A gestao que transforma

July 19, 2017 | Autor: C. Souza Pinto | Categoria: Participação Social E Conselhos Gestores
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Eixo de Discussão:
* Cidadania, políticas e gestão educacional

GESTÃO TRANSFORMADORA
PINTO, Carmen Lúcia de Souza – SEED/PR


RESUMO
Escola na mídia mostrando brigas dos alunos, professores faltosos,
adoecendo e inseguros, com medo das atitudes agressivas dos alunos, uso de
drogas e presença de traficantes em torno da escola, baixo rendimento
escolar (aprendizagem), alunos gazeando aulas dentro da escola, pouca
participação dos pais e comunidade, estrutura física depredada, destruída,
falta de espaços organizados para os alunos, aulas que eram adiantadas
diariamente com alunos saindo todos os dias antecipadamente, professores
desmotivados, pais, alunos, comunidade desacreditados na educação. Uma
proposta nos foi lançada: Através da gestão interferir e transformar essa
realidade. Fomos convidados a intervir nessa instituição, como gestores.
Como fazer? O que fazer? Por onde começar? Foram essas as dúvidas que
surgiram quando iniciamos o trabalho de intervenção no Colégio Estadual
José Elias da Rocha. Mapeando as dificuldades e os problemas existentes
iniciamos o trabalho desenvolvendo ações direcionadas a uma gestão
participativa e compartilhada envolvendo toda a comunidade escolar.
Observamos a necessidade do resgate do sentimento de pertencimento dessa
instituição, dos pais, alunos, comunidade, professores e funcionários. Em
pouco tempo conseguimos transformar a realidade, com o projeto "Eu amo
minha escola", valorizando a participação de todos. Hoje temos uma escola
organizada, preocupada em melhorar cada dia mais a educação, com alunos,
pais, professores, funcionários e comunidade participantes em todo o
processo.


Palavras-chaves: Violência, Desafio, Gestão.









Eixo de Discussão:
* Cidadania, políticas e gestão educacional

GESTÃO TRANSFORMADORA
PINTO, Carmen Lúcia de Souza – SEED/PR

Palavras-chaves: Violência, Desafio, Gestão.

1 INTRODUÇÃO

Em Junho de 2013, nos foi dado pela SEED/Pr, o desafio de intervir
como gestores em um colégio estadual de ensino fundamental e médio na
cidade de Ponta Grossa. Neste projeto de intervenção, procedemos a um
levantamento de alguns pontos que nos foram repassados pela SEED/PR e
outros que observamos da realidade do Colégio Estadual José Elias da Rocha,
como:
Escola na mídia mostrando as brigas entre alunos
Alunos gazeando aulas dentro da escola ou pulando muro para gazear
Professores inseguros, com medo das atitudes agressivas dos alunos
Baixo rendimento escolar (aprendizagem) dos alunos
Pouca participação dos pais e comunidade
Estrutura física depredada (paredes riscadas, ambientes sujos, vidros
quebrados, paredes emboloradas com alimentos que eram jogados pelos
alunos, carteiras riscadas, quebradas, mesa de professores feitas em
carteiras escolares com tábuas pregadas com pregos grandes, salas de aula,
patio, cheio de papéis jogados, sala das pedagogas em espaço pequeno,
sala dos professores desorganizada com todas as cadeiras rasgadas, livros
didáticos molhados, rasgados,
Poucos espaços organizados e utilizados para o aluno (sala de informática,
biblioteca, laboratório)
Alunos agressivos, violentos, usuários de drogas (até mesmo dentro da
escola), que destruíam tudo que era construído na escola
Brigas constantes entre alunos dentro e fora da escola
Aulas que eram adiantadas diariamente com alunos saindo todos os dias
antecipadamente
Professores desmotivados
Pais, alunos, comunidade desacreditados na educação.
Analisando os dados, os problemas verificamos que algo precisava ser
feito para que pudéssemos resgatar e ter uma educação com qualidade para
alunos, crianças e adolescentes que tem o direito conquistado, muito
trabalho precisava ser feito, pois segundo Gorni (2004),
[...]entendemos que o conhecimento e a reflexão
acerca da realidade do sistema educacional, sob
diferentes prismas e leituras, podem constituir em um
elemento diferencial que pode provocar inquietação,
reflexão e desejo de mudança, pois nada que se cria
permanece imutável e resiste para sempre à crescente
e inerente produção do conhecimento humano.


