A História da Caridade

July 24, 2017 | Autor: Paula Frazão | Categoria: Teologia, caridade Santo agostinho
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Atividade 2




Ao refletir sobre os textos que nos foram facultados permito-me
afirmar que a dimensão da Caridade sempre fez parte dos elementos que
constituem a identidade e a missão dos cristãos, talvez não de forma
programática mas intrínseca. Desde os primórdios do Povo de Israel que a
Tradição Oral e escrita fazia antever uma preocupação e uma especial
atenção pelas causas sociais. Se recuarmos no tempo, já os primeiros
profetas colocavam no centro dos seus escritos – profetas escritores – ou
no centro das suas palavras – profetas não escritores – a sua atenção nos
mais necessitados. A história do Povo de Israel está repleta de referências
aos estrangeiros, aos pobres, aos mais desfavorecidos da sociedade.

Os profetas assumiram um papel fundamental para sensibilizar as
populações para a causa dos mais necessitados, ocupavam-se de todos os
aspetos da vida social, religiosa e política do seu tempo. A profecia é a
Teologia da História, sem a história num tempo e num espaço não há
profecias. O profeta vivia os problemas do seu tempo especialmente ao nível
da gente simples, marginalizados e explorados da sociedade, quiseram por
isso, contribuir para a solução desses problemas de falta de justiça e paz,
usando a palavra para apelar aos contemporâneos, para o cumprimento dos
deveres de justiça e respeito dos direitos dos mais desprotegidos. Os
profetas foram os primeiros Teólogos.

Samuel o primeiro dos profetas a ser reconhecido como tendo um
itinerário profético e como tal a seguir uma vocação, a aceitar essa
vocação e ser aceite pelo povo, a anunciar a palavra de Yahwe e como tal a
defender e enfatizar o monoteísmo, combatendo assim a idolatria e sendo por
isso, um intercessor de Deus. Outros profetas se lhe seguiram, contudo com
menor relevo até porque não eram profetas escritores. Samuel ocupava-se do
mundo social e político que o rodeava, à semelhança do que fizeram os
profetas-escritores.

Amós, Oseias e Isaias, a todos eles é comum o mesmo empenho pelas
causas sociais, e os direitos dos mais desfavorecidos.




"Cada profeta em si é um mundo e não é fácil encontrar um
paradigma que permita catalogá-los a todos ou uniformizá-los de acordo
com um padrão único (…) cada profeta tem um itinerário próprio." João
Duarte Lourenço




A narrativa de um profeta acenta em dois momentos: A Visão, ou seja
quando Deus entra na vida do profeta e o capacita para a missão e a Palavra
em que muitas vezes o profeta é capacitado para a tarefa pelo Dom da
palavra e pela importância do próprio texto. O profeta sente Deus presente
na sua vida, Ele exige-lhe tudo e o profeta dá-Lhe tudo.

Outro profeta já referido anteriormente, Amós, de cuja biografia não
se conhece muita informação, contudo, tendo como base textos do próprio e
do livro dos Reis, subentende-se que seria proprietário de um grande
rebanho, parecendo ter uma vida desafogada economicamente falando, no reino
de Jerobão II, reino caracterizado pela prosperidade, desenvolvimento
económico e notabilidade militar. No entanto, a par com este
desenvolvimento cresce também a desigualdade, a agitação, a instabilidade e
com elas, as injustiças sociais e o contraste entre ricos e pobres, a
corrupção religiosa e as fraudes no comércio.

O grande relevo dos escritos de Amós, a posteriori, é fazer uma
descrição em pormenor da sociedade israelita pretendendo restaurar o
paradigma messiânico, ou seja, fazendo a apologia da esperança e da
consolação. A sua denúncia tinha uma finalidade positiva e não negativa,
acentuava a problemática social, a injustiça como paradigma social; a
problemática religiosa e política e os falsos cultos fazendo assim, o
enquadramento na singularidade da mensagem da justiça social.

