A história da Educação Superior na região de Caçador: Fearpe- UnC- Uniarp

August 30, 2017 | Autor: Angela Cardoso | Categoria: Educação, História de Santa Catarina
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A história da Educação Superior na região de Caçador: Fearpe- UnCUniarp

Angela Cardoso dos Santos Profissional com experiência de mais de 16 anos na área jornalística, com passagens em diversos veículos de comunicação de Caçador e região. Iniciou como repórter no jornal Gazeta Sul em 1997. Em 2011, lançou sua primeira publicação: Hospital de Caridade e Maternidade Jonas Ramos, Uma história de todos os caçadorenses- Edição especial Revista Atitude. Desde 2008, é assessora de imprensa da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe. Atualmente, é colaboradora do Portal Notícia Hoje e acadêmica do curso de Jornalismo da UNIARP.

Citações

Scheilla Maria Soares Marins, professora Mestre. “Dom Orlando foi uma pessoa incrível com uma visão que não se encontra facilmente hoje. Ele preocupava-se com o desenvolvimento de toda a cidade, com as pessoas. E isso ficou muito forte, foi marcante. Pode ser até piegas hoje, mas foi tudo por amor à educação”.

Terezinha Nunes Garcia, advogada. “Dom Orlando acreditava muito na educação para o desenvolvimento pessoal e do país”

Mario Bandeira, professor Mestre. “A visão de Dom Orlando era sempre extraordinária. Ainda no início de tudo, ele já falava no prédio próprio da Faculdade e também em preparar os professores. Já falava em Mestrado para os professores”.

Dom Orlando Dotti, Bispo Emérito de Vacaria. Primeiro Bispo de Caçador. Idealizador e Primeiro Diretor de Ensino da FEARPE “Foi um momento histórico que não podíamos perder. A história vai sendo feita, mas é preciso ter um início”.

Prefácio A análise, o entendimento, a opinião de uma pessoa sobre determinado assunto é sempre único. Pode ocorrer de encontrar opiniões semelhantes, mas cada pessoa carrega dentro de si aquela impressão só sua. O objetivo desta obra, desde o início, foi ouvir algumas das pessoas que viveram e ajudaram na construção desta ação fantástica de transformação social que é a educação. Nestas páginas, estão depoimentos de pessoas que doaram seu tempo, seu conhecimento, sua vida e saúde para um bem maior: a criação e a consolidação da educação superior na região de Caçador-SC. Através de entrevistas e pesquisas em atas e documentos, se procurou retratar o trabalho magnífico que teve início com a Fearpe, desenvolvimento com a UnC-Caçador e sua continuidade com a Uniarp. E não estamos falando de três instituições isoladas. Trata-se de uma instituição única, criada pela e para a comunidade e que cumpriu e continua cumprindo sua missão de formar profissionais, estimular a cultura e favorecer o progresso de toda uma região. Foram entrevistadas pessoas que se envolveram diretamente com a causa, começando com o fundador da Fearpe Dom Orlando Dotti, todos os ex-presidentes, colaboradores, professores, ex-professores e apoiadores. Mais do que um resgate histórico, esta obra é um registro da opinião, da emoção e da luta de pessoas comuns que atuaram pelo bem da coletividade. Na segunda parte do livro destaca-se a importância do planejamento para a construção do futuro da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe. O conhecimento precisa ser produzido, organizado, armazenado e utilizado em favor da organização da melhor forma possível. Por conseguinte, verifica-se que a Universidade, organização encarregada da produção e compartilhamento da cultura, pode desempenhar papel fundamental. Boa leitura!

Dedico esta obra aos meus pais Terezinha e Ari (in memoriam), minhas filhas Thais e Letícia, meus irmãos Antônio, Juliano e Júlio (in memoriam) e, especialmente, ao amigo Gilberto Seleme que acreditou no meu trabalho.

O idealizador FOTO Dom Orlando Dotti nasceu na Linha Silva Tavares, município de Antônio Prado, no dia 22 de junho de 1930. Em 1949, fez o noviciado em Flores da Cunha, quando recebeu o nome de Frei Orlando. De 1950 a 1952, cursou Filosofia em Marau. A faculdade de Teologia cursou em Garibaldi, de 1953 a 1955 e, em 1956, em Porto Alegre. Foi ordenado sacerdote no dia 8 de abril de 1956. De 1957 a 1961; foi professor no Seminário dos Capuchinhos na cidade de Ipê; foi diretor do Ensino Médio do Seminário dos Capuchinhos, em Marau, de 1962 a 1964; professor de Filosofia e Educação, em Ijuí, de 1964 a 1966; e diretor e superior do Seminário de Filosofia, em Ijuí, de 1967 a 1969. Dia 12 de março de 1969, foi nomeado pelo Papa Paulo VI para bispo da Diocese de Caçador. Foi fundador e diretor dos Cursos Superiores da FEARPE em Caçador; membro do Conselho Estadual de Educação do estado de Santa Catarina; membro da Comissão Episcopal de Pastoral da CNBB, de 1979 a 1983; membro do Departamento de Ação Social do CELAM, de 1979 a 1983. No dia 1 de abril de 1976, foi transferido para a Diocese de Barra como bispo diocesano, função que exerceu até o dia 30 de maio de 1983 quando foi nomeado pelo Papa João Paulo II bispo coadjutor de Vacaria-RS. No dia 5 de fevereiro de 1986, assumiu o governo da Diocese de Vacaria, cargo que ocupou até o dia 12 de novembro de 2003 quando o mesmo Papa aceitou o seu pedido de renúncia por motivo de saúde. Foi presidente da Comissão Pastoral da Terra, de 1993 a 1997; membro da Pax Christi Internacional, de 1997 a 1999; e membro do Conselho de Justiça e Segurança do estado do Rio Grande do Sul no ano 2001. No dia 28 de dezembro de 2005, recebeu o título de cidadão Lagoense da Câmara de Vereadores da cidade de Lagoa Vermelha.

Dom Orlando Dotti ficou em Caçador por sete anos. Em 1976 foi chamado para atuar em um projeto na Bahia, assumindo um setor da Ação Social da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, onde ficou por mais sete anos. Hoje, Dom Orlando Dotti é bispo emérito de VacariaRS, cidade onde reside.

O início Dom Orlando Dotti, com 39 anos, chegou a Caçador como Bispo para atuar na Diocese e logo se envolveu com a expansão do ensino, inicialmente de segundo grau (atual Colégio Estadual Dom Orlando Dotti). Depois parte para uma luta ainda maior: implantar cursos superiores no Município. “Foi tudo muito rápido. As pessoas que trabalhavam comigo eram muito capazes e isso fez com que eu, de fato, começasse novamente a me integrar no processo do ensino superior. Se fomos felizes rapidamente em um, vamos partir para este outro desafio, pensei”. Dom Orlando relata que no início dos anos 70, Santa Catarina vivia um momento histórico de expansão do ensino superior, porém, para levar para o interior do Estado, era preciso ter a iniciativa. “Começamos fazendo reuniões com Prefeito e pessoas mais interessadas no assunto. Recebemos um apoio muito grande dos Irmãos Maristas e das Irmãs de São José que já trabalhavam com ensino e diziam que era absolutamente necessário expandir”. Até então, para fazer um curso superior, os moradores de Caçador e de outros municípios da região precisavam ir para Curitiba ou Florianópolis. “Na gestão do prefeito Jucy Varella foi trabalhada a implantação do ensino científico em Caçador. Ele também deu todo o apoio para cursos de ensino superior, mas estava no fim do seu mandato. Logo veio o prefeito que de fato encaminhou o processo: Ardelino Grando. Foi a

peça chave, sem dúvida. Providenciava os meios. E com ele então chegamos ao momento de criar cursos superiores”. Dom Orlando Dotti chegou a Caçador no dia 29 de junho de 1969 e em janeiro de 1970 Ardelino Grando assumiu a Prefeitura Municipal. Dias após a posse, Dom Orlando fez uma visita ao Prefeito e já apresentou a ideia da educação superior em Caçador. “Fiquei muito feliz pela iniciativa e por acontecer no meu mandato. Precisávamos melhorar o nível dos professores de Caçador e região”, relata o ex-prefeito. Grando conta que uma das primeiras providências tomadas foi agendar uma audiência com o então governador engenheiro Colombo Salles. “Eu marquei a audiência e fomos para Florianópolis. Levamos oito horas de viagem em um Fusca 1.300 que era o carro oficial da Prefeitura. Eu e Dom Orlando nos revezamos ao volante”. Na capital, Ardelino Grando e Dom Orlando Dotti foram recebidos pelo Governador que demonstrou grande interesse na criação da Faculdade em Caçador. Grando cita que existia somente a Faculdade de Agronomia em Lages. “O Governador nos aconselhou que fizéssemos contato com o secretário de Educação professor Celestino Sachetto. Disso se encarregou Dom Orlando que fez uma viagem especial para esta conversa com o Secretário. Sachetto nos orientou a agendar audiência com o Conselho Estadual de Educação e fomos para uma nova viagem”. Ardelino Grando comenta que o Conselho Estadual de Educação queria analisar o projeto de Caçador e eles fizeram ainda uma exigência muito importante: que fosse criada a Fundação mantenedora da Instituição, de caráter público e dela participassem todas as Prefeituras da região. A partir daí teve início outro processo: buscar apoio das Prefeituras da região. Inicialmente foram visitadas as Prefeituras de Rio das Antas, Curitibanos, Canoinhas (esta com pretensão de ter um campus próprio),

Porto União (também com pretensão de ter um campus próprio), Lebon Régis, Santa Cecília e Videira. Dom Orlando lembra que no caso de Videira, o Dr. Dante Martorano o procurou para auxiliar no processo de criação da então Fundação Educacional do Alto Vale do Rio do Peixe (FEMARP), constituída no dia 03 de julho de 1972. Dr. Dante Martorano foi o primeiro diretor da Femarp - hoje Funoesc. “Caçador foi à pioneira nesse sentido. Nós precedemos a Lages. Inclusive os freis de Lages, para iniciar lá, falaram comigo para irmos até Ijuí para daí eles começarem”. Ardelino Grando conta que na época Caçador pertencia à 10ª microrregião do Estado e era considerada cidade polo. No projeto de criação da Faculdade, ficou definido que Caçador deveria contribuir com 2% do global da arrecadação e as demais Prefeituras com 1%. “Iniciamos o trabalho fazendo o contato com cada Prefeitura. Nem todos eram da mesma sigla e havia certa dificuldade, mas Dom Orlando conseguiu que todos aderissem à ideia”. Com cada Prefeitura, deixou-se a minuta do projeto de lei que devia ser encaminhada para a Câmara de Vereadores para aprovação. “Quando havia alguma dificuldade, a gente participava da reunião na Câmara e com a presença do Bispo Diocesano, então, até se inibia alguma votação contrária”. O processo demorou mais ou menos seis meses, do ano de 1971, e, logo, concomitantemente, trabalhou-se na montagem dos cursos, os mesmos de Ijuí: Pedagogia, Letras e Ciências.

