A experiência organizativa do Fórum de Assistentes e Psicólogos do TJES: análise ético-política dos dez anos de (re)construção e resistência.

June 30, 2017 | Autor: Emilly Tenorio | Categoria: Psicología, Serviço Social
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A  experiência  organizativa  do  Fórum  de  Assistentes  e  Psicólogos  do  TJES:  análise  ético­política dos dez anos de (re)construção e resistência.     Eixo: Gestão do trabalho    Ana Paula Brito Mozer1  Emilly Marques Tenorio2  Fernanda Pinheiro de Oliveira Rubim3  Maria Augusta Destefani Pancoto4  Maria Helena de Paula5    Resumo    O  presente  artigo  tem  por   objetivo  ​ abordar  a  organização  coletiva  e  política  dos  assistentes  sociais  e  psicólogos  do  Tribunal  de  Justiça  do  Estado  do  Espírito  Santo  (TJES)  e  analisar  seu  alinhamento  com o direcionamento ético­político firmado pelas referidas categorias profissionais.  Consideramos, mediante os elementos históricos  e teóricos apresentados que a constituição de  um  espaço  coletivo  como  o  FASP,  coaduna  com  os  projetos  profissionais  delineados  e  legitimados  pelas  categorias.  Destacamos  ​ significativas  conquistas  dos  últimos dez anos e reafirmamos que o  presente  espaço  está  em  constante  construção  diante  das  diversas  demandas  que  aparecem,  mas  configura­se  como   uma  estratégia  de  resistência  coletiva  e  construção  da  auto­imagem  profissional dentro do TJES.   Palavras­chave:  organização  coletiva,  projeto  ético­político,  Serviço  Social,  Psicologia,  Judiciário.     ​ Assistente  Social  do  TJES.  Especialista  em   Serviço  Social:  Direitos  Sociais  e  Competências  Profissionais  pela  Universidade  de  Brasília.  Atua  na  Central  de  Apoio  Multidisciplinar  de   Cachoeiro  de  Itapemirim.  Integra  a  Secretaria  Financeira   do  FASP  (Gestão  2014/2015).  É  Conselheira  Suplente  do  CRESS­ES  (Gestão  2014/2017).  [email protected] – (27) 98124­7287.  2  ​ Assistente  Social  do  TJES. Especialista  em  Gênero  e Sexualidade  pela  Universidade  Estadual  do Rio  de Janeiro e   mestranda  do  Programa  de  Política  Social   da  UFES.  Atua  na   Central  de  Apoio  Multidisciplinar   de  Guarapari.  Coordena  a  Comissão  temática  de  Violência  Domética  e   Familiar  contra  a  Mulher  do  FASP  (Gestão  2014/2015).   [email protected]  3   Psicóloga  do  TJES.  Psicóloga  do  TJES.  Pós­graduada  em  Análise  Institucional  e  Esquizoanálise  pela  UNIPAC  /  Instituto  Felix  Guattari  (2004),  mestra  em  Psicologia  Social  pela  Pontifícia  Universidade  Católica   de  Minas  Gerais(2009)  e  pós­graduada  em  Psicologia  Jurídica  pelo  Centro  Universitário  de  Araraquara.  Atua  na  3ª  Vara  de  Infância  e   Juventude  de  Vitória.  Integra  a  Secretaria  de  Comunicação  do  FASP  (Gestão  2014/2015).  [email protected]   4  ​ Assistente  Social  do  TJES.  Pós­graduada  em  Gestão  de  Políticas  Sociais  Públicas  Públicas  e  Privadas  pela  Faculdade  Salesiana  do  Espírito  Santo.  Atua  na  Central  de  Apoio  Multidisciplinar  de  Vitória.  Atualmente,  é  coordenadora do FASP (Gestão 2014/2015). [email protected]   5   Assistente  Social  do  TJES.  Atua   na  2ª  Vara  de  Infância  e   Juventude   de  Vitória.  Integra  a  Secretaria  de  Comunicação do FASP (Gestão 2014/2015).  [email protected]   1

1­​       ​ Introdução:     “Esse é tempo de partido, tempo de homens partidos (...)  As leis não bastam. Os lírios não nascem da lei”6 ​ . 

 

