A Feira como lugar de memória No Interior-Centro de Portugal Breves notas contemporâneas

May 30, 2017 | Autor: M. Herdade Lucas | Categoria: Economic History, Feiras
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Cadernos de Estudos Leirienses – 9 * Setembro 2016

A Feira como lugar de memória No Interior-Centro de Portugal Breves notas contemporâneas Margarida Herdade Lucas*

1. Feira de S. Pantaleão, no final do séc. XIX, em Figueiró dos Vinhos

É a vila de Figueiró dos Vinhos um centro de cruzamento, físico e viário, localizada na Alta Estremadura, vizinha muito próxima da Beira Baixa e da Beira Alta. Entre o sopé da Serra da Lousã, a Norte, e o Rio Zêzere, a Sul, * Mestre em História da Arte, Património e Turismo Cultural, professora. A autora não segue as regras do novo Acordo Ortográfico.

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rodeiam-na as vilas de Góis, Lousã, Penela, Avelar, Ansião e Chão de Couce, Alvaiázere e Maçãs de D. Maria, Ferreira do Zêzere e Dornes, Cernache do Bonjardim e Sertã, Pedrógão Pequeno, Pedrógão Grande e Castanheira de Pera. Este preâmbulo geográfico torna-se necessário para que se compreenda que a análise histórica nesta região é manifestamente transversal a todas estas vilas, a que se juntam muitas dezenas de aldeias e lugares, com ocupação humana definida, desde, pelo menos, a Idade Média (LUCAS: 2012). Sendo as actividades comerciais dependentes do transporte e circulação de pessoas e mercadorias, é prioritário analisar o locus operandi deste sector. Tal é o caso das feiras portuguesas, de origem medieval1 e com características históricas e sócio-económicas, genericamente comuns a toda a Europa. Na verdade, em Portugal, as feiras desenvolveram-se, a par do espaço da nacionalidade, sendo portanto evidente a sua maior antiguidade a Norte do Mondego, bem como a sua progressiva aparição no Centro e no Sul, à medida que se alargava a fronteira meridional do país, no contexto da Reconquista Cristã. O território objecto deste estudo situa-se exactamente no norte da Estremadura portuguesa, na zona de guerra mais dilatada com os mouros e integrada de facto no espaço português apenas após as conquistas de Santarém (15.03.1147) e de Lisboa (1.07.1147). A posterior consolidação da nova faixa de território conquistado, que incidiu no seu repovoamento e defesa, inclui ainda outros factores humanos, de transição entre a ocupação moura e portuguesa, tais como a convivência entre mouros e cristãos, ou mesmo a sua miscigenação, os moçárabes. Daqui resultam efectivas interpenetrações de culturas e saberes que foram aplicados nos vários sectores da vida sócio-económica das populações, criando fortes tradições, de grande longevidade, subsistindo muitas delas na actualidade. De entre estas tradições de muitos séculos, destacamos aqui o espaço comercial das feiras, como lugar de memória. O seu objecto era a venda dos excedentes agrícolas e pecuários, por um lado, e por outro, a procura dos bens essenciais à vida das populações. Acrescente-se o escoamento da produção dos vários ofícios e o seu desenvolvimento, a par das conjunturas económicas favoráveis e teremos o conjunto da base da mercancia de uma feira: produtos agrícolas, pecuária e objectos manufacturados. 1

D. Teresa, mãe de D. Afonso Henriques, na carta de foral outorgada a Ponte de Lima em 4 de Março de 1125, refere já a Feira Quinzenal de Ponte de Lima, facto que a torna a primeira feira documentada em Portugal e que ainda hoje se realiza em grande formato e também quinzenalmente. Vide DANTAS: 2011, 38.