Também Oseias exerceu o seu ministério profético no Reino do Norte,
pouco depois de Amós ter terminado a sua atividade. A realidade da Samaria
dá-nos uma panorâmica de convulsões internas e externas, após a morte do
Rei Jorobão II, evidenciando a infidelidade do Povo às Tradições da
Aliança. A mensagem de Yahwé aponta para o facto de Este amar o seu povo
apesar da permanente infidelidade deste. Oseias foi seguramente um dos
profetas que mais influenciou com a sua mensagem por exemplo Jeremias no
Antigo Testamento, enfatizando a Aliança. Oseias também denuncia a
injustiça e a corrupção e critica o culto falso e o sincretismo religioso.
A característica fundamental de Oseias é a Misericórdia que atinge a mente
e o coração, a devoção ao outro, a piedade e a consolação. Prova disso é "O
Oráculo Programático de Oseias" 4, 1-3 que é um autêntico programa social,
sempre usando a fundamentação de Yahwé, pois é a partir d'Ele que podemos
encontrar e dar verdadeiro sentido à prática social, culminando na tríade
Fidelidade, Bondade e Conhecimento a Deus.

Todo o Antigo Testamento se orienta para a chegada de Jesus Cristo que
irá permitir que esta tríade se concretize. Viver o Mistério de Deus em
Jesus Cristo é comprometer-se com a realidade do Ser Humano e envolver-se
intrinsecamente nela.

Faz sentido por isso questionarmo-nos acerca de Deus, porque só com
uma fé esclarecida conseguimos viver na Plenitude dessa mesma Fé, como
seres humanos e como seres em aproximação à divinização.

Deus na sua infinita omnipotência acompanha o Ser Humano criado por
Ele à Sua imagem e semelhança fazendo-se presente na sua vida em todas as
dimensões. Do mais atento ao menos atento, envolve a todos no Seu infinito
amor. Contudo, a experiencia de Deus e da Sua mensagem através do Seu filho
Jesus Cristo, abarca todo o Amor do Pai, abrindo-se a toda a humanidade,
cria envolvência. No entanto, nem todos se deixam tocar por esse amor. Deus-
Pai cria uma estratégia para envolver a Humanidade no Seu amor, dando-lhe o
Seu Filho e através d'Ele permite que a Humanidade se divinize e que Jesus
Cristo se Humanize.

"Deus deseja fazer participar a Humanidade da sua felicidade e
do seu próprio ser." Juan Ambrósio




"O próprio Deus assume a condição humana e como homem faz
connosco o caminho, ensinando-nos a procurar as melhores direções abrindo-
nos a novas e ainda não totalmente percebidas realidades."Juan Ambrósio.



Estas duas citações permitem-nos perceber melhor que se Deus envolver
a Humanidade toda a partir da Criação, no seu projeto salvífico, não faz
sentido os Cristãos, seguidores do Seu Filho Jesus Cristo ignorarem aquilo
que os rodeia, nomeadamente os mais necessitados. Ele é o Deus connosco e
em nós com palavras e obras. Só fazendo-se Homem pode Deus encontrar o
Homem e só procurando a Deus, pode o Homem, de alguma forma ascender a
Deus.

Jesus na sua relação com Deus, tornou-se homem e na sua relação com o
homem tornou-se Deus e só nesta dualidade é possível compreender a
fidelidade ao projeto de Deus e a fidelidade à condição humana. Jesus
propõe o Reino do Seu Pai aos homens, a todos os homens, a todos os que O
quiserem aceitar, independentemente da sua condição social. Jesus não toma
partido pelos mais necessitados em detrimento dos mais abastados, apenas dá
visibilidade àqueles que têm menos.

A justiça de Deus é para todos. O agir de Jesus denunciou certas
situações e à medida que o seu testemunho foi evidenciando um 'novo' rosto
de Deus, questionando 'verdades' instituídas, e à medida que a sua
intimidade com Deus se foi acentuando, Jesus foi-se tornando incómodo e
perigoso, ao ponto de o eliminarem. A morte pela Cruz foi transformada num
símbolo redentor para evidenciar a inocência de Jesus e confirmar a sua
missão suprema. A ressurreição constitui um elemento fundamental pois Deus
liberta-o das garras da morte. E se Jesus ressuscitou no Pai, também nós
pelo Filho podemos ressuscitar, e viver uma permanente ressurreição, nos
outros e pelos outros, na justiça e na retidão. Esta certeza desafia-nos a
combater a injustiça e todas as suas consequências de desigualdade,
dependência, pobreza, marginalização e exclusão.

Estas evidências não passam despercebidas ao Imperador Juliano que nos
primeiros séculos do Cristianismo reconhece o papel dos cristãos junto dos
mais necessitados, estrangeiros e culto aos seus mortos, que faz com que o
grupo cresça e prospere e ordena a distribuição de bens aos pobres que
ajudavam os sacerdotes e o restante fosse dado aos estrangeiros e aos
mendigos.