O  presente  artigo  tem  por   objetivo  analisar  a  organização  coletiva  e  política  dos  assistentes  sociais  e psicólogos do Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo (TJES) e o seu  alinhamento  com o direcionamento ético­político firmado pelas referidas categorias profissionais.  Tal  análise  é  referenciada  na  experiência  organizativa  desenvolvida  por  meio  do  Fórum  de  Assistentes  Sociais  e Psicólogos do Tribunal de Justiça do Espírito Santo  (FASP) e da articulação  com  os  movimentos  sociais  e  sindical,  do  qual  parte  dos  profissionais  da  psicologia e do serviço  social  do  TJES  faz  parte.   Pretende­se  ainda  identificar  os  elementos  disparadores  que  demandaram  a  organização  profissional  e  avaliar  as   possibilidades,  os  desafios  e  as  conquistas  alcançadas até os dias atuais.  A  atuação  das autoras deste artigo no FASP, a  partir do ano de 2012, a inserção na Gestão  deste  Fórum,  no  biênio  2014/2015,  e  os  consequentes  dilemas  e  experiências  construídas  nesse  espaço  coletivo  foram  importantes  motivadores  para  a  elaboração do presente artigo.  Destaca­se  nesse  sentido,  os  questionamentos  presentes  quanto  a  predominância  das  mobilizações  e  lutas  relacionadas  as  questões  de  caráter  técnico,  corporativista  e  salarial  em  relação  as   de  amplitude  política  e  de  reconhecimento  de  pertencimento  à  classe  trabalhadora.  Além  disso,  as  autoras  também  foram  impulsionadas  pelo  interesse  em  compreender  em  que  medida   as  demandas  originárias  ainda  se  fazem  presentes  no  cenário  atual  e  como  essa  forma de organização coletiva  se  mantém  há  10  anos,  mesmo   diante  do  contexto  sócio­político  de desmonte e enfraquecimento  dos movimentos de organização dos trabalhadores.  O  caminho  metodológico  foi  construído  a  partir da pesquisa qualitativa, mediante revisão  bibliográfica,  entrevistas  semi­estruturadas  e  pesquisa  documental  dos  registros  históricos  do  FASP.  Cabe  destacar  que  a  pesquisa  qualitativa  se  firma  na  intenção  de  se  extrair  sentido  aos  significados  que  os  outros atribuem  às suas experiências, baseado em suas perspectivas históricas  e  sociais  (CRESWELL,  2010).  Esse  método  “adequa­se  a  aprofundar  a   complexidade  de 

 ​ Todos  os  trechos  que  antecedem  cada  tópico  da  estrutura  do  artigo  são  do  poema  “Nosso  Tempo”  de  Carlos  Drummond de Andrade.  6

fenômenos,  fatos e processos particulares e específicos de grupos” (MINAYO; SANCHES, 1993,  p. 247).   O  Serviço  Social  e  a  Psicologia  possuem  referenciais  teóricos  distintos,  mas  com  perspectivas  complementares,  que  permitem  avaliar  este  espaço  de  organização.  Em  comum,  possuem  a  crítica  ao  sistema  capitalista  e  o  compromisso  político  com  a  defesa  dos  direitos  humanos  e  com  a  ampliação  da  democracia.  Além  disso,  ambos  partem  de  princípios  convergentes,  quando   afirmam  a  importância  de  uma  nova  sociabilidade  livre  de  opressões  e  permeada por modos de subjetivação mais autônomos.    A  lente  teórica  utilizada  pelas pesquisadoras do serviço social para embasar o artigo foi o  referencial  materialista­histórico  de  Marx,  pois  enquanto  método  propõe  a  abordagem  dialética  no  sentido  de  considerar  os  “contextos  históricos,  as  determinações  socioeconômicas  dos  fenômenos,  as  relações  sociais  de  produção  e  de  dominação   com  a  compreensão  das  representações sociais” (MINAYO, 2013​ , p.24).   A  pesquisadora  psicóloga  utilizou  as  concepções  de  Deleuze  (1976),   Guattari  (1996)  e  Foucault  (1984)  para  empreender  as  análises  destes  artigo.  Os  referidos  autores  propõem  a  imanência  entre  os  meios  de  produção  e  os  modos  de  subjetivação.  Para  estes  autores  a  subjetividade  não  é   determinada  pelo  social,  mas  tecida  por  micropoderes  em  conexão  com  processos  sociais,  culturais,  econômicos,  midiáticos,  ecológicos,  que  participam  de  sua  constituição e de seu funcionamento.  A  temática  mostra­se  relevante  em  função  do  direcionamento  político  assumido  hegemonicamente  pelo  Serviço  Social  e  pela  Psicologia,  das  exigências  e  desafios  postos   aos  referidos  profissionais  e  do  atual  contexto  de  crise  estrutural  do  capital,  de  significativas  mudanças  nas  diferentes  dimensões  da  vida  social  e  de  precarização  do  trabalho.  Nesse  sentido,  pretende­se  explicitar  e  fortalecer  a  história  de  organização  coletiva  e  política  desempenhada  pelos  profissionais  que  compõem  o  FASP,  assim  como  reafirmar  a  potência  da  mobilização,  da  construção  de  alianças  estratégicas  e  da  inserção  da  profissão  nas  lutas  sociais  como  relevante  estratégia de resistência e como possibilidade de transformação.   

 2­ Desenvolvimento     “E continuamos. É tempo de muletas.(...)mas ainda é tempo de viver e contar.  Certas histórias não se perderam”.   