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Quanto ao estado e às classes dominantes, viram, desde cedo, o desenvolvimento do comércio como actividade geradora de riqueza e pacificadora das terras, durante longos anos, em estado de guerra activa e permanente. As suas consequências foram concretas: estimularam a produção e aumentaram o número de artesãos estabelecidos; dilataram os burgos, dando origem a novas ruas e espaços públicos; criaram espaços de sociabilidade e de comunicação entre vilas, cidades e regiões e atraíram visitantes, ao mesmo tempo que as posturas de cada feira concorriam para a garantia de maior segurança de mercadores e compradores. De facto, a “paz da feira” era muito comum nas cartas de criação das feiras, proibindo-se severamente as hostilidades durante o seu período de duração. O próprio facto de se calendarizarem as feiras em datas votivas do calendário cristão contribuiria para que se cruzasse uma actividade profana com uma celebração religiosa, elevando os níveis de sociabilidade através do respeito das populações pelo domínio do sagrado. As feiras foram de facto, um importante canal de distribuição comercial (AMZALAK: 1921), bem como uma forma de comunicação popular, sendo que o encontro periódico das pessoas num lugar pré-determinado deu lugar a novos hábitos de sociabilidade e de comunicação entre regiões. Apesar de todas as transformações históricas, sociais e económicas das épocas moderna e contemporânea, chegaram aos nossos dias, muitas delas, exibindo teimosamente traços originários, a maioria das vezes sediadas no mesmo local em que se iniciaram, conservando a invocação religiosa da mesma data litúrgica e ainda, transportando consigo memórias de um encontro marcado de pelo menos, mais de cinco séculos. Consideremos, porém, e por agora, os últimos dois séculos e localizemonos na região estremenha, que coincide com a área geográfica que definimos (Figura 2). Administrativamente, abarca o Norte do distrito de Leiria, o sul do distrito de Coimbra, o Norte do de Santarém e faz fronteira, no Rio Zêzere, com o distrito de Castelo Branco. Zona de confluência de fronteiras que a história determinou, emerge como zona de intersecção de confluências humanas, onde se cruzam e trocam culturas e vivências. Analisar o espaço de memória da feira, entre o final do século XIX e o século XX2, nesta região portuguesa, tão central ao país, compreende 2

As origens medievais e modernas das feiras, em Portugal, estão largamente estudadas, quer em trabalhos gerais, quer em monografias locais, alguns dos quais aqui referimos pontualmente.

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2. Mapa da Região em estudo, abrangendo quatro distritos.

objectivos com inúmeros vectores, entre os quais se destacam os de natureza psicossocial, cultural e os que decorrem da materialidade e da própria economia de mercado em ascensão. Entre São Miguel e São Pantaleão “Gran folla e diversa: Borghesi, Soldati, Fantesche, Ragazzi, Bambine, Studenti, Sartine, Gendarmi, ecc. Sul limitare delle loro botteghe i Venditori gridano a squarciagola invitando la folla de Compratori. (…)ad una bottega del fondo un venditore monta su di una seggiola, con grandi gesti offre in vendita delle maglierie, dei berretti da notte, ecc. Un gruppo di ragazzi accorre intorno alla bottega e scoppia in allegre risate3.”

De raiz europeia comum, o ambiente próprio da feira, contém movimentos e sons idênticos ao descrito no libreto de La Bohème (ILLICA e GIACOSA: 3

Do Libretto da ópera: La Bohème, (ILLICA e GIACOSA: 1896, 21-23).Tradução: “Grande multidão e grande diversidade de figuras: burgueses, soldados, empregadas domésticas, crianças, adolescentes, estudantes, costureiras, polícias, etc. Ao longo dos botequins, gritos de vendedores exortam a multidão de compradores. (…) ao fundo, um vendedor monta artigos, numa cadeira, com grandes gestos e oferece objectos de malha, barretes de noite, etc. Um grupo de rapazes corre em torno da tenda e explode em riso alegre”.

