A ferramenta Phon e os dados da aquisição da Fonologia – o caso do Português Europeu

May 27, 2017 | Autor: Laetitia de Almeida | Categoria: Phonology, Language Acquisition, First Language Acquisition
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A ferramenta Phon e os dados da aquisição da Fonologia – o caso do Português Europeu Letícia Almeida* & Susana Correia+ *

Université François-Rabelais de Tours, +Universidade de Lisboa

Resumo A ferramenta Phon inserida no projeto PhonBank foi desenvolvida com o propósito de reunir, codificar e pesquisar dados de fala, nomeadamente dados da aquisição da fonologia,

sejam

eles

de

tipo

espontâneo

ou

experimental,

relativos

a

desenvolvimento típico ou atípico. Neste artigo apresentaremos a ferramenta Phon e as suas potencialidades para o estudo da aquisição da fonologia. Falaremos, em concreto, de dados e resultados sobre aquisição da fonologia do Português Europeu, em contexto monolingue e bilingue. Reportaremos resultados da aquisição segmental, da aquisição da estrutura silábica e da aquisição do acento de palavra em Português Europeu, obtidos a partir do software Phon. Palavras-chave: base de dados, aquisição, fonologia, Português Europeu Abstract Phon is a software that is part of the PhonBank project and it was developed to gather, code and search for speech data from language acquisition research, collected in spontaneous or experimental settings, from typical or atypical development. In this paper we will present the software Phon and its advantages to the field of phonological acquisition research. In particular, we will mention data and results on the acquisition of phonology in European Portuguese, from both monolingual and bilingual environment. We will mention the results of the acquisition of segmental inventory, the acquisition of syllable structure and the acquisition of word stress in European Portuguese, obtained from Phon. Key-words: database, acquisition, phonology, European Portuguese

1. Introdução A necessidade de compilar e organizar, de forma pesquisável, dados de natureza fonética e fonológica tem sido sentida por muitos investigadores que trabalham em aquisição da fonologia. Apesar de a plataforma CLAN, frequentemente utilizada por investigadores em aquisição da linguagem, permitir uma anotação fonológica, esta revela-se bastante insuficiente para permitir uma codificação exaustiva dos dados fonológicos. As limitações para codificar e operar pesquisas sobre dados de aquisição fonológica no CLAN levaram a que os investigadores que se focaram na aquisição da fonologia tivessem de recorrer a outras ferramentas para efetuar a sua análise. Foi o caso da primeira tese de doutoramento centrada sobre dados de aquisição da fonologia do Português Europeu1 (Freitas, 1997), que utilizou a base de dados CHILDPHON Wordbase, desenvolvido pelo Max Planck Institute for Psycholinguistics (Nijmegen) a partir do software 4th Dimension2. Outros fonólogos ligados à aquisição acabaram por desenvolver plataformas individuais para reunir e codificar os dados recolhidos. Uma dessas ferramentas foi o ChildPhon, criado por Yvan Rose, software que serviu de base à análise dos dados de aquisição da fonologia, no âmbito da sua tese de doutoramento (Rose, 2000). Posteriormente, esta mesma ferramenta foi utilizada na análise de dados de aquisição fonológica em PE (Costa, 2003). O que começou por ser uma ferramenta de um projeto individual, rapidamente se tornou num projeto coletivo e partilhado. Desde 2004, o mesmo investigador (Yvan Rose) desenvolveu uma nova ferramenta na Memorial University of Newfoundland, a Phon, com o objectivo de disponibilizar essa ferramenta para a comunidade científica e, paralelamente, compilar corpora de aquisição da fonologia. Foi assim criado o projecto

PhonBank

(http://childes.psy.cmu.edu/data/PhonBank/),

sob

a

responsabilidade de Yvan Rose e Brian MacWhinney, com o intuito de armazenar e disponibilizar corpora para a comunidade científica, assim como a própria ferramenta Phon (http://phon.ling.mun.ca/phontrac/). O projeto PhonBank acabou por tornar-se, assim, uma sub-parte do projeto CHILDES, dedicada especificamente à aquisição fonológica, oferecendo acesso livre e gratuito a corpora de várias

línguas, e a

ferramenta Phon é, atualmente, descarregável para qualquer plataforma (Windows, Macintosh ou Linux) a partir do site do PhonBank. Nem todos os corpora disponíveis                                                                                                                 1

Doravante PE. A investigadora usou a mesma ferramenta usada para a aquisição do Holandês por Fikkert (1994) e Levelt (1994).     2

