A Estrada da Renúncia no livro 50 anos depois

June 13, 2017 | Autor: Candice Gunther | Categoria: Espiritismo
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A Estrada da Renúncia no livro 50 anos depois sob as luzes do Cap. XI do Evangelho Segundo o Espiritismo.

Quando um livro nos encanta pelos seus profundos ensinamentos, somos convidados a estudá-lo com maior afinco e profundidade. Uma das formas é relembrar um método antigo que provém da tradição rabínica chamado “harizah” ou, em português, colar de pérolas. Encontramos no site da FEB algumas informações sobre este método de estudo, que está sendo utilizado nos estudos de interpretação dos Evangelhos: “Cada pérola é um ensinamento, uma parte da mensagem de Deus. Esta pérola, ou unidade, tem que ter relação com o todo: (a mensagem de Deus): foram ensinados pelos profetas. As pérolas (unidades) corretamente interpretadas formam um colar = mensagem de Deus, totalmente compreendida.” 50 anos depois é o quarto romance de Emmanuel ao qual nos debruçamos para estudo e, facilmente, concluímos que estes livros guardam uma profunda identidade com o Evangelho do Cristo, eis a razão de podermos utilizar um método de interpretação dos evangelhos também nestas obras. Assim sendo, apresentamos um belíssimo colar de pérolas que encontramos no livro 50 anos depois. A palavra chave que optamos por utilizar é RENÚNCIA. E que palavra interessante e cheia de significado, pois para quem conhece a trajetória de Célia, sabe que ela bem a representa. Sua vida foi repleta de momentos em que se esqueceu de si mesma, renunciando a sua felicidade e ao seu bem estar, para auxiliar aos que dela se aproximavam. Mas, outro aspecto deveras interessante, é que sua outra encarnação relatada por Emmanuel, como Alcíone, traz justamente esta palavra, Renúncia, como título da obra, espelhando a profunda capacidade amorosa deste espírito de luz. Com a certeza de que muito aprenderemos nesta nova jornada que se inicia, compartilho a Estrada da Renúncia, trilhada por nossa querida e amada Célia. Como o fizemos nos outros romances: - Paulo e Estevão com a Estrada do Perdão; - Há 2000 anos com a Estrada da Caridade; - Renúncia com a Estrada de Misericórdia. Iremos olhar estas pérolas com as luzes de um capítulo do Evangelho Segundo o Espiritismo. Amar ao próximo como a nós mesmos requer de nós renunciar a direitos, prazeres, facilidades? Quais seriam as ligações possíveis entre o capítulo do Evangelho Segundo o

Espiritismo que trata do amor ao próximo com as aparições da palavra RENÚNCIA no livro 50 anos depois? Achamos interessante, também, que a palavra Renúncia aparece 15 vezes no livro. O capítulo XI do ESE possui 15 itens, serão eles compatíveis? Podemos estudá-los em conjunto ampliando nosso entendimento das lições que nos recomendam amar ao próximo? Façamos juntos esta descoberta. Iniciemos, então, nossa jornada no livro 50 anos depois, buscando os trechos em que a palavra RENÚNCIA aparece, sob as luzes do Cap. XI do Evangelho Segundo o Espiritismo. O estudo inicia com o trecho do livro em que a palavra aparece, em seguida o trecho do ESE e um breve comentário unindo os dois textos. Este estudo é para aqueles que já leram o livro previamente, pois é uma tentativa de aprofundamento, assim, recomenda-se este texto apenas aqueles que já o leram previamente.

Trecho do livro 50 anos depois – 1 (cap. 2, pg. 36) Onde estão os nossos deuses de marfim, que não nos salvam da decadência e da ruína?! Onde Júpiter que não vem ao cenário do mundo para restabelecer o equilíbrio da maravilhosa balança da justiça divina?! Poderemos aceitar um deus frio, impassível, que se compraz em endossar todas as torpezas dos poderosos contra os mais pobres e os mais desgraçados? Será a Providência do Céu igual à de César, para cujo poder o mais dileto é aquele que lhe traz as mais ricas oferendas? Entretanto, Jesus de Nazaré trouxe ao mundo uma nova esperança. Aos orgulhosos advertiu que todas as vaidades da Terra ficam abandonadas no pórtico de sombras do sepulcro; aos poderosos deu as lições de RENÚNCIA aos bens transitórios do mundo, ensinando que as mais belas aquisições são as que se constituem das virtudes morais, imperecíveis valores do Céu; exemplificou, em todos os seus atos de luz indispensáveis à nossa edificação espiritual para Deus Todo-Poderoso, Pai de misericórdia infinita, em nome de quem nos trouxe a sua doutrina de amor, com a palavra de vida e redenção .” Cap XI do Evangelho Segundo o Espiritismo – item 1 1. “Mestre, qual o mandamento maior da lei?” – Jesus respondeu: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito; este o maior e o primeiro mandamento. E aqui tendes o segundo, semelhante a esse: Amarás o teu próximo, como a ti mesmo. – Toda a lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos.” (S. MATEUS, 22: 34 a 40.) Comentário No capítulo 02 do livro, encontramos Célia em conversa com seu avô, contando-lhe que era cristã. A proposta do Cristo era de difícil assimilação aos romanos, a igualdade era