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1896, 21-23), que se passava em Paris e onde sobressai a energia dos vendedores, orgulhosos da variedade dos seus produtos, ao mesmo tempo que os possíveis compradores se entusiasmam, num desejo de comprar, em crescendo. É a festa da própria feira que alicia e anima e que se representa num espaço e num tempo pré-determinados, como se de um mito, e de um rito, de festa maior se tratasse. Atrai e congrega. No dia de S. Miguel, 29 de Setembro, realiza-se a Feira de Penela, ou “Feira das Nozes”. Marca o início do Outono e apresenta os frutos da época. É uma das feiras mais afamadas na região, atraindo romeiros de todos os concelhos vizinhos. D. Pedro “obteve de D. Duarte carta em 6 de Dezembro de 1433 para mandar fazer [em Penela] feira franca de três dias pelo S. Miguel [29 de Setembro] “ (RAU: 1983, 145). É como um reinício do ano agrícola, depois de colhidos os cereais e os frutos do verão, são agora os frutos de Outono que é necessário colher, vender, comprar e guardar. Afinal o Inverno avizinha-se e há uma série de necessidades básicas em cada casa. Alimentos sim, mas também objectos, loiça, alfaias e panos, muitos panos de toda a casta. De um modo geral, cada feira tem um pretexto, ou um elemento mais evidente, mas a estes juntam-se sempre as outras pretensões materiais que os vendedores têm que conhecer, como se soubessem já, que tinham clientela certa para cada artigo e que as preferências variavam conforme a origem dos forasteiros, as suas ocupações e o seu estatuto social. Seguem-se várias feiras “de S. Miguel” na região, várias no dia de Todos-os-Santos e duas no dia de Santa Iria (Ourém e Tomar). Todas seguem o padrão de “Feira das Nozes”, com todas as suas características de Outono, tal como a de S. Simão de Figueiró dos Vinhos (esta também era Feira de Gado) ou a de Santa Catarina de Vila Facaia. No Inverno realizam-se várias feiras com importância na região, sendo a de maior nomeada, a dos Cabaços (Alvaiázere). As feiras de Primavera são mais contidas, destacando-se a Feira de Maio, de Leiria e as de Santarém e Coimbra, que atingiram maiores proporções, e será o Verão a época de maior explosão comercial, no intervalo entre o solstício de Verão, pelo S. João e o equinócio de Outono, pelo S. Miguel, completando-se mais um ciclo na vida dos povos, ciclo que traduz a sua própria luta pela sobrevivência. A 27 de Julho, é a vez da feira de São Pantaleão, em Figueiró dos Vinhos. Está o Verão no seu auge. Os frutos e os cereais abundam. A sua venda trará alguma margem para comprar objectos domésticos ou agrícolas. E cobre-se o espaço da feira de tendas a abarrotar de alfaias, loiça, cobres, 213

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latões, barros, instrumentos musicais, jóias e cordões de ouro, tecidos e brinquedos. A vila enche-se de forasteiros, de todas as terras vizinhas e de muitas outras, mais longínquas. É o ponto alto da actividade comercial do ano na região. No início de Setembro, a festa de Nossa Senhora da Guia, no Avelar, associou sempre uma feira de grandes proporções, à romaria. Esta, de características rituais muito próprias, sempre contou com numerosa afluência de devotos, que juntando o material ao devocional, sabiam que ali iriam encontrar grande variedade de produtos à venda. E é Alfredo Keil (KEIL: 1907) quem melhor descreve a feira e a festa do Avelar, com pormenores de subtileza, em versos épicos e cintilantes e de onde sobressai a alegria das romeiras e das compras que traziam para casa. Na mesma obra se retractam muitos outros aspectos comuns às outras feiras da região: os botequins, que se iluminam à noite, o jogo do pau, os namoros e as rivalidades entre os grupos das várias aldeias, os cantares de Coimbra, o fado, a ementa dos farnéis e o prazer da sua degustação e, saliente-se também a própria viagem para o Avelar em carros enfeitados a preceito, ou, no dizer do povo, “armados para a festa”.

