A expulsão dos Jesuítas do reino de Portugal em 1759

May 29, 2017 | Autor: Nair Cardoso | Categoria: Iluminismo, Jesuítas, Marquês de Pombal
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Vide Edward Mcnall Burns, História da Civilização Ocidental: do Homem das cavernas à bomba atómica.
Vide Carlos Moreira Azevedo (dir.), Dicionário De História Religiosa De Portugal, 4 vols., [Lisboa], Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa, Círculo de Leitores, 2001, p.21.
Vide Carlos Moreira Azevedo (dir.), Dicionário De História Religiosa De Portugal, 4 vols., [Lisboa], Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa, Círculo de Leitores, 2001, p.21.
Ibidem, p. 21
Vide Álvaro Teixeira Soares, O MARQUÊS DE POMBAL, Coleção Temas Brasileiros,Fundação Roberto Marinho, Editora Universidade de Brasília, 1983, p.141
Vide Álvaro Teixeira Soares, O MARQUÊS DE POMBAL, Coleção Temas Brasileiros,Fundação Roberto Marinho, Editora Universidade de Brasília, 1983, p. 142
Vide Álvaro Teixeira Soares, O MARQUÊS DE POMBAL, Coleção Temas Brasileiros,Fundação Roberto Marinho, Editora Universidade de Brasília, 1983, p. 142
Vide Álvaro Teixeira Soares, O MARQUÊS DE POMBAL, Coleção Temas Brasileiros,Fundação Roberto Marinho, Editora Universidade de Brasília, 1983, p. 143
Ibidem, pp. 143-44
Ibidem, pp. 144-45
Ibidem, pp. 151-56
Ibidem, pp. 21-22
Ibidem, p.22
Ibidem, p.23
Ibidem, pp. 23-24
Ibidem, p. 24
Ibidem, p.27
Vide VERÍSSIMO SERRÃO, Joaquim. O MARQUÊS DE POMBAL: O HOMEM, O DIPLOMATA E O ESTADISTA. Câmara Municipal de Lisboa; Câmara Municipal de Oeiras; Câmara Municipal de Pombal (Edição), Lisboa, 1982, p. 97
Vide Miguel Corrêa Monteiro, Jesuítas- Utopia e Realidade. Academia Portuguesa de História, p. 74
Vide VERÍSSIMO SERRÃO, Joaquim. O MARQUÊS DE POMBAL: O HOMEM, O DIPLOMATA E O ESTADISTA. Câmara Municipal de Lisboa; Câmara Municipal de Oeiras; Câmara Municipal de Pombal (Edição), Lisboa, 1982, p.98
Vide Miguel Corrêa Monteiro, Jesuítas- Utopia e Realidade. Academia Portuguesa de História, p. 77
Vide VERÍSSIMO SERRÃO, Joaquim. O MARQUÊS DE POMBAL: O HOMEM, O DIPLOMATA E O ESTADISTA. Câmara Municipal de Lisboa; Câmara Municipal de Oeiras; Câmara Municipal de Pombal (Edição), Lisboa, 1982, pp.98-100
Ibidem, p. 100
Ibidem pp. 100-101
Vide Marquês de Pombal. Memórias secretíssimas do Marquês de Pombal e outros escritos / Sebastião José de Carvalho e Melo. Mem Martins, Europa América. Linhas 1-8 da p. 124
Vide Marquês de Pombal. Memórias secretíssimas do Marquês de Pombal e outros escritos / Sebastião José de Carvalho e Melo. Mem Martins, Europa América. Linhas 8-14 da p. 124
Vide Marquês de Pombal. Memórias secretíssimas do Marquês de Pombal e outros escritos / Sebastião José de Carvalho e Melo. Mem Martins, Europa América. Linhas 14-22 da p. 124
Vide Marquês de Pombal. Memórias secretíssimas do Marquês de Pombal e outros escritos / Sebastião José de Carvalho e Melo. Mem Martins, Europa América. Linhas 22-39 da p. 124
Vide Marquês de Pombal. Memórias secretíssimas do Marquês de Pombal e outros escritos / Sebastião José de Carvalho e Melo. Mem Martins, Europa América. Linhas 1-20 da p. 125
