A fauna de dinossauros brasileiros: estado da arte - Poster

May 31, 2017 | Autor: Bruno Navarro | Categoria: Paleoecology, Vertebrate Paleontology, Brazilian Dinosaurs
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A FAUNA DE DINOSSAUROS BRASILEIROS: ESTADO DA ARTE NAVARRO, B. A.¹; DELCOURT, R.¹; ELIAS, F. A.²; CARVALHO, A. B.¹; CATTARUZZI, A. G. & ZAHER, H.¹ ¹ Laboratório de Paleontologia, ² Divisão de Difusão Cultural, Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP), Av. Nazaré 481, São Paulo, SP, CEP 04263-000.

Introdução

Resultados Parciais

Em proporções continentais, o Brasil abriga em seu território extensas áreas de bacias sedimentares com rochas da Era Mesozóica. Depósitos de idade triássica estão localizados principalmente no estado do Rio Grande do Sul. Já os sedimentos jurássicos, do ponto de vista paleontológico, se mostram pouco representativos e de difícil caracterização estratigráfica devido à pobreza de afloramentos disponíveis. Em contraste, as rochas continentais com idade cretácea se distribuem por grande parte da porção meridional e setentrional do país. O Cretáceo representa o intervalo mais expressivo da história geológica brasileira, tanto em termos de registro fossilífero e quantidade de depósitos, como de eventos tectônicos.

A fase de levantamento bibliográfico (já concluído) levantou referências que compreendem desde artigos de periódicos a resumos de comunicação. O presente estudo também incluiu referências antigas, que mereceram atenção especial por reportarem clados até então desconhecidos no país. Entre as citações antigas, merecem destaque as vértebras de um possível Iguanodontia do Recôncavo Baiano (Mawson & Woodward, 1907) além de outros materiais dessa localidade, como uma possível costela (Marsh, 1869) e vértebras indeterminadas (informações obtidas também a partir do catálogo online do Natural History Museum de Londres, NHM). Adicionalmente Huene (1931) cita materiais de saurópodes provenientes do Mato Grosso, também depositados no NHM, bem como supostos restos de pele atribuídos à Thyreophora, encontrados em depósitos da Bacia Bauru na região de Colina (SP).

No que diz respeito aos materiais fósseis de dinossauros, os mesmos já foram identificados em todas as grandes bacias sedimentares de idade mesozóica do território brasileiro. Entretanto, embora as coletas destes espécimes tenham se iniciado ainda no século 19, há mais de 150 anos, o número de espécies descritas e o atual conhecimento sobre o grupo não parece refletir o real potencial esperado, frente à extensão territorial e riqueza do país em depósitos sedimentares. Até o presente momento, foram descritas para o Brasil apenas 24 espécies nominais referidas a dinossauros, um número muito pequeno e pouco expressivo se comparado com países geograficamente próximos, como a Argentina. Isso demonstra o quão parcial pode parecer o nosso atual entendimento a respeito da diversidade e expressividade deste grupo nos paleoecossistemas terrestres da Era Mesozóica no Brasil e o quanto também parece artificial a ausência de alguns componentes deste clado nestes depósitos.

Entre as pesquisas mais recentes, também notamos registros pouco citados, como, por exemplo, os materiais de Coelurosauria do Cretáceo Superior da Bacia Bauru: o dentário encontrado em Santo Anastácio (SP) e fêmur, tíbia e metatarsais de Peirópolis (MG; Bertini et al., 1993). Cabe citar também as descobertas em unidades geológicas até então pouco exploradas, como as pegadas na Formação Maceió (Bacia Sergipe-Alagoas) e registros osteológicos ainda não publicados da Bacia Potiguar (RN), ambos do Cretáceo Inferior. Outro fator de nota é a grande concentração das espécies nominais na Bacia Bauru (9), que correspondem a aproximadamente um terço de todas espécies brasileiras, sendo todas Saurópodes. O Nordeste do país, com diversas bacias, contribui com somente 6 espécies, 4 das quais (todas Terópodes) provenientes da Bacia do Araripe. Essa distribuição de grupos em ambas bacias denota um forte viés amostral, com falta de táxons nominais de Terópodes na Bacia Bauru e a menor incidência de materiais de dinossauros herbívoros (Saurópodes e Ornitópodes) no Nordeste. Registros icnológicos, ao contrário do que os osteológicos sugerem, apontam diversidade e quantidade muito superiores de herbívoros no Nordeste. Isso é um indicativo de que os esforços de coleta ainda são insuficientes em outras localidades e campanhas sistemáticas podem render novos espécimes. Um exemplo claro são materiais articulados exepecionais, encontrados na Bacia Sanfranciscana (Tapuiasaurus macedoi).

