A GESTÃO DO CONHECIMENTO E A ATUAÇÃO DO PROMOTOR CULTURAL(Anderson Luiz da Silva de Oliveira, Scientiarum Historia IX - 9º Congresso de História da Ciências e das Técnicas e Epistemologia - HCTE/UFRJ, 2016)

May 24, 2017 | Autor: Anderson Oliveira | Categoria: Knowledge Management, Gestión del Conocimiento, Gestão Do Conhecimento
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A GESTÃO DO CONHECIMENTO E A ATUAÇÃO DO PROMOTOR CULTURAL Anderson Luiz da Silva de Oliveira Aluno do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UniRio. [email protected]

RESUMO O presente trabalho demonstra a gestão do conhecimento e as suas contribuições para a atuação no âmbito da promoção cultural, revela os aspectos teóricos do conhecimento à época dos antigos filósofos e sob a ótica empresarial da sociedade do conhecimento. Relata os objetivos buscado pelas empresas ao implementarem a GC, expondo as etapas, técnicas e ferramentas necessárias para a efetivação deste processo. Analisa a inserção do promotor cultural no ambiente da GC, apontando para a qualidade da formação profissional da área da cultura e do entretenimento, redefinindo objetivos e desenvolvendo habilidades comportamentais.

Palavras-chave: Gestão do Conhecimento. INTRODUÇÃO Hoje, os métodos de produção de lucros e riquezas concentram-se no uso, controle e domínio da informação e conhecimento. Os ativos que outrora traziam riquezas (terra, trabalho, capital) não desapareceram, porém, tornaram-se secundários. Assim, a informação e o conhecimento transformaram-se em matéria-prima para as empresas, sendo o novo “motor da economia”. No entanto, para que a informação e o conhecimento sejam de fato instrumentos para obtenção de riquezas, é necessário que os mesmos sejam gerenciados e, em seguida, compartilhados entre todos os membros da organização. Nesse contexto surge a gestão do conhecimento, cuja finalidade é identificar, coletar, armazenar e disponibilizar o conhecimento relevante para a empresa. Na prática a GC, abreviação usada para definir o termo “Gestão do Conhecimento”, é uma ferramenta que habilita as empresas a identificarem o conhecimento tácito que circula entre seus diversos setores, deixando-o explícito para toda a organização, isto é, as empresas identificam o conhecimento que está na “cabeça

das pessoas”, as experiências e os talentos disponibilizando-os, por meio de banco de dados. Entretanto, para que a GC produza “bons frutos” dentro da organização é necessário que esta seja gerenciada de uma maneira eficaz. Desta forma, surge a figura do gerente do conhecimento. Neste trabalho, pretende-se demonstrar que, apesar de não se encontrar na literatura autores que indicam a formação do gerente do conhecimento, o promotor cultural, assim como outros profissionais, poderá obter capacitação para atuar na GC. Todavia, do mesmo modo que a economia, o mercado e as organizações mudaram e se adaptaram à realidade da sociedade do conhecimento, o promotor cultural também deve fazê-lo. Logo, é fundamental que o profissional da área cultural se adapte a essa nova realidade, tenha uma postura dinâmica, seja empreendedor, criativo, inovador e invista em seu aperfeiçoamento curricular. Com estas atribuições, acredita-se que o promotor cultural poderá ocupar a vaga no mundo das oportunidades que estão surgindo no mercado dinâmico e competitivo. Apresentar os conceitos e temas relacionados à GC, demonstrando-o como um novo campo de atuação para o profissional da área da cultura é o objetivo geral deste trabalho. E os objetivos específicos são: relatar os aspectos teóricos do conhecimento e a evolução da sociedade do conhecimento; demonstrar as atividades, funções e habilidades do promotor cultural diante do contexto da GC apontando a necessidade de seu aperfeiçoamento curricular; identificar as características e competências necessárias ao profissional que almeja atuar como gerente do conhecimento. A principal razão em estudar a atuação do promotor cultural no cenário da GC justifica-se no fato que o produtor cultural possui formação acadêmica compatível e favorável ás práticas da GC. Entretanto, possuir uma formação propícia não é o suficiente para inserir-se no mercado de trabalho, tendo em vista que, neste contexto a habilidade deixa de ser técnica para se tornar comportamental. Tão logo, é fundamental que o promotor