Toda a narrativa de Jesus possui as raízes da nova forma de praticar a
Caridade. Senão atendamos às Bem-Aventuranças – "Bem-aventurados os pobres
e humildes de coração…,Bem-aventurados os mansos porque possuíram a
terra…", Jesus enfatiza a condição de ser humilde, de ser manso, de ser
pobre, mas não pela negativa e sim pela proximidade ao divino, porque se
desprende do terreno.

Os Evangelhos testemunham e descrevem a sua atenção para com os
enfermos e mais necessitados introduzindo a realidade nova do Amor ao
Próximo. As primeiras comunidades cristãs colocaram em evidência o
exercício da caridade e da evangelização, por isso, Juliano referia que o
sucesso do cristianismo era a ajuda aos mais necessitados. Esta geração da
Caridade evangelizadora começa logo depois da morte de Jesus Cristo e
termina com o desaparecimento dos seus apóstolos.

Estes foram anos de bastante interesse, mas também revestidos de
bastante dificuldade em conhecê-los, pois as fontes eram escassas e
bastante fragmentadas. Os primeiros cristãos elaboraram um relato sobre as
suas origens construindo a partir de dados que consideram mais
significativos para a identidade do grupo e para estabelecer uma memória
coletiva. Estes acabam por se tornar Normativos de ponto de vista
hermenêutico, possibilitando chaves de interpretação para os dados. A
missão evangelizadora dos primeiros discípulos ocupa um lugar privilegiando
para o relato normativo dos cristãos, mas nele não se estabelece nenhuma
relação de causalidade entre a difusão do cristianismo e a ação caritativa,
talvez porque já então estavam implicitamente ligadas e plenamente
justificadas pela Ressurreição, obtendo força do Espírito Santo.

Esta ação evangelizadora e o impacto no ser humano que adere, já foi
objeto de um estudo de psicologia social sobre o processo de conversão e
mostra que na adesão a uma maioria religiosa, as relações pessoais são mais
importantes no começo do que a mensagem anunciada. Ora este só vem
comprovar que a ação caritativa das primeiras comunidades determinou as
referidas relações, faz sentido, por isso, identificar os rostos da pobreza
do mundo antigo e conhecer as formas de ajuda e de solidariedade.

A sociedade em que viviam os primeiros cristãos era agrária e
praticamente não existia classe média. No topo da pirâmide estão os poucos
que podiam dar-se ao luxo de não trabalhar. Tanto na cultura latina como
grega fazia-se alusão aos vários tipos de grupos sociais pobres e
indigentes. Os pobres precisavam trabalhar para viver e encontravam-se nos
limites da sobrevivência; os indigentes tinham que pedir esmola para
sobreviver. A distância dos pobres para o topo da Pirâmide era abismal.

A pobreza tinha muitos rostos, tal como hoje a grande maioria dependia
do trabalho, homens, mulheres e crianças. Apesar dos pobres serem a grande
maioria na sociedade romana, esta mantém um certo equilíbrio social e
demográfico. As associações de pessoas comuns, entre os romanos
desempenharam uma grande função, na mesma profissão, origem e religiões e
promoveu a solidariedade entre os seus membros, distribuindo comida e
outros gestos de ajuda recíproca. O princípio de que todas as pessoas têm
direito à subsistência colocava em prática estes princípios, promovia o
apoio àqueles que passam dificuldades, provavelmente estendeu-se também
entre aos mais pobres e necessitados. Estas normas eram muito sentidas e
vividas entre as comunidades judaicas que lhes chamavam Amor ao próximo e
que se traduzia na ajuda aos órfãos, às viúvas, aos estrangeiros e aos que
tinham caído em pobreza. Esta fundamentação baseava-se no princípio da
criação – Deus criou o Homem à Sua Imagem e semelhança. O cristianismo
irrompe nesta sociedade em que os pobres e os indigentes precisam de apoio
social.

Esta atitude que aparece na vida e nos ensinamentos de Jesus Cristo,
com novas motivações mais universais foi a que herdou e cultivou o
Cristianismo, até convertê-lo numa das características mais distintivas.
Aqui entra a Caridade de forma mais explícita e presente na missão
evangelizadora. A atenção efetiva aos pobres e necessitados chegou a ser,
efetivamente o traço distintivo do Cristianismo. A génese da Caridade
estava presente na missão do movimento cristão.