A inserção de profissionais do Serviço Social no Tribunal de Justiça do Estado do Espírito  Santo  (TJES)  é  datada  a  partir  da  década  de  1950,  mediante  a  localização  e  atuação  de  profissionais  no  Juizado  de  Menor  da   Capital.  Nas  décadas  seguintes  há  um  processo  gradativo  de  ampliação  do  quantitativo  de  cargos  de  serviço  social,  contemplando  a   partir  da  década  de  noventa  as  Varas  da  Infância  e  Juventude  localizadas  nas  comarcas  do  interior do estado, a Vara  de  Execuções   Penais  de Vitória e o Centro de Serviços Sociais do Tribunal de Justiça  da comarca  da capital.  Em  1999  foi  realizado  o  primeiro  concurso  público  para  preenchimento  dos  cargos  de  serviço social e n​ o ano de 2000 foram empossadas 26 (vinte e seis) assistentes sociais, lotadas nas  Varas  da  Infância  e  Juventude  do  estado  e  na  Vara  de  Execuções  Penais  de  Vitória.  De  acordo  com  as  informações  obtidas  a  partir  das  entrevistas,  inicialmente  as  assistentes  sociais  vivenciaram  práticas  isoladas  em  seus  espaços  ocupacionais  e  ausentes  de  uma  articulação  contínua  que  proporcionasse  a  troca  de  experiências  e  o  aperfeiçoamento  do  trabalho  desenvolvido  nas  diferentes  áreas  de  atuação.  No  entanto,  os  desafios  enfrentados  no  cotidiano  profissional,  a  necessidade  de  ​ construção  d​ e  processos  de  trabalho,  a  ausência  de  clareza  da  instituição sobre as atribuições e possibilidades de intervenção do profissional de Serviço Social e  a  não  garantia  das  condições  éticas  e  técnicas  por  parte  do  PJES;  emergiram  a  necessidade  de  mobilização e articulação dessas assistentes sociais.  Desta  forma,  iniciou­se  um  processo  de  organização  coletiva  que  contemplava  principalmente  o  compartilhamento  de  práticas  e  experiências  profissionais,  discussões  sobre  as  condições  de  trabalho,   reconhecimento  e  consolidação  do  Serviço  Social  no  PJES  e  a  realização  de  ações  com  vistas  à  formação  continuada.  A  partir  dessa  organização  inicial,  os  profissionais  visualizaram  as  possibilidades  referentes  à  institucionalização  de  um  fórum   permanente  de  discussão,  enquanto  instrumento  de   congregação  e  direcionamento  das  demandas  apresentadas e  desafios  vivenciados  naquela  conjuntura  institucional.  Assim,  iniciou­se  o  Fórum  de  Assistentes 

Sociais  do  Poder  Judiciário  do  Espírito  Santo,  formalmente  instituído  e  integrado  a  estrutura  organizacional do TJES em maio de 2005, por meio da Resolução nº 18/2005.  O  Fórum  é  normatizado  por  Regimento Interno, se organiza mediante reuniões bimestrais  ou  extraordinárias,  quando  necessário,  e  dispõe  de  uma  Direção  Executiva,  composta  inicialmente  por  dois  membros  efetivos  intitulados  Coordenador  e  Secretário,  bem  como  seus  suplentes.  Conforme  os  registros  documentais,  o  Fórum  de  Assistentes  Sociais  iniciou­se  como  um:   ​ […]  espaço  organizativo   desta  categoria  profissional.  Tem  por  finalidade  o  debate  das  questões  vivenciadas  e  trabalhadas  pelos   assistentes sociais em suas diversas áreas de atuação, com  vistas ao  desenvolvimento  de projetos de intervenção, da constante avaliação   de  suas  rotinas  e  de  seus   procedimentos,  e  da  representação  dos  profissionais  de  Serviço   Social  em  sua  relação  com  a  instituição  (Material   Informativo   do  Fórum  de  Assistentes  Sociais,  2009,  p.  02) 

  Além  disso,  o  Fórum  de  Assistentes  Sociais  estruturava   sua  atuação  a  partir de três eixos  básicos:  1.  Discussão  da  prática  profissional  na  instituição  judiciária,  com  vista  à  capacitação  continuada  e  à  articulação  com os órgãos e instituições públicas e privadas que atuam na garantia  de  direitos;  2.  Melhoria  das   condições  e  organização  do  trabalho  do  assistente  social  na  instituição  judiciária;   3.   Representação  dos  profissionais  de  Serviço  Social em sua relação com a  instituição.  No  ano  de  2012,  ocorre  a  nomeação  de  assistentes  sociais  e  de  psicólogos,  estes   últimos  pela  primeira vez, inseridos mediantes concurso público, que foram lotados nas Varas de Infância  e  Juventude,  na  Coordenadoria  de  Serviços  Psicossociais e de Saúde (CSPS), Vara de Execuções  Penais  e  Medidas  Alternativas  (VEPEMA),  assim  como  nas  Centrais  de  Apoio  Multidisciplinar  das  Zonas  Judiciárias  (CAMs).  As  CAMs  foram  criadas  com  o  objetivo  de atenderem demandas  oriundas  das  Varas  de  Família  e  das  Varas  Especializadas  em  Violência  Doméstica  e  Familiar  contra  a  Mulher  e  no  interior  do  Estado,  também,  as  demandas  das  Varas  da   Infância  e  da  Juventude.  É  importante  mencionar  que  anteriormente  as  demandas  psicológicas  eram  atendidas  por  meio  de  servidores  com  formação  em  psicologia  em  desvio  de  função ou por psicólogos cedidos 