através da PhonBank se encontram no formato Phon. Apenas os que foram constituídos com essa ferramenta o são. Assim, alguns corpora mais antigos são disponibilizados através do formato Chat. Existem vários corpora sobre dados de aquisição do PE disponíveis através do PhonBank. Destes, os mais recentes foram desenvolvidos no âmbito do projecto Acquisition of European Portuguese Database (AcEP), coordenado por Maria João Freitas e Ana Lúcia Santos, do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa (http://www.clul.ul.pt/en/research-teams/476-acquisition-of-european-portuguesedatabank). De todos os corpora de aquisição da fonologia que fazem parte deste projecto e que estão disponíveis através do PhonBank, apenas um não se encontra em formato Phon – o corpus Freitas -, contendo a base empírica de Freitas (1997). Este corpus contém dados longitudinais de produção espontânea de 7 crianças monolingues portuguesas com idades compreendidas entre os 10 meses e os 3 anos e 7 meses. Existe outro corpus, o corpus CCF, com dados longitudinais espontâneos de 5 crianças monolingues portuguesas. Este foi constituído usando a ferramenta Phon, estando portanto disponível nesse formato. Por fim, existe um corpus dedicado à aquisição simultânea do PE e do Francês, com dados longitudinais espontâneos de uma criança bilingue entre 1 ano e 3 anos e 10 meses. Trata-se do corpus Almeida, também disponível em formato Phon. A Phon permite, por um lado, criar um corpus de dados da fonologia e da aquisição da fonologia de raíz e, por outro lado, abrir e pesquisar corpora disponibilizados no PhonBank, mesmo que estes não tenham sido originalmente construídos na Phon e estejam em formato Chat. Como ferramenta de arquivo e pesquisa de dados da aquisição da fonologia, a Phon tem um conjunto alargado e versátil de potencialidades. Graças a uma interface muito amigável com o utilizador, a Phon3 permite, nomeadamente:



segmentar os enunciados a partir de ficheiros de vídeo/áudio;



transcrever foneticamente enunciados segmentados (usando, opcionalmente, e para efeitos de fiabilidade das transcrições, o modo ‘blind transcription’);



rever e validar as transcrições de múltiplos transcritores;



agrupar unidades fonológicas ou morfossintáticas;

                                                                                                                3

Todas as questões relativas à Phon referidas neste artigo são baseadas na versão 1.6.2.



silabificar automaticamente (função disponível apenas para alguns idiomas, entre os quais o PE);



alinhar a transcrição do alvo com a transcrição da produção da criança;



pesquisar processos fonológicos segmentais frequentes na aquisição (metáteses, apagamentos, inserções, harmonia consonântica, etc.);



pesquisar aspetos relacionados com a estrutura silábica;



pesquisar aspetos relacionados com o estatuto da palavra (clíticos ou palavras prosódicas)



efetuar pesquisas tendo em conta a posição do acento.

Na figura 1 apresenta-se um exemplo de um registo de transcrição da Clara aos 1;09.

1.   2.   3.   4.   5.  

6.   7.  

Figura 1. Registo de transcrição da Phon  

1. Fiada da ortografia (Orthography) 2. Fiada da transcrição do alvo (IPA Target) 3. Fiada da transcrição da produção da criança (IPA Actual) 4. Fiada do enunciado segmentado (Segment) 5. Janela de media (vídeo ou áudio) (Media)

6. Janela da silabificação (Syllabification) 7. Janela do alinhamento (Alignment) Na fiada da ortografia, é transcrita a produção da criança, usando a ortografia convencional. Na fiada da transcrição do alvo, é feita a transcrição da(s) palavra(s)alvo. Na fiada da transcrição da produção da criança é feita a transcrição fonética do enunciado da criança. A segmentação é feita pelo investigador (através do modo Segmentation) e a ferramenta cria automaticamente registos relativos à janela de corte relevante para transcrição, a partir do vídeo/áudio. As fiadas seguintes no registo (Segment, Media, Syllabification e Alignment) são fiadas que não precisam de ser preenchidas pelo investigador. Depois de segmentados e transcritos os enunciados da criança, a ferramenta faz uma codificação automática dos objetos fonológicos (segmentos, constituintes silábicos e acento de palavra), isto é, codifica automaticamente os segmentos quanto aos traços, ao seu papel silábico (em função do algoritmo de silabificação disponível para algumas línguas, incluindo o PE), e ao caráter tónico ou átono dos segmentos e/ou sílabas. O investigador não tem, portanto, de fazer essa codificação manualmente. No entanto, é fortemente recomendado que se verifique a silabificação gerada automaticamente pela ferramenta. A codificação dos objetos fonológicos servirá de base às pesquisas que poderão ser efetuadas. O módulo das pesquisas (Query) apresenta várias opções automáticas. É possível fazer pesquisas automáticas sobre: o conteúdo real de qualquer uma das fiadas (desde que usando o código relevante – ortografia ou IPA), apagamentos, epênteses, harmonias consonânticas e vocálicas, metáteses, percentagem de consoantes e vogais corretas e fones. Para além destas pesquisas automáticas, é possível fazer pesquisas ‘personalizadas’, usando expressões de programação (Regular expression) e expressões específicas da ferramenta (Phonex). Na secção seguinte, apresentar-se-ão os dados e os resultados da investigação desenvolvida recentemente em aquisição da fonologia do PE. Estes dados foram reunidos e tratados usando a ferramenta Phon e compõem dois corpora: o corpus CCF e o corpus Almeida. Estes corpora foram os primeiros em aquisição da fonologia do PE a ter sido criados originalmente na Phon, e não convertidos a partir

