A Guerra dos Sete Anos, um conflito de dimensões globais

May 24, 2017 | Autor: Fernando de Oliveira | Categoria: History, Military History
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

A Guerra dos Sete Anos, um conflito de dimensões globais.

Pelotas, 2014

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

Trabalho da disciplina de História I em Relações Internacionais, ministrada pela docente Maria, realizada pelo acadêmico Fernando Botafogo de Oliveira durante o primeiro semestre de 2014.

Pelotas, 2014

Introdução As causas da Guerra dos sete anos encontram suas raízes em um conflito anterior que é conhecido pelo nome “Guerra de Sucessão Austríaca” ocorrida entre os anos de 1740 e 1748. Com o firmamento do tratado de Aix-la-Chapelle que por fim trouxe o conflito ao seu fim, mas nada resultou para acalmar os ânimos austríacos graças à perda do rico território da Silésia, também não foi suficiente para conter as conflituosas ambições coloniais anglo-francas assim provocando contínuas escaramuças muito após o cessar das hostilidades. A Guerra dos Sete Anos foi, por tanto, essencialmente a continuação da Guerra Austríaca de Sucessão, porém foi ela diferente do que sua antecessora de duas tocantes maneiras. A primeira foi que a Guerra dos Sete Anos foi verdadeiramente um conflito global, exigindo comprometimento total de recursos dos combatentes, assim sendo algo semelhante descrito pelo teórico e filósofo da guerra prussiano Karl von Clausewitz como “totalenkrieg” ou apenas guerra total. Isto significa que,a longo prazo, os ganhos eram um plano secundário devido ao esforço empreendido pelos combatentes apenas para manterem-se combativamente prontos e operacionais. Em outro sentido isto significa que um país como a Prússia, devido à suas extensões territoriais, poderio industrial e mão de obra disponível para combate, lutava apenas por sua sobrevivência. A segunda maior diferença era que uma mudança definitiva havia ocorrido entre as alianças que existiam desde a primeira metade do século dezoito. Áustria e Inglaterra, que por muito tempo foram aliados, quebraram seus tratados fazendo com que a Áustria firmasse aliança com a França que anteriormente era sua inimiga. Prússia acabara com seus tratados com França e aliou-se aos Bretões, porém esta aliança Anglo-Prussiana também seria quebrada deixando os ingleses sem aliados no continente. Os principais participantes da Guerra dos Sete Anos eram: Áustria, liderados por Sua Majestade Rainha Maria Teresa, Inglaterra, liderada pelo Rei George II e mais tarde George III, França, por Luís XV, Prússia, liderados por Frederico, O Grande ou apenas Frederico II, e Rússia, por Sua Majestade Imperatriz Elizabeth.

Contexto Geopolítico A Nova França (Territórios que se encontravam na América do Norte e uma larga porção do Canadá Oriental) e as 13 Colônias britânicas estavam em um conflito colonial desde 1608. Tensões escalaram em 1747 quando as colônias da Virginia e Pensilvânia formaram a Companhia Terrestre de Ohio no Vale do Rio Ohio assim encorajando comerciantes britânicos a cruzar as Montanhas Allegheny para estabelecer pontos de comércio e negócio. Os franceses sentiram-se prejudicados com este ato já que pensavam que tal território estava sob sua influência, isto levou os franceses a criarem postos de guarnição para impedir a exploração britânica naquela área. Por volta de 1753 havia por volta de três mil homens posicionados nesta região para a construção de fortes e tomar ação ofensiva caso necessário fosse. Consequentemente o Governador de Virginia enviou uma grande milícia, incluindo George Washington, para entregar uma declaração aos comandantes franceses os avisando que se 3

encontrava em território que não os pertencia e por isso deveriam partir. Logicamente não houve concordância disto pela parte francesa, e Dinwiddie, Governador da Virginia, ordenou que se construíssem seus próprios fortes para garantir seus direitos de comércio. Logo após isso houve a captura de uma comissão de quarenta homens pelos franceses que os rechaçaram e os mandaram de volta para sua colônia de origem, não só fizeram isso como também clamaram que o forte era seu e inclusive mudaram seu nome para Fort Duquesne. Os homens de Virginia, liderados por George Washington e mais 300 tropas milicianas, tentaram retomar o supracitado Forte mas foram repelidos em uma batalha aos arredores do Forte Necessity. Após essa derrota foi decidido ao mês de Setembro de 1754, pelos britânicos, que seriam destacados dois regimentos regulares do exército para lidar com a situação francesa no vale do Rio Ohio. Além disto, também foram enviadas dez mil libras esterlinas e dois mil mosquetes Brown Bess para recrutar outras tropas coloniais, também uma esquadra da Marinha Britânica acompanhou estes até seu destino. Já em Junho de 1755 uma força expedicionária havia zarpado para recapturar o que estava em posse francesa. Esta força estava sob comando do Major-General Edward Braddock. O problema é que esses dois regimentos que estavam sob seu comando não estavam em condições operacionais as quais deles seriam exigidas em ação, haviam sido treinados em táticas continentais de combate de linha, porém agora deveriam operar em terreno totalmente hostil a esse tipo de tática, as florestas densas da América do Norte. E foi também em 6 de Junho, a alguns quilômetros do Forte Duquesne, forças francesas acompanhadas de seus aliados nativos encontraram uma pequena força de ingleses sob o comando de Coronel Thomas Gauge e os causaram dano considerável após duas horas de enfrentamento. É curioso citar aqui que os franceses e os nativos utilizaram táticas mais adaptadas ao terreno das florestas americanas do que os ingleses que apenas permaneciam em formação para engajar à curta distância. As próximas duas campanhas britânicas de 1755 envolveriam unidades provincianas inglesas contra tropas francesas nas regiões do Lago George e Forte Niagara, obtendo sucesso apenas na região sul do Lago George pois as colunas estavam tão desgastadas que beiravam realizar um motim.

