A epistemologia e seus desafios

June 7, 2017 | Autor: Gisiela Klein | Categoria: Teoria do Conhecimento, Dan O’BRIEN
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Descrição do Produto

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC
CENTRO DE CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO E SOCIOECÔNOMICAS – ESAG
PROGRAMA ACADÊMICO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO


Disciplina: Epistemologia da Ciência em Administração
Turma: 2015
Professor: Mauricio C. Serafim
Discente: Gisiela Hasse Klein
Aula: A epistemologia e seus desafios
Obra estudada: O'BRIEN, Dan. Introdução à teoria do conhecimento. Lisboa: Gradiva. Parte I, pp. 21-55.


Sobre o que é o livro?
O livro resgata as principais teorias sobre o conhecimento e parte da premissa que epistemologia e teoria do conhecimento tratam do mesmo assunto, são a mesma coisa. Analisamos apenas a primeira parte do livro, que faz um resumo de tudo que será esmiuçado no decorrer da obra. São apresentados os tipos de conhecimento, as fontes de conhecimento e a definição de conhecimento segundo a abordagem tradicional.

O que está sendo dito, de modo detalhado, e como está sendo dito?
O autor nos apresenta três tipos de conhecimento: factual ou proposicional (saber que); o conhecimento como aptidão (saber como); e o conhecimento por contato (saber o porquê. Aqui vemos a diferença entre saber e conhecer). Temos, ainda, a definição tripartida de conhecimento: uma crença (1) verdadeira (2) e justificada (3). Na abordagem tradicional, o conhecimento é adquirido quando nossas crenças são verdadeiras e quando as condições de justificação são igualmente satisfeita.
Nessa parte introdutória, temos contato também com os conceitos de conhecimento a priori e a posteriori. O conhecimento a priori é aquele obtido por intuição e pelo raciocínio, e a justificação para esse conhecimento não depende das experiências no mundo. Seriam conhecimentos que derivam apenas da reflexão do indivíduo. Já o conhecimento a posteriori só é obtido pela experiência empírica ou mesmo pela percepção do mundo seja na interação social ou na leitura.
Ao tratar do conhecimento a priori nos deparamos com duas correntes: os racionalistas e os empiristas. Para os primeiros, há um conhecimento tácito e inato e a intuição ou o raciocínio nos leva à metafísica e à moralidade, por exemplo. Já os empiristas defendem que todo conhecimento a priori é sempre sobre o significado dos nossos conceitos. Os demais conhecimentos só podem ser adquiridos por meio da experiência e, logo, são a posteriori. Os empiristas também questionam o conhecimento inato. Para eles, nossas mentes são páginas em branco ao nascermos, mas há, sim, uma tendência para adquirirmos o conhecimento.
Sobre o processo de justificação das crenças verdadeiras, o autor nos apresenta algumas correntes de pensamento. Para os empiristas, a justificação tem como base a experiência perceptual do mundo. Para os coerentistas, a crença é justificada se consistente com demais crenças pré-existentes. Há ainda o internismo e o externismo. No internismo, a justificação de uma crença deve ser cognitivamente acessível ao sujeito. Ele deve ser capaz de refletir sobre aquilo que o leva a justificar suas crenças como verdadeiras. No externismo, por sua vez, nossas crenças só podem ser justificadas se forem adquiridas por um método confiável. Outra estratégia para se chegar à justificação no externismo é a conexão causal que o sujeito estabelece com o mundo ou pelo rastreamento da verdade.
A parte introdutória do livro também nos mostra que o conhecimento empírico é falível e que não temos justificativa para nossas crenças verdadeiras se o nosso raciocínio envolver crenças que são, elas próprias, falsas. Outra análise para a justificação, na definição tripartida de conhecimento, é a de Thimothy Williamson. Ele nos diz que as crenças justificadas são aquelas de que temos provas sólidas, e só os elementos de conhecimento podem desempenhar a função probatória necessária.

O livro é verdadeiro? Todo ele ou somente parte dele?
A parte I do livro é verdadeira. As demais não foram analisadas. Nesta parte introdutória, o autor apresenta de forma didática e imparcial os principais conceitos para iniciarmos os estudos da teoria do conhecimento. De forma honesta, Dan O'Brien traz conceitos que são, muitas vezes, contraditórios e essa contradição está clara no texto, como no caso do artigo de Edmund Gettier, que ataca a análise tripartida do conhecimento. Tive a impressão de que o autor me expõe as principais correntes teóricas da epistemologia sem, contudo, me induzir a escolher uma delas. Pelo contrário, a cada página mais questionamentos aparecem acerca da teoria do conhecimento.

E então? Qual a importância do livro para mim?
A parte inicial do livro me colocou em contato com os principais conceitos da teoria do conhecimento. Agora, será preciso terminar de ler o livro para entender cada um desses conceitos. Essa leitura inicial foi introdutória. Um dos questionamentos que me coloquei foi em relação ao conhecimento a priori. Nessa leitura introdutória que fiz não me convenci de que exista um conhecimento a priori. No meu atual entendimento (leigo), todo conhecimento sucede de experiências e/ou empirismo. Mesmo a reflexão não é um ato a priori. É resultado de uma interação com um conhecimento pré-existente no mundo. Ou seja, mesmo um conhecimento obtido por meio da reflexão e do raciocínio exige uma experiência com o mundo.

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