inconcebível e o perdão aos inimigos, inimaginável. E Célia explica ao avô as incoerências de honrar um deus como Júpiter, ausente ou injusto. O Evangelho nos dá a síntese de toda a doutrina do Cristo, amar a Deus acima de todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo. A nós, que iniciamos a estrada de Célia cabe o questionamento: entendemos a doutrina do Cristo? Deus está acima de tudo? Amamos? A lição é magnífica, recordemos que Célia estava sendo provada pela família, seu pai não a queria cristã e fora levada ao avô para que o mesmo tentasse convencê-la a deixar as idéias “malucas”de lado. Algoz do seu amado, o pai poderia tornar-se um inimigo, mas Célia o amou e trilhou um caminho de renúncia para que no fim de sua vida ele finalmente pudesse entender o significado de amar, não por palavras, mas pelas ações e abnegações de Célia em seu favor. Célia exemplifica o mandamento do Mestre de forma belíssima. Sigamos em frente.

Trecho do livro 50 anos depois – 2 (Cap. 4, pg. 80) “Aqui e ali, alguém balbuciava uma prece, baixinho, como se estivesse falando ao Cordeiro do Céu, no altar do coração; mas, do centro da massa, elevavam-se hinos cheios de sublimada exaltação religiosa. Eram cânticos de esperança, tocados de singular desalento do mundo, exteriorizando o sonho cristão de um reino maravilhoso além das nuvens. Em cada verso e em cada tonalidade das vozes em conjunto, predominavam as notas de uma tristeza dolorosa, de quem havia abandonado todas as ilusões e fantasias terrestres, entregando-se à RENÚNCIA de todos os prazeres, de todos os bens da vida, para esperar as recompensas luminosas de Jesus, nas bem-aventuranças celestes.” Cap. XI do Evangelho Segundo o Espiritismo – item 2 2. “Fazei aos homens tudo o que queirais que eles vos façam, pois é nisto que consistem a lei e os profetas. (Idem, 7:12.) Tratai todos os homens como quereríeis que eles vos tratassem. (S. LUCAS, 6:31.)” Comentário Qual o sonho cristão? O que esperavam aquelas almas dos tempos de Célia? O que esperamos hoje? Um mundo de amor, fraternidade, igualdade, paz, assim imaginamos o Reino de Deus. Vemos, na lição do Evangelho Segundo o Espiritismo, a resposta a este sonho, não há mágica ou mistério, é simples e límpido como a água – fazer ao outro o que gostaríamos que nos fosse feito. Tratar as pessoas com justiça, honestidade, carinho, afeto. A grande questão é que necessitamos renunciar aos prazeres temporários, aos bens materiais para que esta fórmula se efetive, e nisto reside nossa grande dificuldade, por que é necessário começar sem esperar retorno imediato, é um semear lento para que amanhã a colheita se efetive. Trecho do livro 50 anos depois – 3 (Cap. 6, pg.114 )

3.- Célia, tua vinda a este cárcere representa para nós a visita de um anjo. Não te impressione a nossa condenação, que aos olhos de Deus deve ser útil e justa. Dizia a inspiração de Paulo que a morte é o nosso último inimigo. Venceremos, pois, mais essa etapa, com Jesus e por Jesus. Apesar disso, não te esqueças de que a dádiva da vida é um bem precioso que o Céu nos confia. Para a alma fervorosa, o melhor sacrifício ainda não é o da morte pelo martírio, ou pelo infamante opróbrio dos homens, mas aquele que se realiza com a vida inteira, pelo trabalho e pela abnegação sincera, suportando todas as lutas na RENÚNCIA de nós mesmos, para ganhar a vida eterna de que nos falava o Senhor em suas lições divinas! Cap. XI do Evangelho Segundo o Espiritismo – item 3 O reino dos céus é comparável a um rei que quis tomar contas aos seus servidores. – Tendo começado a fazê-lo, apresentaram-lhe um que lhe devia dez mil talentos. – Mas, como não tinha meios de os pagar, mandou seu senhor que o vendessem a ele, sua mulher, seus filhos e tudo o que lhe pertencesse, para pagamento da dívida. – O servidor, lançando-se-lhe aos pés, o conjurava, dizendo: “Senhor, tem um pouco de paciência e eu te pagarei tudo” – Então, o senhor, tocado de compaixão, deixou-o ir e lhe perdoou a dívida. – Esse servidor, porém, ao sair encontrando um de seus companheiros, que lhe devia cem dinheiros, o segurou pela goela e, quase a estrangulá-lo dizia: “Paga o que me deves.” – O companheiro, lançando-se-lhe aos pés, o conjurava, dizendo: “Tem um pouco de paciência e eu te pagarei tudo: – Mas o outro não quis escutá-lo; foi-se e o mandou prender, para tê-lo preso até pagar o que lhe devia. Os outros servidores, seus companheiros, vendo o que se passava, foram, extremamente aflitos, e informaram o senhor de tudo o que acontecera.– Então, o senhor, tendo mandado vir à sua presença aquele servidor, lhe disse: “Mau servo, eu te havia perdoado tudo o que me devias, porque mo pediste. – Não estavas desde então no dever de também ter piedade do teu companheiro, como eu tivera de ti?” E o senhor, tomado de cólera, o entregou aos verdugos, para que o tivessem, até que ele pagasse tudo o que devia. É assim que meu Pai, que está no céu, vos tratará, se não perdoardes, do fundo do coração, as faltas que vossos irmãos houverem cometido contra cada um de vós. (S. MATEUS, 18:23 a 35.)