A questão Anglo-Francesa na Índia As guerras na Índia entre essas duas potências tem sua origem na competição entre a Companhia Francesa das Índias Orientais e a Companhia Inglesa das Índias Orientais. Os enfrentamentos datam de 1660 quando ambas companhias realizavam negócios com bom sucesso no sub continente Indiano. Entretanto, por meados de 1700, o velho Império Mogol estava rapidamente sendo destruído por intrigas internas e as duas companhias viram grande vantagem nesse conflito. Quando conflitos iniciarem-se na Europa no fim 1600 e ao início de 1700, os pequenos postos de negociações na Índia foram pegos em meio ao conflito, porém a escala de violência de ação era muito menor se comparada aos engajamentos que aconteciam na América do Norte e na Europa. Ambas companhias levantaram unidades de nativos da Índia e europeus locais. Os franceses obtiveram notáveis sucessos durante a Guerra de Sucessão Austríaca ao treinar e recrutar unidades nativas conseguindo inclusive capturar um forte inglês. Assim como na 4

América do Norte, os conflitos entre as duas companhias rivais continuaram mesmo com a assinatura dos tratados de paz em 1748. Isto também fez com que príncipes procurassem alinharse com uma das duas companhias em retorno de favores, porém em 1754 o governo britânico despachou o trigésimo nono regimento de infantaria para servirem como pedra angular das forças militares britânicas na região, fazendo com que o conflito durasse seis anos e podendo ser resumido entre tropas das companhias europeias e locais operando em conjunto com unidades regulares dos exércitos participantes. Compreendendo isto, inferimos que a rivalidade colonial entre França e Grã Bretanha alavancou ambas nações à guerra sendo que ambos haviam já concluído que precisavam de aliados europeus em caso de uma guerra continental, em outra palavras. O palco estava pronto para negociações entre as grandes potências europeias.

Dimensões Políticas Muitos dos participantes da Guerra dos Sete Anos viam no tratado de Aix-la-Chapelle como uma trégua temporária. Áustria havia perdido a tão valiosa província da Silesia para a Prússia que, por sua vez, ansiava por defender sua nova província e ainda aspirava por mais expansões que custariam perdas significantes para a Áustria. A Grã Bretanha possuía diferenças na colônia Norte Americana e nas Índias com a França. Entre 1748 e 1756 todos os lados que lutaram na Guerra de Sucessão Austríaca veriam suas velhas alianças desmanchadas, sendo o produto final a não tão conhecida Convenção de Westminster e dois Tratados de Versalhes junto com a Rússia adentro nestas durante a guerra. Cada país trouxe para a mesa de negociações seus objetivos específicos. A Áustria desejava retomar a Silesia da Prussia e torná-la um Estado sem grande importância na Europa Central. A Grã Bretanha desejava uma vitória decisiva nas colônias da América do Norte e Índia sobre a França. Porém, o tendão de Aquiles dessa estratégia colonial era o Eleitorado de Hanover com o qual a Grã Bretanha queria salvaguardar das pretensões franco-prussianas. Acabaram, então, os ingleses por perceber que se Hanover fosse capturada, qualquer pretensão de paz no futuro significava a devolução de territórios franceses no ultramar para preservar Hanover. A França também desejava engajar a Grã Bretanha em território ultra marino também reconhecendo as vantagens de tomar Hanover. Os prussianos ansiavam por manter seus ganhos da Guerra de Sucessão Austríaca, e também tomar o território da Saxônia, caso possível fosse. Já a Rússia tinha como principal medo a tomada da península de Kurland pela Prússia, mas, também desejava tomar a Polônia e a Prússia Oriental. A questão da espionagem já nessa época, e como sempre foi no curso das ações diplomático militares, era de suma importância para as nações conflitantes já que todas procuravam ganhar alguma forma de vantagem anteriormente às negociações. França e Prússia renovaram um tratado de defesa em 1747 e que deveria durar por 10 anos. Porém, príncipe Kaunitz da Áustria foi indicado como embaixador na França em 1750 e permaneceu no cargo por três anos assim adquirindo valorosas informações estratégicas sobre uma possível aliança com a França para retomar a Silesia.

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Já o lado inglês enxergava na Prússia e na França potenciais agressores em uma guerra europeia e via na Rússia uma possível garantia de manter controle sobre Hanover. Também notaram que qualquer beligerância na Europa era vista como um grande problema para suas campanhas coloniais já que desejavam manter o status quo. Era para,os bretões muito mais interessante, engajar os franceses em território ultramarino enquanto na Europa a paz prosperasse. Seu exército para os padrões europeus era relativamente pequeno por isso, e de acordo com os planos, a preferência era por empregar as unidades em territórios coloniais do que usá-las para salvaguardar Hanover. Frederico II já previa uma aliança anglo-austro-russa contra a sua Prússia e, por isso, já em Maio de 1755 informou o governo inglês que não havia pretensões prussianas em tomar Hanover mas sim em manter a paz, firmando assim em 15 de Janeiro de 1756 uma aliança defensiva no que ficou conhecido como Convenção de Westminster. Tal convenção obrigava ambas as partes em manter tropas estrangeiras fora de territórios germânicos. Os prussianos também tinham esperanças para que houvesse uma pressão britânica sob a Rússia para que esta não mobilizasse seus efetivos contra Köenigsberg. Pela parte de Moscou não havia perda de tempo alguma, em 1756 eles já tinham cinco objetivos bem definidos: Iniciar o afunilamento do Reino de Prússia, engajar junto com a Áustria para auxilia-la em seus problemas, amaciar as relações com a França para impedi-los de avançar sob Vienna, promover uma situação favorável na Polônia para que as unidades russas pudessem movimentar-se sem medo de serem saqueadas ou bloqueadas uma vez em território polaco e manter os suecos e turcos em inatividade total. Originariamente não foram os russos signatários primários do Primeiro Tratado de Versalhes, pois haviam o assinado quando o mesmo já havia sido firmado entre França e Áustria, mas mesmo com esse revés Frederico II foi capaz de prever um ataque vindo dessas três nações sob seu território.

Uma guerra de linhas Em termos gerais o mosquete de pederneira era o principal armamento utilizado pelo soldado de infantaria de linha. Começou a ser utilizado no início do século XVIII, era conhecido por não ser muito preciso já que a distância operacional do mesmo poderia variar entre duzentos e trezentos passos. Mas de fato essa não era a função da arma, já que esta foi projetada para ser disparada rapidamente se comparada com a tecnologia de mosquetes de pavio. A doutrina por trás do seu uso é deveras simples, porém devastadora quando bem empregada. Compreendia esta doutrina de uso em disparar salvas de mosquetes a curta distância, fazendo com que o volume de fogo e a habilidade de empregá-lo e acertá-lo tornar-se a chave para o sucesso tático em entreveros. O uso do mesmo também fez com que exércitos mudassem suas formações e lutassem em linhas mais prolongadas do que antes. Isto pode ser muito bem observado na Batalha de Leuthen aonde a frente do exército austríaco possuía 7.2 quilômetros de largura enquanto a dianteira prussiana tinha apenas 3.2 quilômetros (Esta era menor, pois os prussianos neste evento lutavam em uma formação oblíqua). Uma prática muito comum nesta guerra era o posicionamento de um batalhão de infantaria acompanhado de duas ou três peças de artilharia de campanha posicionadas em seus 6

