A FAMA E A FAMA DOS CRISTÃOS NO APOLOGÉTICO DE TERTULIANO – MITO E QUESTÕES DE TRADUÇÃO

May 22, 2017 | Autor: L. Carpinetti | Categoria: Paganismo E Cristianismo No Imperio Romano
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1 A FAMA E A FAMA DOS CRISTÃOS NO APOLOGÉTICO DE TERTULIANO – MITO E QUESTÕES DE TRADUÇÃO

Luís Carlos Lima Carpinetti Faculdade de Letras - UFJF RESUMO: Imerso nos escombros da antiga civilização greco-romana, o culto cristão era alvo das maledicências e difamações, e assim se nos apresenta no texto do Apologeticum de Tertuliano. Nessa obra, Tertuliano, como renomado jurista, transita entre as crenças pagãs e articula uma defesa do cristianismo como religião e culto alternativos a um universo de crenças e superstições que vicejam no decadente mundo romano que se debate em aguda crise econômica. Neste artigo, discorremos sobre o mito da fama e sobre a questão da fama dos cristãos. É Virgílio na obra Eneida quem nos dá em latim a descrição da Fama como aquela para quem a observação é tão aguda que a ela nada escapa, tão ciosa é de todos os detalhes. Os rituais cristãos despertam curiosidade e são suscetíveis a questionamentos de diversas ordens. Apresentamos o texto de Tertuliano em que tal mito é discutido pelo jurista Tertuliano, na passagem no caput VII, parágrafos 8 a 14, e propomos a esse texto uma tradução nossa. Palavras-chave: Mitos pagãos romanos, Mito da Fama, Tertuliano, Apologético, Tradução ABSTRACT: Immersed in the debris of the ancient greco-roman civilization, the christian cult was target for slanders and defamations and thus it presents itself for us in the text of Tertullian’s Apologeticus. In this work, Tertullian, as a renowned jurist, transits among the pagan beliefs and articulates a defence for christianism as alternative religion and cult for a universe of beliefs and superstitions that thrive in the decadent roman world which debates itself in an acute economic crisis. In this article, we talk about the Fame’s myth and about the question of the fame of christians. It is Virgil in the Aeneid who gives us in latin the Fame’s description as a being for whom the observation is so acute that nothing escapes to her, so jealous of all the details. The christian rituals arouse curiosity and are susceptible to questionings of several orders. We present Tertullian’s text in which such a myth is discussed by the jurist Tertullian, in the caput VII, 8-13 paragraphs, and we propose for this text a translation of ours. Key Words: Roman pagan myths, Fama’s myth, Tertullian, Apologeticus, Translation.

2 1. INTRODUÇÃO: O AUTOR TERTULIANO E SUA OBRA APOLOGÉTICO Tertuliano viveu aproximadamente 60 anos, a partir de 160 a 220 d.C. aproximadamente. As informações sobre a biografia de Tertuliano advêm de suas obras e de comentários de outros autores. Segundo a tradição, Tertuliano cresceu em Cartago, onde teria nascido, filho de um centurião romano, advogado treinado e padre ordenado. Essas afirmações são de Eusébio de Cesareia, em sua História Eclesiástica1. Quanto a São Jerônimo2, alega este que o pai de Tertuliano tinha a posição de centurião proconsular no Exército romano na África. Porém, não está claro se esta posição sequer existiu nas forças militares romanas. O que sua obra revela é o trato cuidadoso da palavra e da oratória, fruto de seu conhecimento da retórica judiciária romana e da cultura greco-romana. Manejava com desenvoltura o vocabulário jurídico. Contudo, não se deve confundi-lo com um jurista homônimo, mencionado no Digesto. Tertuliano não era um jurista profissional. Observa-se nele o estilo permeado de arcaísmos e provincialismos, traços de linguagem a que chamamos de africanismos. Suas imagens são brilhantes e seu temperamento, apaixonado. Sua conversão ao cristianismo ocorreu por volta de 197-198, e, provavelmente, parece ter sido um evento repentino e decisivo, pois ela retrata uma sociedade em que o cristianismo era ensejo para proscrições, execuções e martírios. Segundo uma pesquisa que revolucionou a leitura da obra de Tertuliano, vemos que precisamos observar neste autor o legado dos postulados retóricos de Cícero e, quanto a estes postulados, observem-se todos os tratados de Cícero, combinados com a disciplina da fé cristã (ou regra de vida), dada pela pregação dos apóstolos, e a regra de fé, haurida dos textos escritos ou atribuídos ao apóstolo Paulo (FREDOUILLE, J.-C (2012), p. 42)3. Podemos dividir a sua obra em três grandes grupos: escritos apologéticos, escritos polêmicos, escritos disciplinares. À categoria de escritos apologéticos pertencem as obras cuja meta é a defesa da fé contra os opositores. A ela pertencem a obra Aos pagãos, Apologeticum (sua obra mais conhecida, mais lida e traduzida ao longo dos 1 História

