A escola da Associação Industrial Portuense (1852-1854): reflexos no ensino artístico em Portugal. Actas do III Colóquio Internacional \"Coleções de Arte em Portugal e Brasil nos séculos XIX e XX\" Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 7-9 de Novembro de 2016, p. 163-172.

May 27, 2017 | Autor: Francisco Queiroz | Categoria: History of Design, Ensino de desenho
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TÍTULO Co leç ões de Ar te em Por tuga l e Brasil nos séculos XIX e XX As Acade mias de Belas-A rtes d o Rio de Janeiro. de Lisboa e do Porto, 1816-1836: Ensi no, Artistas, Mecen as e Co leç ões COORDENAÇÃO Mar ia João Ne to Mari ze Malt a DESIGN E PAGINAÇÃO Nuno Pachec o Silva Nuno Ribeiro ISBN 978-989- 658-428-3 DEPÓSITO LEGAL 417204116 DATA DE EDIÇÃO Novem bro de 20 16 EDIÇÃO

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CALEIDO SCÓ PIO - EDIÇÃO E ARTES GRÁFICAS. SA RUA DE ESTRASBURGO. 26, R/ C DTO. 2605- 756 CASAL DE CA MBRA ' PO RT UGAL TELEF. (+ 351) 21 981 7960 FAX (+351) 21 981 79 55 caleido sco pio@caleidosco pio.pt www.caleido scopio.pt

A ESCOLA DA ASSOCIAÇAO INDUSTRIAL PORTUENSE (1852-1854): REFLEXOS NO ENSINO ARTíSTICO EM PORTUGAL

FRANCISCO QUEIROZ

Resumo Com a legalização da Associação Industrial Portuense, em 1852, foi con cretizado um dos seus primo rdiais objectivos: fundar uma escola para os sócios. Nesta escola, o desenho era a disciplina nuclear. Efectivamente, o modelo de ensino tentava chegar onde a Academia Portuense de Belas Artes não podia: a todos os artistas que trabalhavam e estavam impedidos de frequentar aulas durante o dia. O impacto da escola da Associação Industrial Portuense pode ser aferido pelas mais de três centenas de alunos que se matricularam. Não po r acaso, os seus principais impu lsion adores - José Vitorino Damásio e José de Parada e Silva Leitão - acabariam por ser nomeados logo depois dir ector es do Instituto Indu strial de Lisboa e da Escola Industrial do Port o. Estes novos estabelecimentos de ensin o, por serem públicos e por decalcarem o modelo da escola da Associação Indu stria l Portuense, de imediato tornaram-na redundan te. Apesar de efémera, a escola da Associação Indu stri al Portu ense foi um mome nto fundam ent al de viragem no ensino ar tístico em Portugal. Nesta com unicação, damos a conh ecer a história da escola da Associação Ind ustr ial Portuense e demo nstramos como o seu exemplo fez

emergir novos protagonistas do ensino artístico, reflectindo -se ainda em novos procedimentos, quer ao nível do custeamento dos estudos artísticos fora do país, quer na ligação da Arte Indústria, estando na base do que hoje se entende po r Design. ã

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COLE ÇÕES OE A RT E EM PORTUGAL E BRASIL NOS SÉCULOS XIX E XX

INTRODUÇÃO Embora a Associação Industrial Portuense não tenha sido a primeira associação industrial do país, foi possivelmente a primeira a obter a legalização e é talvez a mais antiga ainda existente , apesar de hoje ser conhecida como Associação Empresarial de Portugal. A Associação Industrial Portuense surgiu em 1849, num contexto desfavorável para a indústri a do Porto (sobretudo para os tecidos), devido à proliferação de contrabando. Porém, e ao contrário do que se possa supor, aquando da sua legalização - em 1852 - a Associação Industrial Portuense era muito mais do que um grupo de proprietário s de fábricas. Entre os sócios, cont avam -se donos de oficina s mais pequenas, assim como capitalistas e outros interes sados no desenvo lvimento da indús tria em geral. A Associação Industri al Portuense cont ava ainda com homen s da ciência e da técnic a, como José Vitorino Damásio - um dos seus principais impulsion adores, e José de Parada e Silva Leitão. Ambos eram conceituados professores da Academia Politécnic a do Porto e ambos viriam a dirigir as dua s primeiras escolas industriai s públicas do país: o Instituto Industrial de Lisboa , no caso do primeiro, e a Escola Industri al do Porto , no caso do segundo'. Porém, estas duas escolas basearam -se no modelo de uma outra escola, que não era pública, e que foi criada precisamente pela Associação Industrial Portuense.