flancos, provendo um volume de fogo adicional além de secionar cada batalhão. Vários exércitos da Guerra dos Sete Anos determinavam a profundidade de suas linhas em níveis diferentes de posicionamento. Algumas vezes, por exemplo, os prussianos posicionavam linhas de dois ou três homens de profundidade mas devido ao índice de baixas essa formação passou a ter no máximo dois homens de profundidade, formando assim duas colunas no máximo. Tal estilo de confronto requeria um treinamento no posicionamento e na movimentação em campo aberto ou fechado. Enquanto as linhas se formavam, os generais tentavam flanquear seus adversários ou carregar frontalmente contra as posições inimigas. Geralmente os exércitos posicionavam-se em duas ou três linhas de infantaria e cavalaria, já as linhas secundárias mais à retaguarda serviriam como reforço ou seriam usadas para envolver um ou ambos flancos adversários. A disciplina em combate era o principal elemento desse sistema. Soldados precisavam ser treinados para marchar em colunas que deveriam manter a coesão independentemente da irregularidade do terreno, uma vez que obtivessem contato com o inimigo essas tropas seriam rapidamente posicionadas em linhas. Era notório que exércitos que falhavam ao formar essas linhas eram frequentemente derrotados, como quando os prussianos infligiram pesadas perdas no exército Franco-Germânico em Rossbach. Porém, mesmo quando exércitos estavam corretamente posicionados em linha, a preservação da disciplina ainda era importante para todos combatentes em campo. Soldados precisavam manter uma firme coesão mesmo sob constante barragem de artilharia adversária, saraivadas de mosquete, e só disparar quando fossem ordenados a isso. Inicialmente o sistema de disparo em pelotão fora desenvolvido em diversos exércitos. A primeira série de exercícios era relativamente complicada de se executar. Para melhor demonstrar isso, usaremos o seguinte exemplo: Cada batalhão era divido em três linhas, e então dividas em oito unidades de disparo. Cada unidade então dispararia em sequência partindo do centro da linha em direção às suas pontas, ou vice versa ou simultaneamente. Mesmo com a rígida disciplina existente entre as colunas dos exércitos os comandantes compreendiam muito bem que após 3 salvas os soldados começavam a disparar à vontade, o que não era de todo mal pois mantinha um volume constante de fogo. Os mais notáveis nesta habilidade eram os prussianos devido ao alto padrão de treinamento e disciplina que atingiam quase a perfeição. Já outros exércitos adotariam um sistema mais simples desse sistema, aonde a primeira linha disparia uma única salva então acompanhada pela segunda linha e assim por diante enquanto as linhas restantes recarregassem. O principal objetivo da salva de disparos era infligir o máximo de dano possível para dispersar o adversário. Na maioria das vezes o ataque em linhas únicas devido à irregularidade do terreno. Porém, alguns comandantes tentavam tomar uma linha adversária pelo seu flanco, caso tivessem sucesso em criar uma brecha no flanco adversário, conseguindo causar uma ruptura na coesão das unidades inimigas ao longo de toda sua frente. Já a cavalaria apresentavase como uma arma de choque que exploraria um flanco exposto do inimigo.

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Cada exército da Guerra dos Sete Anos possuía pontos fortes e fracos ao lidar com as táticas supracitadas. Durante o curso da guerra, alguns exércitos foram reformados e aprenderam da própria derrota, enquanto outros admitiram seus atributos mas falharam em aplica-los.

Da Prússia, a disciplina Ao início da guerra o exército prussiano possuía 145,00 homens em suas colunas e também era considerada a força de combate mais efetiva no confronto de formações lineares da Europa. Isso só foi possível pelo exaustivo treinamento em táticas de marcha, extensão de colunas em linhas e controle de fogo. A já citada formação oblíqua na Batalha de Leuthen em 1757 fora o ápice desse sistema muito detalhado e preciso. Ao analisarmos a sua performance combativa, o comandante austríaco Henry Lloyd relata: “Os prussianos tinham muita facilidade ao manobrar do que qualquer outra infantaria de seu tempo.”(Annual Register,1766). No período seguinte à Guerra de Sucessão Austríaca, Frederico também havia reformado a cavalaria pesada e tornado-a a melhor na Europa, e seu valor de choque produzia resultados imediatos ao gerar um pesado primeiro golpe nos seus inimigos. Os prussianos também haviam desenvolvido um sistema para manter a mão de obra de seu exército em campanha. Um sistema de recrutamento fora desenvolvido entre 1720 e 1730 que regularmente convocava todos os homens fisicamente capazes em um dado distrito. Os melhores então prosseguiriam para uma unidade regular de serviço aonde serviriam e treinariam com um regimento por um ano, enquanto o resto treinaria com um regimento de guarnição da área. Findo período de campanhas, as unidades regulares retornariam para suas casas para lidar com os afazeres do campo, porém ainda seriam chamadas para passar por retreinamento ao início de cada temporada ou campanha. Os regulares iriam apresentar-se primeiro para o regimento em tempos de guerra, enquanto o grupo que havia treinado com uma unidade de guarnição desempenharia um papel de reserva para o regimento em campo. Apesar de toda essa eficiência e complexidade existente neste sistema de recrutamento, devido à duração da Guerra do Sete Anos ser maior do que a esperada, ele provou-se ineficiente e inadequado para manter os regimentos em totais capacidades combativas dada à falta de treinamento que havia. Uma segunda maior fonte de mão de obra para o exército prussiano eram os estrangeiros. Estima-se que, em 1756, até vinte e cinco por cento do exército era composto por mercenários, recrutados de todos os cantos da Europa. Com o avançar da guerra, desertores e prisioneiros de outros exércitos também eram pressionados à servirem para aumentarem as fileiras da força prussiana. Frederico também fora criativo em desenvolver artilharia movida a cavalo e o também ao usar morteiros para aumentar o poder de fogo de sua cavalaria e infantaria durante a guerra. Seu maior erro fora a sua inabilidade em lidar com as tropas leves da Áustria, os famosos Grenzers. Frequentemente cometendo erros ao não enviar unidades de cavalaria leve para patrulhar os arredores de seu acampamento. Por último e não menos importante, o exército prussiano fora capaz de sobreviver a guerra. Sua capacidade de combater em diversas frentes de batalha e mesmo assim atingir a vitória enquanto ainda assim era capaz de sustentar uma derrota fazia com que os exércitos que 8

contra os prussianos lutassem sentissem inveja de seu Exército, tornando-se assim um exército modelo para os exércitos que surgiriam após a Guerra dos Sete Anos.