3. Avelar – Postal Ilustrado, 1906

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4. In: Keil: 1907, 35

O Feirante, Ambulante ou Tendeiro: Um comerciante com estatuto

5. In: Keil: 1907, Capa, 108, 109 e 114

No contexto da tardia industrialização portuguesa, quando comparada com o norte europeu, a região aqui em análise, que possuía tradições 215

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manufactureiras anteriores, vai protagonizar um surto industrial, no sector têxtil, com incidência nos lanifícios, entre o final do século XIX e a primeira metade do século XX. O fabrico de tecidos de lã decorre do seu contexto geográfico de montanha e da consequente existência de matéria-prima. O sistema de produção doméstico e artesanal tinha remotas origens em locais como: Lomba da Casa, Cercal, Chimpeles e Ponte de S. Simão, no concelho de Figueiró dos Vinhos; Coentral e Castanheira de Pera4; Ponte de Pera, já no concelho de Pedrógão Grande e Avelar, no concelho de Ansião. A transição do sistema doméstico para o sistema industrial vai dar origem ao estabelecimento de fábricas nos concelhos antes referidos (PORTELA, 2016a e PORTELA, 2016b), e historicamente vocacionados para este sector. Como consequência desenvolve-se o comércio de artigos têxteis, principalmente de lanifícios, em que o comerciante é, na sua maioria, vendedor e transportador, deslocando-se na região e fora dela, mas também assentando a sua tenda nas várias feiras da região, normalmente em lugar de destaque. O “paneiro” ambulante, nesta região sobre a qual vimos a incidir, é um caso de estudo com características muito próprias. É um comerciante com uma área activa de trabalho, de muito maior escala do que os seus colegas de outros artigos. Ele transpõe a sua região circundante e viaja, em condições muito difíceis, até Trás-os-Montes, Castelo Branco, Alentejo e Algarve. E, ao transportar tecidos, transporta também culturas e estabelece pontes entre regiões distantes. Aqueles que ficavam, agarrados à terra, invejam-lhes as suas viagens, apesar de adivinharem a extrema dificuldade dos caminhos que percorriam e os perigosos bandidos que enfrentavam. Alguns chegaram a fazer acordos com as quadrilhas para que pudessem partilhar estradas com segurança. Porém, muitos alcançaram sucesso, estabelecendo fábricas e armazéns próprios, com fama nacional. Além do comerciante de lanifícios, outros especializaram-se nos linhos, que se produziam em maior escala nas terras vizinhas da Beira Baixa. No entanto, os lanifícios, pela sua conjuntura de desenvolvimento em ascensão, trouxeram fama a esta região, que então competia com a Covilhã. É por isso, que cada artigo exposto na feira representa uma área do comércio itinerante, cada uma com características e vivências muito próprias, sendo evidente, no território da feira, a consequente associação entre 4

O município da Castanheira de Pera foi criado em 1914, pertencendo anteriormente ao concelho de Pedrógão Grande.

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“oficiais do mesmo ofício” 5: os oleiros, de Miranda do Corvo6, os ourives de Figueiró, Tojeira, do Avelar e de Cantanhede (Febres), Os caldeireiros da Catraia, de Oliveira do Hospital, ou os carrosséis de Pedrógão Grande são apenas exemplos da grande variedade de comerciantes que ocupavam o espaço de uma qualquer feira da região e que se aventuravam a regiões longínquas, onde conquistavam respeito e clientela certa. No caso dos objectos artesanais, juntava-se-lhe a arte do seu ofício, à actividade comercial. Para que fossem bem sucedidos tinham que conquistar a confiança do povo, quer pela qualidade dos artigos em que se especializaram, quer pela rectidão no trato dos actos comerciais. Consideremos, assim, quatro categorias de vendedores no espaço da feira: uma delas, formada pelos agricultores que vendem os seus excedentes; outra composta pelos artistas mecânicos, que vendem as suas obras: outra, a dos comerciantes agrupados por géneros de artigos, que compram para vender, e quase sempre com um território de acção bem definido; e finalmente, os negociantes de gado, que em muitos casos, são também os agricultores do primeiro grupo. No entanto, o negociante de gado, principalmente bovino e cavalar, que traz animais do Ribatejo para as feiras determinadas para o comércio animal, as “feiras de gado”, é também um comerciante com estatuto próprio e especializado na área. A feira interrompe a vida quotidiana e vivencia o ócio e a festa A estética das cores e a sua variedade atrai o povo para as tendas de bugigangas, quinquilharias e brinquedos, como se vissem um filme colorido, no meio da sua áspera vida a preto e branco. O encantamento do vendedor de banha da cobra, que cura todas as doenças, junta um magote de curiosos, enquanto um grupo de pífaros de barro executa viras á desgarrada. Ao mesmo tempo, regateiam-se preços e discute-se a qualidade dos artigos. Entretanto, nas tabernas da vila, acendem-se fogareiros, que se colocam na porta da frente e onde os forasteiros podem assar sardinhas ou outros alimentos. 5

