A ENFERMAGEM DIANTE DAS MÃES NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL NURSING FACING MOTHERS IN THE NEONATAL INTENSIVE CARE UNIT

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Wernet M, Ângelo M

A ENFERMAGEM DIANTE DAS MÃES NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL NURSING FACING MOTHERS IN THE NEONATAL INTENSIVE CARE UNIT Monika Wernet* Margareth Ângelo**

RESUMO: Um dos momentos mais críticos no ciclo vital familiar é a chegada dos filhos, quando novos papéis e dinâmicas familiares necessitam ser estabelecidos. A mulher torna-se mãe e a vivência desse processo sob o contexto da prematuridade e dos cuidados intensivos sofre importantes interferências. O presente estudo teve como objetivo apontar aspectos a serem considerados no contexto relacional entre enfermeiros e mães de prematuros na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), segundo a literatura de enfermagem. Adotou-se a revisão sistemática como método, quando 21 pesquisas primárias tiveram análise de seus resultados, com enfoque para as ações dos enfermeiros junto a essas mães. Os resultados apontaram a presença do enfermeiro como aspecto que fundamenta todo o contexto interacional, e é expresso no cuidar. Em adição, o informar e o facilitar o acesso a recursos de apoio constituem importantes ações. A convergência entre as necessidades maternas e as ações do enfermeiro na UTIN é primordial e dependente da intenção do profissional no cuidado. Palavras-chave: Enfermagem; prematuro; família; intervenção. ABSTRACT ABSTRACT:: The arrival of children in a family, when new functions and dynamics have to be structured, proves to be one of the most critical moments in the family’s vital cycle. Becoming a mother in the context of prematurity and of the intensive care unit brings a remarkable impact onto the woman . The present paper aims at describing aspects of the relation nurse-mother in the Neonatal Intensive Care Unit (NICU), according to the nursing literature. The research method was comprised by the systematic review of 21 primary studies focusing on nursing interventions. The findings pointed out that the nursing attitude expressed during the caring act promotes the expression of the mother’s needs. Giving information and facilitating the access to support resources were identified as effective intervention. The way nurses meet the mothers’ needs in the NICU depends on their intentions during care. Keywords: Nursing; pre-term; family; intervention.

INTRODUÇÃO

A família, apesar de inserida no contexto de

cuidado das Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), é pouco reconhecida como sujeito de cuidado conforme as preconizações da abordagem centrada na família. Essa filosofia de cuidado reconhece o impacto do processo saúde-doença sobre a família, e, conseqüentemente, a concebe como sujeito de cuidado do enfermeiro. A assistência de enfermagem adotada nessa perspectiva valoriza a interação profissional-família, e tem, no estabelecimento da confiança, da adequada comunicação e da cooperação, contexto para o alcance de um cuidado efetivo1, ou seja, aquele capaz de curar ou aliviar o sofrimento da unidade familiar2.

A assistência à família requer uma avaliação da unidade familiar com dados sobre seu ciclo vital, sua composição, uso dos recursos sociais e pessoais, atenção às crenças, aos processos de comunicação e todos os esforços para o manejo das situações vividas. As intervenções à família, segundo Robinson e Wright3, estruturam-se no conhecimento detido pelo enfermeiro sobre cada família em sua particularidade, com especial atenção à especificidade do enfrentamento desenvolvido em cada situação que lhe é imposta. Uma das fases mais críticas no ciclo vital da família é a fase na qual ela vive a chegada dos filhos, momento quando novos papéis familiares são processados e as dinâmicas relacionais são restabelecidas.

