A experiência de atualização do autocuidado em pessoas idosas com Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) que vivem em suas casas:’Sinto que vou sufocar’ (2014)

Introdução: O autocuidado corresponde ao desempenho de práticas que as pessoas realizam com o objetivo de cuidarem de si. A atualização destas práticas durante o envelhecimento é uma forma de responder às necessidades que surgem, no sentido de manter a vida, a saúde e o bem-estar e garantir integridade. Esta comunicação surge dos trabalhos desenvolvidos no Doutoramento em Enfermagem, cuja temática central é a experiência de reconstrução da identidade pessoal a partir do autocuidado em idosos com DPOC. Objetivos: Compreender a experiência de atualização do autocuidado em pessoas idosas com DPOC que vivem em suas casas. Metodologia: Trata-se dum estudo de abordagem fenomenológica-hermenêutica, que se baseou na análise de 16 narrativas de pessoas idosas com DPOC que vivem em suas casas, obtidas por entrevistas em profundidade. A análise de conteúdo das narrativas socorreu-se da teoria da interpretação de Paul Ricoeur, segundo as etapas de compreensão ingénua, análise estrutural e compreensão abrangente. Resultados: Da análise das narrativas destaca-se o tema Sentir a vida Sufocada. Os participantes mostram um mundovivido completamente modificado pelas mudanças que a DPOC imprimiu no corpo. A vida fica impedida de prosseguir livremente o seu curso pelas limitações que a doença imprime no movimento do corpo e na concretização de ações de cuidado quotidiano. Neste tema fica evidente a valorização de mudanças no corpo, no espaço, e no corpo em relação com os outros e com o espaço. A experiência de atualização do autocuidado passa pela clarificação da perceção do corpo e pelo tornar-se familiar com o corpo cansado (sub-tema1), pela restrição de movimento ao espaço-casa (sub-tema2) e pela construção de padrões dialéticos de perda e de composição de relações com os outros (sub-tema3). Conclusões: A experiência de atualização do autocuidado em pessoas idosas com DPOC que vivem em suas casas pressupõe um Sentir, exige a consciência dos sinais do corpo e da relação do corpo com o mundo onde este está inserido. Este sentir possibilita a integração do vivido, o que conduz à reconstrução da identidade pessoal. O reconhecimento do corpo vivido como um elemento relevante na redefinição da identidade pessoal do idoso com DPOC reforça a necessidade de atender ao Ser holístico no cuidar em enfermagem. Palavras-chave: autocuidado; doença pulmonar obstrutiva crónica; idoso; identidade pessoal; corpo; espaço-casa; enfermagem; fenomenologia. Referências bibliográficas: Orem, D. (2001). Nursing: Concepts of practice. (6th ed.). St. Louis, USA: Mosby. Ricoeur, P. (1990). O si mesmo como um outro. Campinas, Brasil: Papirus. Ricoeur, P. (2009). Teoria da interpretação: O discurso e o excesso de significação. Lisboa, Portugal: Edições 70. Soderhamn, O. (2013). Phenomenological perspectives on self-care in aging. Clinical Intervention in Aging, 8, 605-608.