Da Inglaterra, a versatilidade Ao início do conflito o exército britânico tinha por volta de 90,000 mil homens. Esse número aumentaria para 150,000 durante o curso da guerra, mas encontrar homens suficientes para o exército era um problema diminuto, como era no caso do preenchimento das colunas da Marinha Real e das milícias locais. Gangues e prisões eram fontes importantes de recrutas para ambas as Armas, já que boa parte do exército britânico era posicionado em regiões ultramarinas ou no território inglês. A maior força do exército britânico durante a Guerra dos Sete Anos era sua habilidade de adaptar-se à condições. Quando era necessário combater na América do Norte, tornou-se claro que táticas lineares não eram apropriadas para aquele terreno altamente arborizado e denso. Então, para tornarem-se uma força combativa eficiente, os soldados eram armados com equipamento leve para que possuíssem mais mobilidade, era requerido que o combatente se deslocasse rapidamente e em pequenos grupos. Após um número de revezes, o exército começou à adotar novas táticas que encaixavam-se melhor para esse terreno como, por exemplo, levantando unidades locais de infantaria leve treinadas em escaramuças em terreno de floresta. O reconhecimento formal dessas inovações aconteceu de duas maneiras. Dois regimentos de infantaria leve, o 55° e o 80°, foram empregados neste tipo de guerra. Adicionalmente, o 60° Regimento Americano Real fora levantado das populações anglo-irlandesas fronteiriças da América do Norte. Sua pretensão era única: Combinar táticas de combate em floresta dos franceses e seus aliados nativos com a disciplina de um soldado regular. As experiências e táticas dessas unidades foram avaliadas e comparadas com o resto do exército, e em 1759 unidades regulares britânicas tinham oito companhias de linha, uma unidade de granadeiros e uma unidade de infantaria leve. Essa inovação permitiu que o exército britânico afrontasse os franceses em ambos os terrenos de floresta e nas planícies abertas da América do Norte. O exército aliado britânico na Alemanha, Exército Britânico de Sua Majestade, era majoritariamente organizado como o exército regular. A infantaria inglesa e hanoveriana ganharam fama em Minden, enquanto a cavalaria ganhou sua honra com boa performance em Warburg. Havia também um forte elemento de infantaria leve, mas era essencialmente alemão. As unidades leves alemãs provaram seu valor em diversas escaramuças com os franceses, também proveram um rol de informações de suma importância para seu comandante. As unidades que serviam na Índia também foram treinadas e lutavam juntas às linhas continentais. Os oficias e soldados eram enviados à Companhia Inglesa das Índias Orientais para que fossem propriamente adestrados.

Da Rússia, a grandeza As forças do exército Real da Rússia eram de 330,000 mil homens,dividas em 174,000 unidades regulares sendo o restante composto por forças de guarnição. Durante a guerra, a 9

Rússia usualmente comprometia apenas 60,000 ou 90,000 unidades para qualquer campanha. A vasta superioridade numérica do estado russo era também seu melhor recurso. Após qualquer encontro que resultasse em grandes perdas, eram capazes de facilmente reforçá-las de uma maneira que o exército prussiano jamais poderia imaginar. As reformas haviam sido feitas para melhorar o exército, mas eram apenas executadas quando a guerra começou e não mostrou resultados significantes até o fim. O exército russo, em outras palavras e parafraseando os romanos, era nada mais nada menos do que uma multidão bem vestida, porém desorganizada. Essa percepção fora demonstrada em uma parte dos tratados estabelecidos entre Áustria e Rússia em 1759, aonde afirmava-se que quando os Russos atingissem o Rio Oder, os austríacos iriam tomar posse de seus suprimentos. Além disso, a inadequada rede de logística desempenhou um importante papel no planejamento dos generais russos e os preveniu de manterem a campanha após a vitória em Kunersdorf. As campanhas de 1758 e 1759 viram os russos serem forçados a recuar da região do Oder para que pudessem atingir seus depósitos de suprimentos na Polônia, assim rendendo todo o terreno ganho. A maioria dos analistas da época e também da atualidade que observaram o exército russo tinham uma opinião muito pobre em relação a seus generais. Os próprios generais russos não tinham uma boa relação entre si por várias razões, e o Estado Maior não era suficientemente bem organizado para impedir a inaptidão dos comandantes. Os exércitos russos marchavam avante em uma larga formação de colunas espalhadas por vastas áreas, e para manter a coesão entre as fileiras dessa formação era necessário um comandante forte para que trouxesse todas as unidades juntas à carregar contra um determinado objetivo ou apenas à vitória.

Da Áustria, a tradição As forças austríacas tinham 201,000 soldados em 1756. Os austríacos haviam montado uma comissão de reformas após a derrota para os prussianos nas Guerras da Silésia em 1748 e, impressionados pela disciplina e exercícios dos prussianos, haviam escrito manuais de exercícios e os distribuídos pelo exército. O intenso treinamento era implementado através da formação de novas unidades, que eram organizadas de diferente maneira se comparada com as unidades mais velhas. Isso acabou por causar grandes dificuldades quando as unidades estavam posicionandose e preparando-se para a batalha, mas a infantaria e artilharia beneficiaram-se muito disso durante os entreveros, especialmente aqueles que eram de cunho defensivo. Como fora demonstrado em Zornorf e Kunesdorf , os russos eram excelentes soldados quando lutavam defensivamente. A disciplina de disparo da infantaria regular também fora melhorada, mesmo que ainda não possuísse o mesmo nível que os prussianos. O príncipe Joseph Wenzel Liechtenstein, que havia sido apontado como direto de artilharia em 1744, publicou um manual de treinamento e em termos gerais fez com que a artilharia austríaca ser mais profissional, permitindo que ela desempenha-se um papel mais significativo ao aplicar devastadoras salvas contra a infantaria prussiana.