“Oficial do mesmo ofício” – Expressão que genericamente significava colega, com a mesma profissão ou especialização. 6 “Varias são as feiras onde ainda hoje podemos ver louça do Carapinhal [Miranda do Corvo]: feira do Espírito Santo em Coimbra, feira de Montemor, feira de Cantanhede, feira de St. Luzia, feira de Poiares, feira de Figueiró dos Vinhos, feira semanal de Miranda do Corvo às 4.as feiras e principalmente a Romaria do Senhor da Serra. “ (LAMEIRAS: 1988, 13).

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Os farnéis estendem-se, em mantas, pelos campos circundantes e, ao prazer das compras feitas, junta-se o prazer das especialidades gastronómicas (de grande variedade na região) das várias terras em redor. Depois são os encontros entre os velhos amigos, que se vêem uma vez no ano. O relato das notícias e a falta de quem “este ano já não pôde vir”… Saltimbancos, Zés Pereiras, Robertos, Fotógrafos “à la minute”, carrosséis, bailes e descantes surgem um pouco por to6. Volta da feira (chegada do Zé Pereira), das as feiras. São os únicos esdo pintor José Malhoa, 1905 pectáculos ao vivo a que os lavradores assistem. A rotina quotidiana tinha parado durante o tempo da feira, após o que era preciso voltar a casa e ao trabalho. No regresso a casa, a pé ou em mulas e carroças, levam-se bugigangas e sonhos e deixam-se moedas e saudades. No terreiro da feira, desmontamse tendas e barracas. No dia seguinte, a vila acorda com os despojos da feira, ainda a rolar pelo chão. É tempo de limpar as ruas e retomar a vida.

7. Postal Ilustrado: Ansião.

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Calendário das principais feiras anuais da região DIA/MÊS 1 Janeiro 15 Janeiro Último Sábado Janeiro 20 Janeiro 20 Janeiro 2 Fevereiro 3 Fevereiro 3 Fevereiro 12 Março 19 Março 25 Março 2.º Domingo Abril 23 Abril Domingo de Pentecostes Domingo de Pentecostes 3 Maio 14 Maio 22 Maio Último Domingo Maio 13 Junho 24 Junho 24 Junho 21 e 22 Julho 29 Junho 2.º Domingo Julho 3.º Domingo Julho 19 Julho 20 Julho 24 Julho 24 Julho 25 Julho 26, 27 e 28 Julho 27 Julho 28 Julho 7 Agosto 14 e 15 Agosto 1.º Domingo Agosto 3.º Domingo Agosto

Designação Cabaços Feira do Sábado Gordo

Local Cabaços ʹ Alvaiázere Sertã

Feira dos Pinhões

Ansião

Feira de S. Sebastião Feira de S. Sebastião ʹ Actualmente mensal e chama-ƐĞ͞&ĞŝƌĂĚŽƐsŝŶƚĞ͟ Feira das Candeias Feira de S. Brás Feira de S. Brás Feira de Março ou de S. Gregório Feira de S. José Feira de Março

