A Farmácia Clínica no âmbito da Farmácia Magistral

May 26, 2017 | Autor: J. Pharmaceutical... | Categoria: Pharmacology, Pharmacy, Pharmaceutical Technology, Pharmaceutics, Pharmaceutical Sciences
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Vasconcelos et al., 2016 Perspective Perspectivas

A Farmácia Clínica no âmbito da Farmácia Magistral Thalles Yuri L. Vasconcelos*1,6, Ítalo M. Cangussú2,6, Raimundo J. M. Mesquita3,6, Francisca Valéria Bezerra Sampaio Marques4, Aristides Ávilo do Nascimento5,6 1 - Farmacêutico, Mestrando em Biotecnologia, Universidade Federal do Ceará, Brasil 2 - Graduação em Farmácia, Faculdades INTA, CE, Brasil. 3 - Docente do curso de Farmácia das Faculdades INTA, CE, Brasil. 4 - Química, Laboratório da Farmácia-Escola das Faculdades INTA, CE, Brasil. 5 - Farmacêutico, Responsável Técnico da Farmácia-Escola das Faculdades INTA, CE, Brasil. 6 - Grupo de Pesquisa em Nutrição, Elementos Químicos e Moléculas (NELMOL), Ceará, Brasil. *Autor Correspondente: [email protected].

_______________________________________________________________________________________ Na década de 1960, teve início nos Estados Unidos, o conceito de Farmácia Clínica, até então, voltada apenas para o âmbito hospitalar. Atualmente, esta prática engloba todos os níveis de atenção à saúde, podendo ser desenvolvido em hospitais, unidades de atenção primária à saúde, ambulatórios, farmácias comunitárias, e 1 atualmente, nas farmácias magistrais . As atividades desenvolvidas pelos farmacêuticos clínicos representa um importante papel na promoção do uso racional de medicamentos, assegurando que os pacientes recebam a farmacoterapia adequada, além de minimizar os riscos de desfechos desfavoráveis da 2 farmacoterapia e reduzir os custos . As farmácias que realizam manipulação representam um espaço de grande atuação do farmacêutico. A concorrência em que o setor magistral vive hoje, segundo a Associação Nacional dos Farmacêuticos Magistrais (ANFARMAG) e o Conselho Federal de Farmácia (CFF), em 2013, possui aproximadamente 10 % do mercado brasileiro de medicamentos, existindo por volta de 5.800 farmácias magistrais, que empregam cerca de 17 mil farmacêuticos2,3. O farmacêutico magistral é o responsável técnico por garantir a manipulação de formulações magistrais. Existem diversas vantagens na escolha por medicamentos manipulados, entre as principais vantagens estão: possibilidade de personalização da posologia, substituição de algum componente da formulação, manipulação de associações entre medicamentos, adequação de formulações para uso pediátrico, uso off-label de medicamentos e manipulação de medicamentos que foram descontinuados por indústrias. Além

dessas vantagens, é importante ressaltar que, em muitas vezes, os produtos manipulados possuem um valor de venda, por tratamento, abaixo do preço dos medicamentos comercializados em drogarias, o que é um fator importante na escolha desses produtos pelo paciente4,5. Apesar de todas as vantagens, como as farmácias magistrais manipulam medicamentos em pequena escala e com formulações baseadas em prescrições individualizadas, podem também apresentar riscos aos pacientes. As formulações preparadas em farmácias magistrais não são avaliadas quanto a segurança e efetividade, além disso, as formulações não possuem bulas e podem não possuir instruções para uso adequado. Portanto, é de suma importância a atuação do farmacêutico clínico nessa área, com intuito de garantir uma farmacoterapia segura e eficaz6. As ações clínicas do farmacêutico não estão mais restritas ao âmbito hospitalar, com o surgimento da atenção farmacêutica, essas ações expandem-se gradativamente outras áreas de atuação e, principalmente, para as farmácias magistrais, onde ocorre a personalização da terapia. A área de atuação magistral é incentivada pelo novo engajamento dos profissionais ancorados pelas Instituições de Ensino Superior, modificações nas legislações, conscientização e cobrança da população1,7. O impacto positivo dos serviços de farmacêuticos, área comunitária e hospitalar sobre os resultados clínicos, econômicos e humanísticos já foi demonstrado em diversos estudos na América do Norte e Reino Unido2,8. Contudo a área clínica vem em crescente ascensão na área magistral.