Comentário Nestório era um homem bom, íntegro, cristão desde a infância. No entanto, muito sofreu. Feito escravo, sofreu por muito tempo até que Alba lhe libertasse. Permaneceu fiel ao Cristo e isto lhe custou a prisão e a morte. Se olharmos apenas a vida de Nestório, parece-nos uma morte injusta. Mas ele mesmo afirma que se Deus permite, sua morte deve ser útil e justa. Ao olharmos o Evangelho Segundo o Espiritismo e a parábola do mau servo, recordaremos de Públio Lentulus, vida anterior do escravo Nestório, em que, como senador romano, agiu com cólera em muitas e muitas ocasiões. Não tenhamos, assim, receio das dores, lutas e adversidades que nos encontram no decorrer da vida, tenhamos a certeza de que são úteis e justas, sob a perspectiva das muitas vidas. Recordemos que, Deus é misericordioso e que nossa dívida é imensa.

Trecho do livro 50 anos depois – 4 (cap.1 da segunda parte, pg.143) Todavia, fez o propósito íntimo de não deixar transparecer as suas dúvidas e inquietações. O coração de filha recusava-se a crer na falência materna, mas, mesmo assim, raciocinava no seu foro cristão que, se Alba Lucínia prevaricasse algum dia, seria chegado o momento de, como filha, testemunhar-lhe o mais santificado amor, com as sublimes demonstrações de uma RENÚNCIA suprema. Cap. XI do Evangelho Segundo o Espiritismo – item 4 “Amar o próximo como a si mesmo: fazer pelos outros o que quereríamos que os outros fizessem por nós”, é a expressão mais completa da caridade, porque resume todos os deveres do homem para com o próximo. Não podemos encontrar guia mais seguro, a tal respeito, que tomar para padrão, do que devemos fazer aos outros, aquilo que para nós desejamos. Com que direito exigiríamos dos nossos semelhantes melhor proceder, mais indulgência, mais benevolência e devotamento para conosco, do que os temos para com eles? A prática dessas máximas tende à destruição do egoísmo. Quando as adotarem para regra de conduta e para base de suas instituições, os homens compreenderão a verdadeira fraternidade e farão que entre eles reinem a paz e a justiça. Não mais haverá ódios, nem dissensões, mas, tão-somente, união, concórdia e benevolência mútua. Comentário Ao tempo de Célia, ter um filho fora do casamento era motivo de desonra, punida com a morte. Mesmo sabendo que sua vida estaria em jogo, Célia decidiu sacrificar-se pela mãe. Foi indulgente, benevolente, amou acima de qualquer outro sentimento. Exemplificou todo o amor que sentia, tornando-se um exemplo sublime de alguém que entendeu a mensagem do Cristo, renunciou a si mesmo e tomou sua cruz.

Trecho do livro 50 anos depois – 5 (cap. 1 da segunda parte, pg.148) “Tu que me levaste ao Evangelho, deverás recordar que Jesus afirmava-se como remédio dos enfermos e pecadores . . . Sua palavra misericordiosa não vinha para os sãos, mas para os doentes, e as mãos para salvar as ovelhas tresmalhadas do seu aprisco divino... Não temas a RENÚNCIA ou o sacrifício de todos os bens do mundo. . . A dor é o preço sagrado de nossa redenção... Se Deus apiedar-se de minha indigência espiritual, virei do mistério do túmulo para te fortalecer com o meu amor, se tanto for preciso. . .” Cap. XI do Evangelho Segundo o Espiritismo – item 5 Os fariseus, tendo-se retirado, entenderam-se entre si para enredá-lo com as suas próprias palavras. – Mandaram então seus discípulos, em companhia dos herodianos, dizer-lhe: Mestre, sabemos que és veraz e que ensinas o caminho de Deus pela verdade, sem levares em conta a quem quer que seja, porque, nos homens, não consideras as pessoas. – Dize-nos, pois, qual a tua