Sobreira Formosa ʹ Proença-a-Nova

Feira do Milagre

Santarém

Almoster

Almoster

Feira do Divino Espírito Santo

Dornes

Feira do Divino Espírito Santo

Coimbra

Feira de Santa Cruz Feira de S. Matias (Actualmente entre Fev. e Março) Feira de Maio

Proença-a-Nova

Cantanhede Proença-a-Nova Ferreira do Zêzere Oliveira do Hospital Torres Novas Sobreira Formosa ʹ Proença-a-Nova Oleiros

Abrantes

Feira do Tejo Feira de S. João Feira de S. João Feira da Castanheira de Pera Feira de S. Pedro

Leiria Cruz dos Canastreiros - Beco ʹ Ferreira do Zêzere Vila Nova da Barquinha Estreito - Oleiros Lousã Castanheira de Pera Sertã

Feira de Julho

Oleiros

Feira de Santo Aleixo

Beco ʹ Ferreira do Zêzere

Feira dos Montes da Senhora Feira de Julho Feira de Pedrógão Grande Feira de Santa Cristina Feira de S. Tiago

Montes da Senhora ʹ Proença-a-Nova Vila de Rei Pedrógão Grande Condeixa-a-Nova Santiago da Guarda

Feira de S. Pantaleão

Figueiró dos Vinhos

Feira de S. Neutel Festa do Bodo (e Feira) Feira de Agosto Feira Franca Festa do Bodo (Festa, Feira e Tauromaquia)

Sertã Pombal Sobreira Formosa ʹ Proença-a-Nova Sertã

Pedrógão Pequeno

Pedrógão Pequeno

Feira da Cereja

Abiul

(Continua na pág. seguinte)

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DIA/MÊS 13 Agosto 14 de Agosto 15 de Agosto 15 de Agosto Último Domingo Agosto 24 Agosto 24 Agosto 7, 8 e 9 Setembro 1.º Domingo Setembro 8 Setembro 8 Setembro 11 Setembro 21 Setembro Último Domingo Setembro 29 Setembro 29 Setembro 2.º Domingo Outubro 20 Outubro 20 Outubro 3.º Domingo Outubro 28 Outubro 28 Outubro Último Domingo Outubro 1 Novembro 1 Novembro 1 Novembro 11 Novembro 25 Novembro

Designação Feira de Góis Feira de Agosto Feira de Nossa Senhora de Pranto Feira do Senhor da Serra

Local Góis Roqueiro - Oleiros Pampilhosa da Serra Senhor da Serra ʹ Miranda do Corvo

Feira da Isna

Isna - Oleiros

Feira de S. Bartolomeu Feira de S. Bartolomeu

Proença-a-Nova Cernache dos Alhos

Feira da Senhora da Confiança

Monte de Nossa Senhora da Confiança

Festa e Feira de Nossa Senhora da Guia

Avelar - Ansião

Feira da Melancia &ĞŝƌĂĚĂƐĞďŽůĂƐ;ŽƵ͞&ĞŝƌĂĚŽƐ &ĂƌƌĂƉŽƐ͟ͿĞ&ĞŝƌĂĚŽĂǀĂůŽ Feira de Poiares Feira de S. Mateus

Sobreira Formosa ʹ Proença-a-Nova

Feira de S. Miguel

Ferreira do Zêzere

Feira de S. Miguel Feira de S. Miguel

Penela Arganil

Feira da Piedade

Santarém

Feira de Santa Iria Feira de Santa Iria (Actualmente a 25 de Outubro)

Tomar

Feira das Comedeiras

Pereira do Campo

Feira de S. Simão Feira de S. Simão ŽƵ͞&ĞŝƌĂĚĂ&ŽƐƐĂ͟

S. Simão ʹ Figueiró dos Vinhos Sardoal - Mação

Bodo das Castanhas

Vermoil - Pombal

Feira dos Santos Feira dos Santos Feira dos Santos Feira de S. Martinho (Actualmente Feira Nacional do Cavalo) Feira de Santa Catarina