Vasconcelos et al., 2016 A profissão farmacêutica está mudando de simples oferta de medicamentos para uma função clínica de cuidado ao paciente. O farmacêutico, por ser um profissional capaz de interagir com os prescritores e pacientes, deve possuir o quesito de informação como alicerce desta relação9. Do farmacêutico clínico é exigido conhecimento especializado da terapêutica, compreensão dos processos de doenças, conhecimento sobre os medicamentos, habilidades de comunicação, habilidades de planejamento terapêutico, capacidade de avaliar e interpretar exames físicos e laboratoriais, além do conhecimento de toda parte técnica na área magistral. Desta maneira, o preparo do farmacêutico para o exercício dessa nova atribuição é um passo fundamental para o sucesso das ações da atenção farmacêutica no âmbito magistral10. A base da atenção farmacêutica é o paradigma do cuidado ao paciente, onde todos os profissionais envolvidos cooperam entre si, visando o benefício ao paciente. O farmacêutico clínico tem papel importante, pois auxilia na obtenção de melhores resultados na farmacoterapia. Para garantir o sucesso dessa nova área de atuação, o farmacêutico precisa trabalhar conjuntamente com os prescritores e com outros profissionais da área da saúde. É essencial que o farmacêutico interaja com as equipes multiprofissionais, para que todos os profissionais contribuam para a promoção do uso correto e racional dos medicamentos. Também é de suma importância que este profissional disponha de tempo necessário para realizar o atendimento ao paciente, para obter informações relacionadas a farmacoterapia, entender os desejos, preferências, necessidades e expectativas do paciente relacionadas com sua saúde. Além disso, é necessário que o farmacêutico se comprometa a continuar com a atenção farmacêutica uma vez iniciada. A responsabilidade e o comprometimento são necessários em tempo integral para o sucesso da atenção farmacêutica10,11. No Brasil, as farmácias ainda estão distanciadas do seu papel sanitário e como estabelecimentos de saúde. Vários trabalhos relataram que a prática do cuidado farmacêutico no Brasil está distante do idealizado no Consenso Brasileiro de Atenção Farmacêutica, já que a dispensação nem sempre é entendida como processo de assistência a saúde, ocorrendo à insuficiência de orientação farmacêutica no momento da dispensação e o profissional farmacêutico poucas vezes está presente nas farmácias para prestar adequadas informações e orientações12,13.

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A atenção farmacêutica é uma prática necessária, voltada para o atendimento de uma nova demanda social, portanto, é um elemento fundamental nos serviços de saúde. É uma ação que pode ser posta em prática em todos os campos de atuação da área farmacêutica e deve ser incentivada. Através da atenção farmacêutica e do seguimento farmacoterapêutico, o farmacêutico poderá desempenhar o seu papel ideal como “dispensador de atenção sanitária e terapêutica”, deixando de ser um profissional que apenas entrega o medicamento. A partir daí, o farmacêutico poderá ter de volta a sua identidade original e a sua importância como profissional reconhecidamente pela sociedade14.

Referências 1. Brasil. Conselho Federal de Farmácia. Resolução nº 565 de 6 de dezembro de 2012. Dá nova redação aos artigos 1º, 2º e 3º da Resolução/CFF nº 288 de 21 de março de 1996. D.O.U.2012. Disponível em:< http://www.cff.org.br/userfiles/file/resolucoes/565 .pdf>. 2. Kaboli PJ, Hoth AB, McClimon BJ, Schnipper JL. Clinical pharmacists and inpatient medical care: a systematic review. Arch Intern Med. 2006;166(9): 955-64. 3. Brasil. Conselho Federal de Farmácia. Manipulação de remédios vem registrando expansão. 06 de setembro de 2013. Disponível em: http://www.cff.org.br/noticia.php?id=1280 4. Miguel MD, Zanin SMW, Miguel OG, Roze AO, Oyakawa CN, Oliveira AB. O cotidiano das farmácias de manipulação. Visão Acadêmica. 2002;3(2):103-108. 5. Pinto S, Barbosa CM. Medicamentos manipulados em pediatria: estado atual e perspectivas futuras. Arq Med 2008;22(2/3):7584. 6. Gudeman J, Jozwiakowski M, Chollet J, Randell M. Potential risks of Pharmacy Compounding. Drugs in R&D. 2013;13(1):1-8. 7. Moreira AM. Atenção farmacêutica e promoção do uso racional de medicamentos. Disponível em: http://www.ccs.uel.br/espacoparasaude/v4n2/doc/ atencaofarmauso.doc

Vasconcelos et al., 2016 8. Chisholm-Burns MA, Graff Zivin JS, Lee JK, Spivey CA, Slack M, Herrier RN, Hall-Lipsy E, Abraham I, Palmer J. Economic effects of pharmacists on health outcomes in the United States: A systematic review. Am J Health Syst Pharm. 2010;67(19):1624-34. doi: 10.2146/ajhp100077. 


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11. Asadi-Lari M, Tamburini M, Gray D. Patient's needs, satisfaction, and health related quality of life: towards a comprehensive model. Health Qual. Life Outcomes. 2004;2:32. 12. Romano-Lieber NS, Cunha MFC, Ribeiro E. A farmácia como estabelecimento de saúde. Rev de Direito Sanit. 2008;9(3):188-199.

9. Pepe VLE, Castro CGSO. A interação entre prescritores, dispensadores e pacientes: informação compartilhada como possível benefício terapêutico. Cad. Saúde Pública. 2000;16(3):815-22.

13. Oli eira , a a a , i e , anin , ontr hio . stá os da tenção ar a ti a no rasi . Braz J Pharm Sci. 2005;41(4):409-13.

10. Gomes MJVM, Reis AMM. Ciências Farmacêuticas – uma abordagem em farmácia hospitalar. 1a ed. São Paulo: Atheneu, 2001.

14. Organização Mundial de Saúde (OMS). The role of the pharmacist in the health care system. Geneva: OMS, 1994.

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