A função da sátira na literatura de Gregório de Matos Guerra

June 14, 2017 | Autor: Paula Margas | Categoria: Poesia, Sátira, Satira Barroco, Gregório De Matos
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A função da sátira na literatura de Gregório de Matos Guerra Paula Margas

No século XVII a União Ibérica e em seguida as invasões holandesas, deixarem Império Português em crise, qual se aprofundou ainda com iniciação de cultura de cana-deaçúcar nas Antilhas. Nascido em Salvador, numa família abastada em 1623, Gregório de Matos observa e comenta as mudanças sociopolíticas que ocorreram como consequências de estagnação econômica no Brasil. De Portugal onde na Universidade de Coimbra estudou direito, traz umas novas ideias, uma visão de mundo mais atualizada. Na Europa neste período já estava florescendo o barroco com seu espirito da Contrarreforma. O barroco pode ser considerado como um conceito mais profundo do que maneirismo, por que conota também processos históricos, disputas filosóficas, teológicas e estado da sociedade. Rico em ornamentação, simbolismo, baseado no concepto, ingenio e agudeza gira em torno de consciência da insignificância de um homem. Levando em consideração as máximas de época; memento mori, anitas et vanitatum et omnia vanitas apareceu na literatura brasileira a sátira que expressa atitude artística do autor parente vários fenômenos; falhas humanas, costumes, relações sociais. No entanto sátira não propõe modelos positivos, simplesmente nega e ridiculiza os existentes. Apresenta a hiperbolizada visão do mundo. A principal arma da sátira é o humor, e a grotesca, a deformação e a zombaria. Assim mostra nos claramente as problemas. Esse gênero Gregório de Matos Guerra aplica para caracterizar a sociedade brasileira do século XVII, os seres humanos estão desprovidos das tradições, virtudes e do esplendor; “O demo a viver se exponha, Por mais que a fama a exalta, numa cidade, onde falta Verdade, Honra, Vergonha.” (MATOS, GREGÓRIO (1999) Juízo anatômico da Bahia)

Satiristas creem que vivam numa época quanto a sociedade alcançou o cume da ignorância, ganância e estupidez e siga cegamente modas estrangeiras, vejam uma necessidade de apontar essa questão; “À Bahia aconteceu O que a um doente acontece, Cai na cama, o mal lhe cresce, Baixou, subiu e morreu.” (MATOS, GREGÓRIO (1999) Juízo anatômico da Bahia)

Essa postura decadentista está estritamente conectada com a situação econômica e politica,

observamos a influência da crise açucareira, afrontada com a antiga riqueza do região. As sátiras podem chegar a ser trágicas, vistas como certa lamentação, desespero de próprio poeta como cidadão, essa agressividade e vulgaridade serve como válvula por onde saem emoções negativas; “Triste Bahia! ó quão dessemelhante Estás e estou do nosso antigo estado! Pobre te vejo a ti, tu a mim empenhado, Rica te vi eu já, tu a mim abundante.” (MATOS, GREGÓRIO (1999) Triste Bahia)

Gregório de Matos de um lado conciliado com o caminho da coisas, de outro sentia a necessidade de as enfrentar, atribui-se a função de observador e comentador; “De que pode servir, calar, quem cala, Nunca se há de falar, o que se sente? Sempre se há de sentir, o que se fala? Qual homem pode haver tão paciente, Que vendo o triste estado da Bahia, Não chore, não suspire, e não lamente?” (MATOS, GREGÓRIO (1999) Aos vícios)

Além disso sátira pode ocorrer como uma simples chacota, com carácter malicioso, escarnecer instituições e nobres, que parecem ser intocáveis e inalteráveis. Mostra os defeitos físicos como alegoria dos defeitos psicológicos; “Senhor Antão de Sousa de Menezes, Quem sobe ao alto lugar, que não merece, Homem sobe, asno vai, burro parece, Que o subir é desgraça muitas vezes.” (MATOS, GREGÓRIO (1999) A despedida do mau governo que fez o governador da bahia)

O estilo da poeta funciona em estreita colaboração com conteúdo; exclamações, hipérboles (inflações), metáforas e comparações evocam fortes emoções, e as perguntas retoricas encorajam receptor a levar um jogo, considerar o mencionado assunto. O autor usava uma linguagem coloquial, tentando simular a voz de povo, colocar-se no papel de qualquer. “E nos frades há manqueiras?.........Freiras

Em que ocupam os serões?............Sermões Não se ocupam em disputas?.........Putas.” (MATOS, GREGÓRIO (1999) Juízo anatômico da Bahia)

Todos esses exemplos mostram nos o caráter universal da sátira que apareceu então na antiga literatura romana, tornou-se especialmente popular na época do classicismo e esclarecimento, sendo um termo que aborda várias perspectivas, até hoje realiza as mesmas funções de: disciplinar, diminuir e divertir. Ora no barroco a função didática parece-nos ser menos apreciada por causa da filosofia contrária ao racionalismo, fundamentada no lema Carpe diem. Contudo tem mais uma função incomum, que apareceu com o tempo. Os trabalhos de Gregório de Matos Guerra inspiraram com seu estilo inovador, com a presença de elementos tipicamente brasileiros a criação da literatura nacional. Boca de inferno, causador dos embaraços e desafetos, poeta maldito, obras de quem atualmente estão consideradas como um cânone, derrotou a passagem do tempo, contra si próprio comprovou que non omnis moriar.

BIBLIOGRAFIA: 1.

GONÇALVES GOMES, CÍNTIA. O boca do inferno e a crise do século XVII. Disponível online: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/oficinadohistoriador/article/view/1040 4 [24/11/2015].

2. MARTINS, FRANKLIN. Cinco poemas de Gregório de Matos, o Boca do Inferno. Disponível online: http://www.franklinmartins.com.br/estacao_historia_artigo.php? titulo=cinco-poemas-de-gregorio-de-matos-o-boca-do-inferno-bahia-1682 [24/11/2015]. 3. MATOS, GREGÓRIO (1999) Antologia poética. Brasil, Nova Fronteira (Edição Digital). 4. RODRIGUES, SILVEIRA. Sarcasmo em Gregório Matos e Guerra. Disponível online: http://www2.unifap.br/marcospaulo/files/2013/05/Gregório-de-Matos.pdf [24/11/2015].

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