Vide Marquês de Pombal. Memórias secretíssimas do Marquês de Pombal e outros escritos / Sebastião José de Carvalho e Melo. Mem Martins, Europa América. linhas 20-44 da pág 125
Vide Marquês de Pombal. Memórias secretíssimas do Marquês de Pombal e outros escritos / Sebastião José de Carvalho e Melo. Mem Martins, Europa América. linhas 1-23 da pág 126
Vide VERÍSSIMO SERRÃO, Joaquim. O MARQUÊS DE POMBAL: O HOMEM, O DIPLOMATA E O ESTADISTA. Câmara Municipal de Lisboa; Câmara Municipal de Oeiras; Câmara Municipal de Pombal (Edição), Lisboa, 1982, p. 101
Vide VERÍSSIMO SERRÃO, Joaquim. O MARQUÊS DE POMBAL: O HOMEM, O DIPLOMATA E O ESTADISTA. Câmara Municipal de Lisboa; Câmara Municipal de Oeiras; Câmara Municipal de Pombal (Edição), Lisboa, 1982, p. 141
Ibidem p.144
Ibidem p. 145
Ibidem, pp. 145-47
Ibidem, pp. 147-49
Ibidem, pp. 149-50
Ibidem, pp. 150-51




''A expulsão dos Jesuítas do reino de Portugal em 1759''



História Moderna de Portugal

Docente: Professora Doutora Ana Leal Faria
Discente: Nair Eusébio, nº 52202




Ano lectivo 2015/2016
A história da Companhia de Jesus inicia-se com o seu fundador que era Inácio de Loyola, um fidalgo basco, que após ter sido ferido numa batalha, se tornou num soldado de Deus em que depois de ultrapassar um período negro na sua vida, em se automutilava, partiu para a Universidade de Paris com o objectivo de estudar melhor a fé. Aqui reuniu um número de discípulos e fundou com estes, em 1534, a Companhia de Jesus. Os membros fizeram votos monásticos e decidiram partir em peregrinação para Jerusalém mas viram a sua viagem bloqueada, em Veneza, devido à guerra contra os Turcos. Isto levou a que decidissem participar na Contra-Reforma Católica.
Inicialmente o grupo era composto por seis estudantes da Universidade de Paris nos quais se encontravam o navarro São Francisco Xavier e o português Simão Rodrigues. No ano de 1534 fizeram um voto de castidade e pobreza na Capela de São Dinis. Quando chegaram a Roma, no ano de 1538, já eram dez os membros do dito grupo que planeia fundar oficialmente uma nova ordem religiosa. Apresentaram as suas ideias ao papa Paulo III que aprovou a Fórmula do Instituto da Companhia de Jesus no dia 3 de Setembro de 1539 e de onde se seguiu a confirmação na bula Regimini miliantis Ecclesiae de 27 de Setembro de 1540.
A segunda Fórmula, aprovada por Júlio III no ano de 1550, contém os seus objectivos que são ''a defesa e a propagação da fé e o aperfeiçoamento das almas na vida e na doutrina cristãs''. Para que isto se realize é necessária a intervenção da pregação quer em exercícios espirituais, por exemplo, quer na educação das crianças e humildes, quer na prática de obras de missionação.
A Companhia tem quatro votos que são a castidade, a pobreza, obediência e o de cumprir todos os desafios que o papa propuser, e seja em que parte do mundo for. Note-se que à data da morte de Inácio de Loyola, em 1556, este já tinha praticamente acabado as constituições que posteriormente seriam aprovadas no ano de 1558, na primeira reunião da congregação-geral, que era o órgão legislativo supremo da Companhia. Os jesuítas juraram não aceitar outros cargos eclesiástico com a excepção de esta ser uma vontade papal.
