todos participantes e não algo que privilegie apenas uma das partes. César (et. al,. 2010) descreve segundo Arendt que o nascimento das pessoas é como um novo início, na qual seu modo de repetição é previamente determinado pelo orientação presente em sua vida, onde o orientador passará sua visão sobre mundo para essas pessoas. A vida está em uma constante transformação, onde o começo e o fim encontram-se do viver ao morrer sucessivamente. Quando assumimos a responsabilidade no desenvolvimento do Ser, estamos criando a continuidade do mundo, sustentável ou insustentável perante nosso direcionamento.

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Arendt (2005) retrata que vivemos em uma sociedade que prioriza o trabalho e o consumo, que valoriza a novidade e a inovação, eliminando consequentemente a tradição, a autoridade e o ciclo de vida dos produtos e serviços. Essa modernidade impacta na condição do homem e na sua alienação no Ter materialista, provocando uma aceleração social, onde trabalhando mais, ganharemos mais para consumir mais. Almeida (2008) descreve que segundo Arendt, o ser humano tem como necessidade de vida o labor e as atividades mundanas, o trabalho, a ação e o pensamento e que para satisfazer as necessidades de consumo, inicia o ciclo de produção, não simplesmente para satisfazer as necessidades, mas para status, estilo de vida, emoções, aparência, imagem, gerando assim um ciclo de vida dos produtos e serviço cada vez menor para atender novos desejos e ostentação. Para Arendt (2005) o homem deve lidar com a realidade local pensando globalmente nos impactos que as ações proporcionam. As crianças são influenciadas ao longo da vida por aquilo que lhe são apresentadas em ações particulares e públicas, onde todas devem ter a proteção de sua intimidade e segurança para a qualidade de vida não ser prejudicada. Segundo Freitas (2010) a crise é um momento que devemos refletir e crescer com o ânimo das pessoas envolvidas. O desânimo, a descrença nas autoridades e a falta de responsabilidades são opostos ao desejo de realizações e conquistas com uma nova ordem. Freire (1994) explica que a importante relação do educador juntos aos seus educandos implica na necessidade de mudança, onde o papel do educador sai de um narrador que enche seus educandos de conteúdos, tornando-os repetidores, memorizadores, enchendo-os como um depósito, oprimido pela cultura do silêncio, alienado na ignorância, formando escravos da dialética, com a prática da dominação, na qual, após o momento da aula os educandos não possuem tempo de refletir e agir com o assunto falado; dizendo que pensar autenticamente é perigoso e que devemos ser parceiros dos nossos educandos, elevar nossas relações e compreensão das contribuições para a formação da educação. Para a elite dominadora esta visão livre se torna uma ameaça, formando pessoas questionadoras do certo ou errado, sendo contra o princípio de manter acomodados, com medo e ingênuos ao mundo, isso deve ser superado. O educador não apenas educa como é educado, é uma troca constante de valores e reflexões, o mundo faz parte do homem e o homem faz parte do mundo. Morin (2000) relata que percebemos a crescente contracorrente que tem se formado em volta do ecológico, devido a catástrofes e degradação; a qualitativa em relação ao quantitativo devido a qualidade de vida; a resistência à vida individual ampliada com a dedicação poética e redes de comunicação; a mudança de consumo padronização pela customização sendo que cada pessoa quer ver o seu eu; a relação pelo dinheiro se contrapõem com a relação humana e V. 8, nº 1. Jan./jul. 2015