pelo  Poder  Executivo.  O  ingresso  mediante  concurso  público  representou  um  marco  histórico  para  a  categoria,  pois  mesmo  com  a  grande  demanda  de  trabalho  para  a  especialidade,  foi  a  primeira  vez  que   o   TJES  realizou  concurso  público  para  esse  cargo.  Seu  trabalho  ganhou  contornos diferenciados, marcado, sobretudo, pelas diversas demandas que passaram a atender.  Cabe  ressaltar  que  os   psicólogos  se  organizaram  internamente  para  analisar os problemas  institucionais  que  interferiam   no   seu  processo  de  trabalho  (precárias  condições  de  trabalho  em  alguns  espaços  de  atuação;  a  necessidade  de  nomeação  de  mais  profissionais  e  a  necessidade do  reordenamento  do  trabalho  nas  Centrais  de  Apoio  Multidisciplinar),  além  de  compartilharem  experiências  de  atuação  e  definirem  estratégias  referentes  ao  requerimento  de  regulamentação  e  concessão de Gratificação por Execução de Trabalho com Risco de Vida.  Esses  profissionais  produziram  documentos  levando  ao  conhecimento  do  chefe  do  PJES  os  diversos  fatores  que  dificultavam  a  prestação  do  serviço  jurisdicional  com  qualidade  no  Espírito  Santo.  Além  disso,  propuseram  a  sua   incorporação  ao  Fórum  de  Assistentes  Sociais  do  Poder  Judiciário do Espírito Santo, por compreenderem que grande parte dos dilemas  enfrentados  no  cotidiano  se  assemelhava  a  situação  vivenciada  também  pelos  assistentes  sociais.  Sendo  assim,  em  2012, os psicólogos se juntaram ao Fórum já constituído pelos Assistentes Sociais, que  foi  transformado  no  Fórum  de  Assistentes  Sociais  e  Psicólogos   do   Poder  Judiciário  do  Espírito  Santo (FASP).   Com  o  ingresso  de  novos  assistentes  sociais  e  a  posterior  integração  dos  psicólogos,  o  Fórum  de  Assistentes  Sociais  e  Psicólogos  do  PJES  (FASP)  experimenta  possibilidades  de  ampliação  da  sua  atuação,  oportunizadas  principalmente  pela  amplificação da Direção Executiva  e  instituição  das  Comissões  Temáticas  (Infância e Juventude, Família, Saúde e Trabalho, Penas e  Medidas  Alternativas  e  Violência  Doméstica e Familiar contra a Mulher), estabelecidas mediante  reformulação  do  Regimento  Interno,  publicado  no  Diário  da  Justiça  em  04  de  outubro  de  2013.  A  Direção  Executiva  passa  então  a  ser  composta  por  04  (quatro)  membros  efetivos  intitulados  Coordenador,  Secretário  Administrativo,  Secretário  de  Comunicação, Secretário Financeiro, bem  como  seus  suplentes;  enquanto  as  Comissões  Temáticas  são  coordenadas  por  01  (um)  assistente  social e 01 (um) psicólogo cada, com seus respectivos suplentes. 

A  partir  das  informações  constantes  no  arquivo documental do FASP, é possível sinalizar  sobre  as  formas  de   organização  e  as  principais  ações  desenvolvidas   nos  biênios7  2008/2009;  2010/2011; 2012/2013; e 2014/2015.  No  que  se  refere  à  organização  das  reuniões  ordinárias  e  extraordinárias,  no  período  referente  ao  biênio  2008/2009  essas  eram  estruturadas  com  vistas  a  discutir  e  deliberar  sobre  estratégias  coletivas  referentes  as questões enfrentadas pelas  assistentes sociais naquele momento  histórico.  No  segundo  ano  do  biênio  2010/2011  há   uma mudança na formatação dessas reuniões,  que  passaram  a  ser  divididas  em  dois  momentos,  um  destinado  as  discussões  de  caráter  administrativo  institucional  e  o  outro  as  discussões técnicas, principalmente por meio da troca de  experiências  e  apresentação  do  trabalho  desenvolvido pelas assistentes sociais em seus diferentes  locais  de  trabalho.  Essa  forma  de  organização  se  manteve  no  biênio  2012/2013,  sofrendo  alteração  no  final  de  2014  com  a  instituição  das  Comissões  Temáticas  e  organização  de  Grupos  de  Trabalho,  sendo  deliberado  ainda  sobre  a  priorização  das  discussões  técnicas.  No  biênio  2014/2015  essa  forma  de  organização  permanece,  porém com destaque e ampliação das ações de  formação  continuada  e  articulação  com  os  demais  atores  da  rede  de  atendimento  e  dos  movimentos sociais.  Quanto  ao  direcionamento  político  e  priorização  de  intervenção  por  parte  do  Fórum  no  período  de sua existência, podemos destacar no biênio 2008/2009 ações referentes  à realização de   momentos  de  formação  continuada,  participação  em  processos  decisórios  institucionais   relativos  ao  Serviço  Social  (com  destaque  na  elaboração  de  estudos  sobre  as  vagas  necessárias  para  o  concurso  público,  ocorrido  no  ano seguinte, 2010), reivindicação por adequações e melhorias das  condições  éticas  e   técnicas  para  o  exercício  profissional,  discussões  e  encaminhamento  de  questões  de  caráter  técnico,  bem  como  articulação  com  o  respectivo  conselho  profissional  e  atores  do  Sistema  de  Garantia de Direitos, Sistema de Justiça e entidade sindical. Dentre as ações  realizadas  neste  período,  acentuam­se  os  pleitos  relativos  às  melhorias  das  condições  éticas  e  técnicas do trabalho. 