opinião sobre isto: É-nós permitido pagar ou deixar de pagar a César o tributo? Jesus, porém, que lhes conhecia a malícia, respondeu: Hipócritas, por que me tentais? Apresentai-me uma das moedas que se dão em pagamento do tributo. E, tendo-lhe eles apresentado um denário, perguntou Jesus: De quem são esta imagem e esta inscrição? – De César, responderam eles. Então, observou-lhes Jesus: Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Ouvindo-o falar dessa maneira, admiraram-se eles da sua resposta e, deixando-o, se retiraram. (S. MATEUS, 22:15 a 22; S. MARCOS, 12:13 a 17.) Comentário Cnéio Lúcio despede-se de Célia, incentivando-a a suportar as dores e lutas do mundo, lembrando-a que Jesus veio para os sofredores e necessitados. Qual a ligação deste texto com o trecho do Evangelho? A primeira vista, parecem textos distintos, não? Certamente a fala de Cnéio Lucius fala de coisas espirituais, porém, nós muitas vezes confundimos lições que se distinguem. Jesus disse daí a César o que é de César, que significa respeitar as regras da sociedade em que se está inserido, pagar os tributos corretamente, ainda que os achemos injustos e que exista muita corrupção. Se entendermos que Jesus veio para salvar justamente as pessoas que roubam, são corruptas, mentem, enganam, se entendermos que são doentes da alma, saberemos diferenciar as lições também em nossas vidas, depositando as nossas esperanças em tempo futuro e confiando na justiça de Deus. Que eram justamente as advertências de Cnéio Lucia fazia a Célia. Busquemos o consolo e a paz no amor que o Cristo nos encaminha, na paz que os benfeitores espirituais querem nos ofertar quando a eles recorremos com sinceridade. Falhamos em atribuir as benesses materiais as nossas melhores energias. Somos rápidos em tecer argumentos que nos aliviam a consciência, ao menos temporariamente, enquanto mentimos a nós mesmos, eis que as alegrias de hoje, deste mundo passageiro, de nada aproveitam ao espírito que é imortal.

Trecho do livro 50 anos depois – 6 (cap. 2 da segunda parte, pg.165 ) “– Levando as suas lembranças ainda mais longe, recordou a exortação nas vésperas do sacrifício, quando afirmara que a melhor RENÚNCIA por Jesus não era propriamente a da morte, mas a do testemunho que o crente fornece com os exemplos da sua vida. Depois, a figura do avô surgiu, espontânea, em sua mente. Parecia-lhe que Cneio voltava do túmulo para recomendar-lhe, mais uma vez, a tranquilidade do pai e a ventura da mãe, nas provas aspérrimas...” Cap. XI do Evangelho Segundo o Espiritismo – item 6 A questão proposta a Jesus era motivada pela circunstância de que os judeus, abominando o tributo que os romanos lhes impunham, haviam feito do pagamento desse tributo uma questão religiosa. Numeroso partido se fundara contra o imposto. O pagamento deste constituía, pois, entre eles, uma irritante questão de atualidade, sem o que nenhum senso teria a pergunta feita a Jesus: “É-nos lícito pagar ou deixar de pagar a César o tributo?” Havia nessa pergunta uma armadilha. Contavam os que a formularam poder, conforme a resposta, excitar contra ele a

autoridade romana, ou os judeus dissidentes. Mas “Jesus, que lhes conhecia a malícia”, contornou a dificuldade, dando-lhes uma lição de justiça, com o dizer que a cada um seja dado o que lhe é devido. (Veja-se, na “Introdução”, o artigo: Publicanos.) Comentário Célia, enfrentando duras provas, recorda-se da fala de Nestório de que a grande renúncia é exemplificar em vida os ensinos de Jesus. Os fariseus estavam testando Jesus pois haviam usado os ensinos dos Profetas para criar uma religião que escondia seus interesses pessoais. Em nossos dias, não obstante a sinceridade de muitos em buscar a lei divina, sabe-se que muitas e muitas vezes as religiões tem sucumbido a interesses inferiores. Tal fato se dá exatamente por que se esquecem do valoroso conselho que Nestório deu a Célia – antes de tudo é preciso exemplificar. Ou, na frase que corre nas redes sociais – sejamos nós a mudança que queremos no mundo.

Trecho do livro 50 anos depois – 7 ((cap.3 da segunda parte, pg.192 ) “- Célia - sussurrou o Espírito carinhoso e benfazejo - Deus te abençoe nas tormentas aspérrimas da vida material !... Feliz de ti, que elegeste o sacrifício, como se houvesses recebido uma determinação grata do Mestre!... Não desfaleças nas horas mais amargas, pois entre as flores do Céu há quem te acompanhe os sofrimentos, fortalecendo as fibras do teu espírito desterrado! Jamais te suponhas abandonada, porquanto, do Além, nós te estendemos mãos fraternas. Todas as dores, filhinha, passam como a vertigem dos relâmpagos ou como os véus da neblina desfeitos ao Sol... Só a alegria é perene, só a alegria alcança a eternidade. Realizandonos interiormente para Deus, nós compreendemos que todos os sofrimentos são vésperas divinas do júbilo espiritual nos planos da verdadeira vida! Conhecemos a intensidade dos teus padecimentos, mas, coerente com a tua fé conserva o pensamento sempre puro! Crendo sacrificar-te por tua mãe, estás cumprindo uma das mais formosas missões de caridade e de amor, aos olhos do Cordeiro... Jamais agasalhes a idéia de que o sentimento materno se houvesse desviado algum dia do código da lealdade e da virtude doméstica, mas recebe todos os sofrimentos como elementos sagrados da tua própria redenção espiritual ! Tua mãe nunca faltou à fidelidade conjugal e o teu espírito de abnegação e RENÚNCIA receberá de Jesus a mais farta messe de bênçãos.” Cap. XI do Evangelho Segundo o Espiritismo – item 7 Esta sentença: “Dai a César o que é de César”, não deve, entretanto, ser entendida de modo restritivo e absoluto. Como em todos os ensinos de Jesus, há nela um princípio geral, resumido sob forma prática e usual e deduzido de uma circunstância particular. Esse princípio é consequente daquele segundo o qual devemos proceder para com os outros como queiramos que os outros procedam para conosco. Ele condena todo prejuízo material e moral que se possa causar a outrem, toda postergação de seus interesses. Prescreve o respeito aos direitos de cada um, como cada um deseja que se respeitem os seus. Estende-se mesmo aos deveres contraídos para com a família, a sociedade, a autoridade, tanto quanto para com os indivíduos em geral.