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Os generais austríacos estavam alertas de que o grande poder de fogo e maneabilidade do exército prussiano, sendo uma das razões para os comandantes de Viena adotarem uma estratégia defensiva, preferindo lutar nos morros e florestas da Grande Boemia e Silesia. Frederico II teve grande dificuldade ao lidar com as fortificações austríacas nos morros devido a falta de mobilidade de suas forças. Outra significante razão para essa estratégia defensiva eram as unidades de infantaria leve conhecidas como Grenzers. O grosso dessa força de combate era composta por soldados das fronteiras dos Balkans, uma região altamente militarizada, e a guerra naquele terreno exigiam pequenas forças irregulares dadas as quantias de pequenas batalhas e as constantes escaramuças. Os Grenzers geralmente eram posicionados nos flancos do exército enquanto marchavam, e iriam observar e relatar os movimentos do exército adversário antes do confronto. Ao iniciar a batalha, iriam eles atacar diretamente os flancos das forças prussianas e tentá-los disparar antecipadamente e também fazer com que quebrassem as colunas. Enquanto defendiam muito bem, os austríacos saiam-se muito mal na ofensiva devido a lentidão ao carregar contra seus adversários, isto ocorria pois a maior parte dos generais de Viena falhavam em liderar uma carga de maneira coordenada.

Da França, o requinte A Guerra dos Sete Anos marcou o ponto mais baixo do exército francês do século dezoito. Possuindo um total de 200,000 homens que sofriam por causa de uma ausência de liderança de alto nível, falta de disciplina, ausência de oficialato, e atrasos na implementação de reformas necessárias. Havia algumas exceções entre estes dentre as forças coloniais francesas. As tropas estacionadas na América do Norte eram excelentes em formações lineares. As forças da Companhia Francesa das Índias Orientais também eram de alta qualidade. Ao final de 1740 fora implementado uma instrução formal de nativos em formações e combate linear. Durante o curso da guerra, o declínio na disciplina dentro do exército francês na América do Norte e na Índia tornou-se um importante fator. Nas Planícies de Abraão, as tropas francesas abriram fogo muito cedo e perderam coesão após as salvas britânicas. Já na Índia, as interrupções no pagamento do soldo liderou uma onde de deserção nas tropas da Companhia, Exército e Fuzileiros Navais. Boa parte do exército francês costumava guerrear contra o Exército Germânico de Sua Majestade Britânica na Alemanha, e boa parte dos problemas que os franceses tinham apareceu exatamente nessa campanha. Quando ambos os exércitos marchavam para a batalha, o exército francês estava passando por treinamento em táticas novas, mas essas não haviam sido suficientes na época para terem efeito, fazendo com que os franceses fossem derrotados pela habilidade de seus oponentes em posicionarem-se rapidamente. Tornando as coisas ainda piores, havia uma séria falta de oficiais no campo, que eram necessários para inspirar disciplina e ordem às unidades durante a temporada de campanhas. Ainda assim, com todo esses defeitos, o exército francês era capaz de reconhecer o valor de unidades leves e a variação tática na marcha e na ordem de batalha, esses que após a guerra 11

seriam as peças centrais dos exércitos napoleônicos da França. Não tiveram eles grandes sucesso na infantaria durante o curso da Guerra dos Sete Anos.

Preparações para o combate Levando em conta que a Guerra dos Sete Anos não foi iniciada por um evento em particular apenas, torna-se mais simples de descrever os eventos militares de 1756 e relacionálos com os eventos políticos de 1756 e início de 175, quando a guerra formal havia finalmente sido declarada por todos os estados. Na América do Norte apenas um grande engajamento aconteceu em 1756. Os governos franceses e ingleses apontaram novos comandantes em chefe para suas respectivas campanhas na América do Norte. Após isso, o forte britânico em Oswego fora destruído pelos franceses em Agosto. Finalmente, em Abril de 1756 a invasão francesa em Minorca fora o evento que ascendeu a declaração de guerra formal entre França e Grã-Bretanha. A Marinha Real Inglesa possuía uma base em Port Mahon em Minorca e também em Gibraltar que estavam sob ordens de interceptar qualquer movimentação francesa no mediterrâneo. Haviam também relatos de que franceses estavam preparando uma invasão via frota naval contra a Grã-Bretanha em várias bases. Rapidamente tornou-se bem claro que a luta entre Grã Bretanha e França logo envolveria o continente da Europa. Era necessário posicionar a Marinha Real para proteger o comércio e impedir que os franceses usassem vias marítimas, também fora sugerido que uma postura mais agressiva na campanha terrestre nas colônias fosse necessária. Ambas as nações supracitadas notaram que a guerra nas colônias seria necessária. Frederico II da Prússia conseguiu ver as nuvens de guerra ajuntando-se no horizonte. Isso foi possível graças ao uso de espiões nas capitais da Europa que a Áustria e Rússia estavam mobilizando suas forças, e em Junho ele comeou a mobilizar a sua própria força em resposta. Também pensara o Rei Prussiano que o Eleitorado da Saxônia, sendo rico e estrategicamente bem posicionado, poderia envolver-se com Áustria e Rússia nas suas preparações. Os prussianos completaram sua mobilização ao fim de Agosto, já o exército da Saxônia recuou frente o avanço prussiano. Os causos militares de 1756 destruíram qualquer esperança para uma solução pacífica para a situação na Europa. Os eventos na Saxônia indicavam que uma guerra no continente era inevitável e que Grã-Bretanha e França teriam nenhuma opção a não ser tomar parte neste conflito. A 11 de Janeiro de 1757, Rússia havia entrado como terceira signatária do Primeiro Tratado de Versalhes. Deixando assim as alianças formadas na seguinte maneira: Áustria, França e Rússia. Já a Convenção de Westminster entre Grã-Bretanha e Prússia firmou um tratado agressivo em relação ao Primeiro de Versalhes.

Teatros Operacionais As lutas durante a Guerra dos Sete Anos podem ser dividas em teatros de operações distintos um do outro. O conflito naval era liderado entre Inglaterra e França, assim como os 12

combates na América do Norte e no Caribe. No teatro de operações da Europa ocidental encontrava-se na parte ocidental da Alemanha, entre os franceses e os exércitos alemães aliados à coroa inglesa. Já no teatro de operações da Europa central fora cena para batalhas das campanhas entre prussianos, austríacos, e russos. Maior parte do combate aconteceu nas regiões da Saxônia, Silesia, Boemia e na região do Rio Oder. O último teatro operacional a ser considerado era o subcontinente indiano. Majoritariamente a guerra neste palco fora disputada entre das duas companhias comerciais que lá atuavam, Inglesa e Francesa. Se comparada com as lutas do teatro europeu, os combates no subcontinente indiano, era de escala pequena, porém mesmo assim a dominância neste território era a mesma que o que ocorria na América do Norte representava.