Primeira Assembleia geral Dia 31 de julho de 1971, realizou-se no Clube Sete de Setembro em Caçador, a Assembleia Geral pró-fundação da Fundação Educacional do Alto Vale do Rio do Peixe (FEARPE). O Bispo Dom Orlando Dotti

presidiu esse evento. Na ocasião, foram definidos os primeiros cursos da Faculdade caçadorense: Pedagogia, Ciências e Letras. Participaram da Assembleia membros ligados à educação, prefeitos de vários municípios da região, chefes de empresas e demais membros da sociedade caçadorense, conforme citados na ata nº 01 da FEARPE: Bispo Dom Orlando Dotti, Ardelino Grando (prefeito de Caçador na época), Antonio Sordi (presidente da Associação Comercial e Industrial), Raolino Tramontini, Ney Douglas Bello, Terezinha Garcia, Taitalo Coelho de Souza (promotor público), Osvaldo José Gomez, irmão Albino Modesto Moretto, Almir Binotto, Dante Mosconi, Lauro Marins, Valkeaer Etchverry, Ery Dupont, Ernesto Faoro, Danilo Machiavelli, Odelir Godinho, Alfieri Freiberger, Aurino P. Aguiar, Francisco Caetano Basso, João Ribeiro Bendelin, Padre Henrique Nicolet, Giorge Gaviolli, Luiz Paganelli, Imar Rocha, Albino Potrich, Graciosa Pereira, Olga Fedechen, Belezia Leier, Tereza dos Santos, Luiz Brancher, Elias Colpini, Rogerio da Silva, Antenesca Michelin. (outros quatros nomes não estão identificáveis na Ata). A 1ª Diretoria Implantadora da FEARPE foi definida dia 21 de outubro de 1971 e ficou assim constituída: Presidente: Ardelino Grando (1971-1973); Conselho Diretor: Ardelino Grando, Dom Orlando Octacilio Dotti, Luiz Brancher, Antonio Sordi, Irmão Maiorino Bortolini, Vera Lopes, Ney Douglas Bello; Conselho Curador: Taitalo Coelho de Souza, Almir Binotto, Albino Potrich, Ernesto Faoro, Luiz Paganelli, Silvério Debarba, Irmã Rosa Dematté; Suplentes: José Adami, Angelo Barichelo, Alucir Fabrin, Lucir Christ, Vitório Poletto, Florisberto Berger, Munir Jorge João.

Biblioteca FOTO Comissão criada para angariar doações de livros para a Biblioteca da FEARPE: Ernesto Faoro, Luiz Paganelli, Vitorino Giacomel, Alucir Fabrin, Ery Dupont, Irmã Maria, Nely Giraldini.

Enfrentando a desconfiança A advogada Terezinha Nunes Garcia conta que assim que chegou a Caçador o bispo Dom Orlando Dotti procurou seu pai, Walsin Nunes Garcia, então inspetor federal de ensino. “Dom Orlando acreditava muito na educação para o desenvolvimento pessoal e do país. Caçador era isolado de tudo, poucas pessoas tinham oportunidade de fazer um curso superior. Foi uma alegria geral quando se soube que ele tinha a intenção de criar uma faculdade”. No entanto, no início, apesar da empolgação, poucos acreditavam de fato na possibilidade de Caçador ter uma faculdade. “A ideia foi sendo disseminada. As pessoas eram convocadas para as reuniões, para a assembleia, mas não havia número suficiente. As pessoas saiam para tomar café e não voltavam”. Até que, enfim, aconteceu a assembleia de criação e com número suficiente de participantes. “Houve muitos questionamentos, muitos não acreditavam, mas Dom Orlando foi explicando os trâmites. Uns até desconfiando e outros acreditando mesmo. Houve um entusiasmo geral na sequência. Houve a tramitação e foi criada, então, a Fundação”.

O inspetor Walsin Nunes Garcia, pai de Terezinha, auxiliou no primeiro vestibular da Fearpe, elaborando a prova de Espanhol. “Não existiam muitos profissionais formados para fazer as provas, dar aulas”.

Utopia? Dom Orlando destaca que na época nunca se falou em criar uma Universidade porque, segundo ele, seria uma utopia. Mas, visionário como era, particularmente, já alimentava a intenção de Caçador ter a sua Universidade. “Eu disse uma vez, vamos comprar um terreno aqui no bairro Gioppo, lugar ideal para uma futura universidade, mas fui alvo de risadas”. O professor José Reovaldo Oltramari, primeiro diretor executivo da Fearpe, conta que, inicialmente, a principal dificuldade era convencer a sociedade regional de que o projeto provocaria e qualificaria o desenvolvimento da região. Outra dificuldade era atender a todas as demandas do ensino com poucos recursos, além de adequar a infraestrutura do Colégio Nossa Senhora Aparecida para aulas de ensino superior, identificar professores qualificados para morarem em Caçador e garantir a qualidade de ensino num projeto em implantação. No processo de criar a faculdade, com a oferta de cursos superiores, era preciso começar de algum modo. Entretanto, ainda, não se tinha nada de concreto nas mãos. Então, Dom Orlando Dotti se lembrou do ajudante da Secretaria da Universidade de Ijuí, que havia sido seminarista: Raolino Tramontin. Mantiveram-se os primeiros contatos e o profissional veio até Caçador com as despesas pagas pela Prefeitura. Ele pediu um valor para montar o processo de dois ou três cursos e pediu ainda que a fundação se comprometesse em fazer também um curso de especialização. “A primeira coisa que fizemos foi montar a fundação mantenedora dos futuros cursos e

a dúvida foi: quem ia assumir a mantenedora? Foi sugerido ser a Diocese, mas eu não aceitei”. Em Ijuí, a Fundação de Integração, Desenvolvimento e Educação do Noroeste do Estado (FIDENE) foi uma iniciativa da Ordem dos Frades Menores Franciscanos (Capuchinhos) e da comunidade de Ijuí. Dom Orlando acompanhou as reuniões de criação da FIDENE e tinha experiência no assunto. “Então sugeri criar uma fundação pública privada. Instituída pelo poder público, mas com cursos ofertados de maneira particular”. Dom Orlando foi buscar em Ijuí os estatutos da FIDENE e os apresentou ao advogado Dr. João Ramos. “Ele examinou os estatutos da FIDENE, examinou nossa adaptação e disse: O original era melhor” (risos). A

adaptação

tinha

algumas

incongruências.

Fizeram-se

as

adaptações, melhorando o que devia ser melhorado e criou-se a fundação instituída pelo Poder Público. Na sequência do processo de criação da Fundação de Caçador, o setor jurídico alertou que era preciso ter algum bem. Então, a Diocese de Caçador doou um terreno perto do Seminário. Foi a primeira doação para a Fundação. “O terreno tinha sido doado pelo Vivan ao Seminário e fui pedir a ele se podia fazer esta doação. Ele concordou. Ele também queria os cursos superiores em Caçador”.

Instalação com a presença do Governador FOTO A instalação oficial da Faculdade de Pedagogia, Ciências e Letras de Caçador, mantida pela FEARPE, foi realizada dia 13 de junho de 1972 em um evento no Cine Avenida. Na ocasião, o então governador do Estado de Santa Catarina, engenheiro Colombo Machado Salles, proferiu a aula inaugural que teve como tema: “Projeto Catarinense de Desenvolvimento”.

A Faculdade iniciou com a primeira turma em julho de 1972 com 75 vagas para Letras e 75 vagas para Pedagogia. As aulas eram ministradas no Salão Nobre do antigo Colégio Nossa Senhora Aparecida na esquina da Avenida Sete de Setembro com a Rua Carlos Sperança. O primeiro diretor foi Dom Orlando Dotti e os primeiros professores do curso foram: Mário Bandiera (Psicologia Geral), José Reovaldo Oltramari (Sociologia Geral), Dom Orlando Dotti (Estudos de Problemas Brasileiros), José Carlos Conte, mais conhecido como Tacho (Educação Física) e Guerino Bebber (Língua Portuguesa). Os primeiros professores foram quase todos ex-seminaristas. “Naquele tempo havia a disciplina de Estudos de Problemas Brasileiros que devia ser dada ou por alguém nomeado pelo Exército ou pelo Diretor. Era época da Ditadura. Fui nomeado a ministrar a disciplina. Mais a frente fui professor de Legislação de Ensino”. “Quando começaram as aulas, tínhamos o quadro completo, alguns até com especialização. Outros mandamos fazer especializações para estarem preparados como a Irmã Neli Geraldini, Reovaldo Oltramari, Guerino Bebber e outros”, completa. José Reovaldo Oltramari cita que o primeiro grupo de professores que atuou era basicamente de fora de Caçador. “Tínhamos muito receio da aceitação. Graças a Deus e ao espírito acolhedor dos caçadorenses nos sentimos muito bem e pudemos trabalhar com tranquilidade em favor da comunidade e da região. Temos a convicção e a certeza de que fizemos um bom trabalho, adequado à época, mas, ao mesmo tempo, inovador”. A maioria dos alunos da Faculdade de Caçador, inicialmente, eram professores sem habilitação, que queriam ter o diploma e vinham estudar pessoas de vários municípios como Rio do Sul, Campos Novos, Curitibanos, Matos Costa, Arroio Trinta, Piratuba, Videira e outros, enfrentando estradas ruins, cansaço, mas tudo era superado pela vontade de obter o diploma de curso superior. “Até fizemos algumas coisas ao arrepio

da lei. Dávamos aulas sábados e domingos de manhã para quem não podia vir todos os dias e marcava a presença semanal. Estávamos fazendo uma coisa formalmente errada, mas era o jeito. Do ponto de vista ético estava correto. Éramos rigorosos nas aulas. Tinha inclusive gente que dormia em barracas para poder estudar. Ao fim do ano vimos que o aproveitamento tinha sido muito bom e sem queixas”, comenta Dom Orlando.