Comentário Seria a atitude de Célia um dever de todos os filhos que quisessem cumprir o mandamento de honrar pai e mãe? Olhamos a sua atitude e a admiramos, mas será que o Cristo também espera de nós este agir? E sendo assim, estamos prontos para honrar nossos pais em detrimento de nós mesmos? A sentença de “daí a César o que é de César” vai se ampliando, eis que ela decorre de um princípio maior: fazer aos outros o que gostaríamos que a nós fizessem. Uma mãe, ao gerar um filho, cuidar, alimentar, zelar por sua criação, não é merecedora dos maiores sacrifícios por parte deste filho, como Célia o fez? E, ainda que não seja um exemplo abnegado de mãe, não nos disse o Pai Celestial, ainda na lei mosaica, para honrarmos nossos pais? A reflexão é importante e oportuna. Que saibamos aproveitá-la. Deixemos Célia ser muito mais do que alguém que admiramos, permitamos que ela nos inspire e que seu vivo exemplo nos transforme. Que a nossa vida seja motivo de alegria e contentamento aos nossos pais, pela dignidade de nossos atos e pela abnegação em reservar-lhes nosso amor, respeito e carinho. Daí a César apenas o que o é de César...quantas horas do dia destinamos à aquisição de benesses materiais? Todo o nosso tesouro, chamado tempo, bem que se esgota e é insubstituível, está sendo empregada em dar a César mais do que lhe é devido? Equilibremos nosso viver.

Trecho do livro 50 anos depois – 8 (cap. 3 da segunda parte, pg.193) “Teu sacrifício, filhinha, há-de ser para todo o sempre um marco renovador de nossas energias espirituais no grande movimento das reencarnações sucessivas, em busca do amor e da sabedoria! Ampliando os meus recursos para regressar às lutas terrestres, abençoo a tua dor, porque a tua RENÚNCIA é grande e meritória aos olhos de Jesus.” Cap. XI do Evangelho Segundo o Espiritismo – item 8 O amor resume a doutrina de Jesus toda inteira, visto que esse é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso feito. Em sua origem, o homem só tem instintos; quando mais avançado e corrompido, só tem sensações; quando instruído e depurado, tem sentimentos. E o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu ardente foco todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas. A lei de amor substitui a personalidade pela fusão dos seres; extingue as misérias sociais. Ditoso aquele que, ultrapassando a sua humanidade, ama com amplo amor os seus irmãos em sofrimento! ditoso aquele que ama, pois não conhece a miséria da alma, nem a do corpo. Tem ligeiros os pés e vive como que transportado, fora de si mesmo. Quando Jesus pronunciou a divina palavra – amor, os povos sobressaltaram-se e os mártires, ébrios de esperança, desceram ao circo. (…) Os instintos são a germinação e os embriões do sentimento; trazem consigo o progresso, como a glande encerra em si o carvalho, e os seres menos adiantados são os que, emergindo pouco a pouco de suas

crisálidas, se conservam escravizados aos instintos. O Espírito precisa ser cultivado, como um campo. Toda a riqueza futura depende do labor atual, que vos granjeará muito mais do que bens terrenos: a elevação gloriosa. É então que, compreendendo a lei de amor que liga todos os seres, buscareis nela os gozos suavíssimos da alma, prelúdios das alegrias celestes. – Lázaro. (Paris, 1862.)

Comentário Cnéio Lúcio, em espírito, diz a Célia que seu sacrifício será um “marco renovador de nossas energias espirituais no grande movimento das reencarnações sucessivas”. Marco de amor!! E o trecho do Evangelho Segundo o Espiritismo, nos fala justamente desta trajetória do espírito, que no começo é apenas instinto, engana-se com as sensações e depura-se, quando granjeia sentimentos. Eis o amor, caminho único para a redenção da humanidade. Queremos evangelizar? Queremos levar o evangelho de Jesus a muitos corações? Estejamos aptos a amar. Amar aos nossos familiares, aos nossos colegas de trabalho, ao vizinho, ao próximo.

Trecho do livro 50 anos depois – 9 (cap. 4 da segunda parte, pg.200) “Dentro da nossa comunidade de homens sinceros e crentes, desprendidos dos bens materiais, fizemos voto solene de RENÚNCIA a todas as regalias efêmeras da Terra, a todas as suas alegrias, de modo a nos unirmos ao Senhor e Mestre com a compreensão clara e profunda da sua doutrina.” Cap. XI do Evangelho Segundo o Espiritismo – trecho do item 9 Disse Jesus: “Amai o vosso próximo como a vós mesmos.” Ora, qual o limite com relação ao próximo? Será a família, a seita, a nação? Não; é a Humanidade inteira. Nos mundos superiores, o amor recíproco é que harmoniza e dirige os Espíritos adiantados que os habitam, e o vosso planeta, destinado a realizar em breve sensível progresso, verá seus habitantes, em virtude da transformação social por que passará, a praticar essa lei sublime, reflexo da Divindade. Comentário Não bastou Célia sacrificar-se pela mãe. Sua vida seguiria em exemplos sublimes de abnegação e renúncia. Adentrava, então, em nova fase, agora no mosteiro, passando por homem em decorrência das convenções da época, em que uma mulher em suas condições dificilmente sobreviveria de forma honesta e honrada. Lá também amou a todos como amava a sua família, acolhendo-os como irmãos não de sangue, mas filhos do mesmo Pai Celestial. Célia exemplificou-nos que é preciso amar a humanidade inteira.