A ESCO LA

Com a legalização da Associação Industrial Portuense, em 1852, foi concretizado um dos seus primordiais objectivos: fundar uma escola para os sócios. Nesta escola, o desenho seria a área disciplinar preponderante. Efectivamente, o modelo de ensino tentava chegar onde a Academia Portuense de Belas Artes não podia: a todo s os "artistas" que trabalhavam e estavam impedi dos de frequentar aulas durante o dia, mas que necessitavam de formaç ão em desenh o aplicado. Estes "artistas" eram todo s os que exerciam uma arte como profissão. Estucadores, pedreiros,

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ENSINO ARTÍS TI CO: MOOELOS E MÉTODOS

marceneiros, serralheiros, litógrafos , canteiros, e outros, continuavam a ingressar bem cedo nas oficinas existentes e a fazer o percurso tradicional de aprendizagem, baseado no trabalho, na observação e na transmissão oral de conhecimentos. De aprendizes, poderiam passar a oficiais e, com mais alguns anos de experiência e alguma sorte e/ou talento, poderiam passar a mestres da sua própria oficina. Para muitos destes "artistas'; o Desenho - na sua vertente de Geometria, ou de Ornato - era uma ferramenta importante, se não mesmo fundamental. Porém, o Desenho não fazia parte da instrução primária, a qual nem sequer podia ser frequentada facilmente por quem trabalhava nas fábricas e oficinas durante todo o dia. A escola da Associação Industrial Portuense veio tentar resolver este problema, que há vários anos era entendido como premente. De facto, desde o início do Liberalismo em Portugal que algumas personalidades insistiram na necessidade de instruir as "classes laboriosas': Com Passos Manuel, foi até previsto para o Porto um Conservatório Artístico, que não sairia do papel. Só no contexto da Regeneração estavam criadas todas as condições políticas e sociais para que efectivamente fossem criadas instituições dedicadas à instrução dos "artistas': A escola da Associação Industrial Portuense foi inaugurada em 22 de Novembro de 1852. Os trabalhos haviam iniciado em Agosto desse ano, com a nomeação da comissão tecnológica e o arrendamento do edifício, entre outras diligências. Em Dezembro de 1852, a escola já tinha 367 alunos matriculados, o que bem denota a necessidade de uma escola deste tipo. Para professores , de entre os sócios da Associação Industrial Portuense, foram escolhidos aqueles que mais se destacavam nas várias matérias que poderiam interessar aos alunos. José Vitorino Damásio foi o escolhido para reitor. Porém, como este estava quase sempre ausente em Lisboa, substituía-o José de Parada e Silva Leitão. Apesar do corpo docente ter como base os sócios da Associação Industrial Portuense, os objectivos eram ambiciosos e a escola abriu com nada menos que 15 cursos: 1. Construtores de máquinas e caldeiras de vapor usadas nas diversas indústrias; alambiques e máquinas de destilação. 2. Serralheiros mecânicos. 3. Forjadores de 1a classe.