Primeiro trote FOTO O professor Mário Bandiera lembra que o primeiro trote da Fearpe aconteceu em junho de 1972. Foram convidadas todas as pessoas da cidade com curso superior para aplicar o trote. No pátio do Colégio Nossa Senhora Aparecida, os calouros foram pintados com tinta, pó de café e farinha. Depois todos desfilaram pela Avenida Barão do Rio Branco, amarrados com cordas.

Um jovem professor O professor mestre, ex-diretor de ensino da Fearpe e ex-reitor da UnCCaçador, Mário Bandiera nem imaginava que sua vida pessoal e profissional seria atrelada ao desenvolvimento do ensino superior de Caçador quando recebeu uma visita enquanto seminarista no ano de 1971 em Campinas-SP. “Dom Orlando esteve visitando o seminário. Ele soube que eu iria sair do seminário e disse: Você vai sair e está convidado a vir para Caçador porque vou montar uma faculdade lá”. Mario Bandiera veio para Caçador em 1972. “Preparei-me para ser professor, vou tentar ser professor”. Dom Orlando conseguiu para ele um emprego no Colégio Nossa Senhora Aparecida, onde lecionava as disciplinas de Português e Matemática e também na escola Nayá Gonzaga Sampaio. Junto com outros ex-seminaristas, montou uma república na qual

morou por cerca de três anos. “Lembro que comprei uma geladeira fiado do Osvaldo Gomez. O (José Reovaldo) Oltramari comprou um Fusca amarelo e aquele carro ficou famoso. Ele recolhia todo mundo depois das aulas para não irmos para casa a pé, principalmente quando chovia”. Em julho de 1972, Bandiera começou a dar aulas na Faculdade recém-criada. Ele ministrou a primeira aula para as turmas de Pedagogia e Letras. Eram cerca de 150 alunos, todos no salão do Colégio Nossa Senhora Aparecida. “Eu disse para Dom Orlando que nunca havia trabalhado em uma faculdade e ele me respondeu: Sempre tem a primeira vez. Na faculdade eles é que estudam e o professor só orienta. Eu peguei esse rumo e fui”. A partir dos cursos de oratória que havia realizado e pela experiência de realizar sermões na Semana Santa no Seminário, o jovem professor Mario Bandiera ganhou confiança e o respeito dos alunos. “Dos 150 alunos, 70% eram pessoas com mais de 30 anos de idade. Foram turmas que marcaram demais. Eles queriam estudar, aproveitavam muito o ensinamento repassado”. Como havia muitos alunos de outras cidades, e por ter uma visão mais ampla da importância da educação superior, Dom Orlando Dotti organizou uma forma de recuperação para quem não podia vir todas as noites. Era a Semanada de Estudos, antecipando o que é hoje o sistema do ensino à distância. “E o pessoal do regular aproveitava para recuperar o conteúdo. Mas uma inspetora de Lages trancou esse sistema. Eles faziam os trabalhos, estudavam em casa e vinham na aula e recebiam as explicações. Era bem completo. O pessoal era mais maduro, mais dedicado, mais responsável”. Bandiera assumiu o cargo de vice-diretor de Ensino da Fearpe. Dom Orlando Dotti era o diretor de ensino e não existia a figura do Reitor.

Em meados de 1975, em plena Ditadura no país, era obrigatória a disciplina de Estudos de Problemas Brasileiros (EPB). E em meio aos 150 alunos da Faculdade de Caçador, havia um que chamava a atenção dos professores por ficar lendo jornal na sala e nunca comparecer nos dias de provas. “Um dia na reunião com os professores, Dom Orlando falou desse aluno e nos alertou que se tratava de um agente do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) que vinha escutar o que os professores falavam nas aulas. Então cuidem o que vocês falam do Governo, ele disse. Foi algo que marcou”.

O primeiro nó De acordo com Dom Orlando Dotti, depois de criada a Fundação e dos três primeiros cursos já em andamento, veio o processo de reconhecimento. “Não tínhamos as boas graças da diretora dos cursos de Lages e que era a supervisora regional. Ela disse até que Caçador nunca ia ter os cursos reconhecidos”. Em 1975, chegou a Caçador a comissão de inspeção dos cursos da FEARPE. Quem assumiu a redação do relatório foi um professor de Santa Maria que logo descobriu uma série de problemas. “Ele não tinha muita habilidade na datilografia e pegou a minha secretária para montar o relatório. Ao final, ela me contou tudo o que havia no relatório já que não tinha obrigação de guardar segredo. O Raolino avisou que o relatório era negativo e dificilmente passaria”. Dom Orlando relata que o então diretor do Conselho Federal de Educação, padre José Vasconcelos, quando viu o relatório ficou apavorado. O professor Raolino sugeriu que Dom Orlando fosse explicar a situação de Caçador pessoalmente. “O padre perguntou como eu estava sabendo do relatório e contei como fiquei sabendo, através da pessoa que o datilografou, e ele não gostou disso”.

No processo de análise, um dos conselheiros pediu vistas ao processo, mas devolveu rápido. Caçador enviou então uma série de observações que eram os pontos fracos do relatório e todos verdadeiros. Na votação, o processo de Caçador recebeu parecer favorável do conselheiro Dr. Ergas Muniz e todos os demais conselheiros o acompanharam. A Fearpe foi reconhecida. “Fomos até a Casa Três Irmãos e pegamos foguetes para comemorar para informar toda a cidade que havíamos conseguido”. De acordo com registros na ata número 08 de 17 de maio de 1976, após o reconhecimento dos cursos de Pedagogia e Letras, já se pensou em criar mais cursos. O Sr. Ernesto Faoro sugeriu que, além do curso de Administração, se criasse também o curso de Serviço Social. Na ocasião foi aprovado, pelo Conselho Diretor da Fearpe, a criação da Faculdade de Ciências Administrativas e Econômicas e ainda a Faculdade de Serviço Social e Saúde tendo em vista o fechamento do curso Normal mantido pelo Colégio Nossa Senhora Aparecida.

Sede própria FOTO PROJETO PREDIO FOTO TEATRO CONSTRUÇÃO A Prefeitura de Caçador havia adquirido da empresa Adami um terreno 8.385 metros, sendo esse doado ao Estado para a construção do grupo escolar Itororó. Mas com o surgimento do ensino superior, pelo terreno ser bem localizado, optou-se por ocupar a área com a Faculdade. “Aí teve uma ação política. O Estado através do promotor público Dr. Taítalo Coelho de Souza, autorizou transferir o terreno para a FEARPE, retornando para o Município, onde foi construída a sede, o começo da instituição”, comenta Ardelino Grando.

Assinou-se um convênio com o Governo do Estado na ordem de Cr$ 6.700.000,00 (seis milhões e setecentos mil cruzeiros) para a construção do prédio próprio. O projeto foi do arquiteto Wilson de Jesus da Silveira da Cunha. O mestre de obras foi Anibal Marçal Santos. Wilson conta que a inspiração para o projeto do prédio da Fearpe veio de sua própria experiência profissional. Ele se formou na antiga Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil, hoje Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio de Janeiro. “Eu já havia trabalhado na UFSC, no Departamento de Engenharia e Arquitetura, depois no ETUSC, escritório Técnico criado por exigência do Ministério da Educação. Acompanhei o andamento das obras desde a fundação até o final. Na época era chefe do Distrito de obras do Departamento Autônomo de Edificações do Estado de Santa Catarina”. Wilson relata que ao analisar o terreno onde seria construída a sede da Faculdade, já mencionou a necessidade de um auditório. “Na análise do terreno sempre argumentei sobre a necessidade de se criar um auditório na esquina de baixo, porque o terreno já era um auditório natural. Só muitos anos depois é que ele foi construído. Projetou-se com estudo de acústica para som direto sem necessidade de equipamento e com sistema de ventilação forçada como ar condicionado natural”. O terreno onde hoje está o Auditório pertencia a João da Luz. A área foi adquirida pela Fearpe na gestão de Reno Caramori. “E iniciamos o processo para o projeto do auditório. Lembro que o Dr. Danilo que era engenheiro se prontificou a fazer o projeto. E foi uma coisa única: um auditório com ventilação natural. Quando saí da presidência o projeto estava pronto. Depois foi construído”, frisa Reno Caramori. O engenheiro responsável pela obra foi Gilberto Seleme.

O empresário, ex-prefeito e ex-presidente da FEARPE Moyses Comazzetto assumiu a presidência da Fearpe em 1973 e ficou até 1977. Ele conta que, em julho de 1976, a parte central do prédio estava pronta. “Na hora de eu deixar a presidência da Fundação, entreguei a obra”. Além de recursos do Governo, também criou-se uma comissão para angariar materiais junto às empresas da cidade para auxiliar na obra do prédio da Faculdade. “Era preciso madeiras, materiais de construção e as empresas ajudaram sim. A Prefeitura pegava os caminhões e transportava os materiais que eram doados para a construção da sede. No primeiro ano, as Prefeituras parceiras doaram seu percentual, mas depois ficou somente a Prefeitura de Caçador, a qual ajudou muito. Era um objetivo comum da comunidade. Foi construído por Caçador, com recursos de Caçador”. Quando assumiu a Prefeitura de Caçador em 1977, Reno Caramori também assumiu a presidência da Fearpe. Junto com o administrador Reovaldo Oltramari, Reno foi responsável pela construção de 27 salas de aula e ainda do ginásio de esportes que foi usado nos Jogos Abertos de 1978.