desenvolva algumas habilidades

comportamentais

exigidas pela GC,

redirecionando seus objetivos e se adaptando às transformações ocorridas na sociedade do conhecimento. Além disso, é essencial que o promotor cultural redefina alguns conceitos, aprimore e atualize seu currículo, assuma uma postura inovadora e flexível para interagir com as mudanças globais. Para as áreas das ciências sociais aplicadas, está pesquisa visa a contribuir para os estudos sobre novos desafios e perspectivas do promotor cultural. O objeto deste trabalho é a gestão do conhecimento, para a execução deste, buscou-se na literatura os conceitos, princípios e temas relacionados à GC. Em seguida, efetuou-se a revisão de analise de trabalhos na área de administração cultural, com o intuito de revelar o perfil, as características, a postura, as competências e habilidades necessárias para a atuação do promotor cultural diante das oportunidades que estão no mercado. Utilizando o método de analise bibliográfico, retrataram-se os conceitos definidos por autores e que implantaram a GC, demonstrando na prática o papel, funções e atividades do profissional que atua como gerente do conhecimento. As variáveis utilizadas neste trabalho foram retiradas das pesquisas revisadas no referencial teórico e estão relacionadas aos objetivos e hipóteses do estudo. Para a revisão de literatura, um levantamento bibliográfico em livros e periódicos das áreas de ciência da informação, administração de empresas e produção cultural, teses e anais de congressos de gestão do conhecimento. Na internet pesquisou-se na biblioteca virtual e nos sites voltados para a divulgação e estudo da GC, nas bases de dados do RAE/FGV, na base da ​Scielo e no site de busca ​Google. O referido levantamento bibliográfico foi desenvolvido durante o período de seis meses. Deste modo, por meio destas atividades metodológicas iniciou-se a elaboração da pesquisa proposta.

GESTÃO DO CONHECIMENTO/​KNOWLEDGE MANAGEMENT

O interesse e estudo sobre o conhecimento existem desde os tempos dos filósofos gregos. Ao longo dos anos, as empresas empregavam o conhecimento de uma maneira implícita, sem uma ciência de sua relevância. A sociedade brasileira de Gestão do Conhecimento estimula a investigação profunda dos processos de conhecimento nas organizações ​(2014, 12º. Congresso 1

brasileiro de Gestão do Conhecimento) ​. Para tanto, Pesquisadores como Ikujiro Nonaka (Japão), Tomas Davenport (EUA) e Karl Sveiby (Suécia) contribuíram definições que hoje são a base da Gestão do Conhecimento (​Knowledge Management). O sistema ganhou grande impulso, a partir dos anos 90, com crescente importância do conhecimento como gerador de valor agregado a produtos, serviços e processos. Para CAVALCANTI (2001) a Gestão do Conhecimento é: Uma área de investigação de extrema relevância, pois ela enfatiza a importância da educação para o desenvolvimento organizacional através dos recursos humanos, uma absoluta necessidade das organizações que desejam ter sucesso no século XXI. (CAVALCANTI, Marcos, 2001. p. 50). 2

Deste modo é expressiva a afirmação de BUKOWITZ e WILLIAMS (2002, p. 17) ​, “a gestão do conhecimento é o processo pelo qual a organização gera riqueza, a partir do seu conhecimento ou capital intelectual”. O consenso de NONAKA e TAKEUCHI (1997, p. 358), aponta que o conhecimento que essa definição está longe de ser perfeita em termos lógicos, pois a gestão do conhecimento refere-se à criação sistemática de novos conhecimentos, disseminando-os por toda a organização​. O artigo GESTÃO do conhecimento: um novo caminho, publicado na revista HSM 3

Management (2000) ​, declara que “o tema central da Gestão do Conhecimento é o emprego dos recursos organizacionais, através da procura e encontro das melhores

O ​KM Brasil, Congresso bianual da SBGC, é um evento já consolidado no mercado nacional de eventos sobre Gestão do Conhecimento. Em sua décima segunda edição, é considerado o maior evento de Gestão do Conhecimento da América Latina, tanto em termos de participação quanto de representatividade. Alia em um mesmo ambiente as áreas privada, acadêmica e governamental, contando ainda com expressiva participação do terceiro setor. Disponível em: < http://www.kmbrasil.com/anais/ > Acesso em 31/10/2014. 2 BUKOWITZ, W. R.; WILLIAMS, R. L. Manual de gestão do conhecimento. Porto Alegre: Bookman, 2002. 3 HSM MANAGEMENT.São Paulo.2000. 1

práticas”. E que normalmente quando trabalham com a GC, as empresas escolhem alguns dos caminhos relacionados a seguir:

Figura 2: Gestão do Conhecimento nas organizações

4

A melhoria das práticas de gestão do conhecimento define-se através dos processos de: Criar: Criação de novas ideias e projetos que se transformem em estratégias e vantagens competitivas para a empresa; Identificar: Localizar modelos de conhecimento que agreguem valor para a organização. Estes conhecimentos podem provir de fontes internas (funcionários, Pesquisa e Desenvolvimento - P&D, projetos, reuniões ,​Intranet) ou externas (fontes de informação, Internet, cursos, livros); Coletar: Selecionam-se e avaliam-se as fontes de informação e conhecimento relevantes para a organização; Armazenar/Catalogar:

Codifica-se

ou

representa-se

o

conhecimento

coletado,

armazenando-o em bancos de dados; Disponibilizar: Após o armazenamento do conhecimento, deve-se disponibilizá-lo para toda a organização, utilizando as interfaces de acesso (​Internet e ​Intranet) ou por acesso direto ao banco de dados da empresa;

MOURA, A. H. de Algumas referências básicas para a Gestão do Conhecimento. Disponível em: . Acesso em: 27/10/2014 4

Compartilhar: Esta fase exige um empenho e participação de todos - funcionários, bibliotecários, gerentes e diretores. A organização que possui a capacidade de compartilhar o conhecimento estratégico, deixando-o ao alcance de todos, atinge os principais objetivos da GC – criar novos conhecimentos, utilizar e aperfeiçoar os já existentes, reduzir o tempo de resposta para a solução dos problemas e valorizar o conhecimento na empresa, transformando-o em um bem mensurável; Adaptar e usar: Efetuadas todas as fases do processo da GC, a organização estará com uma estrutura que lhe proporcionará aperfeiçoar-se, desenvolver-se e impulsionar-se no mercado. Entretanto, as empresas devem ter consciência que o processo da GC (tal como foi apresentado na Figura 3) é um ciclo, não possuindo um fim, é um processo contínuo, que dever ser apoiado e incentivado por todos os membros da organização. CAVALCANTI (2001) aponta a discussão do tema gestão do conhecimento como incipiente, no Brasil, mas em países desenvolvidos ela é avançada. No ambiente de trabalho, uma empresa que valoriza a criatividade, compartilha sua visão, missão e valores, que aprende com os colaboradores, parceiros e clientes é percebida como favorável para o sucesso deste modelo de gestão. Para a SBGC (2014, 12º. Congresso brasileiro de Gestão do Conhecimento), a disseminação em empresas brasileiras é fundamental para o desenvolvimento e para a competitividade do País. Entre os benefícios das boas práticas de Gestão do Conhecimento estão: aumento da produtividade, lucratividade, desenvolvimento de competências individuais e organizacionais, melhoria de processos, solução de problemas e inovação. A gestão do conhecimento na sociedade do conhecimento é apresentada pelo conceito de capitais do conhecimento segundo CAVALCANTI (2001):

ATUAÇÃO DO PROMOTOR CULTURAL NA GESTÃO DO CONHECIMENTO Segundo DAVENPORT e PRUSAK (1998, p.133) “as organizações precisam de pessoas para extrair o conhecimento daqueles que o têm, colocar esse conhecimento numa forma estruturada e mantê-lo ou aprimorá-lo agregando-lhe valor ao logo do

tempo”. Os outros autores afirma que as universidades não ensinam essas habilidades, mas a atividade mais próxima está nos currículos de história da arte, produção cultural e administração. Pretende-se demonstrar neste capítulo que o promotor cultural possui capacitação para ser esse profissional que as organizações precisam. Contudo, é necessário esclarecer que o promotor poderá atuar neste novo ambiente, desde que possua, além de habilidades técnicas, habilidades comportamentais. Todavia, em princípio, demonstra-se a importância da atuação do promotor cultural nas organizações, conforme literatura consultada. DAVENPORT e PRUSAK (1998, p.35) 5

afirmam que “as empresas costumam não perceber a importância do papel dos

promotores culturais como trabalhadores e gerentes do conhecimento”. Neste, contexto surge o problema da valorização do promotor cultural e de suas atividades diante do mercado empresarial. Diante das habilidades apontadas por CAVALCANTI (2001), pode-se dizer que o profissional cujo perfil estiver de acordo com tais características, poderá encontrar na gestão dos capitais do conhecimento um novo campo de atuação. Percebe-se

em

CAVALCANTI

(2001)

que

o

conhecimento,

inovação e

empreendedorismo formam assim um tripé sinérgico para a realização das organizações na sociedade do conhecimento. No entanto, fazer a GC para identificar onde está o conhecimento e quem sabe o quê na organização, embora necessário, é insuficiente. A empresa deve ter o objetivo inovar, criar novos produtos, serviços e mercado. Além disso, empreender, nenhuma empresa será líder se não empreender. (CAVALCANTI, Marcos; GOMES, Elisabeth; PEREIRA, André. Gestão de empresas na sociedade do conhecimento: um roteiro para a ação. Rio de Janeiro: Campus, 2001). Em síntese, segundo a literatura, não há uma formação específica para atuar como gerente do conhecimento. Assim, como outros profissionais, o promotor cultural poderá ​DAVENPORT, T. H.; PRUSAK, L. ​Conhecimento Empresarial: ​como as organizações gerenciam o seu capital intelectual. Rio de Janeiro: Elsevier Brasil, 1998. 5

obter capacitação para atuar na GC. As habilidades necessárias ao gerente do conhecimento são comportamentais e teóricas. Desta forma, para que o profissional ocupe este espaço no mercado empresarial, é fundamental que ele redefina seus objetivos e perfil, desenvolva habilidades necessárias e invista em atualização permanente.