É importante também termos alguma noção do contexto político que se vivia na época. O Renascimento, influenciado pelo pensamento greco-romano, formula novas ideologias políticas, novas filosofias, vivia-se em pleno humanismo. Este contexto político e social levou a uma Reforma e a uma sucessiva Contra-Reforma e foi nesta altura que a Companhia de Jesus teve um grande reconhecimento pois apesar de estar recém-criada, foi a grande apaziguadora e influenciadora do Concílio de Trento. A Companhia levava a palavra de Deus a todas as classes sociais indo desde as cortes, às classes populares, até aos indígenas.
Pregam de forma mais consciente com a realidade em que vivem e fazendo com a que religião chegasse aos aspectos práticos da vida. Claro que também encontraram inimigos quer no Vaticano quer nas cortes europeias, em especial no caso Português que mais à frente irei desenvolver.
Imaginava-se, em correntes e contra-correntes, que o Estado Absoluto era a forma perfeita de governo e que elevava os homens a melhores condições económicas, políticas e sociais.
O despotismo esclarecido saiu da chamada Razão natural, dos humanistas, com uma acção anti-religiosa. O Homem é primeiramente um ser político e económico e a religião encontra-se num mundo irreal.
Há historiadores que afirmam que a companhia queria formar um novo Homem pois estavam cientes das fragilidades políticas e económicas do seu tempo, por exemplo, sabiam como o ouro brasileiro e os diamantes tinham influência política no reino de Portugal. Surgem no século XVIII como grandes defensores dos direitos humanos. Rapidamente iriam chocar com os déspotas iluminados. Este novo Homem poderia ter sido criado na América, onde havia uma grande influência jesuíta nos indígenas, influência esta vista como muitos maus olhos no governo português. Há quem defenda também que a ruptura com a companhia não se devesse ao Tratado de Madrid mas sim a esta relação dos jesuítas com os habitantes locais. O marquês estava ciente dos inúmeros aldeamentos/povoações. Surgiram também histórias de que lá se guardavam grandes tesouros que davam aos jesuítas poder económico.
O Tratado de Madrid e o choque com as tribos guarini, por exemplo, leva a uma guerra. Por um lado estão os jesuítas que se impõem a este tratado e por outro estão Portugal e Espanha e os jesuítas não concordavam de todo com a administração colonial espanhola. Este conflito só terminou em 1756 com a derrota dos guarinis. Vencida a resistência jesuíta, os trabalhos prosseguiram em 1758.
A companhia tinha chegado a Portugal por vontade do monarca D. João III pois fora informado pelo doutor Diogo de Gouveia, que estava em Paris, de que esta ordem se tinha formado e que não existiam homens mais letrados e exemplares para converterem a Índia. O monarca mandou o embaixador português em Roma tratar das negociações que foram aceites por Inácio de Loyola que rapidamente mandou para o reino português no ano de 1540 Francisco Xavier e o português Simão Rodrigues, sendo que no ano seguinte Francisco Xavier partiu para o oriente enquanto Simão Rodrigues permaneceu no reino lançando as bases da companhia ao reino. Expandiram-se muito rapidamente e a isso também se deve a protecção que o monarca lhes dava.
Em 1542, Simão Rodrigues, com mais seis membros da companhia, instalou-se no Mosteiro de Santo Antão-o-Velho, na Mouraria Lisboeta, sendo esta a primeira casa que a companhia teve no mundo. No ano de 1551 abriu-se em Évora um colégio jesuíta chamado de Colégio do Espírito Santo e no ano de 1553 a casa professa de São Roque, que era o centro das actividades jesuítas na capital. O primeiro colégio de aulas públicas foi o de Santo Antão em Lisboa inaugurado também no ano de 1553. Findando o século XVI os principais colégios eram os de Coimbra, o colégio de Santo Antão e a Universidade de Évora, fundada no ano de 1559.