Primeiro Diretor Executivo da FEARPE O professor José Reovaldo Oltramari foi o primeiro Diretor Executivo da FEARPE. Dom Orlando Dotti foi seu professor na Unijuí de 1968 a 1970. Em 1971, Oltramari foi fazer mestrado em Sociologia Rural na UFRGS e, no final desse ano, pensando na sua tese de Mestrado, recebeu a visita de Dom Orlando e da Irmã Maria Nely Geraldini. “Fui convidado para atuar em Caçador na condição de Diretor Executivo da FEARPE e concluir o projeto iniciado pelo Prof. Raolino Tramontin de aprovação dos cursos e início das atividades da FEARPE. Assim na segunda- feira de Carnaval de 1972, cheguei a Caçador para iniciar minhas atividades. Creio que cheguei até Caçador pelas minhas relações com Dom Orlando e com meu colega de

curso Raolino Tramontin e até por estar à procura de uma atividade ao final do mestrado”. José Reovaldo conta que com relação aos cursos, iniciou-se com Pedagogia e Letras uma vez que apenas 2% dos professores que atuavam na rede de ensino na época tinham curso superior. “Quando cheguei, os documentos e os projetos dos cursos estavam prontos e tramitando. Tive o trabalho inicial de divulgação da FEARPE na região juntamente com Ivo Gomes, funcionário da Prefeitura. Também era preciso ter uma vida independente da Prefeitura, isso porque até aquele momento tudo funcionava via Prefeitura (tesouraria, escrituração, secretaria com funcionários). No início, continuaram a atender já em dependências da FEARPE em sala cedida pela Diocese no térreo do seu prédio”. Outra atividade importante foi a presença junto ao Conselho Estadual de Educação para a aprovação dos cursos. “Quando tínhamos os indicativos de aprovação, iniciamos a operação de uso compartilhado do então colégio Nossa Senhora Aparecida da Congregação das Irmãs de São José. Iniciamos pela biblioteca com doações de livros da comunidade e com a compra de obras básicas necessárias respaldadas pela Prefeitura”. Oltramari destaca, ainda, a dedicação e o trabalho sempre proativo do então Prefeito Ardelino Grando. “Ao mesmo tempo buscamos Professores com as titulações exigidas pelo Conselho e que haviam sido relacionados no projeto. Uma vez aprovados os cursos pelo Conselho, definiu-se a data de Vestibular, se não me engano foi em junho ou julho de 1972, e percorremos todas as escolas da região divulgando os cursos. Feito o Vestibular, nós tínhamos 75 alunos para cada curso (pedagogia e Letras). Era uma conferência por aula”. Como diretor executivo, a atribuição de Oltramari era cuidar da implantação da FEARPE e seus cursos. Cuidar da parte administrativa, financeira, de materiais, de suporte aos cursos. A parte dos cursos,

professores, sala de aula, livros ficava com o Diretor da Faculdade Dom Orlando Dotti e com o Secretário Guerino Bebber. “Eu tinha de dar condições para que os cursos funcionassem”. Entre as realizações que ajudou a construir, José Reovaldo Oltramari destaca: a implantação dos cinco cursos superiores da FEARPE; criação da Escola de 2º Grau com a Direção do Professor Dorvalino Galiotto; doação do Terreno para a construção de prédio próprio e a aquisição dos terrenos contíguos; a captação de recursos junto ao Governo do Estado, a fundo perdido, para a construção do prédio próprio e do auditório; o fortalecimento da pesquisa sobre o Contestado; a construção do Museu do Contestado e do Índio com apoio do professor Nilson Thomé; o apoio a exalunos para cursos de Pós-Graduação e Mestrado; a oferta de cursos de Pós para os professores que iniciaram e a consolidação da FEARPE como a melhor instituição de ensino superior na época e a mais sólida. Além disso, cita ainda o equilíbrio econômico financeiro da instituição com apoio do professor Alexandre Brinker e a qualidade da biblioteca e do ensino oferecida com apoio do professor Euclides Luiz Calloni.

Garantir a oportunidade de estudar Em 1977, junto com a preocupação de ampliar o espaço físico, tendo em vista a demanda de alunos, havia também o trabalho com os processos de reconhecimentos dos cursos da Faculdade e também a busca pelo certificado de entidade filantrópica. “Isso deu muita dor de cabeça. Era difícil essa questão da filantropia. O Governo estava sempre exigindo alguma coisa. Fomos à Brasília muitas vezes. O processo era muito complexo, às vezes até as pessoas em Brasília tinham dificuldade em orientar porque, a cada vez que íamos, faltava alguma coisa. Contratamos advogados de renome para nos ajudar”, relata o presidente da Faculdade na época e prefeito de Caçador, Reno Caramori.

Ciente da necessidade de incentivar os moradores de Caçador e região a fazer um curso superior, Reno decidiu trabalhar para garantir todas as condições, tanto de estrutura como de qualidade acadêmica, quando foi presidente da Fearpe. “Fiz o Contador no Colégio Marista Aurora. Mas não pude sair para fazer uma faculdade. Aqui ainda não tinha. Era o mais velho dos herdeiros e meu pai disse: vai ter que ficar aqui trabalhando para ajudar a empresa. Aí eu trabalhei com mais empenho ainda quando fui presidente da Fearpe para dar oportunidade aos outros”. Acumulando a função de prefeito e de presidente da Faculdade de Caçador, Reno teve que aprender a distribuir o tempo e resolver os problemas que iam surgindo. E não eram poucos. “Meu tempo era dedicado direto para a Prefeitura e para a FEARPE. Na Prefeitura, eu tinha o Celso Marini que foi um grande colaborador. Ele cuidava da parte social do município, das creches e tal. Tinha uma colaboração muito grande na Prefeitura. Na FEARPE tinha o Oltramari. Ele me ligava direto. O Oltramari era muito organizado, levava tudo controlado. E essa organização ajudava no trabalho. Tivemos assim um período bastante trabalhoso, mas valeu a pena”. A situação financeira da Faculdade também era outro grande problema. Para não parar as obras em andamento na Fearpe, buscava materiais no comércio da cidade e pagava quando entrava dinheiro. Reno cita ainda que foi obrigado a tomar atitudes duras na época para garantir o bom funcionamento da instituição. “A situação financeira era penosa. Tínhamos poucos recursos. Fui obrigado a demitir funcionários, professores. Os alunos iam reclamar para mim e eu tinha que tomar alguma providência. Foram atitudes, às vezes, drásticas, mas tudo pelo bem da instituição, do povo, da comunidade”.

Primeiro curso à distância do Brasil

José Reovaldo Oltramari cita que entre as realizações da Fearpe estava à criação do primeiro curso de ensino a distância fora da sede no Brasil entre 1979 e 1980. “Devido a isso, fomos punidos pelo Conselho Estadual de Educação sem direito à explicação e sem oportunidade de mostrar do que se tratava. Um dos nossos Diretores teve de se afastar. Ato ditatorial da época. A lei não previa, mas também não proibia. Hoje é uma realidade pulverizada em todo o país. Era a necessidade de atender as demandas e dar condições aos professores de se qualificarem para mudar o ensino de base”.

Consolidação O professor José Oltramari comenta que seu trabalho se resumiu a consolidar a instituição e implantar cursos além de auxiliar junto às Fundações de Videira, de Joaçaba, de Concórdia para a criação de uma Federação de Fundações. “Juntos teríamos mais força e justificativa para captar recursos para projetos específicos de cada um. Cada um tinha sua contabilidade, sua vida própria. Pagar-se-ia algo para a viabilização da Federação. Era um projeto inovador para a época e estava bem estruturado quase em fase final de aprovação. Logo após minha saída, por ser outro momento e outra época, houve uma ruptura e cada um fez sua Universidade”.

A organização da Universidade O professor mestre João Pedro Carneiro, docente da FEARPE e da UnCCaçador, conta que o professor Raolino Tramontin, que havia sido convidado para montar o processo da Faculdade em Caçador, ficou hospedado na casa do seu pai pelo período de sete meses. “Eu era acadêmico do curso de Letras em União da Vitória, era a única universidade mais perto. Terminei a faculdade em 1974, recebi um convite de dom Orlando para me apresentar na Avenida Santa Catarina, sede da

Fearpe, no colégio Nossa senhora Aparecida. Fui convidado para substituir um professor na disciplina de Latim no curso de Letras. Em março de 1975, comecei minha vida acadêmica como professor”. João Pedro lecionava disciplinas de Filologia Românica e Português. Ele foi sete vezes coordenador do curso de Letras e três vezes coordenador do curso de Administração. “Sempre tive uma vida muito ativa na Fearpe. Ministrei aulas de Latim e Língua Portuguesa. Foram 34 anos como professor. Eu renunciei as minhas disciplinas porque achava que deveria me afastar enquanto estava bem para deixar professores mais novos assumirem essa missão”. João Pedro Carneiro acompanhou de perto o processo de mudança de Fearpe para UnC. “As regiões estavam se mobilizando para se criar a universidade. As lideranças de Caçador e professores da Faculdade, sempre muito ágeis e atentos ao que estava acontecendo, uniram-se juntamente com Joaçaba e Videira. Essas três cidades se mobilizando para ter uma universidade: a Universidade do Meio Oeste Catarinense (FEMOC). Mas entre Caçador e Joaçaba havia sempre uma disputa. Quando Caçador foi escolhida para ser a sede, Joaçaba se afastou do processo e Caçador ficou sozinha. Videira decidiu seguir com Joaçaba. Caçador sozinha não poderia ser Universidade. Precisava de outras fundações junto para ter representatividade. Então, Caçador se aliou com Canoinhas, Concórdia, Curitibanos e Mafra, que aderiu depois”. Era uma necessidade ser Universidade. Havia uma demanda reprimida enorme. Tinha muita gente de toda a região querendo fazer curso superior. “Quando a UnC foi criada, houve uma procura grande por pessoas de certa idade, pessoas já consolidadas na carreira, mas que vieram para a Universidade recém-criada. Muitas que estavam fora voltaram para Caçador. Os caçadorenses jovens que iam para fora, acabaram voltando para Caçador. A universidade contribuiu para o crescimento da cidade com

a criação de empresas, aumento na prestação de serviços e outros tantos benefícios culturais, sociais, econômicos”. O professor João Pedro destaca o orgulho de ter ajudado a formar profissionais que hoje estão dirigindo empresas, organizações, cidades e contribuindo com o desenvolvimento de toda a região. “Caçador pode mudar, as pessoas mudam, vão embora, mas a Universidade fica, permanece, é uma instituição que não tem um dono. Sinto saudades do tempo em que coordenei o curso de Administração com tantos alunos brilhantes”, comenta, citando a primeira Semana do Curso de Administração que foi um evento grandioso. “Foi no Clube Sete de Setembro com festa na igreja Nossa Senhora Rainha. Teve mais de 700 participantes. O evento foi organizado pelo curso de Administração, envolvendo grandes empresas na época e que ainda hoje contribuem. A Semana do Administrador é a raiz do atual SEAD, um grande sucesso”.