 ​ No  que  se refere ao  período  de  2005  a  2007,  foram  identificadas  ações vinculadas à  capacitação profissional e  de  caráter  técnico,  dentre  elas  cita­se:   Curso  “Ética  em  Movimento”  em  parceria  com  o  CRESS,  Campanha  de   sensibilização à adoção e Seminário “Maioridade Penal e Exclusão Social”.   7

No  biênio  2010/2011  observa­se  dentre  outras,  o  predomínio  de  ações  ligadas  a  cursos  e  momentos  de  capacitação  profissional  e  também  daquelas  relacionadas  à  participação  em  processos  decisórios  institucionais,  com  ênfase  na  integração  na  Comissão  de  Implantação  e  Estruturação  das  Centrais   de  Apoio  Multidisciplinar  (CAM)  e  ​ de  articulações  políticas  e  institucionais​  relativas à reestruturação do Serviço Social do judiciário.   Nos  anos  subsequentes  ­  2012/2013­,  mantiveram­se  as  ações  relativas  à  qualificação  e  educação   permanente,  com  prevalência  nas  atividades  relacionadas  à  discussão  e  fomento  de   questões  éticas  e  técnicas  inerentes  ao  exercício  profissional  tanto  do  Serviço  Social  quanto  da  Psicologia.  Também  se  evidencia  a  continuidade  de  uma  atuação  canalizada  à  reivindicação  por   melhoria  nas  condições  de  trabalho,  articulação  com  os  movimentos  sociais,  bem  como  a  participação  na  organização  do  Encontro  dos  Profissionais  da  Área  Sociojurídica  do  Estado  do  Espírito Santo.8  Por  fim,  no  atual  biênio  2014/20159,  as ações empenham­se, principalmente, na formação  continuada,  no  pleito  de  condições  satisfatórias  e  dignas  de  trabalho,  na  intervenção  com  vistas  ao  reordenamento  e  ampliação  das  equipes,  além  de  mobilização  e  articulação  com  movimentos  sindical  e  sociais  (Movimento  Feminista,   Movimento  contra  a  redução  da  Maioridade  Penal,  Conselhos  das  Categorias  Profissionais).  No ano de 2014, destaca­se o importante envolvimento  e  adesão  de  ​ profissionais   de  serviço  social  e  psicologia  na  1ª   greve  geral  dos  trabalhadores  do  TJES,  articulada  pelo  Sindicato  dos  Servidores  do  Poder  Judiciário  do  Estado  do Espírito Santo,  participando de todas as mobilizações sindicais propostas durante este período.  É  possível  observar  que  o  Fórum  de  Assistentes  Sociais,  posteriormente  alterado  para  Fórum  de  Assistentes  Sociais  e  Psicólogos,  apresenta  pautas semelhantes desde sua criação, com  destaque  para   a  capacitação  continuada  (formação  permanente),  debate  de  questões  técnicas  e  éticas  do  fazer  profissional,  luta  permanente por condições dignas de trabalho,  articulação com a  rede sócio­assistencial, bem como envolvimento com o movimentos sociais e sindical.    8

  O encontro  foi  realizado  em  parceria  com  a  Associação de Assistentes Sociais e Psicólogos do Tribunal  de Justiça  de   São   Paulo  ­  AASP­TJSP,  ​ com  o  objetivo  de  discutir  e  deliberar  sobre  a  criação  da  Associação  Nacional  dos  Assistentes Sociais e Psicólogos da área sócio­jurídica.   9

 ​ O biênio 2014/2015 contempla as ações desenvolvidas até o mês de abril de 2015.  

2.2. Apontamentos sobre a organização coletiva     “Calo­me, espero, decifro. As coisas talvez melhorem.  São tão fortes as coisas! Mas eu não sou as coisas e me revolto”.   

O  espaço  sócio­ocupacional  do  judiciário  nos  traz  diversos  desafios  cotidianos,  pois  ao  acionar  este  poder,  expectativas  quanto  à  resoluções  de  expressões  da  questão  social  ou  solução  de  conflitos  são  criadas.  A  construção  destes  encaminhamentos  podem  dar­se  pela  determinação  impositiva  do magistrado ou por uma perspectiva crítica de construção de alternativas ou projetos  junto  à  população  usuária.  Consideramos  que  a  equipe  técnica,  formada  por  assistentes  sociais e  psicólogos,  possui  compromisso  ético­político  na  construção  destas  novas  possibilidades  articuladas com as lutas sociais mais amplas contra as desigualdades e opressões.   Diante  de  fatores  conjunturais  e  estruturais  de  desmonte  de  direitos  coletivamente  conquistados,  recrudescimento  da  violência,  precarização  ou  ausência  de  políticas  públicas,  Fávero nos indicará a importância de traçar estratégias coletivas de resistência:    Para  lidar  com  desafios  e  realizar  investimentos  em  algumas  frentes,   no  sentido   de  contribuir  com  o  acesso  à  justiça  e  aos  direitos,  ao  fortalecimento  da  capacidade  argumentativa  e  consequente  fortalecimento  do   projeto  da  profissão  na  contemporaneidade,  é necessário o estabelecimento de  estratégias e  a  efetivação de  ações políticas organizadas.  Avanços nesse sentido  possivelmente  poderão  ser  alcançados  se  ações  coletivas  forem  viabilizadas.​   (FAVERO, 2013, p. 523)  