Segue-se agora uma tabela com a lista dos locais dos colégios em Portugal e nas províncias ultramarinas, dados estes retirados da tese do Dicionário De História Religiosa De Portugal cuja direcção é de Carlos Moreira Azevedo.

Braga
1560
Bragança
1561
Funchal
1570
Angra
1570
Ponta Delgada
1591
Faro
1599
Portalegre
1605
Santarém
1621
Porto
1630
Elvas
1644
Faial
1652
Setúbal
1655
Portimão
1660
Beja
1670
Lisboa, Seminário de S. Patrício
1605
Lisboa, Colégio de S. Francisco Xavier
1677
Vila Viçosa, Casa Professa
1601
Macau
1565
Império Grão-Mongol
1579
China
1583
Peru e Bengala
1598
Cochinchina
1615
Camboja
1616
Tibete
1624
Tonquim e Sião
1626
Laos
1642
Congo
1547
Angola
1560
Etiópia
1557
Moçambique
1560
Cabo Verde
1604
Brasil
1549

Os jesuítas não foram apenas confessores e pregadores da corte, dedicaram-se também ao ensino do catecismo. Na catequese popular e infantil evidenciou-se o padre Inácio Martins, em Lisboa, devido às suas doutrinas. No exercício das obras de caridade, os jesuítas visitavam hospitais, assistiam os condenados à morte.
De todas as actividades jesuítas sobressaí claramente a vertente pedagógica sendo que entre os anos 1542 e 1739 fundaram em Portugal uma grande rede organizada de escolas. Repare que excluindo Lisboa, Coimbra e Évora, os colégios jesuítas eram praticamente os únicos centros de educação secundária das localidades do país. Era um ensino aberto e gratuito para todas as classes sociais sendo que a companhia só aceitava abrir um estabelecimento de ensino quando fossem assegurados todos os meios e/ou financiamentos para que tal acontecesse e para isso muitos bens de mosteiros extintos foram transferidos para a companhia.
Em todos os colégios o sistema de ensino seguia os princípios indicados pela Ratio studiorum cuja primeira publicação se deu em Roma no ano de 1586. A organização escolar era cuidada e rigorosa mas também flexível para que se adaptassem a todas as realidades quer em termos físicos quer em termos de população destes mesmos locais. Aspectos religiosos, morais e disciplinares estavam relacionados de forma harmoniosa nas letras, ciências e sabedoria em geral. Em relação à arte, a influência jesuíta está sobretudo na arquitectura dos seus estabelecimentos. Não criou um estilo próprio mas todas as suas Igrejas e edifícios gerais eram idênticos.
Outro aspecto que caracteriza os jesuítas é a luta contra o domínio filipino. Após a restauração, os jesuítas abraçaram a dinastia de Bragança e chegaram a ser enviados por D. João IV em missões diplomáticas.
Fundaram aldeias nas províncias ultramarinas onde partilhavam os ensinamentos da fé e vida cristã e defendiam os índios contra os abusos dos colonos, o que foi alvo de dura críticas à companhia. Embora espalhados pelo mundo, o seu principal foco de influência foi no Brasil onde lutaram arduamente pelos direitos dos indígenas e onde fundaram uma grande linha de escolas e se preocuparam também em aprender as línguas locais para se facilitar a comunicação e para ser mais fácil fazer chegar a fé católica a estes mesmos povos.
A sua enorme influência nestes povos começou a causar problemas na coroa e em outras ordens religiosas.
E pegando neste mesmo ponto de conflitos com a coroa, parto agora para a análise do governo pombalino e da sua aversão à Companhia de Jesus.
Enquanto homem, o marquês não pôs nunca de parte as crenças e a religião que acompanharam desde sempre e exerceu o seu governo no reinado de D. José I, sob o espírito das Luzes, através de influências francesas, italianas e inglesas.