de outras plataformas, e estão já disponíveis para a comunidade científica no PhonBank. 2. Aplicações da Phon no contexto da aquisição da Fonologia – os trabalhos sobre o Português Europeu No âmbito do projeto Acquisition of European Portuguese Database (AcEP) foram desenvolvidos vários corpora de aquisição do PE. Dois deles, o corpus CCF e o corpus Almeida, foram criados originalmente na ferramenta Phon. O corpus CCF esteve na base de dois projetos de doutoramento sobre aquisição da fonologia (Correia, 2010 e Costa, 2010). Correia (2010) realizou um estudo sobre a aquisição do acento de palavra em Português Europeu, e Costa (2010) trabalhou sobre a aquisição do inventário segmental, também no Português Europeu. O corpus Almeida constitui a base empírica da tese de doutoramento Almeida (2011) e versou sobre a aquisição da estrutura silábica na aquisição bilingue PE-Francês. É sobre estes corpora e sobre a investigação sobre eles conduzida que falaremos nas secções adiante. 2.1. Aquisição do inventário segmental4 A descrição de Freitas (1997) da aquisição do constituinte ataque simples fornece uma visão geral da aquisição das consoantes do PE nessa posição. A autora centra-se essencialmente sobre a aquisição de classes consonânticas, nomeadamente classes de modo de articulação, fornecendo assim os padrões de aquisição geral das consoantes oclusivas, fricativas e líquidas nessa posição. O primeiro estudo a investigar exclusivamente o desenvolvimento das consoantes em PE foi levado a cabo por Costa (2003). Este incidiu especificamente sobre a aquisição das consoantes obstruintes por uma criança monolingue portuguesa. Esta temática foi retomada e aprofundada em Costa (2010), que se debruçou, desta vez, sobre os padrões de aquisição de todo o sistema consonântico do PE. É esse estudo que falaremos nas secções seguintes. 2.1.1. Objeto de estudo e questões de investigação Costa (2010) propõe-se descrever a aquisição do sistema consonântico do PE, focando-se nomeadamente no desenvolvimento dos traços de ponto e modo de                                                                                                                 4

As autoras agradecem a Teresa Costa a disponibilização dos resultados da sua tese para este artigo.

articulação. Para além de descrever a ordem de aquisição geral dos traços de ponto e de modo de articulação em PE, a autora pretende ainda debruçar-se sobre a interação entre o desenvolvimento segmental e a unidade palavra assim como analisar as formas alternativas produzidas pelas crianças. 2.1.2. Método O corpus CCF constituiu a base empírica para este estudo e integra dados de produção espontânea, obtidos a partir de recolhas longitudinais de 5 crianças portuguesas monolingues falantes de PE (Clara, Inês, Joana, João e Luma). As recolhas dos dados assumiram um carácter naturalista, tratando-se de recolhas longitudinais realizadas no domicílio das crianças, em situações de brincadeiras não estruturadas. As recolhas foram realizadas com recurso a uma câmara de vídeo digital e tinham uma duração variável entre os 30 e os 60 minutos. A base de dados contém enunciados de fala compreendidos entre os intervalos de idade 0;11 e 4;10. As 5 crianças começaram a ser gravadas quando começaram a produzir enunciados inteligíveis, mas nem todas foram seguidas até à mesma idade. Na tabela 1 apresentase a informação relativa aos dados das 5 crianças que compõem o corpus CCF.

Nome

Data de nascimento

Idade no início e no fim das recolhas

Nr. sessões

Clara

1-Jun-2005

1;0-1;10

12

Inês

19-Nov-1992

0;11-4;2

30

Joana

22-Jun-1995

0;11-4;10

33

João

2-Mai-2004

1;0-2;0

22

Luma

24-Out-2003

0;11-2;6

34

Tabela 1. Informação relativa aos dados das 5 crianças que compõem o corpus CCF.

Dos enunciados das 5 crianças foram feitas as transcrições ortográfica e fonética, assim fornecendo dados, não apenas para estudos sobre aquisição da fonologia, mas também para estudos sobre a aquisição do léxico, da morfologia, da sintaxe, da semântica e da pragmática. A ferramenta Phon permitiu gerar automaticamente a idade da criança em cada sessão, assim como o papel silábico e o alinhamento das consoantes presentes no alvo e na transcrição da criança. Estas duas codificações foram verificadas manualmente.

A transcrição do alvo foi feita na perspetiva do adulto, isto é, no caso de a criança produzir, por exemplo, a frase ‘on(de) (es)tá (a es)cola?’ [ˈõˈtaˈkɔlɐ], as transcrições ortográficas e fonéticas do alvo seriam, respetivamente, ‘onde está a escola?’ [ˈõdɨʃˈtaɐʃˈkɔlɐ]. As transcrições fonéticas da Clara, João e Luma foram feitas durante o período da recolha, em formato IPA. Os dados de fala da Inês e da Joana, recolhidos e transcritos inicialmente para o projeto de doutoramento de Maria João Freitas (Freitas 1997), durante a década de 90, foram revistos e transcritos novamente para o corpus CCF. Duas investigadoras transcreveram, cada uma, 50% das produções. Cada uma reviu os 50% que não transcreveu e um 3º juiz desambiguou os casos de dúvida. Em caso de dúvida persistente, as produções eram marcadas como incompreensíveis e não foram consideradas nas análises. O dispositivo de pesquisa integrado na Phon permitiu pesquisar não só segmentos como traços e combinações de traços. As pesquisas permitiram ainda cruzar esta informação com informação acerca do papel silábico (neste caso, ataque simples Onset), da posição na palavra (inicial ou medial) e da localização do acento (sílaba tónica ou átona). Se se pretende pesquisar de que forma um segmento presente no alvo é produzido pela criança, é necessário utilizar o módulo de pesquisa ‘aligned phones’. Desta forma, pode comparar-se um segmento-alvo com a sua realização por parte da criança. Para que essa pesquisa possa ser fiável, é imprescindível ter previamente verificado o alinhamento dos segmentos, gerado automaticamente. O módulo de pesquisa possibilitou ainda a pesquisa de harmonia consonântica (Consonant Harmony) e de metátese (Metathesis). 2.1.3. Principais resultados Costa (2010) evidenciou uma ordem de desenvolvimento geral dos traços de ponto e modo de articulação em PE. Assim, quanto aos traços de modo de articulação, consoantes nasais e oclusivas fazem parte do inventário consonântico nas produções precoces das crianças, sendo que as fricativas emergem mais tarde e as líquidas constituem a última classe a ser adquirida. Relativamente aos traços de ponto de articulação, os traços anteriores são adquiridos antes dos não anteriores. Assim, as consoantes labiais e coronais anteriores integram o inventário precoce das crianças enquanto as coronais não anteriores e as dorsais se desenvolvem mais tarde. Estas duas ordens de desenvolvimentos estão esquematizadas abaixo:

(1) Ordem de desenvolvimento dos traços de ponto de articulação: Labiais,  coronais   anteriores  

Coronais  não   anteriores  

Dorsais  

(2) Ordem de desenvolvimento dos traços de modo de articulação: Oclusivas  

Fricativas  

Líquidas  

A autora notou que as oclusivas coronais são as mais usadas na substituição tanto das coronais não anteriores como das dorsais, argumentando, portanto, que têm um estatuto não marcado na sistema fonológico das crianças. Costa (2010) salienta ainda que, numa fase precoce do desenvolvimento, a unidade palavra influencia o desenvolvimento dos traços das consoantes que a compõem. De facto, nos enunciados precoces, as consoantes de uma mesma palavra costumam partilhar os traços de ponto e de modo de articulação e estes parecem ser determinados pela consoante em posição de ataque em sílaba tónica. Por outro lado, a aquisição de certos traços é determinada pela posição que ocupam na palavra: por exemplo, o traço labial é preferencialmente produzido em posição inicial de palavra enquanto que o traço coronal é preferencialmente produzido em posição medial de palavra. Saliente-se ainda que, durante o percurso de aquisição de palavras com consoantes com diferentes traços, as crianças recorrem frequentemente, quer à harmonia consonântica, quer à metátese, conforme ilustrado abaixo: (3) Exemplos de harmonia consonântica e de metáteses: Harmonia consonântica Harmonia consonântica Metátese Metátese

/kuˈʎɛɾ/ /ˈpatu/ /ˈtaɫku/ /ˈkɔpu/

→ → → →

[kɛˈkɛ] [paˈpa] [ˈkatu] [ˈpɔku]

Inês Joana Inês Inês

1;6 1;9 1;8 1;8

A autora sugere, portanto, que a aquisição do inventário consonântico interage com a unidade palavra, quer a nível da posição da consoante na palavra como da interação das consoantes dentro de uma mesma palavra.

2.2. Aquisição da estrutura silábica Como referido na secção 2.1., o primeiro trabalho realizado sobre aquisição do PE incidiu sobre a aquisição da estrutura silábica em 7 crianças monolingues (Freitas 1997). Devido à existência deste trabalho, foi possível investigar o desenvolvimento dessa estrutura em contexto de bilinguismo e efectuar uma comparação sistemática com os padrões de aquisição descritos para os monolingues. Nesta secção, iremos dar conta dos padrões de aquisição da estrutura silábica exibidos por uma criança bilingue PE-Francês e compará-los com os resultados dos monolingues. 2.3.1. Objeto de estudo e questões de investigação Almeida (2011) pretende descrever os padrões de aquisição da estrutura silábica em contexto de bilinguismo simultâneo PE-Francês. Pretende ainda comparar esses padrões com os descritos para os monolingues em cada uma das línguas. Deste modo, a autora propõe-se verificar se existem interacções entre os dois sistemas linguísticos durante a sua aquisição. 2.3.2. Método Para realizar estes objectivos, foi necessário constituir um corpus contendo dados longitudinais de produções espontâneas da Bárbara, uma criança bilingue simultânea PE-Francês. Estes dados foram recolhidos quinzenalmente em formato áudio e vídeo. O corpus é composto por 55 sessões que abrangem o início da produção de enunciados por parte da criança, dos 1;00 até aos seus 3;10. As gravações decorreram na casa da criança, em contexto lúdico não estruturado, seguindo o modelo oneperson/one-language. Assim, para cada língua, foi usado um interlocutor diferente, estando opcionalmente presente o progenitor que falava com a criança na língua da sessão. Cada sessão teve a duração de cerca de 30 minutos por língua. O corpus constituído contém um total de 22083 palavras em Português e de 21904 palavras em Francês. Este constitui o corpus Almeida, actualmente disponível através do PhonBank. Todas as sessões foram transcritas foneticamente, tendo sido registadas e armazenadas com recurso ao software Phon. As transcrições foram organizadas em grupos de palavras (Word Groups), sendo que cada item lexical corresponde a um grupo. Após verificação manual da atribuição automática do papel silábico e do alinhamento, foi possível realizar todas as buscas com o apoio deste software.

