A Filosofia dos Sábios Druidas

June 16, 2017 | Autor: A. Marques | Categoria: Ciências das Religiões
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A Filosofia dos Sábios Druidas Por Adilio Jorge Marques, FRC

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da natureza, da vida e de Deus. Um dia, no passado remoto, esta Tradição era, diferentemente de hoje, a “religião” de alguns povos que adoravam o Criador através da natureza - os Celtas. Esta “religião druídica” era a expressão filosófica da religião céltica. A origem desta via espiritual começou, segundo a Tradição druídica, com os hiperbóreos. Esta época remonta a aproximadamente 20.000 anos atrás, com nosso ancestral Cro-Magnon. Mas é importante destacar que neste tempo os Sábios não se chamavam druidas ainda, nem mesmo Semnothes (nome que designa os ancestrais dos druidas). Apenas observavam atentamente o céu e a terra, guardando assim informações que eram passadas oralmente aos seus seguidores. Logo, vemos que o Druidismo tem sua origem neste povo de raça branca e que é a quinta raça humana de nosso planeta,

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que são o Druidismo e os Druidas? É muito difícil responder de maneira completa esta questão, pois o Druidismo está em constante evolução. Penso que não é uma religião, visto que sua doutrina não se dá apenas como revelada por uma entidade humana, ou Supra-Humana, porém antes pela Grande Tradição Primitiva. O Druidismo vêm se transmitindo ao longo de numerosos séculos em decorrência de observações de fenômenos físicos e cósmicos e de sua interpretação no domínio metafísico e psíquico. Estes vieram de tempos muito remotos, de geração em geração, às vezes à descoberto, às vezes escondidos das “autoridades” predominantes nas várias fases da civilização humana. Dos antigos druidas veio todo este conhecimento da Tradição Primordial que chegou até nós pela Tradição celta e pagã e que diz respeito aos mistérios do universo,

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Os druidas praticavam em sua doutrina a lei de um Deus único e Incognoscível – logo, não representável; ou seja, o monoteísmo, propagado de maneira irrefutável pelo grande Akhenathon.



levar à Gália, junto com Lázaro, Marta e Maria de Magdala, esse comentário da Criação e do Verbo. De maneira muito semelhante, o ensinamento druídico já professava (pelos Bardos) que “Men Hein ou Menw, o Velho, filho de Men Wyd, olhou a Luz, viu as três colunas Luminosas e Sonoras ao mesmo tempo e compreendeu que a Palavra e a Luz eram geradoras de vida”. Do Incriado manifestaram-se os 3 princípios fundamentais dos quais decorrem todas as forças da Criação. São os 3 princípios que os druidas representam por 3 raios, 3 linhas, sem ponto de encontro no ápice, sendo este ponto situado no infinito em Keugant, o Mundo Divino. Três linhas que se juntam no Infinito só podem ser 3 paralelas, e é para expressar essa ideia que os nossos sábios chamavam-nas de Três Colunas de Luz. Podemos representá-las conforme a figura 1.

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segundo alguns aspectos da Tradição Primordial. Os druidas praticavam em sua doutrina a lei de um Deus único e Incognoscível - logo, não representável; ou seja, o monoteísmo, propagado de maneira irrefutável pelo grande Akhenathon. A Energia Criadora era simbolizada por Três Raios de Luz que se transcreviam pelas 3 letras OIV (ou OIW). O nome do Incriado é confiado ao olhar sob a forma de 3 Raios sonoros (ou 3 “Sons de Luz”). Neles estavam misturados a Luz e o Verbo, bem como a Vida. Diziam: “Ele é Amor, Conhecimento e Potência e ao mesmo tempo Luz, Verbo e Vida”. Ou Luz, Vida e Amor para nós, rosacruzes. Falaremos novamente sobre OIV mais adiante. “De seu Verbo, Deus criou Todas as coisas e Dele Próprio criou a Luz e a Vida”. Estas são máximas fundamentais que João, o discípulo iniciado por Cristo, proclamou no início de seu Evangelho esotérico. São também corroboradas pelo ensinamento druídico desde há muito, pois Mestres como Pitágoras e Jesus, que alguns pressupõe ter ido às Gálias após sua temporada iniciática nos templos do Egito, beberam deste conhecimento da Grande Tradição perpetuada pelos druidas. Vemos no Evangelho de Tiago, secreto, que o apóstolo foi ele mesmo

Figura 1: representação dos 3 princípios fundamentais da Criação segundo os Druidas.