Pedagogia: um dos primeiros cursos O Curso de Pedagogia tinha alunos regulares, com sistema de ensino concentrado. O ensino concentrado funcionava em uma semana inteira de estudos, nos três períodos. A grande maioria dos alunos tinha, em média, 30 anos de idade. Nominata da primeira turma de Pedagogia: Antônia de Oliveira Barros Antônia de Oliveira Farias Assunta Ieda Titton Anícia Pfaff Celso Vianna Carmen Chapinotti Carmen Lúcia Lazzari Carmen Lúcia de Araújo Figueiredo

Catarina Besen Cecília José Vicente Doroti Terezinha Sefrin Andres Diva Fabiani Pereira Ernide Contini Elite Sebastiana D´Agostini Fischer Ema Posanske Schinler Emilia Walenza Erica Ernestine Anciutti Faury Boldini Garcie Ilona Elizabeth Ime Liszkiewich Iolanda Ferreira Zart Ione Maria Lenardt Irma Demarchi Jacira Chagas José Emilio Bogoni Laura Rodrigues Colpini Lenita Maria Thomé Leonilda Arlete Busanello Lídia Buseto Zanini Lourena Ribeiro dos Santos Lucile de Costa Maria Helena Pivato Tristão Maria Helena Judacheski Maria Pasquali Maria Pilon Marilene da Costa Duarte Maria Delurdes Sicka Miriam Therezinha Gaviolli

Nathan Hilmar Flor Nelci Comunello Neuza Maria Sachet Nilse Ana Brandalise Rosa Nancy Romão Martins Rita Schultz Pedro Bom Sara Rejane Marins Sirlei Rachel Zardo Casagrande Scheilla Maria Soares Marins Teodorildes Terezinha Colle Terezinha Guedin Fiamoncini Tânia Mary Gomes Bublitz Yvone Liszkiewich

A professora mestre em Educação Scheilla Maria Soares Marins começou a dar aulas com 16 anos. Ela veio para Caçador em 1972 e iniciou um curso superior em União da Vitória junto com outras pessoas de toda a região. “Eu dava aulas no interior e não tinha como ir e voltar. Fiz um semestre e mudei para Caçador. Entrei no curso de Pedagogia da Fearpe no segundo semestre. Para nós foi um marco na vida”. Scheilla comenta, saudosa, sobre os salões do Colégio Nossa Senhora Aparecida repletos de alunos. “Tem alguns fatos marcantes. Lembro com muito carinho dos professores da época. Tinha o professor irmão Pedro que dava aula de História da Educação. Nas salas, que eram bem amplas, tinha dois quadros negros. Quando terminavam as aulas do período da tarde, ele ia antes e quando chegávamos à sala os quadros estavam repletos de textos com aquela letra miudinha. A gente ia copiando e ele explicando e novamente enchendo os quadros com textos”.

Alunos dedicados A advogada Terezinha Nunes Garcia, que está há 37 anos como professora universitária em Caçador, conta que o perfil do aluno era excelente. “Todas as pessoas que não tiveram possibilidade de fazer faculdade fora, quando viram a oportunidade de fazer aqui, vieram. Eram comerciantes, industriais, pessoas de mais idade, pessoas brilhantes. Rui Caramori, José Adami, Gilberto Seleme, Augusto Frâncio foram alguns dos meus alunos”. Terezinha destaca que até hoje o perfil do aluno da Universidade de Caçador é de um batalhador. São pessoas que trabalham durante o dia e estudam à noite. Sempre com muita garra e dedicação. Scheilla Marins destaca que a falta de recursos didáticos na época era compensada com o esforço e dedicação dos alunos. “Para quem começou num primeiro momento naquele salão com todos juntos, mesmo depois de 40 anos, é assustador o desenvolvimento que teve a nossa Universidade. Sempre estive presente, acompanhando cada passo dado. Eu vejo a UNIARP como uma universidade mãe de toda a região. Em função da nossa universidade, por ela ter preparado os professores, outros polos foram frutos de Caçador. Foi uma universidade mãe de toda essa região. Temos pessoas em vários municípios. Lembro-me do discurso que fiz nos 20 anos da universidade no qual citei que foram plantadas sementinhas e agora se vê aquele carvalho firme e forte, comparável à universidade”. Muitos professores das primeiras turmas foram professores na sequência, na Universidade. Scheilla se formou e fez cursos em Florianópolis além de uma pós-graduação realizada em Santa Rosa de Lima. Quando terminou, foi convidada para trabalhar na Universidade, onde ficou como docente por 12 anos atuando com as disciplinas Orientação Vocacional e Gestão Escolar. “E agora voltei para a Universidade, como professora, com aulas de estágio no curso de

Pedagogia. Estou ainda ligada à Universidade. Faço parte do Conselho desde 1992. E estou até hoje. Sempre estive presente”.

A origem do SEAD FOTO Evento consagrado pelo sucesso, o Seminário Regional de Administração (SEAD) é desenvolvido pela Universidade para disseminar teorias e conhecimentos

correntes

relacionados

às

ciências

e práticas

da

Administração entre estudantes das áreas de ciências sociais aplicadas, dirigentes de empresas e lideranças de classe. Palestrantes de renome internacional marcam presença em Caçador e também na versão realizada no núcleo da UNIARP de Fraiburgo. As origens do Seminário remontam à década de 80, com a realização da 1ª Semana do Administrador de Empresas. No evento pioneiro, realizado em 1984, empresas e lojas do município participaram com patrocínio e “cases” de sucesso. O evento foi realizado no salão do Clube Sete de Setembro. O empresário Leonir Tesser, conselheiro da UNIARP, fez parte da turma organizadora do evento que deu origem ao atual SEAD. “O evento teve palestras com os empresários Zeno Bernardi, Victório Ficagna, Valmor Eli, entre outros. Depois, fez-se um churrasco grande para todos os participantes. Lembro que o seu Zeno contou, na palestra, este episódio que arrancou gargalhadas: nos bagageiros dos ônibus, antigamente, via-se de tudo. O pessoal viaja em cima. E alguém colocou um caixão no bagageiro. Começou a chover e uma pessoa, para se abrigar, entrou no caixão. Aí, o ônibus parando e seguindo, subindo mais gente, quando parou de chover e esquentou, a pessoa saiu de dentro do caixão. Foi uma correria só. São histórias como essa que marcam a gente”.

Mudando o estatuto para escolha do presidente O empresário, ex-presidente da UnC-Caçador e conselheiro da UNIARP, Elias Seleme Neto sempre foi uma pessoa atuante na instituição universitária de Caçador, participando de diversas reuniões ainda com Dom Orlando Dotti. Em 1983, ano da grande enchente em Caçador, Elias Seleme foi eleito presidente da FEARPE. A indicação foi feita por Luiz Francisco Faltêncio Paganelli que reconheceu em Elias Seleme sua competência administrativa, independência política e preocupação com a comunidade. Seu mandato foi até 1987. “Até então, o presidente da FEARPE era o Prefeito Municipal. O último prefeito que exerceu a presidência foi Reno Caramori”. Como a Fearpe estava em busca da certificação como entidade filantrópica, foi preciso alterar os estatutos e realizar eleições para escolha do presidente. Consta na ata número 13 de 14 de maio de 1983, que a alteração estatutária foi realizada em 1980 para que a Fearpe pudesse conseguir isenções fiscais e obter a Declaração de Utilidade Pública Federal e o Certificado de Filantropia. Para isso precisou-se desvincular a Faculdade de tudo o que dizia respeito aos poderes públicos federal, estadual e municipal em atendimento aos decretos-leis número 200, de 25 de fevereiro de 1967 e número 900, de 29 de setembro de 1969. “As mudanças foram feitas visando exclusivamente ao bem da Instituição, sem quaisquer segundas intenções haja vista terem sido feitas em época sem características políticas ou outras quaisquer”, consta na Ata. “Era preciso alterar os estatutos e foi alterado com a concordância do Reno (Caramori). O (Onélio) Menta já havia assumido a Prefeitura e ele não concordou com a mudança. Houve a eleição, Menta foi convidado para

ser candidato, mas não aceitou. Fui convidado pelo Oltramari, diretor administrativo e aceitei. Fui candidato único e ganhei a eleição por unanimidade. A FEARPE tinha uma verba garantida pela Prefeitura já quando foi criada, de 2% do orçamento. Isso foi cortado logo depois que fui eleito”, revela Elias Seleme. O empresário, ex-prefeito, ex-presidente da FEARPE e atual conselheiro da UNIARP, Ardelino Grando conta que a FEARPE funcionou durante 10 anos como entidade pública sem maiores problemas. Em seguida, o Conselho Estadual de Educação exigiu que a entidade fosse transformada em privada. “O Conselho anteviu que poderia surgir algum problema político. Aí elegemos a primeira diretoria com a presença de todos os Prefeitos da região e a comunidade. Logo após esse ato realizaram-se eleições em Caçador. Exatamente o que o Conselho previa aconteceu. Era de praxe que sempre o prefeito de Caçador, fosse o presidente da Fundação. O prefeito eleito, não podendo assumir, afastou-se da FEARPE e alguns outros prefeitos também se afastaram. A arrecadação caiu. A gente teve que optar por financiamentos para sobreviver”, comenta Ardelino Grando. “Foi lamentável o que aconteceu. Os estatutos estavam aprovados, registrados junto ao Conselho Estadual de Educação, em Brasília. Precisávamos da Filantropia. Se fôssemos pagar os impostos, ia inviabilizar o trabalho. Por causa dessa mudança que obtivemos a filantropia”, reforça Elias Seleme.