Oleiros Mação Góis

Montemor-o-Velho Vila Nova de Poiares Soure

Ourém

Golegã Vila Facaia ʹ Pedrógão Grande

“As feiras differençam-se, porém, dos mercados pela variedade e abundancia dos géneros, pela concorrencia de vendedores e compradores de quasi toda a comarca, e por haver naquellas muitas barracas com fazendas brancas e de lã, loiça ordinaria e quinquilharias, e concurso de gado vaccum e suíno. Na de S. João, que é a mais excellente e copiosa, tambem assentam alli as suas barracas, ou tendas, como geralmente lhes chamam na provincia, alguns ourives, expondo aos olhos cubiçosos de serranas e campesinas a diversidade de artefactos que neste ramo da industria admirámos no Porto, cordões, cruzes, arrecadas, anneis, corações, objectos de filigrana e oiro de muito variados feitios e lavores.” (ARANHA: 1871, p. 115).- Referência à Feira de S. João da Lousã.

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8. Postal Ilustrado: Sertã. Na imagem deste postal (como no postal da fig. 7), a diversidade cultural e humana que se vive no espaço da feira é extremamente rica de conteúdos rituais e representativos, não se esgotando num trabalho desta dimensão.

9. As Terras do Zêzere. Fotografia da autora

10. In: Keil: 1907, 128.

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Bibliografia – ARANHA, Pedro Venceslao de Brito, Memórias Histórico-Estatísticas de Algumas Villas e Povoações de Portugal, Livraria de A. M. Pereira – Editor, Lisboa,1871. – AMZALAK, Moses Bensabat, As feiras em Portugal: notas históricas, in Boletim da Associação Central da Agricultura Portuguesa, Lisboa, Janeiro n.º 1, 1921. – CRUZ, António João, “Introdução ao estudo da Feira Franca na 2.ª metade do séc. XIX: (1) A evolução”, A Voz das Beiras, 558, 19-9-1985, pp. 2, 8; 559, 26-9-1985, pp. 4, 6. – DANTAS, Maria Augusta da Silva Franco, Cidade, Município e Educação: dinâmicas culturais e educativas no Município de Ponte de Lima na perspectiva da Cidade Educadora, Instituto de Educação, Universidade do Minho, Dissertação de mestrado em Estudos da Criança (área de especialização em Associativismo e Animação Sociocultural), 2011, p. 38. – ILLICA, Luigi e GIACOSA, Giuseppe, La Bohème (ópera), (baseado no livro de Henry Murger), Turim, 1896. – Consultado em: www.librettidopera.it; Acedido em 20.06.16. – KEIL, Alfredo, Tojos e Rosmaninhos, A Editora, Lisboa, 1907. – LAMEIRAS, Edgar, “A louça vermelha de Miranda do Corvo”, Revista de Antropologia Portuguesa, Vol. 6, Instituto de Antropologia, Universidade de Coimbra, 1988, p. 13. – LUCAS, Margarida Herdade, A Liderança económica do Norte do Distrito de Leiria nos sécs. XVII e XVIII, Centro de confluências ou de influências?, FigueiróTipo, 2012. – PORTELA, Miguel, “A criação do concelho de Castanheira de Pera em 1914”, Actas ao II Congresso I República e Republicanismo, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e pelo Instituto de História Contemporânea (IHC) da FCSH – UNL, 2016a. (No prelo) – PORTELA, Miguel, “A indústria dos lanifícios na freguesia da Castanheira vista pelo jornal O Figueiroense em 1902”, O Figueiroense, Jornal O Ribeira de Pera, N.º 22, 2016b, p. 8-9. – RAU, Virgínia, “Feiras”, in Dicionário de História de Portugal, reimpressão, 2.º vol., Porto, 1979, p. 542. – RAU, Virgínia, Feiras medievais portuguesas. Subsídios para o seu estudo, Presença, Lisboa, 1982.

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