Trecho do livro 50 anos depois – 10 (cap. 4 da segunda parte, pg.211)

Se as mãos sábias e justas de Deus me fizeram regressar aos planos invisíveis, regozijemo-nos no Senhor, pois todos os sofrimentos são premissas de uma ventura excelsa e imortal! Não te entregues ao desalento, porque, antigamente, Célia, meu espírito se tingiu de luto quase perene, no fausto de um tirano! Enquanto brilhavas no Alto como um astro de amor para o meu coração cruel, decretava eu a miséria e o assassínio! Abusando da autoridade e do poder, da cultura e da confiança alheias, não trepidei em destruir esperanças cariciosas, espalhando o crime, a ruína e a desolação em lares indefesos! Fui quase um réprobo, se não contasse com o teu espírito de RENÚNCIA e dedicação ilimitadas! Ao passo que eu descia, degrau a degrau, a escada abominável do crime, no pretérito longínquo e doloroso, teu coração amoroso e leal rogava ao Senhor do Universo a possibilidade do sacrifício!...” Cap. XI do Evangelho Segundo o Espiritismo – trecho do item 10 Meus caros condiscípulos, os Espíritos aqui presentes vos dizem, por meu intermédio: “Amai muito, a fim de serdes amados.” É tão justo esse pensamento, que nele encontrareis tudo o que consola e abranda as penas de cada dia; ou melhor: pondo em prática esse sábio conselho, elevar-vos-eis de tal modo acima da matéria que vos espiritualizareis antes de deixardes o invólucro terrestre. Havendo os estudos espíritas desenvolvido em vós a compreensão do futuro, uma certeza tendes: a de caminhardes para Deus, vendo realizadas todas as promessas que correspondem às aspirações de vossa alma. Por isso, deveis elevar-vos bem alto para julgardes sem as constrições da matéria, e não condenardes o vosso próximo sem terdes dirigido a Deus o pensamento. Comentário Célia continua sua jornada de lutas e duras provas, mas neste caminhar recebe amparo e valorosos conselhos, assistida pelos espíritos superiores e por seus afetos familiares, seu avô e Ciro. Neste trecho, é Ciro quem lhe chama a prosseguir, a não desanimar nem se entristecer. Esta também é a mensagem do Evangelho, se a vida nos é dura, se estamos distantes dos amados de nossa alma, encontremos no amor ao próximo a grande alegria da jornada. Estamos em fase de esquecimento, encarnados, exiladas no carne, assim, desconhecendo o nosso passado, temos a oportunidade de agir corretamente, destituídos de culpas ou mágoas de outrora, convida-nos o Pai Celestial a amarmos e a encontrá-lo neste caminhar.

Trecho do livro 50 anos depois – 11 (cap. 4 da segunda parte, pg.211) E, sem medir as trevas agressivas e pavorosas que me cercavam, desceste ao cárcere de minhas impenitências!... Espalhaste em torno da minha miséria o aroma sublime da RENÚNCIA santificante e eu acordei para os caminhos da regeneração e da piedade! Tomaste-me das mãos, como se o fizesses a uma criança desventurada, e ensinaste-me a erguê-las para o Alto, implorando a proteção e misericórdia divinas! Já de alguns séculos teu espírito me acompanha com as dedicações santificadas e supremas! É que as almas gêmeas preferem chegar juntas às regiões sublimes da Paz e da Sabedoria, e, dentro do teu amor desvelado e compassivo, não hesitaste em me estender as mãos dedicadas e generosas, como estrela que renunciasse às belezas do céu para salvar um verme atolado num pântano, em noite de trevas perenes.