Campanha junto às empresas para manter a Faculdade FOTO INAUGURAÇÃO AUDITORIO Diante do corte da verba municipal, o recém-empossado presidente da FEARPE, Elias Seleme Neto se viu em uma situação bastante complicada. “Foi um choque porque para a sobrevivência da FEARPE era preciso

aquele recurso. Eu entrei e ficamos sem a ajuda da Prefeitura”. A saída foi buscar ajuda junto às empresas de Caçador. “Fiz uma campanha para ter alunos, para ter renda. Comecei pela Viposa. Anunciei que a quem quisesse estudar a empresa bancaria a mensalidade. Procurei diversos amigos da indústria e eles concordaram para manter em pé a Faculdade. Aí atingimos o equilíbrio financeiro, mas nesse modelo”. Entre 1980 e 1983, houve o reconhecimento dos cursos de Ciências, Serviço Social e Administração, além da Habilitação em Supervisão Escolar do curso de Pedagogia. Também, implantaram-se as habilitações de Auxiliar Técnico de Mecânica, Auxiliar Técnico de Eletricidade e Técnico de Enfermagem da escola de Aplicação da Fearpe. Na época, os cursos de Pedagogia e Letras estavam sendo ofertados também nas cidades de Curitibanos e Videira. No segundo semestre de 1978, a Fearpe estava com 358 alunos. No primeiro semestre de 1983, já eram 840 alunos. Em 1988, Elias Seleme deixou a presidência da FEARPE e foi eleito presidente do Conselho Curador. Permaneceu no cargo até 2009. Com a mudança para UNIARP, passou a fazer parte do Conselho. “Foi uma experiência muito positiva. Sempre tive participação em instituições e de forma voluntária. Tenho esse espírito de ajudar de alguma forma. Fui para a FEARPE exclusivamente para ajudar, ciente de que fazia parte também do progresso de Caçador”. “Uma pipoca a mais...” Em 1988, a empresária e ex-presidente da UnC-Caçador, Oneide Olsen foi convidada pelo empresário Elias Seleme Neto para concorrer à presidência da FEARPE. Ela era vice-prefeita de Caçador. “O seu Elias chegou para mim e falou: Você será nossa candidata de consenso na FEARPE. Eu nem consegui discutir. Uma pipoca a mais para quem está cheia de catapora não

faz diferença. Na época o MDB lançou uma candidata para concorrer comigo, a Belézia. Na hora de fazer o meu pronunciamento como candidata, eu falei que poderia auxiliar bastante na FEARPE. Sou de Caçador, convivo com as pessoas politicamente e pedi um voto de confiança. E venci a disputa. Quando vi, já estava assumindo a presidência da Faculdade”. Entre os feitos realizados, Oneide destaca a conclusão das obras do auditório. Ela cita, ainda, um presente especial que a Faculdade ganhou de Jorge Bornhausen: o piano de calda que faz parte do cenário do Auditório até hoje. “Ele deu o piano e um teclado. A Jucenê Busato ajudou muito também. Ganhamos as cadeiras da Prefeitura. Eu sempre fui apaixonada pelo teatro. Coisa linda mesmo”. Outra grande medida que ela destaca e sua gestão foi o início do Colégio de Aplicação. “O Colégio Aparecida estava para fechar. A gente tinha ali o curso primário, aí o Nilson (Thomé, então diretor administrativo da FEARPE) propôs de fazer um colégio junto com a Faculdade. Então, junto com a Rosali Fezer, fui falar com a irmã Josefina que foi minha superiora quando estudei no Colégio Aparecida. Explicamos a situação, a intenção de pegar o colégio e foi feito o comodato conosco. A Irmã disse que se era para mim seria feito. Formei-me em Contabilidade em 1959 e, mesmo depois de tanto tempo, ganhei um voto de confiança”. Oneide Olsen terminou seu mandato em 1992 e foi reeleita. Mas, por motivos pessoais, foi morar em outro Estado e declinou do novo mandato. “Nessas alturas já estávamos com a UnC toda esquematizada. O (Antônio Elizio) Pazetto estava montando o processo da Universidade”.

O projeto Universidade

O Prof. Dr. Antônio Elízio Pazeto relata que seu envolvimento com a educação superior em Caçador, começou a partir de um convite feito pela Direção da Fearpe, em 1978, para atuar como professor no curso de Pedagogia e em programas de extensão. Segundo ele, naquele período, havia poucos cursos em funcionamento, alguns ainda em fase de implantação. A IES buscava ampliar e diversificar suas atividades, melhorar seu quadro de professores e articular-se com os órgãos públicos e com a comunidade regional. Na época havia limitações financeiras, recursos tecnológicos incipientes e quadro de docentes com formação mínima necessária para atender aos requisitos requeridos pelas normas que regiam a educação superior brasileira. “No entanto, tais limitações não impediam que a instituição e seus professores e técnicos atuassem, com afinco e comprometimento, frente aos programas que vinham sendo implantados. A busca por aperfeiçoamento do quadro docente, a ampliação das instalações físicas e técnica constituíam um esforço constante”, comenta. O professor Pazeto detalha como aconteceu o processo da Federação das Faculdades do Médio Oeste Catarinense (FEMOC/UNIMOC). Segundo ele, algumas considerações preliminares fazem-se necessárias, antes de falar da UNIMOC: “A primeira, diz respeito à autorização que a Fearpe e a Secretaria de Estado da Educação, a quem estávamos vinculados, nos concederam para cursar Mestrado na Fundação Getúlio Vargas - Rio de Janeiro, seguido do Doutorado na UFRJ, nos anos de 1984 a 1989. A segunda, refere-se ao reduzido quadro de pessoal disponível para atender ao desafio de iniciar e traçar o projeto de uma universidade, que vinha sendo alimentado naqueles anos. Pareceu-nos que o fato de ter tido a oportunidade de aprofundar estudos em Gestão de Sistemas Educacionais e em Planejamento e Gestão Universitária, numa época em que tais

oportunidades eram pouco acessíveis no país, constituíram fato determinante para que, ao retornar do Rio de Janeiro, fôssemos incumbidos da tarefa de liderar um grupo com o intuito de criar uma nova universidade para a região, aliás, uma tendência nacional muito presente, à época, e a primeira fora da fixa litorânea de Santa Catarina”. Ao retornar do Rio de Janeiro em 1988, ainda que não finalizada a pesquisa

e

apresentação

da

tese de

doutorado



cuja

tarefa,

concomitantemente aos novos trabalhos, teve continuidade e foi finalizada em 1995, discutia-se a criação de uma universidade para o Meio Oeste Catarinense. As IES: Fearpe - Caçador, Femarp - Videira, Fuoc - Joaçaba e Feauc – Concórdia, haviam criado uma Federação para abrigar as Fundações Educacionais, denominada FEMOC, visando à criação de uma universidade denominada UNIMOC. Convidado a coordenar a Comissão Pró-universidade, Pazeto atuou em Caçador e Joaçaba, juntamente com uma comissão regional, produzindo os documentos necessários à apresentação da Carta-Consulta. “Em 1989, em determinada fase do andamento dos trabalhos, coube aos dirigentes das quatro mantenedoras decidir sobre a sede da futura universidade, condição imprescindível para protocolizar o processo junto ao CFE, em Brasília. Procedidas entendimento

sucessivas

reuniões,

conclusivo

sobre

os a

dirigentes sede

da

não

conseguiram

universidade,

muito

provavelmente em decorrência de disputas relacionadas a projeções locais e a interesses político-partidários”. Frente ao impasse, o Conselho Curador da Fuoc decidiu retirar a instituição do processo, tendo sido secundada pela Femarp. “Assim, de forma intempestiva e, literalmente, da noite para o dia, os dirigentes das mantenedoras, tomando a todos de surpresa, desfizeram o projeto FEMOC/UNIMOC, prejudicando o advento do que viria ser a Universidade do Meio Oeste Catarinense”.

O Professor prossegue explicando que o processo de criação da Universidade do Contestado, em estreito atendimento às concepções e normas vigentes que regiam a matéria à época, emergiu do incidente que interrompeu o projeto da UNIMOC. Em decorrência dos exíguos prazos definidos pelo MEC/CFE para protocolizar novos processos de criação de universidade, o grupo remanescente da UNIMOC – Fearpe e Feauc, mobilizou-se, de imediato, e se articulou com a Funploc – Canoinhas, Funorte – Mafra e Feplac – Curitibanos, criando, dessa forma, as bases para a elaboração do projeto da UnC. “Composta a nova Comissão e, tendo sido convidado a continuar na coordenação dos trabalhos, em 28 de março de 1990 criamos a Federação das Fundações Educacionais do Contestado (FENIC) e, em 30 de março do mesmo ano, foi protocolizada no CFE a Carta-Consulta, pleiteando a criação da Universidade do Contestado”, informa. Após visitas da Comissão de Acompanhamento de especialistas designados pelo CFE, entre junho e agosto de 1991, à região, a CartaConsulta foi acolhida e, no mesmo ano, a UnC apresentou o projeto final, obtendo, pelo Parecer CFE 589/91, autorização para implantação de seu projeto. Com a implantação da nova estrutura universitária, em início de 1992, e considerando mudanças na regulamentação jurisdicional da educação superior, a partir de 1993 a UnC passou a ser acompanhada por Comissão designada pelo CEE/SC, visando ao seu reconhecimento, etapa final de oficialização de uma universidade. Em 1994, o CEE/SC solicitou que fosse revisto o status jurídico da mantenedora da UnC. Devido à inconsistência administrativa do regime federativo, a FENIC foi desfeita, sendo criada, em 29 de março de 1994, a Fundação Universidade do Contestado, como a nova mantenedora da UnC, reconhecida pela Lei Municipal 838/94, do Município de Caçador.

Em 1996, após trabalhos conclusivos feitos pela Comissão de Acompanhamento, foi apresentado ao CEE/SC o Relatório Final de Reconhecimento da UnC, cujo Parecer CEE 246/97 reconhecia a mais nova universidade catarinense. Vencidas todas essas etapas, a UnC foi oficialmente instalada em dezembro de 1997. Diante desse quadro, Pazeto elenca fatores relevantes que contribuíram para o êxito da criação e implantação da UnC: Adesão das autoridades públicas, empresariais e comunidades da região em torno da criação da Universidade;

União e busca coletiva por integração

regional e soluções conjuntas; Preponderância de projeto institucional sobre projetos e interesses particulares; Reconhecimento de que conhecimento

e

meritocracia

constituem

vetores

estratégicos

do

desenvolvimento de uma região. “Na nossa participação, por 20 anos, no desenvolvimento da educação superior em Caçador e região, destacamos como fatos marcantes o período compreendido entre 1991 e 1996, sob a supervisão das Comissões de Acompanhamento do CFE e do CEE, pela convivência e aprendizagem intensas, ao promover um projeto regional e a liderar sua implantação. Por último e não menos importante, merece destaque o fato de a UnC ter sido e continuar sendo um dos projetos de integração e desenvolvimento regional mais relevante em sua região de abrangência”, conclui. O assunto “FEMOC” foi discutido na Assembleia Geral da FEARPE no dia 03 de março de 1990. O projeto “Universidade” estava em discussão e envolvia as Fundações de Caçador, Videira, Joaçaba e Concórdia. O professor Antonio Pazetto era membro da Comissão Universidade e explicou na ocasião as vantagens de uma Universidade Regional. Citou

que após muitos anos o Conselho Federal de Educação abriu, a partir de 1989, a possibilidade de transformar fundações em Universidade. Esclareceu, ainda, que a Femoc se apresentava com todas as condições exigidas pelo Conselho Federal para a transformação em uma Universidade e que até o dia 30 de março daquele ano era preciso dar entrada no Conselho a Carta Consulta, ou seja, manifestar a intenção da Femoc de se transformar em Universidade. A questão da sede da futura Universidade e a cessão do patrimônio da Fundação de Caçador foram assuntos amplamente discutidos também nessa Assembleia. Foi ainda aprovada uma resolução para o assunto Femoc. A Assembleia foi presidida por Oneide Olsen, presidente da Fundação, e contou, ainda, com a participação do Diretor Nilson Thomé e do promotor de Justiça Anselmo Jeronimo de Oliveira.