Desafio maior foi o de resgatar o valor da educação estimulando
processo de mudanças na forma de gerir a escola, com o compromisso de
promover a educação de acordo com as necessidades de uma sociedade moderna
e justa, aprimorando a qualidade educacional traduzindo em ações diversas,
envolvendo a todos nesse processo.
Pois segundo Lück et all (1998, p. 16) " A abordagem participativa na
gestão escolar demanda maior participação de todos os interessados no
processo decisório da escola, envolvendo-os também na realização das
múltiplas tarefas de gestão."
Esta analise dos problemas existentes realizado no colégio acima
citado nos deram um parâmetro de ensino desta instituição, isto é o índice
em que ela se encontrava em matéria de aprendizagem dos alunos do Ensino
Fundamental e Médio e o quanto era necessário a escola ter um espaço para
tomar ciência dos resultados, refletir sobre os mesmos e buscar saídas para
a melhoria da qualidade da educação.
Pudemos ter uma visão clara que é uma caminhada, um processo que
necessitava de um direcionamento das ações observando e analisando os
problemas
Segundo Vasconcelos(2012)
A não-aprendizagem dos alunos nos angustia
profundamente, pois significa a negação do direito
fundamental do ser humano de acesso a determinados
elementos da cultura, saberes elaborados,
categoriais, que dificilmente terá acesso fora da
escola, pelo menos não de forma intencional,
sistemática, crítica, coletiva e mediada, como
acontece —ou deveria acontecer— na escola.

De acordo com análises que foram feitas dos problemas existentes na
realidade do Colégio Estadual José Elias da Rocha, observamos a necessidade
do resgate do sentimento de pertencimento dessa instituição dos pais,
alunos, comunidade, professores e funcionários.
Iniciamos o nosso trabalho através desse resgate e a partir disso
fizemos com que todos se tornassem responsáveis por uma educação de
qualidade.
Transformar a instituição escolar em um ambiente agradável e atrativo
para o aluno é um desafio, pois os problemas são muitos e torna-se
necessário ações para esse resgate.
É possível associar as principais práticas de violência, descaso,
destruição, depredação dentro da escola à falta de vínculos e atitudes de
pertencimento do aluno em relação à escola. O ambiente escolar, além de
espaço de aprendizagem, é também de esporte, lazer e cultura.
[...]uma gestão democrática precisará lidar com a
dimensão coletiva e com a dimensão institucional e
não mais apenas com relações pessoa - pessoa
desconectadas da totalidade (MILITÃO, 2003, p. 49)


Portanto, coube à instituição buscar mecanismos de diminuição e
superação dos atos de violência e problemas referentes a aprendizagem e se
posicionar menos tolerante em relação a esses atos, sentindo-se responsável
em fazer algo para mudança, sendo importante que o façamos, para (re)criar
a rotina e contribuir efetivamente para o caminhar dessa instituição, no
sentido de (re)direcionarmos seu rumo.
A autora do verbete, Ana Lúcia Amaral, inicia sua definição sobre o
pertencimento, considerando-o um sentimento e, assim, expressa:


Pertencimento ou o sentimento de pertencimento é a
crença subjetiva numa origem comum que une distintos
indivíduos. Os indivíduos pensam em si mesmos como
membros de uma coletividade, na qual símbolos
expressam valores, medos e aspirações. Quando a
característica dessa comunidade é sentida
subjetivamente como comum [...] surge o sentimento de
"pertinência", de pertencimento, ou seja, há uma
comunidade de sentido. (AMARAL, 2006).


Amaral vincula a concepção de pertencimento à noção de participação e
de corresponsabilidade, no que se refere ao processo de autoria da e na
ação do grupo que, se constituída de forma participativa, resultará na
corresponsabilidade dos resultados, em relação a todos os integrantes do
grupo.


2 OBJETIVOS

Analisar, refletindo os problemas existentes no colégio
Buscar através das reflexões ações direcionadas para transformar essa
realidade
Resgatar o sentimento de pertencimento da escola dos envolvidos nesse
processo
Corresponsabilizar a todos da comunidade escolar na efetivação de ações
para o desenvolvimento de uma educação de qualidade