As opções de pesquisa disponíveis permitiram, no módulo aligned phones, pesquisar consoantes, traços e combinações de traços em função do seu papel silábico: ataque (Onset), coda (Coda) ou ataque de sílaba com núcleo vazio (OEHS). Foram ainda tidas em consideração outras variáveis fonológicas, entre as quais a posição da sílaba na palavra (inicial, medial, final), a localização do acento de palavra (sílaba tónica ou átona), assim como a localização do item lexical no enunciado, nomeadamente posição medial ou final de sintagma entoacional. No caso específico da produção de ataques ramificados e de consoantes no final de palavra, foram ainda pesquisadas as ocorrências de epêntese (Epenthesis). Nos casos de pesquisa de apagamentos de segmentos (Deletion), foi tomada a opção metodológica de ignorar segmentos que se encontram numa sílaba que foi inteiramente apagada pela criança (ignore results from truncated syllables). Ao activar essa opção, é possível ignorar os casos em que uma criança apaga uma sílaba inteira e não um segmento específico. Este procedimento foi sistematicamente adoptado. Desta forma, foi possível evitar considerar como apagamento da rótica em coda casos como borboleta → leta, em que a criança reduz o formato da palavra. Por contraste, casos como borboleta → boboleta foram tomados em consideração na contabilização dos casos de apagamento da coda rótica. 2.3.3. Principais resultados No que diz respeito ao desenvolvimento dos ataques ramificados, verificou-se que este segue padrões semelhantes nas duas línguas da criança e que estes padrões são idênticos aos descritos para as crianças monolingues francesas (dos Santos 2007), enquanto diferem dos descritos para as crianças monolingues portuguesas (Freitas 2003). Em primeiro lugar, os ataques ramificados emergem simultaneamente nas duas línguas da criança. Os seus padrões de aquisição são semelhantes nas duas línguas: a criança tende a desenvolver as sequências que se iniciam com uma consoante labial antes das restantes; do mesmo modo, os grupos que contêm a lateral como segundo membro também tendem a desenvolver-se de forma mais precoce. O aspecto que mais distingue o desenvolvimento dos ataques ramificados pela criança bilingue do descrito para os monolingues portugueses diz respeito à ausência de epêntese vocálica. Assim, a criança não apresenta um estádio sistemático de inserção de uma vogal entre os dois membros do grupo, contrariamente aos falantes monolingues portugueses (Freitas 2003). Foi, portanto, identificada uma interação entre as duas

línguas no desenvolvimento dos ataques ramificados que leva a uma aceleração do desenvolvimento em PE comparativamente com os dados das crianças monolingues: enquanto esta estrutura é problemática para as crianças portuguesas até idades tardias, a criança em estudo adquire os ataques ramificados muito cedo. No que diz respeito às codas mediais, o seu desenvolvimento também segue padrões uniformes nas duas línguas da criança: as consoantes fricativas são adquiridas antes das líquidas, conforme ilustrado abaixo: (4) Produção de codas fricativas e apagamento de líquidas em PE: buscar mostrar porco alta

/buʃˈkaɾ/ → /muʃˈtɾaɾ/ → /ˈpoɾku/ → /ˈaɫtɐ/ →

[ɨsˈka] [usˈta] [ˈpokʷ] [ˈatɐ]

2;4 2;4 2;4 2;4

Este padrão é semelhante ao descrito para o desenvolvimento dos monolingues portugueses (Freitas 1997; Correia 2004), mas bem distinto daquele que é descrito para as crianças francesas (Rose 2000; dos Santos 2007), que geralmente desenvolvem todos os segmentos em coda quando esta posição se torna disponível no sistema, independentemente da classe segmental a que pertencem. Perante estes factos, a autora conclui que o desenvolvimento das codas mediais é fortemente influenciado pelo sistema fonológico do PE, existindo interação entre as duas línguas. Esta interação conduz, desta vez, a um atraso do desenvolvimento das codas em Francês. Relativamente ao desenvolvimento das consoantes em posição final de palavra, este parece essencialmente autónomo nas duas línguas da criança. De facto, a criança parece atribuir diferentes papéis silábicos às consoantes em final de palavra nas suas duas línguas, em conformidade com as propriedades distribucionais presentes nas duas línguas-alvo. As consoantes finais em Francês parecem ser analisadas como ataques de sílaba com núcleo vazio, o que origina uma epêntese frequente. Por oposição, a fricativa final em PE parece ser sempre analisada pela criança como coda, uma vez que a epêntese final não foi abservada. Quanto às líquidas, verificou-se que a criança oscila na atribuição dos seus papéis silábicos. Assim, elas podem ser produzidas seguidas de uma vogal epentética, o que sugere uma silabificação como ataque de sílaba com núcleo vazio. Por outro lado, elas podem ser produzidas sem

essa vogal, com velarização no caso da lateral. Apresenta-se alguns exemplos representativos em (5): (5) Produção variável das líquidas finais em PE: caracol lençol dormir senhor

/kɐɾɐˈkɔɫ/ /lẽˈsɔɫ/ /duɾˈmiɾ/ /sɨˈɲoɾ/

→ → → →

[kalaˈxɔlɨ] [lẽˈsɔɫ] [nuˈmiɾɨ] [ʂiˈɲoɾ]