Eclesiástica, Livro II, capítulo II. De uiris illustribus, cap. 53. 3 Em Ernest Renan, pode-se ter uma visão melhor do papel exercido pela comunidade cristã de Jerusalém, representada pelos doze apóstolos e a missão de São Paulo, com suas inumeráveis viagens e fundação de comunidades cristãs em várias regiões do mundo civilizado antigo. Nesse sentido são relevantes a obra Os apóstolos e a obra São Paulo. Em nossa bibliografia, recomendamos a edição da editora Robert Laffont, pelo rigor de seu sistema de referências e por se tratar do idioma original do clássico da historiografia do cristianismo, L’histoire des origines du christianisme, obra em setevbvv volumes. 2

3 séculos), O testemunho da alma, Contra Escápula, Contra os Judeus. À categoria de escritos polêmicos pertencem A prescrição dos hereges, Contra Marcião, Contra Hermógenes, Contra os Valentinianos, O batismo, Scorpiace, A carne de Cristo, A ressurreição da carne, Contra Práxeas, A alma. À categoria de escritos ascéticos, morais e disciplinares, referenciamos: Aos mártires, Os espetáculos, O vestido das mulheres, A oração, a Paciência, A penitência, À esposa, A exortação da castidade, A monogamia, O véu das virgens, A coroa, A fuga na perseguição, A idolatria, O jejum, A pudicícia, O manto. Neste artigo o texto em foco é o Apologético. Tertuliano iniciou sua tarefa literária no ano de 197. A crítica atual renunciou ao ideal de fixar o ano exato que corresponde à publicação de cada uma de suas obras, limitando-se a datar as cinco delas que contêm alusões históricas que permitem uma datação relativamente segura: Aos gentios (In nationibus), Apologético (Apologeticum) e Aos mártires (Ad Martyras) foram, provavelmente, publicados no ano de 197 d.C. O que mais chama a atenção no texto do Apologético é sua imersão no mundo pagão e seu dialogismo entre a cultura pagã e o que propõe como mudança de mentalidade ou conversão, em favor dos ideais cristãos. Neste sentido, articula sua dialética entre a cultura pagã e a proposta de uma nova religião, defendendo os cristãos das calúnias e difamações a eles imputadas por parte dos gentios. Há inúmeras acusações tais como infanticídio, pedofagia, homicídios de um modo geral, práticas de orgias secretas e incestos. Tertuliano dá conta de defender os cristãos que enfrentavam as perseguições e que eram alvo de calúnias, as quais, por sua vez, tinham por motivação as práticas mencionadas acima. Este artigo vem tratar da Fama, uma divindade que figurava entre os mitos pagãos; o trabalho explora este mito, que está relacionado com a opinião pública que os pagãos tinham em relação aos cristãos, ou seja, trata-se de um grupo que se reunia em lugares secretos e em horários que despertavam a curiosidade dos gentios como, por exemplo, reuniões em plena madrugada, onde cantavam hinos de louvor a Cristo. Vejamos essa passagem no texto: Atquin inuenimus inquisitionem quoque in nos prohibitam. Plinius enim Secundus, cum prouinciam regeret, damnatis quibusdam Christianis, quibusdam gradu pulsis, ipsa tamen multitudine perturbatus, quid de cetero ageret, consuluit tunc Traianum imperatorem, adlegans praeter obstinationem non sacrificandi nihil aliud se de sacramentis eorum comperisse quam coetus antelucanos ad canendum Christo ut deo et ad confoederandam disciplinam,

4 homicidium adulterium fraudem perfidiam et cetera scelera prohibentes (TERTULIANO, 2002, P. 10) Tradução: Entretanto, encontramos também para nós interditado o inquérito. Como, com efeito, Plínio o Jovem governasse a província, depois de ter condenado à morte alguns cristãos, ter deposto de seus postos alguns outros, assustado, porém, com a própria multidão, consultou então o imperador Trajano sobre o que faria do futuro, alegando ter tido conhecimento além da obstinação de não sacrificar nada além dos juramentos deles do que as reuniões da madrugada4 para cantar a Cristo como Deus e proibindo outros crimes.

Passemos, agora, à elucidação do mito da Fama. Nesse sentido, os aspectos do mito da Fama na literatura e na vida da cultura ocidental até os dias de hoje serão o foco desta exposição. 1.1. Aspectos do mito e do mito da Fama: A compreensão do conceito de mito mudou sensivelmente a partir do século XX, em contraste com a concepção do mesmo no século XIX, na qual se acreditava que “o mito era uma fábula, uma invenção, uma ficção” (ELIADE, 1991, p. 7). Mircea Eliade sustenta que “o mito designa, ao contrário, uma história verdadeira e, ademais, extremamente preciosa por seu caráter sagrado, exemplar e significativo” (idem, ibidem). O mito carrega um poder de representação bastante forte, capaz de suscitar as mais diversas reações no âmbito da pessoa e da sociedade. Assim, em Roma, havia uma série infinita de deuses e deusas, cada um deles trazendo as mais diversas histórias, transmitidas de geração a geração e cultuadas com templos, estátuas, e os diferentes cultos e rituais apropriados a cada um deles. A vida religiosa de Roma era pródiga em acolher cultos e cerimônias de países estrangeiros. Assim, a cidade de Roma era repleta de edificações sagradas, não cessando de crescer a abundância de superstições e crenças, as quais tornavam repleta de redes de significação a vida dos romanos. Entre os mitos existentes, que evocamos neste artigo encontra-se a deusa Fama, bastante poderosa e que não cessou de significar o que era para os antigos romanos, podendo a sua pertinência ser vista até na atualidade. Quem nunca esteve sujeito a seu poder? A fama não conhece limites e, a todo momento, atua em nossas vidas, pois