  Consideramos,  mediante  os  elementos  históricos   apresentados  que  a  constituição  de  um  espaço  coletivo  como  o  FASP,  coaduna  com  os  projetos  profissionais  delineados  e  legitimados  pelas  categorias.  Netto  (2006)  exporá  a  relevância  desses  projetos  no  planejamento  das  ações,  tendo  em  vista  que  esses  projetos,  que  tem  por  base  um  sujeito  coletivo,  exigem  organização  de  um  corpo  ou  categoria   profissional  por  meio  do  conjunto  dos  seus  agentes  profissionais,  docentes,  pesquisadores,  estudantes  e  organismos  profissionais,  e  é  resultado  de  conjunturas  e  dinâmicas  sociopolíticas  particulares,  que  reforçam  a  estreita  vinculação  entre  a  definição   e  a  ampliação dos espaços de trabalho dos assistentes sociais e as manifestações da questão social:   

Os  projetos   profissionais  apresentam  a  autoimagem  de  uma  profissão,  elegem  os  valores  que  a  legitimam  socialmente,  delimitam  e  priorizam  seus  objetivos  e  funções,  formulam  os  requisitos  (teóricos,  práticos  e  institucionais) para o  seu exercício,  prescrevem   normas  para  o  comportamento  dos  profissionais  e  estabelecem  as  bases  das  suas  relações  com  os  usuários  de  seus   serviços,  com  as  outras  profissões  e  com  as  organizações  e  instituições privadas  e públicas (inclusive  o Estado,  a quem  cabe o  reconhecimento  jurídico  dos   estatutos  profissionais.  (Netto,   2006,  p. 144) 

O  autor  enfatiza portanto, que qualquer ação humana baseia­se em projetos que objetivam  alcançar  uma  finalidade.  Tal  finalidade  a  ser  atingida, relaciona­se “com a invocação dos  valores  que  a  legitimam  e  a  escolha  dos  meios  para  lográ­la”.  Sendo  assim,  o  trabalho  do  Assistente  Social  e  do  Psicólogo  é  pautado  por  princípios  e  diretrizes  que  norteiam  seu  saber­fazer  profissional.  Tão  importantes  quanto   as  atribuições  são  as  vedações  éticas  colocadas  pelos  respectivos  conselhos  profissionais,  a  fim  de  atingir  o  objetivo comum de ambas as áreas que é a  garantia  fundamental  dos  direitos  humanos.  Os  Códigos  de  Ética  Profissionais  são  uma  das  normativas que dão luz ao que Netto (1999) chama de “auto imagem da profissão”.  O  Serviço  Social  e  a  Psicologia  imprimem  em  seus  Códigos  de  Ética  um  compromisso  com  o  desempenho  de  um  trabalho  de  qualidade  e  compromisso  com  a  população   atendida,  respeito  à  diversidade   humana,  combate  as  opressões  e  defesa  dos  direitos  humanos.  O  Serviço  Social  em  seu  Código  de  Ética  Profissional  (CFESS,  1993),  elenca  entre  seus  princípios  fundamentais  a  “Opção  por  um  projeto  profissional  vinculado  ao processo de construção de  uma  nova  ordem  societária,  sem  dominação/exploração  de  classe,  etnia  e  gênero”.  A  Psicologia  aborda  que  o  trabalho  ocorrerá  “visando  promover  a  saúde  e  a  qualidade  de  vida  das  pessoas  e  das  coletividades  e  contribuirá  para  a  eliminação  de  quaisquer  formas  de  negligência,  discriminação,  exploração,  violência,  crueldade  e  opressão”  (CFP,  2005).  Também  elege  como  princípio  fundante  a  concepção  de  que  “o  psicólogo  atuará  com   responsabilidade  social,  analisando  crítica  e  historicamente  a  realidade  política,  econômica,  social  e  cultural”  (CFP,  2005).  

É  importante  ressaltar  que  o  direcionamento presente atualmente  nos Códigos de Ética do  Serviço  Social  e  da  Psicologia  fazem  parte  de  uma  construção  ético­política  marcada  pelo  rompimento de uma prática pautada pelo ajustamento e adaptação do indivíduo.  No  que  concerne  a  Psicologia,  este  processo  permitiu  que  paulatinamente,  fossem  operadas  mudanças nos modos de inserção da categoria na sociedade, como também em relação a  concepção   do   fenômeno  psicológico  (BOCK,  2001).  Por  a  politização  da  categoria,  é  colocado  em  xeque  o  fenômeno psicológico,  abstrato e universal, relacionado  a ideia de natureza humana e  é  engendrada  a  concepção  do  fenômeno  psicológico  enquanto  produção  de  subjetividade,  o  que  possibilita a aproximação Psicologia com as lutas sociais.  Com isso,    parte  dos  psicólogos  dá  um  salto  ao  perceber  que,  para  ampliar  seu  espaço  e  sua  contribuição  social,  não  basta  o  conhecimento  das  teorias  psicológicas. Pelo contrário: é preciso perscrutar nossos instrumentos; por  em cheque  nossa visão de homem e de mundo; assumir a atuação política  de  nossa  atuação  profissional  e  analisar  criticamente,   o  alcance  nossas  intervenções (BOCK, 2001, p. 21)  