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Revista FOCO. ISSN: 1981-223X solidária. Precisamos aprender a ser mais do que ter, a viver mais que ocupar nosso tempo com o desnecessário, dividir mais do que querer tudo pra si mesmo, comunicar mais que se individualizar, comungar mais que ficar com uma ideia individual, com consciência ecológica, cívica e espiritual. De acordo com Mello e Souza (2000), existe uma necessidade da abordagem interdisciplinar como síntese criativa de uma abordagem nova, sustentada pelas informações e especialidades. A efetivação da educação ecológica só se dará com conhecimentos e habilidades incorporados e formados a partir de valores éticos e de justiça social, pois são ações que antecedem a ação. A lei federal nº 6938 de agosto de 1981 dispõe sobre a política nacional do meio ambiente com finalidades e mecanismos de formulação e execução, devendo ser considerada em todos os níveis de ensino com o propósito de uma preparação ativa na comunidade em defesa do meio ambiente. (BRASIL, 1981). A lei federal n. 9795 de 1999 dispõe sobre a política nacional de educação ambiental e afirma que todos têm direito a educação ambiental e que deve ser exercida de forma articulada em todos os níveis e modalidades de ensino, sendo de responsabilidade do Sistema Nacional de Meio Ambiente, do sistema educacional, dos meios de comunicação, do poder publico e sociedade em geral (BRASIL, 1999). Como parte democrática, a educação ambiental por meio da cidadania prepara para a participação ativa individual e coletiva, considerando os diferentes processos que a influenciam. Para formar uma cidadania ativa e igualitária é necessário gerar ação, reflexão e ação, preparando a sociedade para lutar pelos seus direitos e deveres a fim de colaborar e influenciar políticas públicas e a construção de uma cultura democrática. Freire (1992) destaca a abordagem sociocultural onde é um dos percussores na qual coloca o homem como sujeito e objeto da história, com a possibilidade de transformação e de sofrer influências de fatores sociopolíticos, econômicos e culturais. Participando de Gramsci sobre embate hegemônico na sociedade capitalista, Guimarães (2000), destaca duas grandes linhas de propostas para a educação. Uma vinculada aos interesses da comunidade e de uma melhor qualidade de vida e outra que assume os interesses mercadológicos. E, dentro desse contexto qualifica a educação ambiental apontando para uma proposta popular emancipatória e que reforça a exclusão social. Para Phillip e Pelicioni (2002) a humanidade precisa de uma nova visão que aborde a questão integral do ser humano onde esta estabeleça o bem estar da promoção da vida, o que determina reflexões e ações sobre as desigualdades sociais, pobreza, exclusão ao acesso a bens e serviços, em relação às praticas de consumo. O que implica em uma nova reconstrução e 69

reflexões diante de suas ações. Pelicioni (2000) esclarece que a Conferência Internacional Ambiente e Sociedade de 1977 realizada em Tessalônica na Grécia, propôs uma reflexão sobre a reorientação da educação para sustentabilidade abordando que o conceito de meio ambiente deveria englobar pobreza, habilitação, segurança, saúde, democracia, direitos humanos e paz, onde as diferenças culturais e valores éticos e morais deveriam ser conservados. A formação do individuo e a educação foram citados como pilares da sustentabilidade, junto à legislação, a economia e a tecnologia em busca de mudanças de condutas e estilos de vida, bem como bem estar e consumo. Afirma que redução das desigualdades sociais é fundamental para atingir êxito a educação para sustentabilidade em todas as suas dimensões, começando pela distribuição de renda nos país. Brandão (1994) defende a educação popular como trabalho pedagógico para uma educação participante e libertadora. Um trabalho que luta por conta própria, e que sonha ser reconhecido na vida em sociedade. Guimarães (2000) defende também a prática educativa como processo educativo de ação política, formando ações criativas que sobrepõem as relações de dominação nesse modelo atual de sociedade, com uma mistura de miséria social e miséria ambiental responsável pela degradação ecológica do momento. O documento Reigota (2003) que analisa a educação ambiental, no Brasil também considera que a educação política busca cidadãos participantes em busca de alternativas para os problemas sociais locais, regionais e mundiais. Essa ação é compreendida como a ação autônoma de indivíduos e grupos, no plano nacional e mundial. De acordo com o autor, valores como autonomia, cidadania, e justiça social são princípios básicos da educação. Onde a ideia baseia-se na igualdade política entre todos da sociedade que enriqueceu. A diferença é que resulta em uma participação política onde cada vez mais grupos sociais se organizam e rompem com a hegemonia do discurso único. No Brasil, a desigualdade social é algo alarmante, e enquanto não estiver em condições de enfrentar os desafios políticos e ecológicos e não houver distribuição igualitária dos bens sociais e culturais que produz a sociedade não se tornará justa e solidária. Diversos fatores têm contribuído para agravar a crise ambiental, porém está ultrapassado pensar que os impactos sejam unicamente causados pela explosão demográfica ou crescente urbanização e industrialização, é necessário analisar o contexto histórico e social desses fatores. Capacitar indivíduos ao exercício da cidadania possibilitando uma base forte, diversificada. Técnica e culturalmente, possibilitará que a educação ambiental resgate valores como respeito à vida e a natureza, com o objetivo de formar sociedades mais justas e felizes (PELICIONI, 2000). Somente através de bases políticas, conceituais, filosóficas e ideológicas é que se conseguirá V. 8, nº 1. Jan./jul. 2015