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Os rituais secretos dos cristãos em Roma, especialmente em horários de baixa circulação como a madrugada, suscitavam a curiosidade sobre o que se passava entre eles em segredo, o que dava azo a comentários maliciosos e terríveis calúnias. A suposição de que se sucedessem rituais escusos como a orgia e outros crimes hediondos era uma sequência natural a essas suspeitas. Consultese a obra de Ernest Renan, Histoire des origines du christianisme, conforme consta na bibliografia, para se ter uma ideia da extensão do problema.

5 somos o que falamos e comentamos com o outro; estamos sujeitos à fala do outro, talvez não absolutamente, mas em parte somos, pois dependemos uns dos outros. Em Roma, havia três deuses que comandavam o panteão romano. Eram eles Júpiter, Marte e Quirino. Júpiter era invocado no tocante aos negócios públicos, nas ações do Estado. Marte era quem comandava as ações guerreiras e de conquista. Quirino era o deus que protegia a cidade de Roma e seus cidadãos. A Fama de que tratamos neste artigo era a mensageira de Júpiter, segundo Pierre Commelin (COMMELIN, P., 1983, p. 293). Segundo este mesmo autor, os atenienses elevaram-lhe um templo e consagravam-lhe um culto regular. Entre os romanos, Fúrio Camilo construiu-lhe um templo. Os poetas representam-na como uma deusa enorme que tem cem bocas e cem orelhas. Tem longas asas, são guarnecidas com olhos. Os artistas modernos pintam-na com a roupa arregaçada, com asas nas costas e uma trombeta na mão. O episódio do encontro da rainha Dido com Eneias, que encontramos no canto IV, versos 165 a 172, da Eneida de Virgílio, é um momento em que a deusa Fama entra em ação e espalha aos quatro ventos a notícia do encontro amoroso que aconteceu em uma caverna. O poeta Virgílio continua a narrativa do encontro, descrevendo então essa peculiar deusa: Extemplo Libyae magnas it Fama per urbes, Fama, malum qua non aliud velocius ullum: mobilitate viget virisque adquirit eundo, 175 parva metu primo, mox sese attollit in auras ingrediturque solo et caput inter nubila condit. illam Terra parens ira inritata deorum extremam, ut perhibent, Coeo Enceladoque sororem progenuit pedibus celerem et pernicibus alis, 180 monstrum horrendum, ingens, cui quot sunt corpore plumae, tot vigiles oculi subter (mirabile dictu), tot linguae, totidem ora sonant, tot subrigit auris. nocte volat caeli medio terraeque per umbram stridens, nec dulci declinat lumina somno; luce sedet custos aut summi culmine tecti turribus aut altis, et magnas territat urbes, tam ficti pravique tenax quam nuntia veri.

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6 haec tum multiplici populos sermone replebat gaudens, et pariter facta atque infecta canebat: 190 venisse Aenean Troiano sanguine cretum, cui se pulchra viro dignetur iungere Dido nunc hiemem inter se luxu, quam longa, fovere regnorum immemores turpique cupidine captos. haec passim dea foeda virum diffundit in ora. (VIRGÍLIO, 1999, p. 126).

Já corre a Fama as Libycas cidades; Nem ha contagio mais veloz que a Fama. Mobil vigora e força adquire andando: No chão caminha, e a fronte ennubla e some. Da ira dos deuses Terra mãe picada, Posthuma a Ceu e Encelado, he constante, Horrendo monstro ingente, que, oh! Prodigio, No corpo quantas plumas tem, com tantos Olhos por baixo vela, tantas línguas, Tantas vezes lhe soam, tende e alerta Ouvidos tantos. Pelo céo de noite Revoa e ruge na terrena sombra, Nem os lumes declina ao meigo somno: De dia, em celsa torre ou summo alcaçar, Sentada espia e as capitaes aterra; Do falso e ruim tenaz, do vero nuncia. Varia e palreira entao com gaudio os povos Aturde, e o feito e o por fazer pregoa: Que o varão Teucro he vindo, ao qual dignava Juntar-se a bella Dido; e em luxo torpe, Todo o inverno entre os braços da volupia A acalentar-se, os reinos esqueciam. Isto de boca em boca a feia deusa Diffunde, o curso para Iarbas torce;