Apesar de Sebastião Carvalho e Melo ter declarado morte a padres jesuítas sabe-se que o mesmo manteve relações com membros desta ordem entre os anos de 1540-50 mas sabe-se também que foi o Tratado de Madrid de 1550, um tratado luso-espanhol que dava a Portugal o sul do Brasil e em troca Portugal teria que dar a Espanha a colónia do Sacramento, A consequência disto foi o descontentamente de jesuítas espanhóis que se viram obrigados a transferir sete aldeias para a margem esquerda do rio Paraguai. Iniciou-se, deste modo, uma guerra entre governo e jesuítas.
Os jesuítas afirmavam que se tinham sentido prejudicados na sua missão de missionação em aldeamentos pelo governador do Grão-Pará e Maranhão, Francisco de Mendonça Furtado que, por sua vez, era irmão do próprio Sebastião de Carvalho e Melo.
Uma das medidas do governador foi a instalação de uma Companhia Geral que suscitou grandes protestos da parte de alguns jesuítas e da expulsão de alguns membros do Brasil.
Chegaram, inclusivamente a manifestarem-se contra estas medidas no ano de 1757, na cidade do porto e, para aumentar ainda mais a tensão entre a coroa e a ordem, no ano de 1758 deu-se o atentado contra D. José I e Gabriel Malagrida, entre outros padres da Companhia, foi julgado.
No ano de 1757 os jesuítas são expulsos do Paço Real e dá-se aqui a primeira grande ruptura entre jesuítas e coroa. Note-se que nem o padre José Moreira, confessa do monarca, foi poupado.
Logo após o processo polémico dos Távoras sai uma carta régia em 19 de Janeiro de 1759 que considera alguns padres jesuítas como réus dos crimes da tentativa de regicídio. A Igreja não apoiou estas medidas e passado uns meses, no dia 3 de Setembro deste mesmo ano, sai o decreto de expulsão da Companhia de Jesus. (ler a folha, da justificação, o rei queria provar que era justo expulsa-los)
Relativamente ao Decreto de Expulsão da Companhia de Jesus de 1759, este começa com a justificação que, devido ao Tratado de Limites, e ao seu desrespeito por parte dos Jesuítas, o monarca teve de enviar três exércitos para combater a frente de oposição criada pela Companhia.
Afirma-se que a Companhia concentrava em si meios que em breve a iria permitir que usurpassem o Brasil e que em seguida controlassem a Europa, mas que estes meios foram também descobertos a tempo.
Os jesuítas também foram acusados de gerir negócios temporais, entenda-se açúcar do Brasil, e de, através da administração secular, controlarem aldeamentos e os seus respectivos habitantes indígenas, ou seja, dominavam administrativamente e comercialmente estes habitantes no Brasil.
O monarca afirma que tentou, através de leis, prevenir a contaminação destes povos por uma Ordem que o mesmo afirma estar corrompida pelo poder e dinheiro, Ordem esta que foi sucessivamente protegida por monarcas e que, mesmo assim, não respeitou as ordens da Coroa e agiu contra esta nas suas próprias terras. Causaram uma guerra de resistência contra o Tratado de Madrid, que só terminou no ano de 1758 com a derrota da tribo Guarani, o que causou um enorme escândalo.
Há também a referência à tentativa de regicídio, no dia 3 de Setembro de 1758, que o monarca diz ter escapado através de intervenção divina e que, assim, conseguiu manter a paz no seu reino e respectivos domínios, conservando desta forma os interesses dos seus fiéis e vassalos.
Após todos estes escândalos, D. José I afirma que ouviu os seus ministros e, chegando à conclusão que a Companhia de Jesus tinha sido corrompida, decreta-se a sua expulsão do reino e de todas as suas respectivas províncias, decreta-se o confisco de todos os bens da Companhia para a Câmara Real, decreta-se também que estes nunca mais regressem ao reino, pois quem o fizesse podia enfrentar a pena de morte, e decreta-se também que ninguém pode manter contacto com algum membro da Companhia.
O decreto termina com a alusão aos jovens que ainda não tinham sido iniciados na Companhia que, como tal, ainda se encontravam ausentes dos segredos terríveis que esta continha. Estes jovens deviam ser considerados pelo Cardeal Patriarca Visitador e Reformador Geral da Sociedade como ilesos de qualquer tipo de culpa.