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Tendo a Luz nascido da Palavra simultaneamente, a Luz e o Som não podem se separar nem ter existência distinta do fato dessa existência. A Vida se manifesta na Criação. Não existem 3 deuses; há um só que se manifesta nessas 3 potências. Podemos chama-los Pai, Filho e Espírito Santo no Cristianismo, ou por qualquer outra denominação egípcia, hindu, persa etc. Para os druidas, esses 3 Sons Luminosos, ou 3 Raios Sonoros, são OIV. Outros conceitos de fundamental importância no Druidismo eram os de liberdade, imortalidade da Alma, evolução cósmica e a pluralidade de mundos, entre outros. Para os druidas, a verdade era UNA,

Figura 2: o alinhamento megalítico de Stonehenge, localizado na planície de Salisbury, no Sul da Inglaterra, é tradicionalmente associado aos Celtas e Druidas. Sua função permanece desconhecida.

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mas seus modos de manifestação eram múltiplos. O esquema principal do Ser Criador é o princípio do ternário, o grande 3 que é a base das Tríadas Druídicas, e que representam o conjunto resumido dos principais conceitos do Druidismo. Também é importante destacar novamente que o Druidismo era monoteísta, embora sendo sempre difícil implantar no povo tal doutrina. Assim, vários seres superiores ou “subalternos” foram representados: deuses protetores dos lares, das árvores, da guerra etc. O ensinamento druídico mencionava os elementos principais: Fogo, Ar, Água, Terra e Nwyre (ou Éter, o componente universal que conhecemos tão bem pelos estudos da AMORC). É através deste último componente universal que se movem os outros elementos. Sem Nwyre não há vibrações, e sem vibrações não há vida. Os druidas eram filósofos, astrônomos, educadores, iniciadores, legisladores, terapeutas, cientistas, matemáticos, sábios, juízes e pastores espirituais do povo das Gálias (França). A doutrina compreendia 3 ordens internas: os Druidas, os Bardos e os Ovates. Os druidas eram formados após 20 anos de estudos passados por todo o corpo da Tradição. Vestiam-se de branco e eram os grandes sábios das várias tribos celtas. Eram temidos por todos os povos da Europa por sua vasta sabedoria, incluindo-se aí os romanos e seus dirigentes, que tiveram muito trabalho e dispêndio de energia para invadir as Gálias com Júlio César. Os bardos eram responsáveis diretos pelas artes em geral, astrologia, astronomia, e tudo o mais que diz respeito às ciências divinatórias. Por isso vestiam-se de azul e deram origem aos trovadores medievais e à lenda do mago Merlin, ainda muito popular em todo o mundo.

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Os ovates eram estudiosos da medicina, das plantas e da natureza em geral, sendo muito respeitados por seu grande conhecimento das leis naturais e até científicas, pela visão moderna. A concepção ternária dita anteriormente: Não-Manifestado, Matéria e Manifestado - está também expressa nos 3 círculos de vida que eram representados na cruz druídica. Era uma cruz com 3 círculos de nomes: Keugant, Abred e Gwenwed (figura 3).

Figura 3: exemplo de uma cruz druídica.

O que são as Tríadas? As 81 Tríadas (outros números são apresentados de acordo com a linhagem celta) nos foram transmitidas por meio do Barddas, da ilha da Bretanha, sob a forma que lhe é peculiar. Elas resumem o ensinamento tradicional druídico de forma poética e memorável, para serem transmitidas oralmente pelos bardos, cuja missão é a de instruir os jovens e

lembrar as suas crenças, direitos e deveres. A divisão segue, portanto, uma metrologia druídica (3x3 = 9; 9x9 = 81) e que trata da evolução do Espírito no Cosmos através da matéria, elemento que serve de veículo e meio de expressão da Criação. Este algarismo 9, que é importante na cosmogonia druídica, encontra-se na nomenclatura das “Nove Filhas de Belenos” (que simbolizam as Virtudes). Porém, esta mitologia, por mais iniciática que possa parecer a certos olhos, não possui absolutamente um ensinamento moral e metafísico como é o dos druidas. Temos 9 nomes, cuja raiz é reencontrada em muitos lugares gauleses e, dentre eles, muitos dos nossos adeptos escolheram seus nomes iniciáticos ou mesmo de seus filhos. Cada um destes nomes pode ser posto como subtítulo em cada um desses 9 grupos de Tríadas e que são: – OGIA (Virgindade); – LANIA (Plenitude); – VIRIONA (Verdade); – KARANTIA (Caridade); – DAGIA (Bondade); – UXELLIA (Nobreza); – GLANIA (Pureza); – LOVANIA (Jóia); – AVENTIA (Retidão). A Tradição Primordial é única, independente de suas múltiplas facetas. As doutrinas espirituais dos sábios druidas ainda permanecem vivas em pleno século 21, seja como uma “ressurgência” em forma de religião nas terras francesas das antigas Gálias, seja através de organizações sérias como a AMORC, que mantêm a chama do verdadeiro misticismo ardendo nos corações dos buscadores sinceros. 4

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