7 Dicaz, lhe inflama o peito, iras cumula. (VIRGÍLIO, 1854*, p. 341-343)5. Essa deusa é uma representação muito poderosa, porque, desde que o homem começou a articular sua fala, a instituição do rumor, da fofoca, da maledicência, ou de qualquer outra menção discursiva, sejam também as positivas, elogiosas ou invejosas se dão em nosso universo de convivência, e em todos os espaços. A rainha Dido, de Cartago, visitada pelo viajante Eneias, torna-se alvo dos comentários depois do encontro amoroso com o mesmo e sua posição social fica visada de modo especial, pelo status de poder. Assim, o viajante Eneias deixa-a, de certo modo, destruída, emocional e socialmente, fazendo-a sentir-se degradada. É também em situação de degradação na opinião pública que, como mostra Renan, os cristãos deviam sentir-se no tempo de Roma antiga, quando suas reuniões eram alvo da maledicência dos pagãos. As práticas secretas sempre são alvos da curiosidade alheia, onde há a pressuposição de que se trata de algo escuso, não publicável. Então, se as práticas cristãs aconteciam às ocultas, o raciocínio lógico dos pagãos era de que tais reuniões eram o lugar em que se davam práticas escusas tais como o infanticídio, o homicídio, a pedofagia, as orgias, o incesto. Os cristãos eram um grupo social odiado na época em que Tertuliano escreveu o Apologético, porque eram seguidores de uma seita pela qual eram capazes de dar a vida. É diferente da filosofia que tem uma teoria e busca prová-la; provando-a, isso é o bastante. Quanto ao cristianismo, havia também uma recusa de se submeter à autoridade e de cultuar os deuses do Estado Romano. Eram, por essa razão, odiados. Há sobretudo, um olhar de desdém para esta seita nascida no seio do judaísmo, em território da Judeia e da Galileia, regiões em que a dominação romana convivia com motins, sedições e outros tipos de problemas. Olhado pelo ponto de vista do dominado, no caso, dos judeus, estes sofriam com a dominação cultural da civilização helênica e com o comando militar e econômico dos romanos, que lhes impunham até o sistema religioso de cada imperador. O recrutamento dos soldados era feito em cidades da região e, como eram cidades inimigas entre si, tal fato gerava um estado de sítio permanente. É importante lembrar que, na época de Tertuliano, ainda estava em vigor a campanha contra a Judeia e que estavam em curso as revoltas dos judeus contra os romanos. Em que os judeus se diferenciavam dos romanos? Eles tinham a superioridade religiosa. Diferentemente dos romanos, que dominavam a arte militar e a arte da 5

Esta tradução é de Manuel Odorico Mendes, reproduzida com a ortografia da época de sua publicação. Temos dúvida se essa publicação se deu em 1854.

8 conquista dos territórios, com uma capacidade administrativa exemplar. Roma devastou a Judeia, e são memoráveis o cerco de Jerusalém e a destruição do templo de Jerusalém em 70 d.C. Os romanos continuaram seus ataques e tomaram posse da cidade de Jerusalém, obrigando os judeus remanescentes a fugir. Tal fato é conhecido como a diáspora ou dispersão dos judeus pelo mundo. Romanos e judeus se odiavam mutuamente6, podendo-se daí inferir o ódio e o desdém de tudo que possa advir como produto desta relação de hostilidade. É com esse olhar que os romanos veem os cristãos7. Aqui adentramos um terreno pantanoso e de pouca solidez do ponto de vista histórico. O historiador que de forma mais consistente trabalhou sobre a temática das origens do cristianismo foi Ernest Renan. Uma das poucas certezas que se tem é aquela que nos legou Tácito, segundo a qual havia em Roma alguns cristãos que seguiam a Cristo, crucificado sob o poder de Pôncio Pilatos8. Segundo esta fonte, Jesus Cristo teve existência histórica e seu legado é de um lugar muito especial na história universal. Há 6