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Revista FOCO. ISSN: 1981-223X agregar novas maneiras de abordar e planejar o processo de desenvolvimento local e nacional para uma educação com sustentabilidade.

2.2 A sustentabilidade das empresas Pesquisas demonstram que as empresas fracassam devido a má gestão de seus dirigentes. Algumas empresas se esquecem de que devem focar o cliente e não apenas ficar restrito internamente à empresa. Assim, deve-se perguntar ao consumidor o que ele realmente quer adquirir, o preço que considera justo e qual o produto de sua maior preferência. Popcorn (1993) argumenta enfaticamente que, o que é mais discutido em todos os lugares é sobre a personalização em massa. Cada cliente deseja utilizar seus produtos de acordo com sua necessidade. O cliente quer ver o seu Eu naquilo que compra. Hoje se tem o privilegio de ir a uma concessionária e escolher um automóvel de acordo com a necessidade, econômico ou veloz, com ou sem ar condicionado, com ou sem direção hidráulica. Existem empresas que apresentam NOPAT (Net Operating Profit After Tax) negativo e costumam culpar a conjuntura econômica pelas altas taxas de juros praticadas. Muitas vezes confundem lucro líquido com lucro operacional, lembrando que este último representa viabilidade do negócio. O retorno do capital investido independe da forma como a empresa é financiada. O lucro líquido considera, em seu cálculo, tanto o desempenho operacional como os encargos financeiros dos passivos, ou seja, as decisões de ativos e as decisões de financiamento. Desta forma, o resultado líquido negativo pode ser formado pelo fraco desempenho dos negócios ou pela alta alavancagem e juros elevados. Assim, é fundamental identificar claramente na análise de balanços a origem de determinados desempenhos. Muitas empresas têm prejuízos líquidos e altos endividamentos, porem mesmo que liquidasse integralmente suas dívidas, ainda assim apresentaria um fraco desempenho operacional com o NOPAT baixo ou até negativo. Seu problema básico é a inviabilidade de negócio, das estratégias operacionais e de investimentos da empresa. Como exemplo tem-se a mineradora Vale na qual as dívidas e juros elevados desequilibraram a empresa, mas não causaram o problema da empresa. Outras empresas, por sua vez, não se aperceberam que o mundo mudou, como foi o caso da General Motors. Os mercados mudam juntamente com seus consumidores e com a evolução das tecnologias. Assim, as empresas devem tomar o cuidado de fazer fusões, inovar as estratégias de vendas, dentre outras atitudes, para ter um bom negócio, como o ocorrido com a Arisco. Fahey (1999) argumenta que para uma empresa ser bem sucedida no novo ambiente de amanhã, a própria empresa deve submeter-se às mudanças significativas e, por vezes, radicais.