Resolução número 06/1990 (trechos): “1. A Fundação Educacional do Alto Vale do rio do Peixe poderá integrar a futura Fundação Universidade Regional, a ser constituída juntamente pelas Fundações Educacionais do Meio Oeste Catarinense- Femoc. 2. Esta integração poderá se efetivar, por decisão da Assembleia Geral da FEARPE: I – Pelo ato de transformação da Fearpe em Fundação Universidade Regional agregando a si os CIES e recebendo cessões patrimoniais das demais Fundações; II- ou, pela agregação do CIES da Fearpe e pela cessão parcial de patrimônio à fundação que vier a se transformar em Fundação Universidade Regional. 3. Em qualquer um dos casos previstos no item anterior a integração acadêmica incluirá a agregação do Centro Integrado de Ensino Superior da FEARPE à Universidade, que reúne os cursos superiores mantidos por esta Fundação, observando-se a estrutura de administração acadêmica prevista no modelo de estatuto apresentado; ...

4.2. Para fiel cumprimento das disposições contidas nas resoluções desta Assembleia Geral para tomar as providências que se fizerem necessárias e para enfrentar as diversas etapas a ser vencidas, o mandato do presidente a vencer em 09 de maio de 1991 e os mandatos dos membros do Conselho Curador se estenderão até 09 de maio de 1993, cabendo-lhe garantir neste período como legítimo representante maior da FEARPE: a) A efetiva participação do Município de Caçador no projeto como Mantenedor Institucional da Futura Fundação Universidade Regional, com a adoção de subvenção anual, além da sua participação em projetos que garantam o desenvolvimento do Campus de Caçador; b) os benefícios e os resultados positivos previstos para a FEARPE em atenção às expectativas da comunidade de Caçador com esta integração; c) A autonomia de gestão acadêmica, administrativa e patrimonial do campus de Caçador, zelando pela perfeita adoção do modelo multicampi, como prevê o projeto; d) A implantação da nova administração do Campus com a composição da Assembleia, do Conselho de Administração e da Diretoria Geral, através de processo seletivo, como dispõe o modelo de Estatuto; e) A integração de patrimônio da Fearpe à nova Fundação Universidade Regional, conforme decisão desta Assembleia Geral depois de ouvidas as representações dos Município e das Fundações que compõem a Femoc;

Resolução número 07/1990 (trechos) 1. A integração de patrimônio da Fundação Educacional do Alto Vale do Rio do Peixe poderá se efetivar parcial ou totalmente por decisão da Assembleia Geral da FEARPE para a constituição de patrimônio da futura Fundação Universidade Regional: I- Pelo ato de transformação da Fearpe em Fundação Universidade Regional agregando a si os CIES e recebendo cessões patrimoniais das demais Fundações; II- ou, pela agregação do

CIES da FEARPE e pela cessão parcial de patrimônio à fundação que vier a se transformar em Fundação Universidade Regional. 2. A decisão da Assembleia Geral da FEARPE sobre a integração de seu patrimônio em qualquer um dos casos previstos no item anterior dar-se-á somente: I- Depois de ouvidas a Prefeitura Municipal de Caçador, a Câmara Municipal de Vereadores de Caçador e a Associação Comercial e Industrial de Caçador que deverão se expressar sobre o seguinte assunto: II- Após a realização de uma reunião a ser convocada pelo Presidente da Femoc, com a participação direta do Prefeito municipal, do presidente da Câmara Municipal e do Presidente da Associação Comercial e Industrial dos quatro municípios envolvidos, e do Dirigente maior, do Diretor Geral e do Diretor do CIES das quatro fundações envolvidas para a definição de: a) escolha de uma das quatro Fundações Educacionais que por ato de transformação passará a Fundação Universidade Regional em que estiver estabelecida a sede e o foro da Universidade Regional; b) montante de recursos que cada município dispenderá aos seus respectivos campus como subvenções anuais e que o município-sede da Universidade dispenderá adicionalmente à futura Fundação Universidade Regional; c) nome da futura Universidade Regional; d) patrimônios a serem cedidos à futura Fundação

Universidade

Regional

pelas

outras

três

Fundações

Educacionais que a integrarão. 3. Diante das decisões tomadas pelos lídimos representantes da comunidade de Caçador e das quatro comunidades envolvidas esta Assembleia Geral se pronunciará em definitivo. 4. As decisões tomadas conjuntamente na reunião entre os representantes do municípios e das Fundações Educacionais deverão ser respeitadas pela Femoc na elaboração da Carta- Consulta ao Conselho Federal de Educação e na elaboração do Título I do Estatuto da futura Fundação

Universidade Regional da mesma forma como deverão ser respeitadas por esta Assembleia Geral”. O professor Mario Bandiera conta que o processo da Femoc transcorreu muito bem até a hora de definir a sede. “Joaçaba nunca falou, mas, almejava ser a sede. E aí fizemos uma reunião com toda a assembleia. A decisão foi em Videira e os prefeitos votavam também. Na segunda votação, Videira foi convencida a votar em Caçador e Caçador ganhou. Mas ficou aquela situação. Uma guerra, brigas, ciúmes. O Conselho interveio e foi marcada uma reunião em Fraiburgo, mas só deu baixaria. Era um xingando o outro. Foi horrível. Nunca vi nada daquilo”. De acordo com relato do professor Mário Bandiera, nessa ocasião foi sugerida a formação de uma Universidade com outros parceiros: Concórdia, Curitibanos, Mafra e Canoinhas. Assim teve início o projeto UnC. “Joaçaba procurou Chapecó e foi formada a Unoesc. Por isso que no mapa é essa confusão. Essa briga foi boa porque surgiram duas universidades fortes e no mesmo período”. O processo para a criação da UnC teve como base o material já montado para a Unimoc. Fizeram parte da equipe de trabalho do novo processo de Universidade: Guerino Bebber, Antonio Elizio Pazeto, Darci Martinello, Dorvalino Galiotto, Mário Bandiera, Gelson Tesser, Jacir Casagrande, Nilson Thomé, Rosali Fezer Freiberger, Elisete Maria Pedotti, João Carlos Biezus e Edi Antonio Inacio. “Foi tudo aproveitado do processo que estava em andamento. Como era tudo datilografado e o prazo era curto, os nomes foram sendo mudados no processo para ser entregue em Brasília. Foram três dias e duas noites seguidas de trabalho. Pegamos todas as máquinas de datilografia da cidade e as melhores datilógrafas. Foi um trabalho enorme. Era uma tortura para as datilógrafas porque elas não podiam errar. A gente ficava bolando os textos, elas datilografando e o Pazeto coordenando tudo.

No mesmo avião de Curitiba para Brasília, foram os processos das duas universidades: Da UnC e da Unoesc”. A relatora dos dois processos foi a Dra. Zilma Gomes Parente de Barros.

A universidade do Contestado FOTO Para transformar as fundações em uma entidade para manter a Universidade, criou-se no dia 28 de março de 1990, a Federação das Fundações Educacionais do Contestado (FENIC). Dia 10 de maio de 1991, a Assembleia Geral da FEARPE discutiu e aprovou alterações de artigos do Estatuto para ratificar a participação da Fundação de Caçador na Fenic. A FENIC deixou de ser uma federação e se transformou, por recomendação do Conselho Estadual de Educação, na Fundação Universidade do Contestado. A criação da Fundação foi realizada por meio da junção dos interesses de várias Fundações regionais, com o intuito de criar uma Universidade. A Universidade do Contestado foi fundada em 1997, quando houve a união da Fundação Educacional do Alto Vale do Rio do Peixe (FEARPE), em Caçador, Fundação das Escolas do Planalto Catarinense (FUNPLOC), em Canoinhas, Fundação Educacional do Alto Uruguai Catarinense (FEAUC), em Concórdia, Fundação do Planalto Central Catarinense (FEPLAC), em Curitibanos e Fundação Educacional do Norte Catarinense (FUNORTE), em Mafra, em torno de uma única instituição. A UnC foi reconhecida no dia 21 de outubro de 1997 (Parecer 42/97CEE) e instalada oficialmente pelo Governo do Estado em três de dezembro de 1997 (Parecer 246/97-CEE).

Uma Universidade em Caçador

O empresário, ex-presidente da FEARPE /UnC-Caçador e vice-presidente da UNIARP Rui Caramori fez parte da primeira turma do curso de Administração. Ele foi eleito presidente da FEARPE em 1992. “Minha ida para a presidência foi um convite de alguns empresários de Caçador: Dr. Taitalo, Sr. Zeno e disputei a eleição contra o Lucir Christ que acabou abdicando e ficou uma chapa de consenso”. Rui relata, que quando assumiu, a Faculdade passava por muitas dificuldades. Eram cheques sem fundo na praça, professores sem receber salários, evasão grande nos cursos. Havia a necessidade de algo novo. “Tive sorte de que na época em que entrei já se falava em constituir Universidade. O processo transcorreu bem com a união com outras fundações. Entrei com o processo já em andamento. Em 1997, tivemos êxito e fomos reconhecidos como Universidade. Mas não foi nada fácil. A dedicação que tínhamos de ter era muito grande”. Na pauta da Assembleia realizada dia 26 de setembro de 1995, constava a análise e aprovação dos Ordenamentos Jurídicos da Fundação Universidade do Contestado, campus Universitário de Caçador (alteração estatutária da FEARPE). O documento foi resultado do trabalho de uma comissão especial presidida por Nilson Thomé e que contou ainda com assessoria do Dr. Antonio Osvaldo Canci, ex-presidente do Conselho Estadual de Educação que atuou na revisão final. O reconhecimento da UnC aconteceu dia 21 de outubro de 1997. Com a Universidade do Contestado, o número de alunos aumentou consideravelmente. E, na opinião de Rui Caramori, sendo Universidade o modelo administrativo também melhorou. “A partir da UnC melhorou muito. Passamos de mil para quase quatro mil alunos. A antiga FEARPE era administrada por um grupo de pessoas que conhecia muito da área, mas era muito fechado. Não abria para a sociedade”.