O evento em que Jesus é interrogado pelos judeus acerca do imposto devido a César ilustra exemplarmente o ódio dos judeus contra os romanos e o aspecto mercenário da dominação romana (Mateus 22, 21; Marcos 12, 13-17; Lucas 20, 20-26). Segundo Ernest Renan, este episódio e o da mulher surpreendida em adultério foram suficientes para que Jesus assinasse sua sentença de morte junto aos judeus (Vida de Jesus). 7 Leia-se o livro L’Église Chrétienne para que se possa entender todo o contexto inicial das Origens do Cristianismo. 8 A passagem é da obra Annales, livro XV, capítulo 44, de Tácito. “Mas não se esquivava a um deus por infâmia, não por poder humano, não por liberalidades de um príncipe ou com meios de aplacar, a menos que se acreditasse no incêndio ordenado. Alimentando, pois, o rumor, Nero submeteu os reus e os afligiu com esquisitíssimos castigos aqueles que o povão chamava de cristãos odiosos por meio de ignomínias. O autor deste nome Cristo tinha sido oprimido com o suplício da cruz no comando de Tibério pelo procurador Pôncio Pilatos; e a reprimida superstição funesta irrompia para o momento presente novamente, não apenas na Judeia, origem deste mal, mas também através da cidade de Roma, para onde confluíam e se celebravam todos os eventos atrozes ou vergonhosos. Primeiramente, portanto, tendo sido presos os que confessavam, depois, com sua indicação, a enorme multidão foi convencida por conseguinte não tanto da acusação do incêndio quanto do ódio ao gênero humano. E para os que pereciam eram lançados os escárnios, a fim de que morressem cobertos de mordida dos cães e de dorsos das feras ou pregados às cruzes ou destinados às chamas e, quando o dia tivesse encerrado, queimassem para uso de luz noturna. Nero havia oferecido àquele espetáculo seus jardins, e anunciava o jogo circense insistindo confusamente no hábito do cocheiro para a plebe ou para a corrida. Donde, ainda que nascesse a compaixão contra os méritos daninhos e os últimos exemplos, não tanto por interesse público, quanto fossem devorados para a crueldade de apenas um indivíduo.” (“Sed non ope humana, non largitionibus principis aut deum placamentis decedebat infamia, quin iussum incendium crederetur. Ergo abolendo rumori Nero subdidit reos et quaesitissimis poenis adfecit, quos per flagitia invisos vulgus Chrestianos appellabat. Auctor nominis eius Christus Tibero imperitante per procuratorem Pontium Pilatum supplicio adfectus erat; repressaque in praesens exitiablilis superstitio rursum erumpebat, non modo per Iudaeam, originem eius mali, sed per urbem etiam, quo cuncta undique atrocia aut pudenda confluunt celebranturque. Igitur primum correpti qui fatebantur, deinde indicio eorum multitudo ingens haud proinde in crimine incendii quam odio humani generis convicti sunt. Et pereuntibus addita ludibria, ut ferarum tergis contecti laniatu canum interirent aut crucibus adfixi aut flammandi atque, ubi defecisset dies, in usum nocturni luminis urerentur. hortos suos ei spectaculo Nero obtulerat, et circense ludicrum edebat, habitu aurigae permixtus plebi vel curriculo insistens. Vnde quamquam adversus sontes et novissima exempla meritos miseratio oriebatur, tamquam non utilitate publica, sed in saevitiam unius absumerentur.”)

9 também o legado dos apóstolos, especialmente São Paulo, que fundou comunidades cristãs e disseminou a mensagem do cristianismo, deixando testemunhos através de suas cartas. O cristianismo deixou instituições importantes como o hospital, o albergue, o asilo, a hospitalidade, a solidariedade e a esmola9. Entretanto, percorrendo os Evangelhos, Ernest Renan reconstrói uma história da vida de Jesus. Fala do papel dos sacerdotes judeus no processo e do julgamento de Jesus Cristo. Reconstrói a figura de Anás e seu ódio a Cristo e aos cristãos. Se de uma forma um tanto velada Anás esteve por detrás do assassinato de Cristo, tal fato se deu porque a a administração romana nessa época imiscuía-se neste tipo de processo, o de assassinato por motivos religiosos. Foi por essa razão que Cristo foi morto com o suplício romano da cruz. Quando o apóstolo Estêvão foi condenado pelo sinédrio judaico, a administração romana já não se intrometia mais em tais processos. Na ocasião, Estêvão foi executado por apedrejamento. Nos dois assassinatos, foi Anás quem estava no comando das execuções. Seu ódio a Cristo e aos cristãos transmitia-se a seus descendentes, de geração a geração. Na obra “Les Apôtres” (Os apóstolos), Ernest Renan retrata o retraimento da comunidade cristã dos doze apóstolos após a crucificação de Cristo. Eles se reuniam para a partilha do pão, mas receavam o ódio do judeus, e acabaram se rendendo ao culto judaico. A tal ponto que, quando o apóstolo Paulo os encontrou, ficou desapontado com o que viu. São Paulo, de origem judaica, teve uma revelação de Jesus ressuscitado e, a partir disso, cessa de perseguir os cristãos e inicia sua missão apostólica. Quando encontra os doze apóstolos, percebe sua tibieza e temor, coisa que não esperava daqueles que haviam convivido com Jesus, por longo tempo e que haviam presenciado suas ações e ministério. Os judeus seguiram expatriados e espoliados em sua vida material. Não perderam, contudo, sua unidade e identidade cultural, linguística e religiosa, que é representada pela Torá (a Lei), os profetas e os escritos, em suma, a Bíblia. Eles codificaram sua cultura através da cultura talmúdica que remonta ao séc. VI. Quanto aos cristãos, adaptaram-se a condições locais e às línguas, cada uma peculiar a cada comunidade. Quanto à situação do cristianismo em ambiente romano estará sujeito à maior ou menor tolerância, de acordo com a índole de cada procônsul ou governador da província.

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O autor que nos informa a esse respeito é Jean Daniélou e Henri Marrou.