  O  Serviço  Social  também  obteve  muitos  avanços  na  inserção  neste  espaço,   fazendo  a  mediação  entre  a  expectativa  institucional  e  a  intencionalidade  do  profissional  ao  atender  sua  população  usuária  sem  uma  perspectiva  criminalizadora   de  comportamentos  ou  idealizada  de  família,  sem  o apelo ao “ajustamentos social” e descontruindo o papel de investigador  da verdade  nos processos.  É  importante  destacar  o  caráter  inovador  observado  no  processo  de  construção  e  consolidação  do  FASP,  em  especial  ao  se  considerar  o  espaço institucional em que está inserido,  marcado  historicamente  por  relações  de  poder  e  hierarquia.  Os desafios vivenciados no exercício  profissional  e  na  relação  institucional  ­  em  especial  as  lutas  por  mudança,  novos  sentidos,  relações  horizontalizadas  e  democratização  dos  processos  decisórios  no  Poder  Judiciário  –  encontram  lugar  privilegiado  de  enfrentamento  e  de  fortalecimento  dos  atores  envolvidos  na  organização  coletiva  e  política.  É  possível  sinalizar  relevantes  pautas  inseridas  e  conquistas  alcançadas  por  meio  da  ação  coletiva  dos  assistentes  sociais  e  psicólogos   do   TJES,  que  dificilmente seriam possíveis mediante atuações de cunho imediatista e/ou individual.  

Podemos  sinalizar  sobre  o  alinhamento  do  FASP  aos  projetos  ético­políticos  das  respectivas  categorias, materializado através da direção política expressa nas ações desenvolvidas  nos  últimos  dez  anos.  Ao  promover  a  qualificação  profissional  continuada,  na  perspectiva  teórica­metodológica  e  ético­político  crítica,  busca­se  contribuir  para  o  exercício  profissional  competente  e  comprometido.  No  que  se  refere  à  luta coletiva dos assistentes sociais  e psicólogos  por  melhorias  nas  condiçoes  éticas  e  técnicas  do  trabalho,  esta  se  insere  no  contexto  de  lutas  da  classe  trabalhadora,  marcado  pela  carência  de  recursos  institucionais,  mudança  nos  parâmetros  legais  e  institucionais  que  orientam  as  relações  de  trabalho,  pela  falta  de  reconhecimento  profissional  e  pelo  desmonte   das  políticas  públicas.  As  articulações  realizadas   com  os  movimentos  sociais  e  o  sindical  assinalam  para  estratégias  de  lutas mais amplas, que extrapolam  a atuação do Serviço social e Psicologia, embora sejam a ela vinculadas.   O  FASP,  enquanto  uma  organização  coletiva  institucionalizada,  tem  buscado  conjugar  a  valorização  do  trabalho  interdisciplinar  com  a  capacitação  técnica  e  educação  permanente,  com  as  lutas  políticas internas (reconhecimento das atribuições das categorias, melhores condições de  trabalho,  articulação  com  o  sindicato)  e  com  as  lutas  sociais  mais  amplas   (direcionamento  ético­político,  participação  em  fóruns,  conselhos  e  movimentos  sociais),  o  que  possui  grande  relevância para o exercício profissional e para a consolidação da auto­imagem das profissões.  Denota­se  que  diversas  pautas  se  mantêm  na  história  de  luta  do  FASP,  relacionadas  principalmente  aos  rebatimentos  da  reestruturação  do  mundo  do  trabalho,   do   contexto  de  expansão  do conservadorismo e de perdas de direitos historicamente conquistados e da natureza e  função  social  do  Poder  Judiciário  na  vida  e  no  trabalho  de  assistentes  sociais,  psicólogos  e  da  sociedade  como  um  todo.   A  definição  de  prioridade  das pautas perpassa o contexto sociopolítico  e  institucional,  assim  como  a  identidade  política  e  os  interesses  expressos  pelo  coletivo  de  profissionais e pela direção executiva.   É  possível  sinalizar  sobre  a  predominância  de mobilizações e lutas do FASP relacionadas  as  questões  de  caráter  técnico  e  corporativista,  em  relação  as  de  amplitude  política  e  de  reconhecimento  de  pertencimento  à  classe  trabalhadora.  Desta  forma,  a expansão e capilarização  das  lutas  mais  amplas,  principalmente  por  meio  de  articulações  estratégicas  com  movimentos 

sociais que compartilham  do  mesmo projeto de sociedade, ainda se apresenta como um desafio ao  FASP, embora seja inegável os avanços já alcançados nesse sentido.

 

 

3­​       ​ Considerações finais   “A escuridão estende­se mas não elimina  o sucedâneo da estrela nas mãos.  Certas partes de nós como brilham! (...)   Há soluções, há bálsamos para cada hora e dor.”   

Diante  dos  elementos  expostos,  podemos   ​ destacar  a  especificidade  do  FASP,  uma  organização  coletiva  institucionalizada,  que  conjuga  a  capacitação  técnica  com  a prerrogativa de  promover  uma  educação  permanente,  que  não  seja  desvinculada  de  demandas  das  categorias  profissionais  e  tampouco  das  lutas  sociais mais amplas, buscando a inserção e articulação com os  movimentos sociais e espaços participativos.  O  FASP  tem  se  apresentado  como  um  importante  espaço  de  problematização  da  aliança  histórica  entre  o  Judiciário  e  os  saberes  do  Serviço  Social  e  da  Psicologia  no  controle  dos  comportamentos  e  dos  modos  de  vida  de  determinados  grupos  sociais,  além  de  se  instituir  e  se  fortalecer cotidianamente como um espaço de luta política.  Percebemos  que  o  Fórum tem caminhado em consonância com os aspectos ético­politicos  dos  projetos  profissionais  e  a  garantia  de  um  espaço  articulador  de  troca  e  sistematizaçao  da  prática,  atento  aos  debates  e  às  demandas  da  sociedade.   Esta  forma  de  organização,  torna­se  fundamental  em   tempos  de  individualização  das  lutas  e  do  fortalecimento   do   “homem  egoísta”,  no  qual  se  identifica  esvaziamento de espaços coletivos, além de reprodução de posturas acríticas  e  naturalizadoras das desigualdades sociais.  Nota­se  ainda  que   as  principais  demandas  desde  a  criação  até  os  dias  atuais  ainda  se  mantém  e  fazem  parte  da  própria  configuração   técnica  e  política  deste  espaço  coletivo  em  permanente  construção,  quais  sejam,  formação/capacitação  profissional,  lutas  por  melhores  condições  de  trabalho,   aumento  no  quantitativo  de  trabalhadores  e  busca  por  um  atendimento  qualificado, crítico e comprometido com a população usuária.   