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As empresas precisam se ajustar às megatendências, às novidades que o mundo globalizado traz para criarem vantagem competitiva. O sucesso corporativo e longevidade estão entrelaçados de uma forma que, atualmente é qualitativamente diferente da relação entre sucesso e longevidade no ambiente econômico de cinco décadas atrás (KOTLER, 2000). A longevidade das empresas é como a do ser vivo, todas exibem o mesmo comportamento e certas características: elas buscam a vida, elas aprendem, constroem relacionamentos com outras, crescem e se desenvolvem, obtendo a longevidade e a melhoria contínua e encerram suas atividades, algumas mais cedo e outras mais tarde (GEUS, 1999). As empresas que não acompanham a tecnologia e a forma de agilizar seus processos estão sujeitas a não acompanharem o desenvolvimento e a demanda de produtos para suprir as necessidades e expectativas dos clientes. A Phillip Morris, por exemplo, apresenta o comportamento de uma empresa muito jovem, embora tenha sido criada em 1847 (COLLINS, 1995). Ainda podemos citar as empresas de tecnologias Google, Microsoft e Apple, que embora recentes, com poucos anos de vida, se adaptam às novas circunstâncias e novas exigências do mercado sendo consideradas corporações bem-sucedidas. A figura 1 demonstra quando uma organização é ao mesmo tempo flexível e controlável, ela não é nem jovem nem velha demais. Ela possui as vantagens da juventude e da maturidade, da flexibilidade e da controlabilidade para ter sustentabilidade nos negócios. Segundo Adizes (1997) este estágio é denominado de Plenitude. Essa organização pode mudar sua direção e pode fazê-lo quando desejar. Pode, em suma, controlar o que quer fazer.

Figura 1 – A natureza do crescimento e do Envelhecimento

Alta

Baixa

Crescimento

Envelhecimento

Fonte: Adizes (1990).

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Geus (1999), nos anos 1990, já citava que muitos administradores ainda têm em mente que uma empresa para ter longevidade precisa dar grandes (grifo nosso) retornos para seus acionistas, o que não é necessariamente verdade. Atualmente os acionistas têm a mentalidade que é mais vantajoso ter um retorno menor correndo menos riscos, do que ter um grande retorno com um índice alto de perder o seu dinheiro. O que dá o diferencial para a sustentabilidade das empresas é a forma de antecipar as necessidades de mudança e como ela se adapta com o meio externo e acompanha as mudanças do ambiente com agilidade e eficácia, usando estratégias. Essa diferença é criada pelo seu principal capital, que são as pessoas. A criatividade das pessoas está mudando o mundo. Todos achavam que este século seria regido pelas máquinas; hardware, software, que seriam a grandes soluções das empresas. Entretanto, o maior potencial está no capital intelectual das pessoas (SENGER, 1990). O novo profissional precisa ter um nível de informação de maneira específica, mas no geral, que possibilite ter acesso ao nível estratégico da empresa, afim de que a colocação seja feita adequadamente, também é necessário ser dinâmico e estar sempre alerta às mudanças. Ter domínio básico de informática, principalmente de processadores de texto e planilhas eletrônicas conhecimentos de assuntos como treinamento, reengenharia, entre outros, além de dinamismo, criatividade, flexibilidade, abertura à negociação, liderança, desenvolvimento de habilidades políticas, firmeza, persuasão e postura ética; pretende-se um generalista, que seja ao mesmo tempo um especialista em sua área e tenha uma visão de conjunto da organização, que saiba ouvir, propor soluções, ser analítico e crítico, enfim um profissional mais pensador, diferente do perfil puramente executor de anos atrás (DOLABELA, 1999). De acordo com Porter (1989) uma estratégia competitiva eficaz indica uma ação ofensiva ou defensiva por parte das empresas de modo a criar um melhor posicionamento da empresa dentro de um conjunto de forças de competição entre os concorrentes na indústria. Hoje novos concorrentes ingressam em mercados de longa tradição, com novos conceitos de como servir e satisfazer os clientes. Cada vez mais, o surgimento de produtos substitutos provoca mudanças. As preferências dos clientes por vezes mudam de maneira inesperada, devido a esta contínua transformação (FAHEY, 1999). A rivalidade entre os concorrentes é um ponto que define a estratégia competitiva, pois envolve a disputa de segmentos de mercado. Entre os fatores que influenciam a rivalidade das empresas está o crescimento da empresa, o número de concorrentes no mercado, os processos de criação de novos produtos, diferenciação dos clientes e principalmente os custos de mudança, 73