Em suma, percebe-se que o decreto é a justificação do monarca para o porquê de expulsar a ordem religiosa com mais poder e influência do reino. É uma síntese de todos os actos de que os jesuítas foram culpados e uma consequência final para estes mesmo actos.
A consequência mais óbvia desta expulsão foi o encerramento de todos os colégios e residências, o confisco de todos os bens e a perseguição de padres para serem presos. Foram deportados para Itália e a estes juntaram-se os que vinham das províncias ultramarinas. Os impactos negativos foram claramente na educação pois eram os jesuítas quem mais a controlava. Reparemos que, por exemplo, a Universidade de Évora fora imediatamente encerrada restando apenas a de Coimbra no reino.
O marquês acusava a companhia de ser imune a papas e reis o que a tornava perigosa para o tipo de governo que o marquês queria impor correndo assim o medo de que estes eram capazes de fazer uma usurpação ao trono que só não se realizou, supostamente, porque tinha sido descoberta a tempo. Porém, convém termos noção que as acusações de que foram alvo não correspondem à realidade.
Após a expulsão da companhia de Portugal e das suas províncias, o ensino teve de ter uma enorme reforma pois este estava, na sua grande maioria, confinado às mãos dos jesuítas.
No ano de 1761 é criada uma instituição de ensino exclusiva para a nobreza, que se chamava Colégio Real dos Nobres. Criou-se esta instituição exclusiva desta classe privilegiada pois muitos exerciam cargos na política e na diplomacia, sendo assim a sua instrução algo crucial. Este colégio foi criado por Carta Régia no dia 7 de Março de 1761 em Lisboa. Esta ideia chegou ao marquês através da sugestão do doutor António Ribeiro Sanches, médico e filósofo, que a comunicou de França.
Este colégio tinha como áreas de conhecimento o latim, o grego, a retórica, a lógica, a poesia, a história, o francês, o inglês, o italiano, a equitação, a esgrima, a dança, a matemática, a física, a arquitectura militar e civil e o desenho. Entrou em funções passados cinco anos da sua criação, porém, passados dez anos iniciou-se uma crise devido a má gestão, isto é, professores, na sua maioria estrangeiros, não se adaptaram ao ambiente do colégio e os respectivos alunos demonstraram pouco ou nenhum interesse pelo saber. Percebe-se assim que a criação deste colégio foi uma medida pombalina fracassada até porque, como já referi, o interesse dos alunos era pouco e as relação entre Pombal e nobreza difíceis.
Com a expulsão dos jesuítas o chamado ensino das primeiras letras, em Portugal, teve de ser reestruturado. Foi logo no ano de 1759 que se nomeou D. Tomás de Almeida, sobrinho do patriarca de Lisboa, como diretor-geral dos Estudos do Reino e do Ultramar. Esta sim foi uma reforma com êxito onde se aceitaram professores ditos régios mas também privados.
Outra grande reforma Pombalina relacionada com a expulsão dos jesuítas foi a reforma da Universidade de Coimbra pois a Universidade de Évora tinha sido fechada restando só esta que se tinha de adaptar às novas realidades sendo reformada no ano de 1772.
Para isto ser possível, foi criada por carta régia em 1768 a Junta de Providência Literária que era um alicerce político no mundo universitário. A Junta foi composta por ilustres homens da religião e das ciências. O seu inspector era o Cardeal da Cunha e como conselheiros posso referir D. Frei Manuel, futuro bispo de Beja e o doutor Francisco de Lemos que era o reitor da Universidade.
Deste trabalho surge em 1771 um relatório, o Compendio Histórico do Estudo da Universidade de Coimbra, que culpava efectivamente os jesuítas pela decadência da universidade e que queria as artes e ciências como áreas a ser restauradas. E, por curiosidade, cito que o estudo da História passou a ser essencial na formação de bacharéis e licenciados em Direito e na área das Humanidades.