Cap. XI do Evangelho Segundo o Espiritismo – item 11 O egoísmo, chaga da Humanidade, tem que desaparecer da Terra, a cujo progresso moral obsta. Ao Espiritismo está reservada a tarefa de fazê-la ascender na hierarquia dos mundos. O egoísmo é, pois, o alvo para o qual todos os verdadeiros crentes devem apontar suas armas, dirigir suas forças, sua coragem. Digo: coragem, porque dela muito mais necessita cada um para vencer-se a si mesmo, do que para vencer os outros. Que cada um, portanto, empregue todos os esforços a combatê-lo em si, certo de que esse monstro devorador de todas as inteligências, esse filho do orgulho é o causador de todas as misérias do mundo terreno. É a negação da caridade e, por conseguinte, o maior obstáculo à felicidade dos homens. Comentário No texto do livro 50 anos depois, o depoimento de Ciro, contando-nos sua queda em vidas passadas, e no Evangelho, a doutrina nos ensinando sobre a grande chaga da Humanidade. Textos que se unem para nos alertar e ensinar. Abandonemos as ações de egoísmo que ainda praticamos, busquemos reiteradamente a força do amor para dirigir nosso caminhar. Temos o exemplo de Ciro a nos alertar das dores e desenganos de quem pensa apenas em si e no seu bem estar. Urge que abdiquemos da vaidade, dos prazeres passageiros e nos dediquemos ao bem. Comecemos nas pequenas coisas do dia a dia, esta é nossa melhor escola. Olhemos nossos familiares e verifiquemos: eles se sentem amados? Quais são as minhas ações diárias que demonstram o meu amor por eles? Não basta dizer que se ama, em família, se não vivenciarmos o amor, nossas palavras serão vazias e repletas de dor e decepção. Célia aproveitou as oportunidades da vida para amar a todos, que ela nos inspire e nos auxilie a entender o caminho da vida.

Trecho do livro 50 anos depois – 12 (cap. 6 da segunda parte, pg.249 ) O sofrimento e a saudade como que lhe modelaram as feições angélicas porque, no semblante calmo, esbatia-se um traço indefinível de visão celestial... A vida de ascetismo, de abnegação e RENÚNCIA dera-lhe uma nova "facies" que deixava transparecer nos olhos, serenos e brilhantes, a pureza indefinível dos que se encontram prestes a atingir as claridades radiosas de outra vida. Cap. XI do Evangelho Segundo o Espiritismo – item 12 Se os homens se amassem com mútuo amor, mais bem praticada seria a caridade; mas, para isso, mister fora vos esforçásseis por largar essa couraça que vos cobre os corações, a fim de se tornarem eles mais sensíveis aos sofrimentos alheios. A rigidez mata os bons sentimentos; o Cristo jamais se escusava; não repelia aquele que o buscava, fosse quem fosse: socorria assim a mulher adúltera, como o criminoso; nunca temeu que a sua reputação sofresse por isso. Quando o tomareis por modelo de todas as vossas ações? Se na Terra a caridade reinasse, o mau não imperaria nela; fugiria envergonhado; ocultar-se-ia, visto que em toda parte se acharia deslocado. O mal então desapareceria, ficai bem certos.

Comentário Já não temos mais a doce Célia de outrora, o livro nos apresenta o Irmão Marinho, abnegado, sereno, puro. E no Evangelho encontramos o roteiro que levou Célia a erguer-se hoje aos nossos olhos como um exemplo de luz e retidão. A caridade! Paulo o disse, sem amor nada seria; Kardec deixou-nos como lema: “Fora da caridade não há salvação.” Ao estudar e caminhar por esta estrada, somos convidados a refletir que a caridade pressupõe a capacidade de renunciar. Estamos prontos?

Trecho do livro 50 anos depois – 13 (cap. 6 da segunda parte, pg.251) Em face da dor e do trabalho, no porvir que se aproxima, seu coração amará todos os detalhes da luta redentora. Saberá prezar no trabalho ingente e doloroso os recursos sagrados da sua elevação para Deus, reconhecendo a grandeza do esforço, da RENÚNCIA e do sacrifício!... Cap. XI do Evangelho Segundo o Espiritismo – item 13 Disse-vos, não há muito, meus caros filhos, que a caridade, sem a fé, não basta para manter entre os homens uma ordem social capaz de os tornar felizes. Pudera ter dito que a caridade é impossível sem a fé. Na verdade, impulsos generosos se vos depararão, mesmo entre os que nenhuma religião têm; porém, essa caridade austera, que só com abnegação se pratica, com um constante sacrifício de todo interesse egoístico, somente a fé pode inspirá-la, porquanto só ela dá se possa carregar com coragem e perseverança a cruz da vida terrena. Comentário Célia é exemplo de amor, caridade, renúncia e suas ações estão alicerçadas em sua fé. Fé é um pensamento/sentimento, é um querer que não se explica, um acreditar que não se justifica. A fé incomoda a razão, quando esta é rígida, dura, porém, a ela se irmana quando a razão se flexibiliza, constatando que há muita razão no amor, há muita paz e alegria na vida com o Cristo. Assim, queridos amigos, a fé nos distingue e nos impulsiona, caminhamos com direção, sabemos que além, muito além, há um mundo de paz que nos aguarda e do qual somos coautores, partícipes pela bondade Divina. Carreguemos a nossa cruz, sabendo que a fé a deixa leve.

Trecho do livro 50 anos depois – 14 (cap. 6 da segunda parte, pg.257) Se a vísseis, Irmão, no dia fatídico e doloroso, concordaríeis, certo, em que minha desventurada Célia era qual ovelha imaculada a caminhar para o sacrifício. Não poderei esquecer o seu olhar pungente, ao afastar-se do aprisco doméstico, ao segregar-se do santuário da família, honrado sempre pela sua alma de menina com os atos mais nobres de trabalho e RENÚNCIA! Recordando esses fatos, vejo-me qual tirano que, depois de se abandonar a toda sorte de crimes, andasse pelo mundo mendigando a própria justiça dos homens, de modo a experimentar o desejado alívio da consciência!