que são aqueles nos quais as empresas incorrem para redirecionar suas atividades dentro de um novo mercado, abandonando o seu mercado anterior (NADLER, 1993). As três estratégias competitivas básicas são a liderança no custo, cujo objetivo central a ser alcançado pela empresa é obter um produto de menor custo sem perder as sua qualidade e as suas bases de diferenciação, já que o produto deve ser considerado comparável e aceitável entre os seus consumidores (PORTER, 1989). É necessário buscar a cada momento a criatividade diante da necessidade para suprir e superar as expectativas que os clientes esperam (CAMPOS, 1999). A empresa brasileira vive, já algum tempo, um processo de revolução nos parâmetros que definem o ambiente que opera. Os ingredientes são reconhecidos – a abertura às importações; as oscilações associadas à estabilização da moeda, a passagem da superinflação para recessão do início dos anos 90, e, na sequência, as oscilações associadas à estabilização da moeda, a retomada de investimentos diretos nacionais e transnacionais na produção; entre outros – impactam de forma diferenciada os diversos setores (DOLABELA, 1999).

2.3 Educação e consumo Segundo Gomes, D. V (2006), os padrões de consumo impostos por uma sociedade capitalista precisam ser revistos, sob o motivo de que daqui a algum tempo, poderá não haver mais recursos para uma sobrevivência no planeta Terra. A educação para consumo é uma das alternativas fundamentais para que a sociedade possa se conscientizar em relação a sua responsabilidade diante de um melhor desenvolvimento sustentável no planeta. Para Boff (2000), é necessário cuidar nesse momento e não dominar e explorar. A natureza não pode mais ser vista como um recurso limitado apenas e sim como um todo integral e interdependente em todas as suas esferas. O sistema educativo passa por uma crise que precisa de modelos alternativos para essa busca desenfreada pelo consumismo. É necessária a substituição de valores, em que o fundamental era ter e não o ser, o que implica numa sociedade de mais informação e conhecimentos. (MEDINA e SANTOS, 1999). O futuro do planeta e de todo individuo depende do equilíbrio do meio ambiente. Sem harmonia e equilibro não há como ter qualidade de vida e a existência das futuras gerações estará, sem dúvida, comprometida. Devemos primar por uma mudança acerca de valores e crenças que orientem pensamentos, ações que permitam uma percepção holística e integral com postura ética, responsável e solidária. É de responsabilidade cidadã o consumo de forma consciente, responsável e cultural onde nela se inserem empresas e os cidadãos, entendida como a criação de uma sociedade mais justa e igualitária. O ato de V. 8, nº 1. Jan./jul. 2015

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Revista FOCO. ISSN: 1981-223X consumir seja também reconhecido como um ato de cidadania, ao escolher em que mundo se quer viver. Satisfazendo assim suas necessidades sem prejudicar o bem-estar da coletividade. Canepa (2004) ressalta que educação ambiental é indispensável na conscientização dos cidadãos, entendendo que educação e cidadania são inseparáveis: quanto mais educado for o indivíduo em todas suas esferas, mais capaz será de lutar pelos seus direitos. Diante disso, percebe-se que o individuo tem papel preponderante nas suas escolhas cotidianas, seja nos produtos que consome, seja quando ajuda a construir uma sociedade mais justa e igualitária. É preciso novos parâmetros. Primar pela colaboração e participação de todos os indivíduos que, somados a valores éticos, morais e sociais possam transformar uma sociedade de diferenças, onde em que o objetivo seja uma educação sustentável que garantirá o futuro das novas gerações.

3 Procedimentos metodológicos O emprego da pesquisa exploratória com abordagem qualitativa visou à familiarização com o assunto investigado. Foi realizado uma revisão de literatura ressaltando a importância do tema de pesquisa e também o levantamento de dados histórico do caso da mineradora publicados dois em jornais do município de São João da Boa Vista/SP no período de 2013 a 2014. Foram obtidas informações em 2 (dois) jornais (impresso e on-line), sendo que manteremos o padrão das informações obtidas, incluindo os recortes no artigo. A pesquisa demonstra a importância do tema e a sugestão de um modelo sistêmico de Educação para à Sustentabilidade para o município de São João da Boa Vista. As reflexões foram construídas em rodas de conversas realizadas durante a disciplina de Educação para Sustentabilidade do Mestrado em Desenvolvimento Sustentável e Qualidade de Vida do Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino de São João da Boa Vista. Esta metodologia motiva à construção da autonomia dos sujeitos por meio da problematização, da socialização de saberes e da reflexão voltada para a ação e implica num conjunto de trocas de experiências, conversas, discussão e divulgação de novos conhecimentos.