Figura 1- Principais bacias geológicas brasileiras com depósitos da Era Mesozóica. Algumas destas bacias possuem sedimentos de outros períodos. Sendo assim, apenas os sedimentos mesozóicos são mostrados.

Material e Métodos Serão identificadas e catalogadas informações dos registros osteológicos e icnológicos de dinossauros não-avianos, avianos e seus relativos mais próximos filogeneticamente (e.g. dinossauriformes) encontrados em depósitos mesozóicos do Brasil, por meio de visitas a coleções como também as espécies e materiais já referidos na literatura. Estas informações serão utilizadas para traçar um panorama da distribuição das biotas dinossaurianas pelo país, proporcionando análises comparativas das mesmas, bem como fornecer um banco de dados robusto para análises quantitativas. Adicionalmente, será elaborada uma síntese das principais informações referentes às espécies nominais já descritas na literatura.

Os dados obtidos serão compilados e a partir disso será elaborado um índex dos taxa descritos até o presente momento, além de um extenso inventário, agrupando cada ocorrência nos seguintes critérios: (1) Natureza do Registro: (A) Osteológico, (B) Dentário, (C) Tegumentário (e.g. Penas, Osteodermas), (D) Oológico (e.g. Cascas, Ovos, Nidificações), (E) Icnológico (e.g. Pegadas & Trilhas), (F) Excretal (e.g. Coprólitos, Urólitos); (2) Sistemática, Taxonomia e Parataxonomia (Icnológica, Oológica) atribuída ao exemplar; (3) Caracterização do material coletado; (4) Instituição depositória; (5) Procedência do(s) espécime(s); (6) Horizontes (i.e. Litoestratigráfico, Cronoestratigráfico); e (7) Principais referências disponíveis na literatura.

Figura 2- Lista dos táxons dinossaurianos já referidos na literatura para o território brasileiro, incluindo nomina dúbia e incertae sedis. Baseado em materiais osteológicos e icnológicos.

Considerações Finais A primeira espécie considerada válida foi descrita em 1970, 110 anos após os primeiros relatos de achados (Allport, 1860). Contudo, após um longo período de hiato, a pesquisa em dinossauros no Brasil vem apresentando crescimento considerável, com 21 das 24 espécies atualmente reconhecidas sendo descritas no decorrer dos últimos 20 anos. Através de um mapeamento rigoroso das localidades fossilíferas ao longo do seu extenso território geográfico, este trabalho servirá de base para futuros projetos de prospecção, gerando informações de áreas que hoje são exaustivamente prospectadas, além de localidades onde há poucos registros de materiais e carecem de esforços sistematizados de coleta, podendo assim no futuro render novos espécimes. REFERÊNCIAS ALLPORT, S. 1860. On the discovery of some fossil remains near Bahia in South America. Quarterly Journal of the Geological Society, 16: 263-268. BERTINI, R. J.; MARSHALL, L. G.; GAYET, M. & BRITO, P. 1993. Vertebrate faunas from the Adamantina and Marília (Upper Bauru Group, Late Cretaceous, Brazil) in their stratigraphic and paleobiogeographic context. Neues Jahrbuch für Geologie und Paläontologie, Monashefte, 188 (1): 71-101. HUENE, F. von. 1931. Verschiedene mesozoisches Wirbeltierreste aus Südamerika. Neues Jahrbuch für Mineralogie, Geologie und Paläontologie, Beilage-Band, 66 (B):181-191. MARSH, O. C. 1869. Notice of some new reptilian remains from the Cretaceous of Brazil. American Journal of Science 47: 390–392. MAWSON, J.; WOODWARD, A. S. 1907. On the Cretaceous Formation of Bahia (Brazil), and on the vertebrate fossils contained therein. Quarterly Journal of the Geological Society, 63: 128-139.

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