CONCLUSÃO A disseminação da gestão do conhecimento em empresas brasileiras é fundamental para o desenvolvimento e para a competitividade do País. Em mundo de constantes mudanças caracterizado pela falta de tempo e incertezas ao conciliar os desejos e realizações individuais dos trabalhadores em relação aos os objetivos organizacionais. Entre os benefícios das boas práticas deste modelo de gestão estão: ganhos de produtividade, maior capacidade de inovação, eficiência, lucratividade, competitividade e sustentabilidade. A pesquisa aprimora os conhecimentos existentes e produz novos conhecimentos. O ensino conduz esses aprimoramentos e os novos conhecimentos aos educandos. Por meio desta extensão, procede-se a difusão, socialização e democratização do conhecimento existente, bem como das novas descobertas. 6

Para BRITO (2008) ​, a apropriação do conhecimento está apoiada por uma ideologia construída pelo capital de reforço da alienação e exploração do trabalho, ou seja, o trabalhador passa a ser visto pela lógica do capital. O individuo se percebe como parte da organização no qual está inserido e por isso qual é o retorno esperado pela dedicação? Verificou-se que o equilíbrio de ambos objetivos torna a o modelo de gestão um grande paradoxo. “Ao trabalhador resta administrar o paradoxo de ter que adquirir continuamente conhecimentos para viabilizar o negócio da empresa e, assim, tentar

6

BRITO, M. P. Lydia. Cadernos de Educação | FaE/PPGE/UFPel | Pelotas [30]: 135 - 148, janeiro/junho 2008

garantir o emprego e a permanência no mercado de trabalho”. Foi percebido desde o início da elaboração do trabalho que se apresentaram mais perguntas do que respostas.

4

BIBLIOGRAFIA

1 - BRITO, M. P. Lydia. Cadernos de Educação | FaE/PPGE/UFPel | Pelotas [30]: 135 148, janeiro/junho 2008. Disponível em: < https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/caduc/article/view/1767/1642 >. Acesso em: 27/04/2016. 2 - BUKOWITZ, W. R.; WILLIAMS, R. L. Manual de gestão do conhecimento. Porto Alegre: Bookman, 2002. 3 - CAVALCANTI, Marcos; GOMES, Elisabeth; PEREIRA, André. Gestão de empresas na sociedade do conhecimento: um roteiro para a ação. Rio de Janeiro: Campus, 2001. 4 - DAVENPORT, T. H.; PRUSAK, L. Conhecimento Empresarial: ​como as organizações gerenciam o seu capital intelectual. Rio de Janeiro: Elsevier Brasil, 1998. 5 – DRUCKER, Peter F. Sociedade pós-capitalista. São Paulo, Pioneira, 2001. 6 - DURAND, J. C. Profissionalizar a Administração da Cultura. ​RAE-Revista de Administração de Empresas, v. 36, n. 2,1996. 7 - HSM MANAGEMENT.São Paulo.2000. 8 - MOURA, A. H. de Algumas referências básicas para a Gestão do Conhecimento. Disponível em: . Acesso em: 27/10/2014. 9– NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação de conhecimento na empresa: como as empresas: como as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação. Rio de Janeiro: Campus, 1997 - 20ª reimpressão. 10- PLANO NACIONAL DE CULTURA,2.ed., Brasil, 2006. 11Site CRIE/UFRJ. Disponível em: < http://portal.crie.coppe.ufrj.br/portal/main.asp?ViewID={32E72BC9-F838-4577-AF25-A580 3179DF22}>. Acesso em: 27/11/2014. 12 - Site Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento. Disponível em: < http://www.kmbrasil.com/anais/ >. Acesso em: 31/10/2014. 13 - SENGE, Peter M. A Quinta Disciplina. 25ª. ed. Rio de Janeiro: Best Seller, 2009. 14 - SVEIBY, Karl Erik. A nova riqueza das organizações: gerenciando e avaliando patrimônios de conhecimento. Tradução Luiz Euclydes Trindade Frazão Filho. 5. Ed. Rio de Janeiro: Campus, 1998.

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