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COLEÇÕES DEARTE EM PORTUGAL E BRASIL NOSSÉCULOSXIX E XX

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Carpinteiros construtores. Carpinteiros de moldes. Carpinteiros de carros, máquinas e instrumentos agrícolas. Construtores de motores, aparelhos e máquinas hidráulicas. Construtores de fornos, fornalhas, chaminés, e caloríferos para a indústria e para a economia doméstica. 9. Con tramestres de produtos quím icos. 10. Tintureiros. 11. Fabricantes de cores e vernizes para pintura. 12. Desenhadores ind ustria is. 13. Fundidores e moldadores em metais. 14. Estampadores de estofos, oleados e papéis. 15. Admi nistradores e guarda- livros industriais . Podemos verificar que o Desenho - seja geométrico ou de ornato - era necessário em mais de meta de destes cursos, ainda que a escola da Associação Industrial Portuense não fosse propriamente uma escola artística. Em 1853, a estrutura curricular da mesma era a seguinte: CAD EIRAS

PROFESSO RES

Francês

Augusto Villers'

Inglês

Narciso José de Morais Jún ior)

Arit mética. álgebra e geom etr ia elemen tares aplicadas às artes e à indústria Geom etri a descritiva e desenh o linear aplicado às artes e à indústria

Francisco de Sales Gomes Card oso"

Gustavo Adolfo Gon çalves e Sousa; António José de Sousa Azevedo"

Desenho de orn ato e mod elação Emídío Carlos Amatucc f Estereot omi a

António Luís Soares'

Física geral e ind ustrial

José de Parad a e Silva Leitão

Mecân ica industrial

Gaspar da Cunha Lima'

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ENSINO ARTÍSTICO: MODELOS E MÉTODOS

Estudo sobre construção e desenho de máquinas - - - - - - - - - - - - - - - José Vitorino Damásio Estudo sobre construção e desenho de máquinas a vapor Joaquim de Santa Clara Sousa Pinto'? Sebastião Betâmio de Almeida" Química geral e industrial, tinturaria e estamparia

Arnaldo Anselmo Ferreira Braga" Francisco Pereira de Amorim e Vasconcelos Félix da Fonseca Moura

Higiene privada e pública aplicada às

António Ferreira de Macedo Pinto"

fábricas (higiene industrial)

Aires Baptista Pinto

Economia industrial (incluindo escrituração e contabilidade) Leitura e escrita repentina

Domingos de Almeida Ribeiro" José de Macedo Araújo I únior"

Podemos verificar que, entre as 14 cadeiras, 6 delas eram, directa ou indirectamente, baseadas no Desenho. Podemos verificar ainda que havia dois professores para a cadeira de Desenho de ornato e modelação. É certo que as cadeiras de Química e de Higiene também tinham mais do que um docente mas, no caso de Desenho de ornato e modelação, que era apenas uma das várias cadeiras de desenho disponibilizadas, esse facto justificava-se pelo grande número de alunos. Ornato e modelação era, efectivamente, a cadeira mais procurada. Em suma, o Desenho era a área que mais se destacava na oferta curricular desta escola da Associação Industrial Portuense, que só não teve um sucesso duradouro porque, estando os professores a ensinar nela gratuitamente, rapidamente as suas atribuições foram sendo esvaziadas com a perspectiva da criação, a curto prazo, de uma escola industrial pública. De facto, pouco mais de um mês após a inauguração da escola da Associação Industrial Portuense, e não por acaso, Fontes Pereira de Melo instituiu o ensino industrial público, através da criação dos já