2;05 3;00 2;03 2;09

A autora argumenta que tal se deve às propriedades do sistema fonológico do PE, que fornece indícios para uma silabificação das líquidas finais tanto em coda como em ataque de sílaba com núcleo vazio. A autora propõe, na linha de Correia (2004), que a lateral é num primeiro momento analisada como ataque de sílaba com núcleo vazio mas que numa fase posterior é reanalisada como coda, momento em que a criança a produz com o formato velarizado. De uma forma geral, a autora propõe que as consoantes finais cujo input é ambíguo são silabificadas como ataque de sílaba com núcleo vazio por defeito. Os dados empíricos registados apontam para um duplo efeito do bilinguismo, que tanto pode dar origem a um aceleramento ou a um atraso no desenvolvimento de determinadas estruturas, nomeadamente no que diz respeito aos ataques ramificados e às codas mediais. Por outro lado, a autora salienta que a situação de bilinguismo não conduz a uma interacção sistemática dos dois sistemas linguísticos, visto que não se verificou nenhum efeito durante a aquisição das consoantes em final de palavra. 2.3. Aquisição do acento de palavra Nesta secção, iremos apresentar os resultados da aquisição do acento de palavra em PE, reunidos e discutidos em Correia (2010). Os resultados aqui reportados foram obtidos a partir dos módulos de pesquisa Stress patterns da Phon e sumariam os dados encontrados pela autora. 2.3.1. Objeto de estudo e questões de investigação Correia (2010) debruçou-se sobre a aquisição do acento de palavra em PE. O estudo da aquisição do acento está, desde o início, relacionado com a aquisição do formato de palavra, uma vez que as palavras (domínio do acento lexical) são sequências de sílabas fortes (Strong – S) e fracas (Weak – W). A aquisição do acento e formato de

palavra foi estudada para várias línguas (Inglês, Holandês, Alemão, Espanhol, Português do Brasil5, etc.), e nem sempre os resultados apontam para caminhos de aquisição semelhantes, com as especificidades de cada língua a desempenhar um papel no percurso do desenvolvimento. Algumas línguas, como o Inglês e o Holandês, apontam para um formato inicial trocaico nas produções das crianças (Allen & Hawkins, 1979; Fikkert, 1994), enquanto outras, como o Francês e o PB, parecem apontar para um formato de tipo iâmbico (Rose, 2000; Demuth & Johnson, 2003; Santos, 2007; Baia, 2008). Paralelamente, a descrição do acento em Português tem sido alvo de alguma controvérsia, com alguns autores a defender que a atribuição do acento depende de informação fonológica (sendo, o peso silábico, o fator determinante para a atribuição do acento – Bisol, 1993; Wetzels, 2006; Carvalho, 1988), e outros autores a defender que a atribuição do acento depende da informação morfológica (Lee, 1995; Pereira, 1999). O estudo da aquisição do acento é, pois, o estudo da forma como as crianças constroem relações de proeminência dentro da palavra e o estudo dos princípios que regem esse processo durante o processo de aquisição e desenvolvimento da linguagem. Assim, as questões de investigação levantadas em Correia (2010) foram as seguintes: (i)

Como é adquirido o acento de palavra em Português?

(ii)

O que pode dizer-nos o desenvolvimento do formato de palavra e a aquisição de padrões de acento sobre o algoritmo do acento em Português?

2.3.2. Método O corpus utilizado para o estudo da aquisição do acento de palavra foi o mesmo utilizados na aquisição do inventário segmental (cf. Secção 2.1.2). Para as pesquisas realizadas, foram feitos agrupamentos de itens lexicais (Word Groups), independentemente do seu estatuto fonológico. Numa frase como ‘A estrelinha brilha no escuro’, o resultados do agrupamento é o seguinte: [A] [estrelinha] [brilha] [no] [escuro]. Este agrupamento alinha com a seguinte fiada de                                                                                                                 5  Doravante PB.  

transcrição do alvo [ɐ] [ʃˈtɾɨliɲɐ] [ˈbɾiʎɐ] [nu] [ʃˈkuɾu]. As pesquisas foram feitas sobre o formato (SW, WS, WSW, WWS, SWW, etc.) e tamanho de palavra (número de sílabas). A Phon permite fazer pesquisas relativamente a questões que se relacionam com o acento de palavra. Permite calcular o número de palavras prosódicas por sessão, no alvo e na fala da criança, por criança ou por grupo de crianças. Permite, também, pesquisar padrões acentuais no alvo e na fala da criança e, ainda, alinhar os padrões de acento do alvo com as produções reais das crianças. Pode, por exemplo, querer-se observar o que acontece, ao longo do desenvolvimento de uma criança, à produção de palavras de tipo trocaico (SW), como ‘casa’ /ˈkazɐ/.