A Guerra Naval As táticas navais usadas nesse período haviam sido desenvolvidas durante o século anterior. A mais comum delas era chamada de linha a frente, que era similar a formação linear que os exércitos terrestres utilizavam. A ideia era simples, uma esquadra formaria uma linha e atacaria a frota inimiga disparando lateralmente em uma linha contínua. Os navios iriam então utilizar superioridade de fogo para fornecer cobertura a cada um enquanto progrediam na linha inimiga. Entretanto, alguns Almirantes torciam para que houvesse penetração ou engajamentos corpo a corpo na linha do inimigo, pois, caso contrário, os combates iriam permanecer em uma luta de embarcação versus embarcação. Havia também a questão da abordagem de navios, na forma que o verbete da língua inglesa boarding propõe, ou seja, o engajamento corpo a corpo quando um navio é ancorado diretamente ao lado do outro. A vantagem que isto trazia para a formação de linha a frente era que ela poderia ser quebrada em um momento crítico da batalha. A rigidez na disciplina tática também era igual à usada no combate linear terrestre. Por exemplo, aos almirantes britânicos fora dado um manual chamado “Instruções de Combate” que os fazia permanecer rigidamente ligados às táticas navais de sua época. Entretanto, em várias ocasiões os comandantes trocavam de táticas e usavam uma aproximação bem mais agressiva ao combate empregando técnicas de abordagem (boarding) naval. Ao período inicial da guerra, a superioridade da engenharia naval francesa deu a sua nação mais maneabilidade, portanto, uma maior vantagem tática. Ao ano de 1756 os britânicos haviam reconhecido isso e começaram a melhorar seus próprios projetos. Eles também haviam examinado, e inclusive impressionaramse, com os navios franceses capturados, colocando-os imediatamente a seu serviço. A Marinha Real Britânica havia posicionado a maioria de sua frota no teatro norte americano e em águas nacionais, assim pretendendo romper o comércio lucrativo entre a França e suas colônias na América do Norte, assim como também proteger a ilha britânica de uma possível invasão francesa. Os franceses possuíam uma dependência de até 10% do comércio marítimo inglês. Houveram revezes sofridos em 1757 e em 1758 nas expedições costeiras contra Rochefort e St Malo, e em Louisbourg. Entretanto, em 1758 o Almirante inglês Henry Osborne derrotou uma força francesa em águas espanholas para aliviar a pressão na frota de Toulon. Após a queda da base naval francesa em Louisbourg em 1758, a marinha britânica conseguiu zarpar

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para St Lawrence com um mês de antecedência se comparado com o tempo de viagem que foi necessário para ir da Inglaterra até Louisbourg. O ano de 1759 fora marcado por dois decisivos engajamentos que finalizaram as tentativas navais franceses para ganhar uma vantagem decisiva. A 18 de Agosto, ambas as frotas encontraram-se na costa portuguesa de Lagos. Os britânicos capturaram três navios e destruíram outros dois. Os franceses recuaram para Lisboa, aonde foram bloqueados pelos inglses. Mesmo com essa derrota em Lagos, os franceses continuaram à preparar uma invasão em terras inglesas para aliviar a pressão na Nova França. A marinha britânica continuou à patrulhar as várias bases franceses, também haviam aumentado a pressão nas frotas comerciais francesas em todo o globo. Em 1760, a França, graças às suas perdas na Nova França e na frota comercial, tinha sérios problemas em levantar fundos para seu esforço de guerra na Alemanha e também no pagamento do subsídio anual para a Áustria. A marinha da Grã-Bretanha, com todas as outras áreas já asseguradas e consolidadas, procurou uma aproximação política mais agressiva nas operações combinadas no Caribe contra os franceses, e em 1762, contra as colônias espanholas.

A América do Norte em 1757 Em Abril um ataque fora dirigido um ataque ao porto francês de Louisbourg na ilha de Cape Briton. Esta base era muito bem guarnecida e importante para a marinha francesa, também era protegida pela rota do rio St Lawrence da Nova França. Ao início de Julho os ingleses haviam montando sete batalhões de regulares em Halifax, aonde esperavam um esquadrão naval que carregaria e engajaria as forças navais francesas em Louisbourg. Porém, enquanto esperavam, notícias chegavam que os franceses tinham a seu dispor 22 navios de linha em Louisbourg enquanto também dispunham de 7,000 homens. Enquanto isso, os franceses haviam aproveitado o momento para capturar a oportunidade oferecida por Nova York quando a fronteira desta fora tirada de muitos regulares britânicos. A 3 Agosto de os franceses haviam envolvido um forte começaram o processo de cerco, e dentro de três dias eles haviam começado à disparar na parte oeste do forte. Este forte estava equipado com 17 canhões e 2,200 homens, era uma mistura de regulares e provincianos, e estava em grande necessidade de reforços durante esta época, o que resultou em uma capitulação relativamente fácil pela parte dos franceses.

A Europa Ocidental Findos movimentos de Frederico II na Saxônia, a França havia sido obrigada a honrar seu tratado de enviar 24,000 homens para a causa austríaca, e concomitantemente começou a preparar uma invasão em Hanover e das províncias prussianas de Geldern e Cleve. Frederico II notificou os britânicos através de Sir Andrew para providenciar de 8,000-10,000 homens, e também para requerer que um subsídio britânico fosse pago ao estado de Brunwsick. Á Março de 1757, tropas francesas estavam em marcha. O exército tinha um tamanho estimado de 100,000 homens, o que incluía unidades austríacas e alemãs. Em 30 de Março o Duque de Cumberland recebeu ordens do exército aliado para proteger os domínios da Prússia e Hanover, porém não agiu ofensivamente. Ao início de Abril os franceses cruzaram o Reno e 14

avançaram em direção à Wesel aonde o segundo tratado de Versalhes fora assinado. Os objetivos dos signatários eram claros; Destruir o potencial militar da Prússia e apoiar a posse austríaca na Silesia. Os Franceses continuaram a avançar contra o exército Aliado, e ao início de Junho foi decidido parar para então lutar em Brackwede. Foi aí que os de Paris conseguiram mostrar sua capacidade de adaptação ao usarem suas unidades leves ao redor dos flancos dos aliados e ameaçar as comunicações inglesas. Continuando com isso, conseguiram eles um avanço contínuo sobre o adversário germano-bretão através da superioridade de maneabilidade. Tal ataque fora capaz de desestabilizar a linha central da formação inglesa. Sabendo que tinham considerável superioridade numérica em termos de artilharia e homens, carregaram massivamente para uma resolução final do entrevero. Ao fim de tudo, mais precisamente em 8 de Setembro, a Convenção de Kloster Zeven fora assinada com os franceses. Nela estava estipulada que o exército aliado de Hanover deveria ser desmobilizado e que a troca de prisioneiros de guerra deveria acontecer.