Fontes e Bibliografia:
Fonte:
Lei Dada Para A Proscrição, Desnaturalização E Expulsão Dos Regulares Da Companhia De Jesus, Nestes Reinos E Seus Domínios.
Decreto inserido na obra: POMBAL, Marquês de. Memórias secretíssimas do Marquês de Pombal e outros escritos / Sebastião José de Carvalho e Melo. Mem Martins, Europa América.
Bibliografia:
Bibliografia Geral:
CORRÊA MONTEIRO, Miguel, Jesuítas- Utopia e Realidade. Academia Portuguesa de História.
FRANCO, José Eduardo, "O "terramoto" pombalino e a campanha de "desjesuitização" de Portugal", Lusitania Sacra, 2ª Série, nº 18, Lisboa, Centro de Estudos de História Religiosa - Universidade Católica Portuguesa, 2006, pp. 147-218.
MCNALL BURNS, Edward, História da Civilização Ocidental: do Homem das cavernas à bomba atómica. Traduzido por: GOMES MACHADO, Lourival; SANTOS MACHADO, Lourdes; VALLANDRO, Leonel. 2ª Edição, Rio de Janeiro, Editora Globo.
MOREIRA AZEVEDO, Carlos (dir.), Dicionário De História Religiosa De Portugal, 4 vols., [Lisboa], Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa, Círculo de Leitores, 2001.
OLIVEIRA, Natália Cristina de, BORGES, Felipe Augusto Fernandes, BORTOLOSSI, Cíntia Maria Bogo, MARQUES, Daniella Domingues Alvarenga, COSTA, Célio Juvenal, "Marquês De Pombal E A Expulsão Dos Jesuítas: Uma Leitura Do Iluminismo Português No Século XVIII", Anais da XI Jornada do HISTEDBR, Cascavel - Paraná, 23 a 25 de outubro de 2013, Organização de Paulino José Orso, et. Al, [s.l.], 2013, disponível em: http://www.histedbr.fe.unicamp.br/acer_histedbr/jornada/jornada11/artigos/4/[email protected]
TEIXEIRA SOARES, Álvaro, O MARQUÊS DE POMBAL. Coleção Temas Brasileiros. Fundação Roberto Marinho, Editora Universidade de Brasília, 1983.
VERÍSSIMO SERRÃO, Joaquim. O MARQUÊS DE POMBAL: O HOMEM, O DIPLOMATA E O ESTADISTA. Câmara Municipal de Lisboa; Câmara Municipal de Oeiras; Câmara Municipal de Pombal (Edição), Lisboa, 1982.
Referências Eletrónicas
Expulsão dos Jesuítas, [Lisboa], Arquivo Nacional da Torre do Tombo, consultado a 15-03-2016, disponível em: http://antt.dglab.gov.pt/exposicoes-virtuais-2/expulsao-dos-jesuitas/
A expulsão dos jesuítas dos Domínios Portugueses 250.º Aniversário, [Lisboa], Biblioteca Nacional de Portugal, consultado a 12-03-2016, disponível em: http://www.bnportugal.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=430:expulsao-da-companhia-de-jesus-dos-dominios-portugueses&catid=138:2009&Itemid=473
GONÇALVES, Nuno da Silva, Companhia de Jesus, [Lisboa], Faculdade de Ciências Socias e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, consultado a 16-03-2016, disponível em: http://www.fcsh.unl.pt/cham/eve/content.php?printconceito=1196



























Índice:
A origem da Companhia de Jesus...................................................................................p. 2
A Companhia de Jesus em Portugal e a sua acção.........................................................p. 4
Conflitos com a coroa portuguesa..................................................................................p. 7
Análise do Decreto de Expulsão da Companhia [fonte] ................................................p. 8
Consequências da Expulsão da Companhia e respectivas reformas Pombalinas..........p. 9






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