Exercer a Caridade chegou a ser um traço distintivo do Cristianismo
nas primeiras comunidades. Ao longo do tempo são vários os testemunhos que
mostram a importância que os cristãos davam às obras de caridade. Há uma
trajetória evidente de ações de Caridade e de atenção aos mais
desfavorecidos, cujas raízes remontam a Jesus Cristo. Os próprios
discípulos segundo a palavras de Paulo davam especial relevo ao Amor ao
Próximo. A Catequese de Paulo na carta aos Romanos (Rom 12,9-16), fala da
Plenitude do amor na alegria e principalmente no sofrimento, esta era
vivenciada pelo grupo e parte da sua identidade.

Para compreender esta prática temos que a situar no contexto de uma
sociedade atravessada por profundas desigualdades onde as relações eram
tudo menos altruístas. A prática da Caridade e da difusão do cristianismo
compreende-se melhor identificando os momentos em que os crentes puderam
conhecer as diversas fases do processo de adesão e incorporação na
comunidade e esta passava por cinco fases: Anúncio da palavra; contacto
permanente com os discípulos; catequese e comprometimento; batismo e
integração na comunidade. A preocupação com os mais necessitados era a
forma mais comum de ajuda social, mas concentrava-se nas necessidades
básicas, tais como o sustento e o vestuário. A atenção aos doentes, aos
estrangeiros, aos presos, às crianças tem várias referências nos
evangelhos. Percebemos enão que os atos de amor dos primeiros discípulos de
Jesus influenciaram, decisivamente, a primeira difusão do Cristianismo.
Graças à influência do Cristianismo a sociedade ocidental chegou a
considerar a alimentação, a vestuário, a saúde e a educação como direitos
humanos universais. No mundo antigo estes direitos não existiam nem as
instituições que hoje os garantem.

Já Hermas no século II numa parábola sobre o rico e o pobre referia
que a riqueza do rico e a oração do pobre se completavam, na medida em que
o rico pode ajudar o pobre com os seus bens e o pobre pode ajudar o rico
através da oração, intercedendo por este. Tal como a videira e o olmo
isolados não dão tanto fruto e o que dão é de má qualidade, unidos dão
bastante fruto, entreajudam-se e os frutos são de qualidade. Também Santo
Agostinho salientava duas atitudes dominantes no seu tempo, o rico
simbolizava o mal e a ausência de responsabilidade social, mas Santo
Agostinho referia que não era a riqueza que era má, mas a pessoa que era
rica que podia ser má ou boa. Ter e querer ter mais é doença. Aquilo que
pode distingue a pessoa seja rica ou seja pobre é a humildade, a piedade, a
Fé em Deus e a obediência aos seus Princípios. "Dar do que se tem é agradar
a Deus." Ser Bom, praticar o Bem, sem olhar a quem se faz, ser
misericordioso, mesmo para quem é mau, é uma máxima de Santo Agostinho,
embora não seja uma faceta muito conhecida de si. Já S. Jerónimo referia
que expor a riqueza, ostentando-a é errado, não é o facto de possuir
riqueza que é errado mas sim não a colocar ao serviço dos mais
necessitados. Também S. Crisóstomo falava em esmola, referindo o evangelho
de Mateus, hoje falamos em partilha, ou seja, salientava que os mais ricos,
uma parte reduzida da sociedade do seu tempo, deveria partilhar os seus
bens pelos mais necessitados e pelas obras sociais da igreja.