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COLEÇDESDEARTEEMPORTUGALEBRASILNOSS~CULOS XI XEXX

referidos Instituto Industrial de Lisboa e da Escola Industrial do Porto. Ora, em Agosto de 1853, José de Parada e Silva Leitão foi nomeado Director interino da Escola Industrial do Porto e lente da sua 4" cadeira, colocando em causa a escola da Associação Industrial Portuense, até porque José de Parada e Silva Leitão acumulava a direcção das duas escolas. Assim, em Outubro de 1854, José de Parada e Silva Leitão teve de abandonar a direcção da escola da Associação Industrial Portuense", para se dedicar ao estabelecimento da escola industrial pública - o que lhe ocupou muito tempo e causou-lhe mesmo algumas arrelias", Como consequência, foi sendo drasticamente diminuído o número de cadeiras da escola da Associação Industrial Portuense. Em 1854 mantiveram-se apenas: o Francês, o Inglês, o Desenho de ornato e modelação e a Leitura e escrita repentina. Note-se que a cadeira de Desenho de ornato e modelação era agora leccionada pelo escultor e professor da Academia Portuense de Belas Artes, Francisco Pedro de Oliveira e Sousa . Quando a escola da Associação Industrial Portuense desapareceu oficialmente, continuaram as aulas de instrução primária, em versão acelerada, na sede da Associação" . Se não se justificava a existência de duas escolas quase iguais na cidade, pelo menos a instrução primária continuava a ser necessária para que os artistas e operários pudessem posteriormente ingressar na Escola Industrial do Porto. Assim se compreende a razão da Associação Industrial Portuense ter mantido estas aulas nocturnas, embora não por muitos anos . Com efeito, em finais da década de 1850, a Associação Industrial Portuense apadrinhou a criação de múltiplas pequenas associações de classe: a dos pintores, a dos marceneiros, a dos tintureiros, a dos proprietários de estabelecimentos de tecidos, entre outras associações, algumas das quais de socorros mútuos para "artistas" e operários. A Associação Industrial Portuense foi-se esvaziando nas suas competências e viria a passar por uma longa fase de quase letargia, funcionando praticamente apenas como caixa de crédito industrial e montepio de socorros mútuos.

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ENSINO A RTÍS - CO: MODELOS E MÉTODOS

o IMPACTO Não terão subsistido documentos relativos à escola da Associação Industrial Portuense que nos permitam saber exactamente quem a frequentou ou outros detalhes sobre o modo como eram ensinadas as · diferentes vertentes do Desenho. Temos quase só relatos genéricos na imprensa. Contudo, e apesar de efémera, esta escola serviu como paradigma para o ensino industrial em Portugal, durante quase toda a segunda metade de Oitocentos. E este modelo de ensino acabaria por ser fundamental, não só para a formação de artistas, incluindo aqueles que se destacaram nas Belas Artes, mas também para as próprias alterações de gosto artístico em Portugal ", O referido modelo trouxe para os estrados da sala de aula docentes que não tinham de ser propriamente artistas conhecidos, e nem sequer tinham de ser académicos, ou seja, permitindo novos protagonistas no ensino artístico em Portugal. É paradigmático o caso de Emídio Carlos Amatucci , professor substituto de Desenho de Ornato e Modelação na escola da Escola Industrial do Porto, que não era académico e, embora fosse artista conhecido na cidade, não tinha propriamente uma formação em Belas Artes, ainda que, no passado, tivesse tentado aproximações às academias de Lisboa e, depois, do Porto. À época de criação da escola da Associação Industrial Portuense, Emídio Carlos Amatucci dirigia uma oficina de mármores, na qual trabalharam oficiais de canteiro cujos filhos viriam a frequentar a Escola Industr ial do Porto ou o posterior Instituto Industrial do Porto, quando eram aprendizes nas oficinas dos progenitores, alguns dos quais viriam a estudar depois na Academia Portuense de Belas Artes. Foi o caso, entre outros, do escultor António Teixeira Lopes, do arquitecto José Marques da Silva, ou do escultor António Fernandes de Sá. Todos eles começaram por ser aprendizes nas oficinas onde os pais trabalhavam. Tiveram uma formação prática em oficina, depois uma formação teórico-prática na Escola Industrial do Porto / Instituto Industrial do Porto, e só depois uma formação académica nas Belas Artes do Porto. Os pais de todos eles estudaram também na Escola Industrial do Porto, o que bem diz da importância do modelo de ensino que esteve na