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No que tange à mulher, ela está adquirindo o papel de mãe. Para Mercer4, o processo de tornar-se mãe tem quatro estágios que se sobrepõem: ocorre durante a gestação e acomoda o assumir o compromisso, o vincular-se e preparar-se para a vinda do filho; nas primeiras quatro semanas, há a aquisição de conhecimentos a partir da interação mãe-filho, com influência direta na vinculação e no aprendizado do cuidado do filho; ao longo dos primeiros quatro meses, a mulher move-se em direção a uma nova dinâmica de vida; e, no último estágio, alcança a sua identidade materna. Flacking, Ewald, Nyqvist e Starrin5 apontam ser a separação entre mãe e neonato, vivenciada com a prematuridade e ida do filho para a UTIN, um fator gerador de insegurança no self e papel materno, repercutindo em sensação de insignificância, de sentir-se quase como uma mera visita do filho. Esses mesmos autores destacam ainda não serem as necessidades emocionais da mãe de intimidade e proximidade do filho alcançado em sua plenitude na UTIN. As interações entre enfermeiros e famílias têm influência na forma como as famílias e recém mães manejam esta fase do ciclo vital. A experiência de ser/tornar-se mãe em uma UTIN pode atribuir ao enfermeiro a capacidade profissional de promover na cliente o enfrentamento da difícil situação de ter um prematuro internado6,7. A partir do questionamento como apoiar as mães com prematuros na UTIN de forma a promover o enfrentamento dessa situação, o presente estudo teve como objetivo apontar aspectos a serem considerados no contexto relacional entre enfermeiros e mães de prematuros na UTIN, segundo a análise sistemática da literatura de enfermagem. Buscou contribuir para uma maternagem mais plena e precoce, bem como fomentar a reflexão crítica do enfermeiro acerca de sua atitude junto às mães, considerando os achados como os de Belli e Silva8, em que o relacionamento com os profissionais da UTIN foi apontado como um estressor a mais na experiência de ter um filho prematuro em função da divergência entre as expectativas familiares e as ações profissionais.

REFERENCIAL TEÓRICOMETODOLÓGICO

Trata-se de uma revisão sistemática da literatu-

ra1-30, pautada na busca bibliográfica junto às bases de dados BDENF, LILACS e MEDLINE, com os termos prematuro e família por meio da lógica boleana AND. p.230 •

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Os critérios de inclusão foram: ser estudo de campo, com exploração qualitativa, publicado nos últimos 15 anos; estar publicado em revistas indexadas na língua portuguesa ou inglesa; ter como um dos sujeitos de pesquisa a mãe; ser foco de exploração do estudo a experiência materna/familiar na UTIN; e abordar ações/atitudes/habilidades do enfermeiro de UTIN que influenciam o enfrentamento familiar na UTIN. Na base dados MEDLINE, foram encontrados 177 referências, das quais 31 foram selecionadas; no LILACS, 46 referências foram listadas e seis foram selecionadas; já no BDENF, encontrou-se 22 referências, das quais quatro integraram nossa amostra inicial. O material foi lido em sua íntegra, avaliado em relação à pertinência ao foco do estudo e aos aspectos que permitem aferir rigor à seleção de pesquisas qualitativas propostos por Paterson Thorme, Canam e Jillings9: veracidade (fidelidade na apresentação dos dados, análise e interpretação dos mesmos); aplicabilidade (articulação entre as partes do estudo e o domínio proposto); consistência (possibilidade de trilhar o processo da pesquisa); e neutralidade/ imparcialidade do pesquisador na pesquisa). Considerando-se as repetições de artigos nas diferentes bases de dados e todos os critérios de inclusão e os processos de avaliação dos textos mencionados no parágrafo anterior, 21 pesquisas integraram a amostra do presente estudo. Os artigos foram lidos em sua íntegra e, dos resultados descritos, extraiu-se as descrições e afirmativas relacionadas a ações apontadas pelas mães como facilitadoras de sua experiência na UTIN. Frente ao conjunto de dados obtidos, eles foram agrupados de acordo com os focos abordados, e organizados em três grandes temas: a presença; as informações e o acesso a recursos de apoio.

RESULTADOS

A

E

DISCUSSÃO

experiência de ser/tornar-se mãe em uma UTIN pode ter no enfermeiro um dos profissionais promotores do enfrentamento, dependendo dos aspectos interacionais estabelecidos7-10 entre ele e a família. Elementos, presentes ou não, nos relacionamentos entre enfermeiros e mães determinam o grau de abertura, honestidade e confiança, os quais influem diretamente na congruência das ações profissionais para com as necessidades maternas e, assim, no cuidado direcionado a essas mulheres, com repercussões diretas no enfrentamento familiar.

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FIGURA 1: Informações das pesquisas primárias integrantes do estudo.

As pesquisas que compõem o corpo de análise do presente estudo, Figura 1, permitem agrupar seus resultados em relação a esta questão nas seguintes temáticas: a presença; as informações e o acesso a recursos de apoio.