2.3.3. Principais resultados A investigação conduzida sobre a aquisição do acento e formato de palavra permitiu concluir que, inicialmente, parece não haver um formato de palavra preferencial nas produções das crianças portuguesas. Nas produções iniciais das 5 crianças observadas é frequente a produção de reduplicações com acento final e de monossílabos com epêntese à esquerda, conforme se ilustra em (6). (6) Exemplos de reduplicaçõe se monossílabos nas produções iniciais: Reduplicações /bɛˈbɛ/ Monossílabos com epêntese /ˈnɐw ̃ ̃/

→ →

[pɐˈpwɐ] [ɐˈnɐw ̃ ̃]

Clara 1;1 Clara 1;3

Uma vez que a produção de monossílabos é muito frequente no início, e a produção de iambos não reduplicados no alvo é rara, defende-se que, no início, a representação da palavra para as crianças seja a de um monossílabo, conforme se ilustra no modelo prosódico apresentado em (7). (7) Modelo prosódico do output da criança (Estádio I) – exemplos: [ˈpa]/[paˈpa] bola: ω Σ σ [(pa)

pa]

O modelo prosódico é o de um monossílabo, com uma sílaba opcional à esquerda, com a qual o monossílabo não forma um pé. Num segundo momento, as crianças compreendem que as palavras podem ser maiores do que um monossílabo e começam a produzir dissílabos (trocaicos e iâmbicos) não reduplicados, embora sejam ainda pouco frequentes e a sua produção seja instável: ou são produzidos de acordo com o alvo ou são truncados, conforme se mostra em (8). (8) Exemplos de dissílabos (SW e WS) não reduplicados truncados ou produzidos de acordo com o alvo: Truncações Truncações Truncações Produção ≈ alvo Produção ≈ alvo Produção ≈ alvo Produção ≈ alvo

/ˈpelu/ /kuˈʎɛɾ/ /ˈluvɐ/ /ˈbɔjɐ/ /ɐˈvo/ /ˈpatu/ /kɐˈfɛ/

[ˈpe] [ˈkɛ] [ˈbuː] [ˈbɨəә] [ɐˈdjo] [ˈpaku] [kiˈkɛ]

→ → → → → → →

Inês Inês Joana Inês Inês Joana Joana

1;4 1;6 1;10 1;4 1;7 1;9 1;9

A representação da palavra nas crianças portuguesas parece, pois, seguir o modelo prosódico apresentado em (9). (9) Modelo prosódico do output da criança (Estádio II) – exemplos: [ˈpatju] pato e [ɐˈdjɔ] avó: ω Σ (σw) [ɐ

σs [ˈpa ˈdjɔ]

(σw) tju]

Neste modelo, prevê-se que SW e WS seja produzidos, embora a truncação seja, ainda uma estratégia possível. Não há ainda uma tendência clara para um pé de tipo trocaico ou iâmbico. No momento seguinte, as crianças portuguesas realizam que a língua tem um ritmo trocaico e que as sílabas estão organizadas em pés de tipo SW. As suas produções, sejam dissilábicas ou trissilábicas, conformam-se a um pé troqueu. Exemplos destas estruturas produzidas pelas crianças neste estádio são dados em (10).

(10) Exemplos de produções trocaicas Troqueus Troqueus Trissílabos Trissílabos

/ˈiʃtu/ /ˈnɐd̃ u/ /vɨʃˈtidɐ/ /lɐjˈtiɲu/

[ˈitju] [ˈnaɲu] [ˈbitɐ] [ˈtjiɲu]

→ → → →

Inês Joana Inês Joana

1;8 2;2 1;8 2;2

Neste estádio, a produção de palavras SW ultrapassa a produção de palavras WS, a produção de SW de acordo com o alvo é superior à produção de WS e o padrão preferencial de truncação de palavras WSW é SW. Propõe-se, por isso, que a representação das crianças portuguesas, neste momento, seja a de um pé troqueu, como se representa em (11). (11) Modelo prosódico do output da criança (Estádio III) – exemplos: [ˈpatjɐ] tampa, [ˈbidu] umbigo e [ˈɛw] chapéu: ω Σ σs [ˈpa [ˈbi [ˈɛw]

σw tjɐ] du]

No momento seguinte, as crianças percebem que as palavras podem ser maiores do que um dissílabo. Neste período, as palavras WS e trissilábicas WSW são adquiridas. As palavras trissilábicas de tipo WWS são alvo de truncação ((12)). (12) Exemplos de produções iâmbicas e trissilábicas Iambos Iambos Iambos Trissílabos Trissílabos Trissílabos Trissílabos

/ɐˈvo/ /ʃɐˈpɛw/ /kɐˈfɛ/ /mɨninu/ /vɨɾˈmɐʎu/ /izɐˈbɛɫ/ /kaʃɨˈkɔɫ/

→ → → → → → →

[ɐˈvo] [tɐˈpɛw] [kɐˈpɛ] [mɐˈninu] [diˈmæju] [bɐˈbɛ] [kaˈkɔj]

Clara Inês Inês Clara Inês Inês Inês

1;10 2;1 2;1 1;9 2;0 2;0 2;1

O modelo prosódico proposto para este momento é o que se apresenta em (13):

(13) Modelo prosódico do output da criança (Estádio IV) – exemplos: [kɐˈpɛ] café, [ˈpatu] pato, [miˈninu] menino e [bɐˈbɛ] Isabel: ω Σ σw [kɐ [mi [bɐ

σs ˈfɛ] [ˈpa ˈni ˈbɛ]

σw tu] nu]