Frisa­se  também  que,  por  meio  desta  organização  coletiva,  os  profissionais  conseguiram 

se  fazer  “enxergar” institucionalmente e obtiveram êxito em alguns de seus pleitos. Participam de 

espaços  administrativos  dentro  do  Tribunal,  no  qual  poderão  pleitear  maiores  avanços:  como  a  participação  no  planejamento  estratégico  do  TJES  em  2015  e  a  recente  criação  de  um  grupo  de  trabalho  das  CAMS  pelo  Ato  Normativo  nº74/2015  que  ​ “Institui  o  Grupo  de  Trabalho  para  análise  situacional  e  proposição  de  melhorias  nas  Centrais de Apoio Multidisciplinar (CAMs) do  Poder Judiciário do Espírito Santo” (DJES nº 4987).   Concluímos  ainda  que  a  descentralização  em  comissões  temáticas  instituídas  pela  reformulação  do  regimento  interno  e  grupos  de  trabalhos  deliberados  em  plenária,  permitiram  ​ a  equipe  técnica  do  judiciário,  se  debruçarem  teoricamente  e  construírem  estratégias,  diante  da  diversidade  das  demandas  jurisdicionais,  administrativas  e  políticas  que  lhe  são  apresentadas,  possibilitando uma gestão com maiores possibilidades de encontros e participação.     Salienta­se  porém,  que  com  o  aumento  da  sobrecarga  de  trabalho,  adoecimento  de  servidores  e  falta  de  condições  estruturais  dificultam  a  participação  massiva  nestes  outros  espaços.  Percebemos  com  isto,  que  as  questões  técnicas  não  podem  estar  alijadas   dos  pressupostos  ético­políticos  e  das  lutas  internas  e  externas  das  categorias  para  que  não  haja  retrocesso, apenas (re)construção e resistências.    Referências bibliográficas:    BOCK, Ana. Mercês Bahia. (2001). História da organização dos psicólogos e a concepção   do   fenômeno psicológico. In Jacó­Vilela, A. M., Cerezzo, A. C., Rodrigues,  H.  B.  C.  (Orgs.),  Clio­psyché  hoje:  fazeres  e  dize­res psi na história do Brasil ​ (pp. 25­33). Rio de Janeiro: Relume  Duramá; FAPERJ.     BORGIANNI,  Elizabete.  Para  entender  o  Serviço  Social  na  área  sociojurídica.  In:  Revista  Serviço Social e Sociedade. São Paulo, nº 115, 2013, p.407­442.    BRASIL.  Código  de  Ética  Profissional  do  Serviço  Social.  Brasília:   CFESS,  2003.  Disponível  em:​ http://www.cfess.org.br/arquivos/CEP_1993.pdf​ . Acesso em 07 de abril de 2014    BRASIL.  Código  de  Ética  Profissional  da  Psicologia.  Brasília:  CFP,  2005.  Disponível  em:​ http://site.cfp.org.br/wp­content/uploads/2012/07/codigo_etica1.pdf​ .  Acesso  em  07  de  abril  de 2014    CRESWELL,  John  W.  Projeto  de  Pesquisa:  métodos  qualitativo,  quantitativo  e  misto.  3.  ed.  ­  Porto Alegre: Artmed, 2010.    

FÁVERO,  Eunice  Teresinha.   O  Serviço  Social no Judiciário: construções e desafios com base  na  realidade  paulista.  In:  Revista  Serviço  Social  e Sociedade. São Paulo, n. 115, p. 508­526, jul./set.  2013    DELEUZE,  Giles;  GUATTARI,  Félix.  O  anti­édipo: capitalismo e esquizofrenia. Rio de Janeiro:  Imago, 1976.     FOUCAULT, Michel. História da sexualidade 2: o uso dos prazeres. Rio de Janeiro: Graal, 1984.    GUATTARI,  Félix;  ROLNIK,  Suely.  Micropolítica:   cartografias  do  desejo.  Petrópolis:  Vozes,  1996.     MINAYO,  Maria  Cecília.  O  desafio  da  Pesquisa  Social.  In:  MINAYO,  Maria  Cecília,  DESLANDES,  Suely  Ferreira  e   GOMES,  Romeu  (orgs.).  Pesquisa  Social:  Teoria,  Método  e  Criatividade.  Rio de Janeiro: Vozes, 2013. p. 9­29    NETTO,  José  Paulo.  A  construção  do  projeto  ético  político  do  Serviço  Social.  In:  MOTA, A. E.  et al. Serviço Social e saúde: formação e trabalho profissional. São Paulo: Cortez, 2006.     

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