3 DESENVOLVIMENTO

Refletindo sobre os problemas existentes iniciamos o trabalho
desenvolvendo ações direcionadas ao resgate do pertencimento da escola. O
nome do projeto já direcionou a essa reflexão "Eu amo a minha escola" que
requer pertencer e cuidar desse espaço.
A primeira ação foi realmente a escolha do nome do projeto, para que
através da palavra o aluno refletisse esse espaço o qual pertence a ele.
O projeto aconteceu no retorno das aulas do segundo semestre de 2013,
durante a primeira semana de aula com projetos direcionados a reflexão do
pertencimento. A escola estava organizada para receber o aluno de uma forma
acolhedora e receptiva as mudanças e intervenção.
Ações:
Organização de cartazes com frases positivas, de boas vindas que foram
colocadas na porta de cada sala
Colocação de banners em vários lugares da escola, com frases afirmativas de
pertencimento: eu amo… eu cuido, eu respeito, eu valorizo, etc.
Colocação em vários lugares da escola palavras de ações concretas de
envolvimento nesse processo: Zelo, Educação, Solidariedade, Amor, Respeito,
Paz, etc.
Mensagem de boas vindas para os alunos do retorno do primeiro dia de aula,
entregue a cada aluno com um chocolate bis;
Organização da entrada dos alunos pela frente do colégio, para que se
sentissem pertencentes a esse espaço;
Organização da limpeza de: salas(pintando carteiras, arrumando, trocando),
pintura das paredes,
Limpo espaços que estavam com entulhos que não eram utilizados pela escola
Organização de espaços: sala de informática, laboratório, biblioteca para
que sejam utilizados pelos alunos
Organização da primeira semana de aula com oficinas elaboradas pelos
professores e convidados da comunidade (Patrulha escolar, PIBID – UEPG,
Estagiários Faculdade Secal), com aulas normais nos três primeiros horários
e oficinas nos dois últimos horários.
Apresentação da fanfarra para receber os alunos no primeiro dia de aula;
Organização de um portal na entrada com bexigas para receber os alunos;
Organização no primeiro dia de aula de um abraço simbólico em volta do
Colégio, envolvendo todos os participantes. No momento do abraço foram
divididas frases para que cada turma falasse em voz alta um pouco antes do
abraço.
As frases: ESTAMOS UNIDOS PARA A MUDANÇA DO COLÉGIO JOSÉ ELIAS DA ROCHA.
EU AJUDO A CONSTRUIR UMA ESCOLA MELHOR;
EU TENHO AMIGOS! EU RESPEITO MEUS COLEGAS, PROFESSORES E FUNCIONÁRIOS;
EU CUIDO! EU PARTICIPO!
EU ACREDITO NA MUDANÇA! EU TENHO ESPERANÇA!
TODOS: EU AMO A MINHA ESCOLA (abraçam a escola)
Organização de uma confraternização (apresentação da banda da Patrulha
escolar)
Reunião com os pais explicando o que estava acontecendo na escola e
solicitar o envolvimento de todos nesse processo;
Reunião pedagógica com professores e funcionários refletindo sobre a
importância do trabalho de cada um realizado dentro do contexto escolar;
Elaboração das orientações gerais de como seriam organizadas as ações
dentro da escola;
Entrega de certificados aos alunos que obtiveram a média no bimestre;
Organização da participação dos alunos nos Jogos da Primavera (inscrições,
treinamentos, material esportivo, uniformes, camisas)
Mobilização da comunidade para a participação da APMF e Conselho Escolar,
com reuniões explicativas sobre a importância dessa participação;
Mobilização dos alunos para a participação do Grêmio Estudantil (palestra
para explicar como deve ser a participação no Grêmio estudantil, tirando
dúvidas direcionando a ações efetivas dentro da comunidade escolar)


Essas ações foram realizadas durante o desenvolvimento do projeto "Eu
amo minha escola".
Organizamos como estratégias, trabalhos desenvolvidos com base na ação
dos professores, vinculando-os à prática de atividades esportivas e
culturais, sob a forma de campeonatos, gincanas, mostras, teatro, oficinas,
seminários, palestras, debates e discussões, envolvendo toda a comunidade
escolar: pais, professores, alunos, funcionários e a própria comunidade em
torno da escola durante o segundo semestre do ano letivo de 2013.
Pertencer a uma instituição no caso a escola é uma atitude que faz com
que a pessoa acredite, cuide, respeite, valorize esse espaço, pois de nada
adiantaria nossas ações serem pautadas em atitudes individuais, precisamos
de todos para que o projeto torne-se realidade com êxito.
[...] um grupo de pessoas que possui uma identidade
comum, um juízo comum sobre a realidade e reconhecem-
se participantes do mesmo "nós-ético", ou seja,
percebem-se fazendo parte de uma mesma realidade
comportamental, que é, por assim dizer, extensão de
suas próprias pessoas. Procuram viver em comum-
unidade, não necessariamente sob a mesma
determinação geográfica. O que as unifica é
principalmente o juízo comum sobre a realidade
(MILITÃO, 2003, p. 52)