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base desta escola, até porque alguns dos progenitores ficara m na sombra como art istas e nunca cursaram as Belas Artes . Um dos oficiais de Emídio Carlos Arnatucc í, António Almeida da Costa, mesmo tendo já 22 anos, frequentou com aproveitamento o primeiro ano em que a Escola Industrial do Port o funcio nou. Não teve filhos , mas, na Fábri ca de Cerâmica das Devesas, que fundou, form ar-se-iam muitos artistas que, não só estudara m na Escola Industrial do Porto / Instituto Industrial do Porto, como também cur saram a Academia Portuense de Belas Artes. António Almei da da Costa foi, aliás, o financiador da passagem por Paris do seu afilhado António Teixeira Lopes, o qua l ficou obr igado a retri buir -lhe com tra balhos" . Co nscien te da imp ort ância do Dese nho como conheci me nto de base para tod os os que trabalhavam em áreas indu striais onde se exigia criação, modelação e decoração, António Almeida da Costa promoveu mesmo uma escola de desenho na própria Fábrica de Cerâmica das Devesas" , A consciência da necessidade da formação em Desenho, num contexto ainda mais prático que o do Instituto Indu strial do Por to, terá sido um dos motivos que o levou, em 1884, a ceder as instalações da fábrica para insta lação da Escola de Desen ho Ind ustrial de Vila Nova de Gaia, já que não existia edifício disponível. Note-se que o conceito de fábrica -escola, a que as escolas ind ustriais portuguesas aspiraram, ain da que sem completo sucesso, radicava também no mo delo da escola da Associação Industrial Portu ense. Qu and o José Vitor ino Damásio e Joaquim Ribeiro de Faria Guimarães fundara m a Fundição do Bolhão, em 1847, pretendiam já que a fábrica fosse dinamizadora da "creação e introdução de novos ramos de industria no nosso paiz?". Ora, esta fundição chegou a receber aulas da escola da Associação Industrial Portuense, em 185323•

CONCLUSÃO Ain da hoje, relativamente a vários artis tas portugueses da segunda metad e de Oitocentos e primeiro quartel de Novecentos, as biografias

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que lhe foram traçadas ignoram ou menorizam a sua passagem pelas escolas / institutos industriais. Ora, muito dos artistas dessa época passaram pelos mencionados estabelecimentos de ensino industrial. Atendendo a que foram estas as escolas onde tais artistas tiveram o primeiro contacto teórico com o Desenho e outras disciplinas artísticas aplicadas, não podemos menosprezar a influência que as escolas e institutos industriais podem ter tido no percurso dos artistas. Apenas a título de exemplo: em Outubro de 1882, quando José Marques da Silva se matricula no Instituto Industrial do Porto, dá-se, não como estudante, mas como canteiro. Ainda que depois tenha sido conhecido como arquitecto, o facto de ter sido canteiro na oficina do pai e o facto de ter tido o primeiro contacto com o ensino do Desenho num instituto industrial, não podem ser negligenciados na análise à sua obra. Muito pelo contrário: neste caso, como em vários outros de artistas da mesma geração, é preciso compreender que tipo de ensino teve antes de ingressar na Academia Portuense de Belas Artes, de modo a entender melhor a sua obra. As escolas industriais que se basearam no modelo da escola da Asso ciação Industrial Portuense não foram somente o Instituto Industrial de Lisboa e a Escola Industrial do Porto (posterior Instituto Industrial do Porto). As próprias escolas de desenho industrial, estabelecidas na década de 1880 em várias das cidades e vilas ma is industrializadas do país, indirectamente filiam -se naquele modelo. A importância destas escolas de desenho industrial tem sido ressaltada em alguns trabalhos" , mas muito está ainda por investigar quanto ao papel que tiveram no percurso concreto dos artistas. Todas estas escolas reflectem a íntima ligação da Arte à Indústria, tão típica do período romântico - em que tudo o que é utilitário deve ser também belo - estando na base do que hoje se entende por Design. Os académicos que passaram por estas escolas industriais - e foram muitos, sobretudo no caso daqueles cujos progenitores eram menos favorecidos pela fortuna - seguramente foram moldados por este tipo de ensino. Como e em que medida, é algo que está ainda por estudar de forma transversal, até porque faltam também estudos de casos .

