A Excelência de Apolonio de Rodes na Poética Clássica

July 8, 2017 | Autor: Diego Perez | Categoria: Literature
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A EXCELÊNCIA DE APOLÔNIO DE RODES NA POETICA CLÁSSICA


Diego C. PEREZ


O poeta helenista Apolônio de Rodes, que tem a Argonautica como sua maior obra em que transcreve as aventuras de Jasão e os Argonautas na busca pelo Velo de Ouro, um dos mitos mais antigos da Grécia para uma epopéia de grande complexidade. No entanto, tal autor não possui hoje a relevância merecida nos Estudos Clássicos, mesmo tendo sido uma figura importante na antiguidade, servindo como influência para importantes poetas vindouros.
Não se sabe exatamente o local de origem do poeta, mas certamente que iniciou sua carreira em Alexandria, onde pode ter sido aluno de Calímaco. Ali teria apresentado uma primeira versão da Argonautica, porém sofreu uma grande crítica negativa. Humilhado, se mudou para a ilha de Rodes, onde reformulou sua produção e ganhou prestígio, assim, talvez explicando sua alcunha. Ao voltar para Alexandria, segundo historiadores, a repercussão de sua obra foi tamanha que o helenista chegou a dirigir a biblioteca da cidade.
Estudiosos da literatura clássica sempre colocam Apolônio como um dos maiores poetas helenistas e o único a escrever uma epopéia memorável no seu tempo. Com clara herança homérica, a Argonautica não é apenas uma reprodução estilística. Utilizando da imitação criativa e elementos da poesia que iam até a sua época, ele criou uma nova epopéia, mais erudita e complexa a qual se baseava.
As características que mais chamam a atenção na épica é primeiramente o seu tamanho reduzido, possuindo menos de 6000 linhas comparado a Iliada que tem mais de 15000. Pode se concluir que essa peculiaridade tenha sido influência de Calímaco, que a tradição biográfica considera como professor de Apolônio e rejeitava o estilo extenso das obras arcaicas. Em segundo lugar é a maneira brilhante que o poeta lida com as símiles homéricas. Usando-as de maneira que engrandecem a obra, mas que não fazem o texto perder a personalidade própria que adquiriu. Outro aspecto vem do fato de que quando completou a obra, o poeta se encontrava em uma era onde o mito e os ciclos heróicos já não eram considerados história o que o faz prioridade para estudos nesse sentido.
O escritor também possuía outras produções menores, que ao que se sabe falavam entre outras coisas, da fundação de cidades e estudos filologicos, entretanto, esses escritos em sua grande maioria hoje se encontram fragmentados. A Argonautica chegou a nosso tempo em condições excepcionais, o que possibilita traduções mais diretas e uma perda menor de conteúdo, porém, ai começa os problemas da exclusão de Apolônio nos Estudos Clássicos. Hoje não existe uma preocupação para com o autor, o que acarreta problemas como a falta traduções recentes de qualidade, pesquisas literárias, trabalhos históricos além de vários outros materiais acadêmicos, mesmo provada sua excelência na poética clássica por tantas pessoas capacitadas a fazerem esse julgamento.
Outro ponto importante a ser citado é que essa falta de difusão da Argonautica não a permite ser analisada e discutida com um aprofundamento maior, como acontece com as produções homéricas e a Eneida, por exemplo.
Não existe um motivo aparente para esse efeito de desvalorização, mas por problemas de tempo e espaço infelizmente não poderei entrar em mais detalhes sem me comprometer com a verdade. Entretanto, é importante ressaltar que Apolônio era um autor de relevância na era clássica, influenciando outros poetas como, dentre outros Aristéneto e Virgílio.
Para finalizar essa dissertação, primeiramente deixo minhas condolências a esse escritor que desconhecidos para muitos, não deveria estar marginalizado na das disciplinas voltada ao mundo antigo. E proponho uma abrangência maior nos Estudos Clássicos com Apolônio de Rodes e sua obra que é de tamanha importância e qualidade.


Referência Bibliográfica.


LESKY, Albin. História da Literatura Grega. Tradução de Manuel Losa, S.J. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1995.
BEYE, Charles Rowan, Epic and Romance in the Argonautica of Apollonius. Foreword by John Gardner. Carbondale and Edwardsville: Southern Illinois University Press, 1982.
VIEIRA, L. M. Ruptura e Continuidade em Apolônio de Rodes: Os Símiles nas Argonauticas I. Belo Horizonte. Faculdade de Letras da UFMG, 2006.
WIKIPEDIA CONTRIBUTORS. Argonautica. Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Argonautica. Acessado em: 12 de maio de 2010.





Graduando em Letras pela Universidade Federal de Viçosa.
A Antiga Biblioteca de Alexandria foi uma das maiores bibliotecas e mais significativas do mundo antigo.
Tempo relativo entre Homero e Nono.
A filologia é a ciência que estuda uma língua, literatura, cultura ou civilização sob uma visão histórica, a partir de documentos escritos.
Seguindo a esquematização do professor responsável.

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