A Presença A presença disponibilizada pelo enfermeiro é o aspecto que fundamenta todo o contexto interacional. Ela influi de forma direta nos vínculos estabelecidos, e é expressa nos comportamentos de cuidado 11. Requer sensibilidade, intencionalidade, contínua abertura para a situação e conhecimentos caracterizadores da trajetória da mulher no ser/tornar-se mãe de um prematuro. Este último favorece a compreensão das necessidades, reflexões para a exploração e validação das percepções derivadas de múltiplas evidências observadas. A disponibilidade do enfermeiro para com a mulher contém o ser solidário, manifestado no jeito de viver a interação e reconhecido por elementos que só ganham significados na vivência. Nas descrições caracterizadoras dessa presença, destaca-se o reconhecimento da necessidade de atenção por parte dos pais e familiares8,11,12 e a valorização de tomadas de decisões partilhadas12,13. Reflete o credo no outro, e isso fomenta os vínculos e mantém a abertura franca entre enfermeiro e mãe na interação14. Receber essa presença oferece segurança para a mulher tornar-se mãe na UTIN6,15 e para ela

favorecer a integração do novo membro prematuro na família16, principalmente por promover espaço para a ocorrência de (re)significações8. Quanto maior o grau de satisfação na interação com o profissional, maior a percepção de bem-estar referida17. Essa atitude do enfermeiro de compartilhar decisões reconhece a diferença de interpretações por parte das mães e profissionais18, mas não se restringe a julgamentos. O foco está no processo de conhecer e entender como as mães percebem a situação vivida19, retratar interesse, ter paciência14, onde o escutar é primordial6,13. As mães querem ser escutadas com todos os sentidos14. Este jeito de estar faz com que as mães não se sintam sozinhas e tenham segurança, elementos que sustentam o processo de manter ações de enfrentamento20. Sentir o carinho dos profissionais proporciona sensações de bem-estar e facilita as adaptações necessárias20, enquanto que posturas de mando/ordem inibem a abertura para a relação6. Estas últimas instigam na mãe atitudes de proteção, quando emoções são contidas, reflexões acerca das conseqüências de suas ações passam a ser continuamente ponderadas, repreendendose e, por vezes, retirando-se fisicamente do espaço, como estratégias para garantir ao filho o cuidado6. A mãe percebe-se partilhando com o filho a atenção e as ações do mesmo profissional e, por isso, sente-se competindo com o ele pelo cuidado15, 21, o R Enferm UERJ, Rio de Janeiro, 2007 abr/jun; 15(2):229-35.

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que resulta em cautela na expressão de suas necessidades14,15, chegando, por vezes, a não manifestá-las21. A sensibilidade e disponibilidade do enfermeiro para estar com os pais e familiares são percebidas por meio de ações do enfermeiro que reflitam o reconhecimento dos pais e familiares como pessoas importantes e como sujeitos de atos relevantes para a criança14,20. Essa atitude inibe a sensação dos pais e familiares sentiremse visitas do filho7,11. São exemplos de atos com este fim: permitir e encorajar o toque dos pais no bebê7,8,12; permitir e encorajar o falar de sentimentos12,14; perceber e respeitar o tempo de reflexão/interiorização dos pais12; permitir e respeitar a escolha dos pais do momento de iniciarem ações junto ao filho8,12,22; e explicitar competências maternas na interação com o filho7,22. Há ações desenvolvidas pelo enfermeiro direcionadas para a criança que desencadeiam e reafirmam essa presença sensível, como chamar o bebê pelo nome e o confortar o bebê prontamente12. O uso da presença silenciosa12 e do respeito aos momentos de privacidade e amor dos pais com o filho15 também resultam em conforto e cuidado14, e auxiliam a mãe no desenvolvimento de sentimentos maternais em relação à criança, nutrindo os laços construídos ao longo da gravidez8, 20, 23. Outro aspecto que influi na relação são as condições emocionais da mãe, quando, para o profissional, é fundamental lembrar da alteração dos focos de ansiedade materna: primeiro ela centra-se na sobrevivência do bebê e no medo de perdê-lo8,14,19,24; depois na saúde da criança, o que direciona a atenção para sua competência no cuidar da mesma25. A congruência do enfermeiro para com as ansiedades maternas auxilia o mesmo nas mudanças do foco e das informações ao longo do processo interativo7,8 .