4 Resultados e discussão A seguir é apresentado um breve relato de dois jornais (impresso e on-line) que divulgaram informações sobre a mineradora em São João da Boa Vista, visto que, o foco do trabalho envolve empresa mineradora e práticas ambientais.

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4.1 Jornal digital Portal do Meio Ambiente Figura 2 – Mineradora começa a desmatar área em São João

Fonte: Site Portal do Meio Ambiente. Disponível http://www.portaldomeioambiente.org.br. Acesso em: 10 mai. 2015.

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Uma semana após São João da Boa Vista lançar o Programa São João Mais Verde, a cidade já começa a sofrer a ação de uma Mineradora. Após a Prefeitura emitir uma Certidão de Uso do Solo à empresa, o que significa que o Poder Público sanjoanense não vê empecilhos de uma mineração nas imediações da Fazenda Aliança, a Destaque conseguiu junto à Cesteb uma licença de Limpeza e Instalação. Ambientalistas foram alertados que a mineradora havia começado a limpar a área, destruindo dezenas de árvores.

O que chamou a atenção e causou revolta nos ambientalistas, é que a área a ser minerada é visível da Rodovia. Do acostamento da estrada era possível ver as máquinas destruindo a vegetação. “Não dá para entender como a Prefeitura emite uma certidão de uso do solo para uma mineradora naquele espaço. Está próximo da pista e está em uma área de nascentes e mata nativa. Isso é uma loucura”, denuncia um membro de uma das organizações ambientais da cidade. Os ambientalistas encontraram nas imediações do local, espécies até ameaçadas de extinção e fotografaram.

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Revista FOCO. ISSN: 1981-223X A entrada das máquinas na área acontece exatamente dias após a imprensa soltar reportagens sobre a intenção de mineração e do lançamento de um programa que visa preservar o meio ambiente da cidade. “Não conseguimos entender como São João diz que quer ser uma cidade verde e permite uma atividade dessas em uma das regiões mais antigas, históricas e rica naturalmente. Só o prefeito tem o poder de cassar essa certidão. Agora está nas mãos dele e ele vai mostrar se quer São João verde ou cinza”, dizem os ativistas.

4.2 Jornal digital “O Município” Figura 3 – Mais uma vez São João é alvo de mineradora.

Fonte: Site: < http://www.omunicipio.jor.br/ >. Acesso em: mai. 2015.

O jornal impresso e digital O Município demonstra mais um relato da ação de mineradora no município de São João da Boa Vista, agora voltado a extração de pedra brita no espaço da Fazenda Aliança, que é considerado como um dos patrimônio histórico e ambiental do município.

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A empresa Destaque Participações e Empreendimentos LTDA já possui a licença de instalação emitida pela Cetesb para a exploração de pedra brita em área descrita no processo como sendo no Km231+300m da Rodovia Adhemar Pereira de Barros (SP 342), no bairro Colinas da Mantiqueira. Segundo informações, trata-se da Fazenda Aliança, uma das mais antigas propriedades de São João da Boa Vista. A administração municipal anterior teria fornecido a certidão de uso do solo para a empresa, alegando que não havia legislação municipal sobre o assunto que impedisse a atividade. Porém, a emissão da certidão não observou a Lei Complementar nº 1.926, de 16 de outubro de 2006, que instituiu o atual Plano Diretor de São João da Boa Vista.