10 1.2. Aspectos do mito da Fama no Apologético, de Tertuliano: questões de tradução. No texto que recortamos da obra Apologético, capítulo VII, números 8 a 14, Tertuliano dialoga sobre os efeitos da Fama com relação às acusações levadas ao tribunal pelos pagãos, junto ao governador da província de Cartago. Tertuliano inicia sua fala, dizendo que a natureza da fama é conhecida por todos. Depois prossegue, reportando-se ao que disse Virgílio no episódio da Eneida que reproduzimos acima: “Natura famae omnibus nota est. Vestrum est. Fama malum, qua non aliud uelocius ullum” (ENEIDA, canto IV, verso 174) A natureza da fama é conhecida por todos. Pertence a vós. A fama é um mal, não há nenhum outro mais veloz que ela.

Diferentemente de Virgílio, Tertuliano dialoga com o público, questionando por que ele considera a fama um “mal”. Nesse caso da causa dos cristãos, é um “mal” porque, na construção do discurso, os pagãos foram alvo de uma acusação que move o escritor a demonstrar a sua iniquidade e injustiça em relação a uma seita isenta, segundo o texto, de culpa. É bom ressaltar que a fama pode ser benfazeja também, não sendo necessariamente um mal. Há momentos em que os avisos dados por amigos podem prevenir de alguma situação que pode ser evitada, livrando os mesmos de um mal maior. No caso de Tertuliano, ela atua desfavoravelmente à defesa da causa dos cristãos, porque é veloz, porque aponta o dedo e é, na maior parte das vezes, mentirosa. Tertuliano indaga: “Cur malum fama? Quia uelox? Quia index? An quia plurimum mendax?” Por que a fama é um mal? Porque é veloz? Porque aponta o dedo? Ou porque é, na maior parte das vezes, mentirosa?

Tertuliano diz as razões pelas quais a Fama, poderosa deusa, é deletéria; pois, mesmo quando traz algo de verdadeiro, não deixa de trazer algum acréscimo, subtração ou alteração, que são defeitos da mentira. Assim temos: Quae ne tunc quidem, cum aliquid ueri affert, sine mendacii uitio est, detrahens, adiciens, demutans de ueritate. “Aquela que então nem sequer existe sem o defeito da mentira, quando traz algo de verdadeiro, subtraindo, acrescentando, fazendo alterações a partir da verdade”.

11 O orador se admira. Ele explica que a condição da Fama de perseverar é de continuar existindo enquanto não comprove o que assevera, mesmo que seja uma mentira: Quid? Quod ea illi condicio est, ut non nisi cum mentitur, perseueret, et tamdiu uiuit, quamdiu non probat? “Mas o quê? Sua condição é tal que ela persevera à condição de mentir e vive pelo mesmo espaço de tempo enquanto não comprova?”

Uma vez tendo a fama comprovado sua asserção, ela cessa de existir; e uma vez que cumpriu sua missão, com a função de anunciar, transmite um fato: Siquidem, ubi probauit, cessat esse et quasi officio nuntiandi functa rem tradit; et exinde res tenetur, res nominatur. “Se contudo, desde o momento que ela provou, cessa de existir e, como tendo funcionado como ofício de mensageira, transmite um fato; desde então é um fato que é mantido, é um fato que é nomeado.”

Não se pronuncia o nome da Fama ao se relatarem os fatos, mas é ela, a deusa Fama, que preside à disseminação da boataria: Nec quisquam dicit uerbi gratia: "Hoc Romae aiunt factum", aut: "Fama est illum prouinciam sortitum", sed: "Sortitus est ille prouinciam", et: "Hoc factum est Romae". “Ninguém diz, por exemplo: “Dizem que isto aconteceu em Roma”, ou “É sabido de todos que ele saiu da província”, mas “Ele saiu da província”, e “Isto sucedeu em Roma”.”

A Fama é o nome do incerto, não existe onde se tem certeza. Por acaso poder-seia dar crédito ao incerto? O sábio não dá crédito a boatos. Não importa a extensão de sua difusão, não importa a extensão de sua segurança, é necessariamente de um único autor que ela partiu. Fama, nomen incerti, locum non habet, ubi certum est. An uero famae credat nisi inconsideratus? Quia sapiens non credit incerto. Omnium est aestimare, quantacumque illa ambitione diffusa sit, quantacumque adseueratione constructa, quod ab uno aliquando principe exorta sit necesse est. “Reputação, nome do incerto, não tem lugar, onde há a certeza. Por acaso, a gente poderia dar crédito à reputação, se não é fruto de reflexão? Porque o sábio não acredita no incerto. Avaliar pertence a todos, é necessário que seja difundida, com quanto quer que seja a extensão de sua difusão, seja com quanta segurança construída for, visto que é necessário que seja dada à luz por um único autor em algum tempo.”

12 O boato serpenteia de boca em boca e de ouvido a ouvido, e assim ninguém cogita quem foi o autor. O uso do substantivo tradux, -cis é bastante expressivo, pois traz consigo a noção de rede de contato, pois a acepção primitiva era a designação de sarmento de videira que, geralmente, se alastra e se difunde. Nesse campo atua a maldade humana que desconhece limites: Exinde in traduces linguarum et aurium serpit, et ita modici seminis uitium cetera rumoris obscurat, ut nemo recogitet, ne primum illud os mendacium seminauerit, quod saepe fit aut ingenio aemulationis aut arbitrio suspicionis aut non noua, sed ingenita quibusdam mentiendi uoluptate. “Depois, ela serpenteia transplantando-se de boca em boca e de ouvido em ouvido, e assim o vício próprio desta humilde semente obscurece a tal ponto a porção de rumor, que ninguém se pergunta qual foi aquela primeira boca que teria semeado a mentira, que frequentemente sucede, ou, graças ao gênio inventivo do ódio ou pela suspeita temerária ou ainda por causa desta voluptuosidade da mentira que não é uma coisa extraordinária, mas inata a certos indivíduos.”