Este modelo prevê que, quer as palavras trocaicas, quer as palavras de tipo /WS/ e /WSW/ sejam produzidas pelas crianças. De referir é, ainda, que as palavras trissilábicas, sobretudo as formas proparoxítonas (SWW), não são selecionadas pelas crianças portuguesas no início, sendo adquiridas muito tardiamente. Depois da análise ao formato de palavra, Correia (2010) debruçou-se sobre a possibilidade de os dados das crianças portuguesas fornecerem pistas que favorecessem o algoritmo de atribuição do acento no PE com base na informação fonológica (Bisol, 1993; Wetzels, 2006; Carvalho, 1988) ou com base na informação morfológica (Lee, 1995; Pereira, 1999). Os resultados obtidos, nomeadamente os diferentes percursos de aquisição e desenvolvimento do formato da palavra para verbos e não verbos, sugerem que pode haver uma interação entre o a aquisição do algoritmo do acento e a informação morfológica. Porém, a frequência de apagamento de sílabas leves não acentuadas foi mais elevada do que a frequência de apagamento de sílabas pesadas não acentuadas, sugerindo alguma relevância do peso silábico na aquisição do acento de palavra. Os resultados gerais não permitiram, pois, retirar conclusões robustas acerca da relevância do peso silábico ou da informação morfológica na atribuição do acento, na gramática do adulto. 3. Conclusões No espaço de uma década, o domínio da aquisição da fonologia passou de um estado em que cada investigador tinha que criar e organizar um corpus a um estado em que vários corpora estão disponíveis para pesquisa, com a ajuda de uma ferramenta que permite realizar pesquisas que abrangem uma grande variedade de domínios e

variáveis fonológicas. Algumas demonstraram ser particularmente relevantes para a descrição do desenvolvimento da fonologia em PE. Desta forma, actualmente, vários pesquisadores em todo o mundo recorrem a uma mesma ferramenta para compilar e pesquisar dados. Evidentemente, o estudo da aquisição da fonologia tem de continuar a desenvolver-se para preenchermos lacunas de conhecimento. A maioria dos corpora disponíveis no PhonBank contêm dados longitudinais. Devido ao custo temporal que pressupõe este tipo de recolha, é muito provável que cada vez mais corpora de dados transversais sejam constituídos e venham a ser disponibilizados. A existência destes dois métodos de recolha permitir-nos-á, com certeza, perceber ainda melhor os padrões de aquisição da fonologia. Referências Allen, G. & Hawkins, S. (1979). Trochaic rhythm in children’s speech. In H. Hollien & P. Hollien, Current issues in the phonetic sciences (pp. 927-933). Amsterdam: John Benjamin’s B.V. Almeida, L. (2011). Acquisition de la structure syllabique en contexte de bilinguisme simultané portugais-français. Dissertação de Doutoramento, Universidade de Lisboa. Baia, M. F. (2008). O modelo prosódico inicial do Português Brasileiro: Uma questão metodológica? Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo. Bisol, L. (1993). The stress in Portuguese. Actas do Workshop sobre Fonologia. Coimbra: Associação Portuguesa de Linguística. Pp. 19-32. Carvalho, J. B. (1988). Rédution vocalique, quantité et accentuation: pour une explication structurale de la divergence entre portugais lusitanien et portugais brésilien. In Boletim de Filologia. (Vol. XXXII, pp. 5-26). Lisboa. Correia, S. (2004). A Aquisição da Rima em Português Europeu - ditongos e consoantes em final de sílaba. Dissertação de mestrado, Universidade de Lisboa. Correia, S. (2010). The Acquisition of Primary Word Stress in European Portuguese. Dissertação de Doutoramento, Universidade de Lisboa. Costa, T. (2003). Aquisição do ponto e do modo de articulação dos segmentos obstruintes no Português Europeu: um estudo de caso. Dissertação de Mestrado, Universidade de Lisboa.

Costa, T. (2010). The Acquisition of the Consonantal System in European Portuguese: Focus on Place and Manner Features. Dissertação de Doutoramento, Universidade de Lisboa. Demuth, K. & Johnson, M. (2003). Truncation to subminimal words in early French. Canadian Journal of Linguistics, 48 (3/4), 211-241. Fikkert, P. (1994). On the Acquisition of Prosodic Structure. Dordrecht: HIL. Freitas, M. J. (1997). Aquisição da estrutura silábica do Português Europeu. Dissertação de Doutoramento, Universidade de Lisboa. Freitas, M. J. (2003). The acquisition of onset clusters in European Portuguese. Probus 15, pp. 27-46. Lee, S.-H. (1995). Morfologia e fonologia lexical do Português do Brasil. Dissertação de Doutorado. UNICAMP: Campinas. Levelt, C. (1994). On the Acquisition of Place. HIL dissertations in Linguistics 8, The Hague: HAG. Pereira, M. I. (1999). O acento de palavra em Português. Uma análise métrica. Dissertação de Doutoramento. Universidade de Coimbra. Rose, Y. (2000). Headedness and Prosodic Licensing in the L1 Acquisition of Phonology. Ph.D Thesis, Mc Gill University, Montréal. Santos, C. dos (2007). Développement phonologique en français langue maternelle. Dissertação de Doutoramento, Université Lumière Lyon 2. Santos, R. S. (2001). A aquisição do acento de palavra no Português Brasileiro. Dissertação de Doutorado. UNICAMP: Campinas. Wetzels, L. (2006). Primary word stress in Brazilian Portuguese and the weight parameter. Journal of Portuguese Linguistics (G. Elordieta & M. Vigário, Eds), 5(2), 9-58.

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