Dessa maneira que fundamentamos o nosso trabalho, correponsabilizando
e valorizando a participação de todos nesse processo.
Refletindo sobre os problemas existentes iniciamos o trabalho
desenvolvendo ações todas direcionadas a uma gestão participativa e
compartilhada envolvendo todos os atores que fazem parte da escola.
Essas ações foram realizadas num primeiro momento do primeiro dia da
intervenção (1º. Julho) até o final do 1º.semestre antes das férias (15
Julho) e depois continuaram no 2º. Semestre com o retorno das aulas até o
final do ano letivo: dezembro (2013), dando continuidade até o momento
presente.
1º. Ação: Reunião com todos os professores, repasse da realidade
verificada, os problemas existentes e a intervenção propriamente dita, a
nova forma de organização do espaço escolar.
2º. Ação: Reunião com os alunos explicação sobre o processo de intervenção
para a conscientização do problema e direcionamento das ações.(Reuniões nas
turmas)
3º. Ação: Reunião com os funcionários organização dos horários de trabalho,
funções, repassar a realidade existente
4º. Ação: Reunião com os pais explicação sobre a realidade existente
fazendo refletir sobre os problemas e a solicitação da parceria e
envolvimento de todos nesse processo de intervenção.
5º. Ação: Resgate da valorização do professor (organização do ambiente do
professor). Organização da sala dos professores com cadeiras reformadas,
livros nas estantes, mesa com toalha e flores, motivando a ter um ambiente
limpo para que possam utilizar da melhor maneira possível sentindo-se
valorizados.
6º. Ação: Valorização dos alunos através de sua participação e
envolvimento, organização das salas de aula, limpando e arrumando as
carteiras.
7º. Ação: Organização da entrada dos alunos diariamente, formando filas,
fazendo a oração, cantando o hino Nacional semanalmente no momento cívico.
8º. Ação: Organização para utilização dos espaços pedagógicos: laboratório
de informática, laboratório de ciências e biblioteca.
Essas ações foram realizadas no primeiro momento.

2º. Momento: Com o retorno das aulas, fizemos o resgate do espaço escolar
para que tivessem nesse ambiente um clima para aprendizagem. Ações
direcionadas:
1º. Ação: Projeto "Eu amo minha escola"
2º. Ação: Valorização do esporte
3º. Ação: Projeto Redigir
4º. Ação: Atendimento Pedagógico aos professores pelos pedagogos na hora
atividade
5º. Ação: Leitura quinzenal dos professores sobre temas relacionados a
educação
6º. Ação: Valorização da Fanfarra
7º. Ação: Projeto" Minuto da Leitura".
8º. Ação: Gincana da Limpeza
Essas ações foram mais especificadas em sub projetos explicando e
direcionando os objetivos propostos nas ações.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como trata-se de um projeto de intervenção as ações são sempre
avaliadas, direcionando a reflexão dos resultados e reorganizando sempre
que necessário.
Quando iniciamos o trabalho de intervenção, tínhamos muitas dúvidas e
insegurança do que realmente era necessário fazer e por onde começar, pois
tínhamos os mais variados problemas. Muitas ações aconteceram sem nenhum
planejamento apenas com a experiência e conhecimento que temos sobre a
educação, isso nos auxiliou e muito nesse processo.
Mas como precisávamos direcionar o que iríamos fazer e que objetivos
pretendíamos atingir, elaboramos o projeto "Eu amo minha escola", com o
objetivo principal de resgate do pertencimento daquela escola. Hoje temos
uma escola que prevalece o acolhimento do aluno, dos pais, professores e
funcionários, fazendo com que cada um torne-se responsável em fazer algo
para melhorar a escola. Com essas ações sempre surgem ideias que colaboram
para o desenvolvimento da escola.
Por isso que hoje podemos dizer que conseguimos atingir os objetivos
principais de fazer uma transformação em pouco tempo.

REFERÊNCIAS
AMARAL, A. L. Pertencimento in Dicionário de Direitos Humanos. Disponível
em HYPERLINK
"http://www.esmpu.gov.br/dicionario>. Acesso em 10/07/2013". Acesso em
10/07/2013

GORNI, Doralice Aparecida Paranzini. Ensino Fundamental do Paraná:
revisitando a qualidade e a avaliação. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 9,
n. 2, p. 309-318, mai./ago. 2004.

LÜCK, Heloisa et al. A escola participativa: o trabalho do gestor escolar.
2ed. Rio de Janeiro: DP&A editora, 1998.

MILITÃO, J. Como fazer trabalho comunitário. São Paulo: Paulus, 2003

VASCONCELLOS, Celso dos Santos.O desafio da qualidade da educação.
Disponível em < http://www.celsovasconcellos.com.br/Download/CSV-
Desafio_da_Qualidade.pdf>. Acesso em 10 outubro 2012.
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