A Sociedade congregava as famílias num espaço – oikos, com um líder
mais velho que o acompanhava sempre que este necessitava de se movimentar.
Foi neste sistema que Paulo fundamentou as igrejas, permitindo aos cristãos
experienciar as vivências de Jesus Cristo cada vez mais em assembleia –
ekklesia. A Igreja congrega todos aqueles que aspiram esta intimidade com
Deus em Jesus Cristo Seu Filho. O que motivava o apóstolo Paulo a fundar
igrejas, organizando comunidades ao longo da bacia do Mediterrâneo, apesar
da rejeição dos seus conterrâneos e das implacáveis perseguições que
sofria? O que o movia não era o excesso de piedade, espírito proselitista,
amor ao lucro, popularidade ou qualquer outra motivação similar. Essas
motivações não teriam suportado as angústias do campo missionário por muito
tempo. Paulo estava motivado pelas suas convicções teológicas. A sua ação
missionária era resultado dessas convicções. E elas eram de tal natureza
que impeliam o apóstolo a ir ao mundo para proclamar o Evangelho e fundar
novas igrejas. Paulo compreendia a sua época como o início de um tempo
especial da história, em que Deus consumava o Seu projeto de fazer
convergir em Cristo todas as coisas, tanto as que estão no céu como as que
estão na terra (Ef 1.10). Não podemos perder de vista essa perspetiva,
porque está presente em todo o pensamento de Paulo e influencia
decisivamente a sua atividade como fundador de igrejas. A outra convicção
do apóstolo Paulo era que as antigas promessas de Deus encontravam
concretização histórica na Igreja de Cristo. Era na Igreja que a
restauração de Israel, profetizada nas Escrituras do Antigo Testamento, e
se consumava. Por isso Paulo fala da Igreja como sendo a plenitude de
Cristo (Ef 1.23). É por isso que ele fala da Igreja como sendo um novo
homem, uma nova criação, feita de judeus e gentios, o remanescente fiel de
Israel e dos gentios, que agora é trazida à obediência de Cristo Jesus (Ef
2.15; 4.24; Cl 3.10).

Paulo organizava os convertidos em comunidades, as igrejas locais. O
seu objetivo era promover os meios pelos quais eles fossem edificados,
instruídos, celebrassem a Ceia, prestassem culto a Deus e se envolvessem no
próprio projeto de expansão do cristianismo. Paulo os batizava, elegia
presbíteros de entre eles, a quem encarregava do rebanho (At 14.21-23), e
depois de algum tempo voltava para supervisioná-los, perceber se se
mantinham fiéis ao ritual. (At 15.36; 16.4-5; 18.23).

Em jeito de conclusão a realidade dos nossos tempos exige da parte dos
cristãos uma resposta clara e evidente que possa ser constitutiva da
identidade cristã à boa maneira de Jesus Cristo. A forma como olhamos e
agimos para com aqueles que vivem de forma mais débil, permite-nos
construirmo-nos como Homens e como cristãos, agindo para que, pelo amor de
Jesus Cristo ao Pai e pela sua humanidade possamos imitá-lo dando de nós
aos outros e ascender ao Pai.

Faz sentido por isso questionarmo-nos acerca de Deus, só uma fé
esclarecida nos permite viver em plenitude essa fé. O conhecimento de Deus
não surge, pois, de uma especulação por parte do ser humano, mas brota da
própria intervenção de Deus na história da humanidade. Deus já não é apenas
o Deus "Eu Sou", mas "o Deus no meio de nós". (…) Cristo é a possibilidade
criada por Deus para ser Ele mesmo homem e oferecido ao homem, para que
este possa ser como Deus. (Cardedal)

"(…) Em Jesus Cristo humanidade e divindade estão inseparavelmente
unidas (…) (Espeja)

Esta experiência de Deus requer uma conversão do olhar e do coração. É
na doação que Deus se faz Dom que se pressupõe um viver concreto, um
entender a Criação como um gesto gratuito do amor de Deus que cria o ser
humano livre e lhe propõe um caminho, não de fuga à realidade mas de
enfrentar essa realidade e colocar mãos à obra, para manter a principal
criação de Deus, o Homem, na dignidade e no amor. Somos convidados por
isso, imitar Jesus Cristo não só cumprindo os rituais cristãos por ele
instituídos, mas também a dar amor gratuito, a envolvermo-nos com os outros
por forma a minimizar as suas necessidades básicas e que os privam das
Humanidade que Jesus Cristo viveu no meio de nós, no amor a Deus e por Amor
a Deus. Aspirar à santidade é participar na Salvação dos outros e por eles
na minha.

O Papa Francisco na sua mensagem de Ano Novo interpelou não só os
cristãos, mas toda a humanidade, no sentido de: "Todos somos chamados a
combater todas as formas de escravatura e a construir a fraternidade. Todos
devem agir de acordo com a sua responsabilidade." E a responsabilidade do
cristão em especial é a de viver segundo as orientações de Jesus Cristo que
ficaram patentes destas páginas e que apelam á prática da CARIDADE.
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