Informações O informar está contido na presença descrita anteriormente, e todas as considerações feitas sustentam essa ação. O que determinou sua exploração a parte é a ênfase com que o informar é retratado pelas mães, com destaque para a sensação de descuidado que apontam em relação a este fato. Informações acerca da situação, envolvendo o ambiente da UTIN, a criança, os processos vividos e os cuidados direcionados ao filho são necessidades maternas e devem ser acolhidas pelo enfermeiro8,13,14,20,24,26. Elas favorecem o processo de familiarizar-se com o ter um filho prematuro8,15,18, possibilitam maior participação13,18 e derivam no controle da situação18,26. São fontes de dados para a construção de significados da experiência vivida8,25. p.232 •

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O responder às perguntas de forma compreensível12 e atentar para a linguagem utilizada10 promovem a dinâmica dos pais de conhecer e enfrentar o que está diante deles. A atenção das mães volta-se tanto para o que está sendo dito quanto para o como está sendo dito7,8,10. O processo de comunicação traduz o eixo da interação, com afirmação das mães de ser nesse momento que há a manifestação de ações derivadas da crença de muitos profissionais de que só eles possuem conhecimentos6,7,13. Atitudes e posturas hierárquicas são então expressas, seja pela forma verbal ou não verbal6,7,8. A conversa informal, o prosear, foi reconhecido como importante momento para a partilha de informações entre mães e enfermeiros por oferecer uma igualdade de responsabilidade. O seu uso promove cuidados mais autênticos e individualizados, selando fortes laços interacionais10. É importante lembrar que, em função do momento em que se encontra em sua trajetória de ter um prematuro na UTIN, a demanda de informação é diferente. É comum os pais necessitarem de informações, primeiramente acerca do ambiente da UTIN7,15,24 e dos elementos assistenciais utilizados no cuidado ao filho15,24, uma vez que estão focados na sobrevivência8,14,23. Posteriormente, querem obter dados relacionados às peculiaridades do bebê23 e a aspectos que favoreçam a construção de suas competências para cuidar do filho na UTIN, já projetando o cuidado em casa. A congruência entre informações profissionais e necessidades maternas promove interações positivas8,17. A obtenção de informações processa-se por meio de observações7,11,15 , escuta e perguntas, quando processos mentais comparativos18 entre situações vividas pelo filho e outras crianças, bem como entre comentários e atitudes dos diversos profissionais com seu próprio filho são ponderados18. Atentam para as contradições18, são vigilantes7,15, almejando evidências de que o melhor está sendo feito. Focam-se na proteção do filho e querem sentir-se seguros em relação a isso15. A identificação da continuidade das ações cuidativas é outro elemento de relevância para as mães. É obtida através das informações veiculadas nas interações com o ambiente da UTIN, seja com os profissionais, seja por meio das observações, seja nas associações com outros pais18. Os dados obtidos, pelas inúmeras maneiras são comparados, para a confirmação ou não da continuidade no cuidado18. São as informações obtidas que garantem a sensação de terem a situação sob controle11.

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Acesso a Elementos de Apoio Todas as pessoas podem constituir-se em apoio, com destaque para os membros da família, outros pais e amigos16. Poder contar com eles afirma a solidariedade que se contrapõe à sensação de solidão por vezes sentida 20. As tomadas de decisão relativas a ações no cuidado ao recém-nascido consideram a família como unidade27, e nem sempre possuem o recém-nascido como prioridade. Os amigos e o apoio intergeracional são os mais desejados, com destaque para os avós16. As mães referem encontrar apoio emocional e físico junto a essas pessoas conhecidas16,19 e as utilizam, principalmente, no auxílio para a busca de informações. Como nesse momento o foco está no receber, um estudo 16 apontou os grupos formais de apoio em conjunto com outros pais como não tão efetivos. Contudo, os outros pais são apoio por partilharem informações do cotidiano da UTIN, sendo solidários uns com os outros20. A religião18 e o encontro da fé11,20 são fortalecedores do processo de enfrentamento, oferecendo esperança e consolo para se manterem perseverantes. Identificar e favorecer o uso dos recursos de apoio é ação que o enfermeiro pode tomar para apoiar o enfrentamento materno à situação vivida.