Europa Central A campanha de 1757 em 18 de Abril iniciada por Frederico II foi iniciada logo quando houve a invasão da Boemia, assim pretendendo uma decisiva vitória caso pudesse finalizar esta com a destruição do exército austríaco e sua capacidade de fazer guerra. Seus prussianos atacaram com quatro unidades separadas somando o total de 116,00, que atacaram contra a Boemia convergindo em um ponto só na esperança de superar os austríacos em termos de manobra. Obtendo uma considerável vitória, mas mesmo assim tendo que retornar à Leste imediatamente para responder a um grande ataque austríaco, Frederico II gastou o resto de sua campanha caracterizando-a em um sistema de combate de linhas interiores, atingindo um adversário, e então rapidamente virando para outro para o destruí-lo. Os franceses não tiveram a capacidade de invadir a parte majoritária da Prússia como anteriormente havia sido feita pela parte de Frederico em Hanover. Já os Austríacos haviam conseguido empurrar suas linhas dentro da Silesia ao início de Novembro, aonde anteriormente derrotaram o exército prussiano de 19,000 antes de Breslau, capital da Silesia, em 25 de novembro foram capazes de capturar a cidade. Frederico então contava com 30,000 tropas e movia-se velozmente para Breslau. Os austríacos, até então, possuíam cerca de 66,000 tropas. Os ocorridos de Leuthen são considerados a mais brilhante batalha conduzida por Frederico II em sua carreira, e a sua tão famosa tática de ordem oblíqua acabou por ser a sua principal causa de vitória. Nas próprias palavras de Frederico II temos o seguinte “gostaria de evitar erros aqueles cometidos em Praga, e também aqueles cometidos na perda da batalha de Kolin” (Frederico II, History of the Seven Years War, II,p.202). Essa tática envolvia um difícil treinamento e jamais fora aplicada da mesma maneira.

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A questão do subcontinente da Índia As companhias britânicas e francesas das Índias Orientais haviam preparado suas próprias organizações militares para proteger vários postos de comércio espalhados pela região.Ambas as companhias haviam criados alianças para príncipes locais para suplementar as tropas de suas companhias respectivas com mão de obra local em uma eventual guerra. Ao início das hostilidades ocorreram na região de Bengala em 1756. Os britânicos em Calcutá ouviram rumores que uma guerra com a França era iminente, e que as companhias francesa e britânica haviam começado a reforçar suas estações locais. Os britânicos também haviam elegido um rival para o trono local em Madras o que piorou suas relações com os nativos. Ordens do Nawab local para cessar as preparações para guerra foram ignoradas e por isso ele ocupou as estações de comércio que por ele eram consideradas ofensoras. Ao fim de Junho de 1756, o exército de Nawab havia capturado 50 ou 60 comerciantes ingleses e os colocado em uma prisão no Fort William. A companhia Inglesa das Índias Orientais havia despachado uma força de Madras para Bengala para retomar as estações perdidas. Quatro navios de linha estavam sob o comando do Almirante Charles Watson, trazendo consigo 600 tropas europeias, três companhias de tropas da companhia. As unidades estavam todas sob o comando geral de Robert Clive, que mais sedo ganharia fama de comandante das forças da Companhia durante a o conflito. Ao fim dos conflitos entre Nawab e os britânicos, os ingleses perderam cerca de 25 homens enquanto Nawab havia perdido 500. Mesmo essa sendo uma importante vitória para o lado britânico, foi apenas após a batalha de wandiwash e após o cerco de Pondicherry assegurariam a posição política britânica na região.

Enfrentamentos na América do Norte em 1758 Os britânicos iniciaram sua campanha na América do Norte fortemente reforçada por unidades regulares e locais, planejavam um ataque em três setores no território francês. O primeiro consistia em um forte francês chamado Carillon, após isso pretendiam tomar a parte sudoeste do lago Champlain para tomar um porto e também um forte, por último pretendiam atacar o forte Duquesne na Pensilvânia como alvo final. A 8 de Julho um ataque sem suporte de artilharia fora enviado à Abercromby, recomendando que se atacasse enquanto a artilharia estivesse ainda quilômetros distante. Os soldados provincianos atacaram na primeira leva e foram facilmente repelidos. Então o comandante inglês resolveu enviar seus regulares que foram rechaçados por três árvores caídas e mortos pelo fogo de mosquete e artilharia dos franceses. Após isso seis ataques frontais foram executados e todos resultaram em derrota, um último ataque realizado por escoceses da Black Watch , quarto batalhão e o 60° Regimento Americano Real atacaram contra as trincheiras francesas, o que resultou em uma derrota para o lado inglês. Apesar deste revés os ingleses foram capazes de ao menos atingirem um pequeno sucesso na fronteira de Nova York. E a 24 de Novembro o objetivo final fora atingido, levando em conta 16

que soldados franceses foram ordenados a recuar para Venango para explodir o forte, chegando lá os ingleses o reconstruíram e o nomearam Fort Pitt, lugar aonde atualmente encontra-se a cidade de Pittsburgh.

A situação prussiana Enquanto mantinham a iniciativa desde o início de 1758, esse mesmo ano provara ser perigoso além de sangrento para os prussianos. Mesmo com o sucesso de Ferdinando na parte ocidental do front, o que significava que não havia ameaça francesa direta de invasão de território prussiano, a Prússia ainda teria que lidar com um ataque russo no coração das terras prussianas que causaria mais dano no reino do que qualquer um poderia ter imaginado. Frederico decidiu atacar contra os austríacos primeiro, partindo do princípio que os russos não iriam mover-se contra a Prússia até o inicio do verão. Ao tomar a última fortaleza austríaca na Silesia ao meio do mês de Abril, decidiu invadir a Moravia com o efetivo de 130,000. Seu objetivo era cercar a importante cidade de Olmütz. O cerco fora executado, entretanto ao fim de Junho um grande comboio prussiano estava a caminho para reforçar o cerco acabou sendo atacado e destruído por forças austríacas. Sabendo que o cerco estava levando mais tempo que necessário e pretendido, Frederico II decidiu por deixar a cidade e engajar os russos. A 25 de Agosto os exércitos prussiano e russo encontraram-se perto do vilarejo de Zorndorf; Fermor havia posicionado seus 43 mil homens em um terreno levemente pantanoso e cercado por morros.Os prussianos manobraram pelo norte das posições russas e então moveramse pelo sul na tentativa de atingir os russos na retaguarda. Entretanto, Fermor conseguira virar suas linhas e posicionar-se frente a frente com os prussianos. Feito isso, Frederico tentou um ataque pelo flanco utilizando a ala esquerda de sua força, isto fora feito com uma pesada barragem de artilharia. O seguir do combate acabou por resultar em um impasse aonde nenhum dos lados tinha forças para atacar até 1° de Setembro. Ao final de 1758 Frederico havia conseguido varrer os russos para fora do coração de seu reino e forçado os austríacos à recuar da silesia e da saxônia. Porém nesse processo seu exército estava perdendo muitos soldados e até então a soma chegava ao número de 100.000 soldados sendo a maioria deles altamente treinados.