O tempo tudo revela e é o senhor das razões. A partir de boatos, não se pode constituir prova concreta de crime contra os cristãos. Porque boatos são inconsistentes e não se sustentam, esvaindo-se com o tempo: Bene autem quod omnia tempus reuelat, testibus etiam uestris prouerbiis atque sententiis, ex dispositione naturae, quae ita ordinauit, ut nihil diu lateat, etiam quod fama non distulit. [14] Merito igitur fama tamdiu conscia sola est scelerum Christianorum; hanc indicem aduersus nos profertis, quae quod aliquando iactauit tantoque spatio in opinionem corroborauit, usque adhuc probare non ualuit. “Ainda bem que o tempo tira o véu de tudo, sendo-me testemunhas vossos provérbios e máximas, e é por uma disposição da divina natureza que assim quis que nada se oculte por muito tempo nem mesmo o que a Fama espalhou.14. É com razão, portanto, que desde muito tempo a Fama seja unicamente a conhecedora dos crimes dos cristãos; é esta denunciadora que produzis contra nós, a qual, visto que em algum tempo espalhou e por tanto tempo se fortaleceu para a opinião pública, até o momento não logrou provar.

Passemos ao texto completo em latim: [8] Natura famae omnibus nota est. Vestrum est: "Fama malum, qua non aliud uelocius ullum." Cur malum fama? Quia uelox? Quia index? An quia plurimum mendax? Quae ne tunc quidem, cum aliquid ueri affert, sine mendacii uitio est, detrahens, adiciens, demutans de ueritate. [9] Quid? Quod ea illi condicio est, ut non nisi cum mentitur, perseueret, et tamdiu uiuit, quamdiu non probat? Siquidem, ubi probauit, cessat esse et quasi officio nuntiandi functa rem tradit; et exinde res tenetur, res nominatur. [10] Nec quisquam dicit uerbi gratia: "Hoc Romae aiunt factum", aut: "Fama est illum prouinciam sortitum", sed: "Sortitus est ille prouinciam", et: "Hoc

13 factum est Romae". [11] Fama, nomen incerti, locum non habet, ubi certum est. An uero famae credat nisi inconsideratus? Quia sapiens non credit incerto. Omnium est aestimare, quantacumque illa ambitione diffusa sit, quantacumque adseueratione constructa, quod ab uno aliquando principe exorta sit necesse est. [12] Exinde in traduces linguarum et aurium serpit, et ita modici seminis uitium cetera rumoris obscurat, ut nemo recogitet, ne primum illud os mendacium seminauerit, quod saepe fit aut ingenio aemulationis aut arbitrio suspicionis aut non noua, sed ingenita quibusdam mentiendi uoluptate. [13] Bene autem quod omnia tempus reuelat, testibus etiam uestris prouerbiis atque sententiis, ex dispositione naturae, quae ita ordinauit, ut nihil diu lateat, etiam quod fama non distulit. [14] Merito igitur fama tamdiu conscia sola est scelerum Christianorum; hanc indicem aduersus nos profertis, quae quod aliquando iactauit tantoque spatio in opinionem corroborauit, usque adhuc probare non ualuit. E agora, vejamos a tradução proposta: 8. A natureza da fama é conhecida de todos. Sois vós que dizeis: “A Fama é um mal, não há nenhum outro mais veloz que ela.” Por que a fama é um mal? Por que é veloz? Por que aponta o dedo? Ou por que é, na maior parte das vezes, mentirosa? Aquela que então nem sequer existe sem o defeito da mentira, quando traz algo de verdadeiro, subtraindo, acrescentando, fazendo alterações a partir da verdade. 9. Mas o quê? Sua condição é tal que ela persevera à condição de mentir e vive pelo mesmo espaço de tempo enquanto não comprova? Se, contudo, desde o momento que ela provou, cessa de existir e, como tendo funcionado como ofício de mensageira, transmite um fato; desde então é um fato que é mantido, é um fato que é nomeado. 10. Ninguém diz, por exemplo: “Dizem que isto aconteceu em Roma”, ou “É sabido de todos que ele saiu da província”, mas “Ele saiu da província”, e “Isto sucedeu em Roma”. 11. Reputação, nome do incerto, não tem lugar, onde há a certeza. Por acaso, a gente poderia dar crédito à reputação, se não é fruto de reflexão? Porque o sábio não acredita no incerto. Avaliar pertence a todos, é necessário que seja difundida, com quanto quer que seja a extensão de sua difusão, seja com quanta segurança construída for, visto que é necessário que seja dada à luz por um único autor em algum tempo. 12. Depois, ela serpenteia transplantando-se de boca em boca e de ouvido em ouvido, e assim o vício próprio desta humilde semente obscurece a tal ponto a porção de rumor, que ninguém se pergunta qual foi aquela primeira boca que teria semeado a mentira, que frequentemente