A Lei Complementar n° 1.926 descreve no artigo 49 que da avenida de acesso ao bairro Alegre e Rodovia SP-342 deve ser preservado. “Esta região como toda a margem da Rodovia até o Município de Águas da Prata deverá restringir sua ocupação para atividades ligadas ao desenvolvimento turístico da região como, por exemplo: restaurantes, hotéis, pequenos centros comerciais para artesanatos e bares, lojas de conveniências, postos de abastecimento e serviços e comércio em geral”. No artigo 81 é instituído o Plano Diretor que detalha os roteiros do local e aqueles que devem ser preservados e explorados racionalmente, através do turismo rural. Desta forma é proibida a instalação de uma mineradora no local.

Licença de Instalação A Licença Prévia e de Instalação emitida pela Cetesb, em 18 de dezembro do ano passado, destaca, que a Prefeitura realmente forneceu a certidão de uso do solo ao empreendimento, o que na prática quer dizer que a Prefeitura não vê impedimento para que este tipo de atividade se instale no local. A certidão de uso do solo é o primeiro documento do processo ambiental. Porém, a maioria das cidades ainda não dispõe de regras claras para a sua emissão. Se a Prefeitura negar a certidão, ou disser que ali tem outros planos de desenvolvimento, o licenciamento ambiental não pode ser feito. E mais, tem validade. Em geral, as licenças valem por um ano e a empresa terá que pedir a renovação, para dar continuidade ao processo.

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Revista FOCO. ISSN: 1981-223X A licença de instalação não dá direito à empresa iniciar as atividades. De acordo com a Cetesb, não desobriga a mesma a requerer as aprovações municipais ou de outros órgãos públicos, ou de qualquer esfera governamental, para sua instalação e edificação. A licença permite, porém, que a empresa faça a “limpeza do local” e autoriza o corte de 196 árvores, mas não especifica como a compensação ambiental será feita.

Um fato que chama a atenção no Processo 821.011/2010, que corre no DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), é que a requerente titular da licença no órgão é, inicialmente, a Construtora Simoso Ltda, em 2010. Porém, em 2012 o requerente titular é transferido para a empresa Destaque Participações e Empreendimentos Ltda.

A licença ainda prevê, de início, a exploração de uma pequena área dos 48 hectares total da propriedade, para a qual a empresa já dispõe de registro no DNPM. Com isso, ela se exime de realizar um estudo de impacto ambiental. “A divisão da exploração em pequenas partes é uma artimanha utilizada para driblar a exigência de um estudo profundo de impacto ambiental. Mas, no final das contas o que querem é explorar a área inteira”, dizem especialistas em meio ambiente.

5 Considerações finais É preciso buscar novas formas de desenvolvimento que respeite o meio ambiente e utilize de modo racional e mais justo dos recursos naturais. A educação para sustentabilidade não é apenas uma ideologia, é uma questão de sobrevivência do planeta e é a única opção das futuras gerações. É preciso ser mais responsável e sustentável, para que a atitude de alguns não coloque em perigo o bem-estar de todos. Pessoas ligadas ao turismo do município, ambientalistas da cidade de São João da Boa Vista e próximos da região como a da cidade vizinha Águas da Prata, asseguram que a mineração na Fazenda Aliança pode trazer prejuízos inumeráveis a cidade. De acordo com informações, a região da Fazenda Aliança engloba uma parte de área protetora de mananciais, remanescentes de Mata Atlântica e explorar aquele local comprometerá 79

entre outras coisas, o abastecimento futuro de água da cidade e irá extinguir espécies raras que habitam o local. Por ser uma mineradora, a exploração de pedra brita se dá pelo fogo primário, ou seja, através de explosões, com dinamite. Ainda de maior impacto que a bauxita, a mineração no local irá afetar a topografia, derrubando morros e deixando em seu lugar esqueletos conhecidos como “pedreiras”, que possuem visual degradante para regiões que buscam o turismo e para os vizinhos. Bem mais que causa de degradação no meio ambiente, a educação para sustentabilidade considera fatores que levam em consideração pessoas e comunidades afetadas, nas quais estão sujeitas a consequências prejudiciais de sofrimento e degradação ambiental. É preciso salientar que a educação para sustentabilidade abolirá a ideia errônea e individualista de que “estamos sós”. E comprovará que tudo está interligado e conectado e, que, cada ação, negativa ou positiva, terá seus reflexos no meio ambiente que nos cerca.

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