CONCLUSÃO

Robbinson28 já apontou que a intervenção está

intimamente atrelada a relacionamentos/ interações, traz o conceito de prover contexto para mudanças, valorizando forças e competências familiares. Os resultados apresentados neste estudo reafirmam as colocações e os conceitos da abordagem centrada na família. A filosofia de cuidado centrado na família aborda três dimensões: o estabelecimento de relações colaborativas, expectativas familiares e prioridades de mudança no sistema de cuidado. As duas primeiras dimensões apareceram neste estudo. Em relação ao estabelecimento das relações colaborativas, o enfoque encontrado está nas atitudes e competências relacionais do enfermeiro, em que a presença deve ser verdadeira, sensível e congruente para as necessidades maternas, sendo este o elemento propulsor de um contexto relacional que se abre continuamente e permanece orientado para as necessidades da mãe. A relação colaborativa contém a

confiança e a boa comunicação entre as partes envolvidas para permitir e acomodar a negociação de papéis ao longo da experiência 29, as tomadas de decisões no cuidado30e a valorização das habilidades e competências familiares. A escuta curiosa e atenta foi mencionada como importante elemento na presença do enfermeiro, o que vem ao encontro dos achados de Robbinson28 em relação à interação terapêutica com o enfermeiro. As mulheres de seu estudo também mencionaram essa habilidade, com destaque para a repercussão dela na formulação de perguntas e no equilíbrio em escutar e direcionar a conversação. As expectativas familiares aparecem na descrição da temática informação e recursos de apoio, quando se percebe que o informar deve estar conectado às necessidades maternas, estando dependente do momento da trajetória em que a mãe se encontra na experiência de ter um filho prematuro na UTIN. Sabese que inicialmente as informações visam afirmar à mãe que o bebê sobreviverá, posteriormente, que ele tem características que lhe são peculiares, para só então veicularem elementos que estabelecem as competências e o modo peculiar da mãe de cuidar do filho. Atender as necessidades familiares exige o reconhecimento de que o relacionamento entre membros da família e outras pessoas de sua confiança também participam do cuidado, bem como o espaço para a manifestação de suas crenças espirituais. Promover espaço no cenário hospitalar para esses recursos de apoio são ações que podem vir a promover o enfrentamento da situação. As intervenções são relacionais e atualizam-se nesse contexto. A forma como o enfermeiro se apresenta disponível à mãe influencia a percepção dela em relação a ele, determinando ou não o estabelecimento de uma interação que possa vir a facilitar o enfrentamento da experiência materna de ter um prematuro na UTIN.

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Wernet M, Ângelo M

LA ENFERMERÍA DELANTE DE LAS MADRES EN LA UNIDAD DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL RESUMEN: Un de los momentos más criticos en el ciclo vital de la familia es la llegada de los hijos, cuando nuevos roles y dinámicas familiares necesitan ser establecidos. La mujer se torna madre y la vivencia de ese proceso bajo el contexto de la prematuridad y de los cuidados intensivos sufre importantes interferencias. El presente estudio tuvo como objetivo apuntar aspectos que deben ser considerados en el contexto relacional entre enfermeros y madres de prematuros en la Unidad de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), según la literatura de enfermería. Se adoptó la revisión sistemática como método, cuando 21 investigaciones primarias tuvieron análisis de sus resultados, con enfoque para las acciones de los enfermeros con las madres. Como descubiertas, se identificó la presencia del enfermero en el acto de cuidar como aspecto determinante de la expresión y de la búsqueda de las necesidades familiares. Facilitar el acceso a los recursos de apoyo así como informar son dos otras intervenciones efectivas apuntadas en este estudio. La manera como el enfermero interacciona con las madres en la UTIN es primordial y dependiente de su intención en el cuidado. Palabras Clave: Enfermería; prematuro; familia, intervención. Recebido em: 28.11.2006 Aprovado em: 12.06-2007

Notas * Enfermeira. Docente do Centro Universitário São Camilo. Doutoranda em Enfermagem pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. Correspondência: Praça Miguel Ortega, 50 apto.91, bloco1 – Parque Assunção – Taboão da Serra – SP – CEP: 06754-160. E-mail: [email protected] ** Enfermeira. Professora Titular da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. [email protected]

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