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NOTAS

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Sobre este assunto, veja-se QUEIROZ, Francisco - O ensino das artes industriais no Portodo século XIX. ln "O Tripeiro'; 7' série, ano XVIII, n.' 5 (Maio de 1999, p. 140-144) e n.' 6 (Junho de 1999, p. 177-182). Possivelmente o homónim o sargento. Deu aulas de inglês ao futuro escritor Júlio Dinis, ainda que a titulo particul ar. Viria a ser professor de Bot ânica na Academia Politécnica do Porto. Engenheiro que teve grand e influência no urbanismo e na arqu itectura da cidade, nas décadas de 1860, 1870 e 1870. Viria a ser professor da Escola Indust rial do Porto, chegando a Director da mesma. Viria a ser professor da Escola Industrial do Porto. Sobre este importan te canteiro de m ármores e ornati sta veja-se QU EIROZ, J. Francisco F.- A primeiraoficinade cantariade mármoresno Porto. Notas para uma biografia de Emídio Carlos Amatucci (1811-1872). ln "O Tripeiro'; 7' série, ano XVII, n.' 2, Fevereiro de 1998, pp. SI -55. Lente da Academia Politécnica do Porto. O director da Fundição de Massarelos. Era já professor na Academia Politécnica. Viria a ser professor da Escola Industrial do Porto. Bacharel em Medicina e Filosofia pela Universidade de Coimbra, Lente da Academia Politécnica. Médico, futuro Visconde de Macedo Pinto. Professor do Liceu do Porto e posterior testamenteiro do Cond e de Ferreira. Acumulav a as funções de bibliotecário. Trata-se, certament e, do homónimo engenheiro . Viria a ser substituído por José Frutuos o de Gouveia Osório . Sobre este assunto, veja-se QUEIROZ, Francisco - O ensino das artes índustriais no Porto do século XIX. ln "O Tripeiro'; 7' série, ano XVIlI, n.' 5 (Maio de 1999, p. 140-144) e n.' 6 (Junho de 1999, p. 177-182). Para aprofund amento , veja-se QUEIROZ, Francisco - O ensino dasartesindustriais no Portodo século XIX. ln "O Tripeiro", 7' série, ano XVIlI, n.' 5 (Maio de 1999, p. 140-144) e n.' 6 (Junho de 1999, p. 177-182). Sobre este assunto ver QUEIROZ, José Francisco Ferreira - Os Cemit érios do Porto e a artefunerária oitocentista em Portugal. Consolidaçãoda vivéncia romãnticana perpetuação da memória. Tese de Doutoramento em História da Arte apresentad a à Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Porto, 2002, 2 volumes em 3 tomos policopiados . LOPES, António Teixeira - Ao correrda pena, Memórias de uma vida, publicadas e prefaciadas por B. Xavier Coutinho. Gaia, Câmara Municipal de Gaia, 1968. Sobre este assunto, veja-se DOMINGUES, Ana Margarida Portela - Amónio Almeida da Costa e a Fábrica de Cerãmica das Devesas. Antecedentes, fu ndação e maturação de um complexo de artes industriais (1858-1888). Dissertação de Mestrado em História da Arte em Portugal apresentada Universidade do Porto em 2003. Almanaque da Cidade do Porto e Vil/a Nova de Goya para o 011110 de 1849. Porto, Typographia de S. J. Pereira, 1848, p. 118. Almanaque da Cidade do Portoe Vil/aNova de Gayapara o anno de 1853. Porto, Typ. de Faria Guimarães , 1853, p.143. A título de exemplo, mencionamos: LOBO, Maria Natália de Magalhães Moreira - O ensino das artes aplicadas (ourivesaria e talha) na EscolaFariaGuimarãesde 1884 a 1948. Reflexono desenvolvimento artístico da cidadedo Porto. Tese de Mestrado em História da Arte apresentada à Universidade do Porto em 1998. Embora com enqua· dramento diferente, é também de referir outro trabalho académico : MARTINS, Catarina Sofia Silva - As narra· tivas do génio e da salvação: a invenção do olhar e afabricação da mão na Educação e no Ensino das Artes Visuais em Portugal(definais de XVIll à primeira metade do sec XX). Tese de Doutor amento em Educação aparesentada à Universidade de Lisboa em 2011. Refira-se ainda alguns trabalhos de Luís A. Marques Alves, nomead amente ALVES, Luís Alberto Marques - O Porto no arranque do ensino jndustrial (1851·1910). Porto, Afrontamento, 2003. à

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