Cap. XI do Evangelho Segundo o Espiritismo – item 14 A verdadeira caridade constitui um dos mais sublimes ensinamentos que Deus deu ao mundo. Completa fraternidade deve existir entre os verdadeiros seguidores da sua doutrina. Deveis amar os desgraçados, os criminosos, como criaturas, que são, de Deus, às quais o perdão e a misericórdia serão concedidos, se se arrependerem, como também a vós, pelas faltas que cometeis contra sua Lei. Considerai que sois mais repreensíveis, mais culpados do que aqueles a quem negardes perdão e comiseração, pois, as mais das vezes, eles não conhecem Deus como o conheceis, e muito menos lhes será pedido do que a vós. Não julgueis, oh! não julgueis absolutamente, meus caros amigos, porquanto o juí zo que proferirdes ainda mais severamente vos será aplicado e precisais de indulgência para os pecados em que sem cessar incorreis. Ignorais que há muitas ações que são crimes aos olhos do Deus de pureza e que o mundo nem sequer como faltas leves considera? A verdadeira caridade não consiste apenas na esmola que dais, nem, mesmo, nas palavras de consolação que lhe aditeis. Não, não é apenas isso o que Deus exige de vós. A caridade sublime, que Jesus ensinou, também consiste na benevolência de que useis sempre e em todas as coisas para com o vosso próximo. Podeis ainda exercitar essa virtude sublime com relação a seres para os quais nenhuma utilidade terão as vossas esmolas, mas que algumas palavras de consolo, de encorajamento, de amor, conduzirão ao Senhor supremo. Comentário Helvídio Lucius encontra o Irmão Marinho, sem o saber que estava diante de sua amada filha, confessa-lhe as faltas de outrora. Célia poderia ter-lhe abraçado no primeiro encontro, mas que dor seria para o pai, reconhecer todas as dores e infortúnios que sua intransigência causara. Renuncia ao direito de filha, e aconselha a trilhar os caminhos da caridade, angariando tesouros para a alma, Helvídio estaria melhor preparado para descobrir toda a verdade e não assolar-se na culpa. Eis, então, o evangelho nos falando da caridade, que raramente entendemos em sua profundidade. A teoria e a prática se unem nestes itens, neste estudo que Jesus nos permite realizar. O evangelho nos recomenda a não julgar, mas estender a mão e auxiliar. Célia exemplifica, ensina, vive.

Trecho do livro 50 anos depois – 15 (cap. 7 da segunda parte, pg.279) - Sim, meus filhos - ponderava o experiente e generoso Cneio Lucius -, precisamos amar muito ! Somente com a RENÚNCIA sincera poderemos alcançar o reino de luz, prometido pelo Salvador. Entre todos os que ficarão sob a nossa responsabilidade, no porvir, uma alma existe, credora da nossa compaixão mais profunda!.. Cap. XI do Evangelho Segundo o Espiritismo – item 15

Questão muito grave é esta e que naturalmente se pode apresentar ao espírito. Responderei, na conformidade do meu adiantamento moral, pois o de que se trata é de saber se se deve expor a vida, mesmo por um malfeitor. O devotamento é cego; socorre-se um inimigo; deve-se, portanto, socorrer o inimigo da sociedade, a um malfeitor, em suma. Julgais que será somente à morte que, em tal caso, se corre a arrancar o desgraçado? É, talvez, a toda a sua vida passada. Imaginai, com efeito, que, nos rápidos instantes que lhe arrebatam os derradeiros alentos de vida, o homem perdido volve ao seu passado, ou que, antes, este se ergue diante dele. A morte, quiçá, lhe chega cedo demais; a reencarnação poderá vir a ser-lhe terrível. Lançai-vos, então, ó homens; lançai-vos todos vós a quem a ciência espírita esclareceu; lançai-vos, arrancai-o à sua condenação e, talvez, esse homem, que teria morrido a blasfemar, se atirará nos vossos braços. Todavia, não tendes que indagar se o fará, ou não; socorrei-o, porquanto, salvando-o, obedeceis a essa voz do coração, que vos diz: “Podes salvá-lo, salva-o!” Comentário O último item de nossa estrada é um convite a um novo caminhar. Reúnem-se no mundo espiritual os personagens do livro, planejando nova encarnação. Recordam-se de Cláudia, que sofria nas regiões inferiores. E Evangelho nos traz lição impactante, pergunta Kardec aos espíritos se devemos socorrer a uma malfeitor. Recordemos de Célia, que das esferas de luz onde residia, veio em socorro de Ciro, que se reconhece como espírito que muito errou. Veio também por seu pai e por tantos outros. Agora, após serem assistidos, o convite é que também aprendam a amar, a semear o bem, aprendam a renunciar. E respondem os espíritos: “ podes salvá-lo, salva-o!”

Seja para nós outros, o estudo a ferramenta que promove o despertar do espírito para as verdades imorredouras do Evangelho do Cristo. Queremos um mundo de amor, paz, alegria e Jesus nos convida a participarmos de sua construção. Reconhecemos, porém, que amar ao próximo como a si mesmo, implica em estar disposto a trilhar a estrada da RENÚNCIA. Sigamos em paz, com Jesus. Campo Grande-MS, 10.01.2016.

Abraços fraternos Candice Günther

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