14 sucede ou graças ao gênio inventivo do ódio ou pela suspeita temerária ou ainda por causa desta voluptuosidade da mentira que não é uma coisa extraordinária, mas inata a certos indivíduos. 13. Ainda bem que o tempo tira o véu de tudo, sendo-me testemunhas vossos provérbios e máximas, e é por uma disposição da divina natureza que assim quis que nada se oculte por muito tempo nem mesmo o que a Fama espalhou.14. É com razão, portanto, que desde muito tempo a Fama seja unicamente a conhecedora dos crimes dos cristãos; é esta denunciadora que produzis contra nós, a qual, visto que em algum tempo espalhou e por tanto tempo se fortaleceu para a opinião pública, até o momento não logrou provar.

2. CONCLUSÃO: Percebemos, pelo texto traduzido de Tertuliano, a menção à deusa Fama dos romanos na articulação que Tertuliano faz em defesa dos cristãos. Tertuliano, como jurista, tem em mente que, para construir uma defesa da fé cristã, necessita trazer à tona as divindades pagãs e suas respectivas redes de sentido e de experiência religiosa. A deusa Fama é relevante no sentido de trabalhar tudo que diga respeito à reputação e ao bom nome dos cristãos para levar quem o ouve a mudar sua mentalidade acerca da religião cristã. O Apologético é a obra mais conhecida de Tertuliano. Foi também a mais lida por todos os grandes autores como Michel de Montaigne, Erasmo, dentre outros. Percebemos, ao mesmo tempo, a atualidade do autor, porque, em pleno século XXI, cristãos são sacrificados no Oriente e o cristianismo permanece uma religião que, ao que parece, não transformou o mundo ainda. Essa obra continua sendo um clássico no sentido lato do termo, isto é, que não se esgotou naquele tempo, continua sendo um convite à reflexão. Quanto ao foco deste artigo, a deusa Fama, poderíamos dá-la como morta? A observação mais imediata e breve do mundo se renderá às evidências de que mais que nunca esta divindade se faz presente e atuante em nosso dia a dia, com rapidez cada vez maior do fluxo de informações. O que este artigo traz é dar um nome à divindade adorada e idolatrada dos dias atuais, dando-lhe o lugar que lhe cabe no panteão do mundo globalizado e informatizado.

15 3. BIBLIOGRAFIA: CAMPBELL, Joseph. O poder do mito. Tradução de Carlos Felipe Moisés. São Paulo: Associação Palas Athena, 1990. COMMELIN, P. Nova mitologia grega e romana. Tradução de Thomaz Lopes. Belo Horizonte: Itatiaia, 1983. DANIÉLOU, Jean. MARROU, H. Dos primórdios a São Gregório Magno. Tradução de Dom Frei Paulo Evaristo Arns. Petrópolis: Vozes, 1984. DUMÉZIL, Georges. La religion romaine archaïque. Paris: Payot, 1974. ELIADE, M. Aspectos do mito. Tradução de Manuela Torres. Lisboa: Edições 70, 1986. _________. Mito e realidade. Tradução: Pola Civelli, 1991. _________. Mitos, sonhos e mistérios. Tradução de Samuel Soares. Lisboa: Edições 70, 1989. FREDOUILLE, J.-C. Tertullien et la conversion de la culture antique. Paris: Institut d’Études Augustiniennes, 2012. MENDES, Manuel Odorico. Virgílio Brazileiro. Rio de Janeiro: H. Garnier Livreiro Editor, 1854. RENAN, E. Histoire des origines du christianisme. Vol. 1: Vie de Jésus, Les Apôtres, Saint Paul. Paris: Robert Laffont, 1995. _________. Histoire des origines du christianisme. Vol. 2: L’Antéchrist, Les Évangiles, L’Église Chrétienne, Marc-Aurèle. Paris: Robert Laffont, 1995. TERTULIANO. Apologético. A los gentiles. Introducción, traducción y notas de Carmen Castillo García. Madrid: Editorial Gredos, 2001. _________. Apologétique. Texte établi et traduit par Jean-Pierre Waltzing. Introduction et notes de Pierre-Emmanuel Dauzat. Paris: Les Belles-Lettres, 2002. _________. Apologétique. Traduction de M. l’Abbé J.-Félix Allard. URL: http://www.liberius.net/livres/Apologetique_de_Tertullien_000000640.pdf _________. Apology. De Spectaculis. With na English translation by T. R. Glover. MINUCIUS FELIX. Octauius. With an English translation by Gerald H. Rendall. Cambridge, Massachussets, London, England: Loeb Classical Library, 1931. VIRGILIO. Eneide. Tradução de Luca Canali. Introduzione de Ettore Paratore. Milão: Arnoldo Mondadori, 1999.

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