O Fim da Guerra: 1761-63 Os anos finais da guerra foram marcados por exaustão militar e financeira, quando a vontade de acabar o conflito crescia, lutas para ganhar terreno e as consequências da morte da Imperatriz Elizabeth da Rússia, a guerra no teatro central de operações era caracterizada pela Prússia mudando para uma aproximação mais defensiva no modo de operar, uma tentativa desesperada para manter sua existência já que os austríacos e russos levantaram mais exércitos para derrotá-la. Com a morte de Elizabeth e a subsequente retirada da Rússia da guerra, a Prússia focavase em usar seus recursos contra seus inimigos. O combate no teatro ocidental de operações não havia mudado significantemente. Os franceses estavam desesperados para capturar Hanover o 17

quanto antes possível, pois reconheciam que a paz estava perto e desejavam ter uma grande vantagem nas negociações. Porém, Ferdinando e o exército aliado sucessivamente rechaçaram as tentativas francesas. O teatro final de operações era o Império Espanhol. A Espanha entrou como um último aliado da França, porém sua frota e exército não estavam prontos para entrar no conflito em 1762 e acabaram sendo majoritariamente derrotados pelos ingleses em terra e mar.

Custo civil e econômico da guerra Os autores explicam que ainda tendo elementos de uma guerra limitada do século 18 a Guerra dos Sete Anos teve elementos de Guerra Total no sentido Clausewitziano da palavra. Muitas consequências econômicas sofreram os países que lutaram apenas para manterem seus exércitos no campo, mas os efeitos sobre a população civil foi ainda mais significante. Os civis que moravam nos diversos teatros operacionais sofreram grandemente, especialmente se eles fossem pegos em uma zona de combate. Mesmo que seus semelhantes sofressem de impostos e falta de comida, eles não precisavam combater forças militares. Todos os exércitos que atuaram nessa guerra são culpados de abusarem da população civil. A falta de suprimentos e a falta de dinheiro para pagar as rações fazia com que muitos exércitos pilhassem comunidades locais. Maior parte disso ocorreu no território inimigo, mas não incomum que exércitos o fizessem em aéreas que devessem proteger. A guerra no teatro de operações ocidental demonstrou numerosos exemplos de saque e abusos por ambos os lados. Já no teatro de operações central, relatos trazem consigo histórias de exércitos igualmente causando dano na população local. Um soldado regular prussiano servindo durante a primeira campanha da saxônia em 1756 relatou que enquanto o exército marchava cada um tentava tirar de depósitos aquilo que podia. Impostos altos também eram frequentes nessas localidades.

Conclusões e consequências A Guerra dos Sete Anos acabou com a assinatura dos tratados de Paris e Hubertusburg. A Prússia havia sobrevivido o conflito praticamente intacto e escapou da ameaça de ser desmembrada por seus inimigos, havia perdido 10% da população local e estava a beira de um colapso econômico, porém emergiu com uma grande reputação. Seguindo a guerra, a Prússia poderia indubitavelmente clamar ser uma potência europeia. Durante os próximos 100 anos, a Prússia sairia do eclipse da Áustria como um grande estado germânico. Sua performance militar frente às adversidades fez com que todas as potências europeias a reconhecessem como tendo potencialmente o melhor exército do continente. Várias nações como Grã Bretanha, Rússia, e França tentaram adotar vários modelos prussianos para seus exércitos. A França ao fim da guerra era um reflexo do que era antes mesmo do conflito, destruída e envergonhada. Uma grande reforma militar era necessária mas muitos queriam ver os modelos prussianos nas fileiras francesas. A artilharia havia sido reformada com sucesso em 1760, e provaria ser decisiva nas próximas campanhas revolucionárias e napoleônicas. Tentativas de integrar colunas flexíveis levou ao desenvolvimento de estruturas divisionais dentro do exército, que por sua vez envolvia níveis maiores de liderança permitindo aos comandantes terem mais homens ao seu dispor durante uma batalha. 18

A posse da Silesia para Áustria havia acabado com o fim da guerra. Maria Teresa percebeu que uma solução militar para o problema apresentado pela Prússia não era viável, fazendo com que a Áustria passasse os próximos anos lidando com reformas internas de Estado. Sob a liderança de Kaunitz, o Império Austríaco tornou-se um estado centralizado. Havia também uma significante reforma econômica que fez com que a dívida fosse mais gerenciável sob vários esquemas estabelecidos. O Estado Russo ao fim da guerra estava em alta. Seus exércitos haviam derrotados as poderosas forças da Prússia em diversas ocasiões. E ao invés de continuar os confrontos com a Prússia, a Rússia preferiu virar e combater as terras otomanas nos balkans, mais uma vez tendo vitórias significantes contra os turcos. O exército russo finalmente começou a atingir seus sucessos feitos pelas reformas durante a guerra. Devido a seus feitos em ação, a Rússia começou a ser considerada uma potência e continuou a desempenhar um papel importante na Europa central. Para muitos a Grã Bretanha era a maior vencedora do conflito, porém os custos de guerra teriam um impacto muito mais duradouro do que suas vitórias. O exército havia se saído bem, mas muitas lições aprendidas de forma rápida acabaram por serem esquecidas. Além disso, a nação ficou politicamente isolada da Europa. Sob a convenção de Westminster, ela havia perdido alianças com Rússia e Áustria, e o abandono da Prússia durante os últimos anos da guerra significava que a Grã Bretanha não possuía grandes aliados no continente. Quando o ano de 1783 chegou, 13 colônias na América do Norte haviam sido perdidas fazendo com que a atenção fosse investida na Índia, a peça central do que cedo tornar-se-ia o Segundo Império Britânico.

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