Rui foi presidente da FEARPE até 1997 depois foi eleito presidente da Fundação Mantenedora da UnC. Uma das bandeiras levantadas por ele foi a de fixar a sede da Universidade em Caçador. O terreno para a construção da reitoria foi adquirido em nome da FEARPE. “A Fundação entrou com o terreno e os outros ajudaram a construir o prédio”. Além de trabalhar na organização da questão financeira, ir atrás de alunos e de recursos, Rui enfrentou também outras dificuldades. “Eu entendia uma forma de administrar diferente. Que não era o reitor o suprassumo da coisa toda. Eram colocados professores amigos de amigos. Havia sobreposição de salários. Havia pessoas que complicavam muito a administração, pessoas que achavam ser as donas da Universidade. Por outro lado, tive apoio de pessoas fantásticas. Lidar com vaidades era terrível. Quando mexe no bolso das pessoas vem o problema. E aí não se desenvolvia a FEARPE porque não sobravam recursos. Como que íamos construir se não tinha dinheiro? Eu consegui desbaratar esquemas fortes, mas com o apoio de pessoas de peso”. Apesar de tamanha pressão e de dificuldades de toda a ordem, Rui nunca pensou em desistir e dedicou 14 anos de sua vida à Universidade diretamente. “Aprendi a trabalhar em colegiado. Tive um crescimento muito grande até profissionalmente e como pessoa. Aprendi a ver o lado humano das coisas. Trouxemos para Caçador autonomia de criação de novos cursos, ampliações na estrutura, reformas, projeto de criação do colégio, ideia da passarela. Eu adoro a Universidade, mas era muito cobrado pela família. Eu dedicava muito tempo à Universidade e a empresa e a família ficavam de lado. Mas nunca pensei em desistir. Sou guerreiro. Não ganhava nada, mas via como uma coisa a ser feita. Valeu a pena. Caçador teve sucesso. Todos nós tivemos e a Universidade está aí”. O ex-conselheiro da UnC-Caçador e conselheiro da UNIARP, Jayme Vivan trabalhou com o então presidente Rui Caramori em momentos

bastante complicados na Universidade. Presenciou diversas disputas que, hoje, analisando com frieza, acredita terem sido desnecessárias. “Hoje a gente começa a olhar e vê quanta coisa ridícula, quanta disputa pelo status, do eu sou mais importante que o outro. Essa disputa entre o Administrativo e o Acadêmico sempre foi o “calcanhar de Aquiles” na época. Foram situações complicadas. Eu era sempre hostilizado. Na frente se tinha um comportamento, nas costas havia outro. Foram momentos difíceis”.

Criar novos cursos para atrair alunos O empresário Celso Marini foi convidado por Reno Caramori para fazer parte da Universidade e, quando foi eleito presidente, o seu objetivo era fazer a instituição crescer. “Quando entrei havia seis cursos; quando saí, eram 17. O jeito era criar novos cursos para atrair alunos e crescer fisicamente, comprar terrenos, construir, ampliar. Quando saímos tinha salas de aula e espaço para ampliar. No tocante a construções, eu tirava de letra; na parte de cursos, eram envolvidos os professores, diretores e tal. O primeiro curso foi Direito e até hoje é uma referência”. Celso Marini teve dois mandatos à frente da UnC-Caçador. “Firmamos parcerias com a Epagri, Embrapa. Fomos organizando, contratando e foi dando certo. Não foi tudo às mil maravilhas. Tive percalços, enfrentei confusões, mas passamos por cima e fomos em frente”, destaca. O segundo mandato de Celso Marini foi mais de elaboração do quadro de funcionários, organização do prédio da administração, biblioteca e outros setores. “E foi um trabalho bom. Até queria sair em certa ocasião, mas o seu Elias Seleme, presidente do Conselho Curador, veio à minha sala e me convenceu a ficar mais um mandato para ter continuidade tudo o que estava acontecendo. Não teve nem argumento de ficar dois anos. Eram

quatro anos e pronto. Ficava de manhã na empresa e à tarde ia para a Universidade e tocava direto”. Na gestão de Celso Marini, aprovaram-se alterações no Estatuto da Fundação UnC-Caçador com destaque para as ações de Assistência Social: “VI- Prestar atendimento e assessoramento aos beneficiários da assistência social, bem como a defesa e garantia de seus direitos, promovendo ações de assistência social e educacional beneficente a menores, idosos, excepcionais, deficientes ou pessoas carentes”. (Ata número 26 de 13 de agosto de 1998). Além disso, foi reforçou-se a questão do acompanhamento contábil. “Artigo 42: Parágrafo único: A UnC-Caçador terá acompanhamento contábil-financeiro auditado por auditor independente, legalmente habilitado junto ao Conselho Regional de Contabilidade”.

Problemas a serem superados Em 2006, quando assumiu o mandato como vice-presidente da UnCCaçador, a convite de Luiz Eugênio Rossa Beltrami, o empresário Augusto Frâncio estava determinado a contribuir da melhor forma com a instituição. No entanto, surpreendeu-se com o que encontrou. “Não existia controle de coisa alguma, sem informação da contabilidade, sistemas antigos e eu me lembro do que eu disse: mas que coisa incrível uma universidade com cursos de administração, sem administração nenhuma para ela mesma. Isso é surpreendente”. Augusto Frâncio relata que foram 40 dias de reuniões e discussões até se tomar ciência da situação. “Achamos cheques dentro de livros, aguardando para serem lançados. Cheques esquecidos. Ninguém sabia quem mandava. As matrículas não funcionavam, filas e mais filas. Era um verdadeiro caos”.

A primeira medida da diretoria administrativa do campus foi dividir as tarefas e resolver os problemas pouco a pouco. A ação inicial e de maior impacto foi o controle de custos. “Havia despesas de todo lado. Todo mundo comprava tudo e sem administração centralizada”. “Não consigo compreender como os líderes interessados pela UnC não conseguiam atinar que o que estava sendo feito era para o interesse da universidade. Estavam em guerra porque queríamos que parássemos de fazer a coisa certa para fazer a coisa errada. Consideravam que a gente era um perigo”, destaca Frâncio. O professor Moacir José Salamoni começou sua história com a instituição ainda na FEARPE em 1983 como aluno do curso de Administração. Em 1987, fez o curso de Ciências Contábeis. Em 1990, começou a lecionar em várias disciplinas nos cursos de Administração e Ciências Contábeis. Em 2006, foi convidado a fazer parte da diretoria administrativa da UnC-Caçador, e atualmente (2013), exerce o cargo de diretor geral financeiro da UNIARP. Foi o primeiro reitor da UNIARP logo quando da sua criação em 2009. Em 2010, assumiu como reitor o professor pós-Dr. Adelcio Machado dos Santos. Moacir Salamoni conta que em 2006, quando se preparava para sair em definitivo da Universidade e já com várias responsabilidades assumidas na empresa da família, os integrantes da diretoria recém-empossada: Luiz Eugênio Rossa Beltrami, Augusto Frâncio, Gilberto Seleme e Renato Marins foram conversar com o seu tio Reinaldo Salamoni para permitir que Moacir assumisse uma função na parte financeira da Universidade. “Achei até que era uma brincadeira. Eu sabia que seria difícil conciliar o trabalho na empresa com trabalho na Universidade, mas a insistência de quem me convidou foi maior. Então, tendo a concordância do meu pai e do meu tio, acabei vindo para a função. Mas, quando assumi, encontrei uma situação bem pior do que eu imaginava”, destaca.

“O ano de 2006 foi um divisor de águas na minha vida. Fui criado trabalhando junto em família num sistema onde se preza muito por organização,

responsabilidade,

compromisso

e

percebia

que

na

Universidade muitas coisas não eram da maneira como eu aprendi e muito menos de acordo com o que eu ensinava em sala de aula. Tínhamos a formação de mão de obra específica de gestão e não tínhamos as pessoas dessa formação de gestão ajudando a própria instituição”. Quando então assumiu a parte financeira da Universidade, Moacir contou com uma equipe de professores em um trabalho definido por ele mesmo como faraônica. “A situação em que se encontrava o campus na época era assustadora. Havia dívidas, desestruturação administrativa, havia no momento em que chegamos a saída maior de recursos do que entrada. E o problema se agravava mês a mês. Foi necessário tomar medidas amargas naquele momento para preservar a instituição. E, nesse afã, acho até que podemos ter cometido alguns erros em se tratando de pessoas. Infelizmente, a parte que mais me marcou negativamente foi quando tivemos que mexer com pessoas. Eu conhecia a história de cada um, tinha amizade com cada um aqui dentro, mas houve a necessidade de mudança. Em alguns casos é possível que possamos ter cometido alguns erros”.

O sistema de gestão Quando a nova diretoria assumiu a UnC-Caçador em 2006, nenhum dos membros tinha mais informações além das repassadas via balanços sociais ou através dos jornais. Teoricamente, a Universidade estava enfrentando alguns problemas de ordem financeira, mas como todas as outras instituições de ensino do país. Nada fora do comum. “Ninguém sabia o que se passava na universidade. O conhecimento que tínhamos era que as universidades estavam endividadas. Sempre tinha déficit. Quando recebíamos relatórios,

esses não eram preocupantes... porque não eram reais. Era tudo uma maravilha”, comenta Luiz Eugênio Rossa Beltrami, diretor presidente da UnC-Caçador (2006-2009). “Mas todo mundo suspeitava que tivesse algo errado, mas ninguém sabia de fato. Nem os presidentes anteriores. Os estatutos deixavam os presidentes com as mãos amarradas. Os setores Administrativo e acadêmico corriam paralelamente e isso é complicado. Não se tinha acesso às informações como hoje se têm”. Logo que se deparou com a situação de falta de informações e até de dados imprecisos, o então vice-diretor presidente da UnC-Caçador Augusto Frâncio sugeriu a implantação de um sistema de gerenciamento informatizado. Ele já conhecia sistemas semelhantes, até utilizando em sua própria empresa. Logo nas primeiras reuniões entre administrativo e acadêmico, a questão do sistema foi motivo de briga. Até que Caçador encontrou um sistema diferente do que foi implantado pela UnC. Um sistema melhor e mais barato. “Fomos falar com o Reitor da UnC sobre o sistema. Eu disse: soubemos que a universidade vai comprar um sistema e nós estamos vendo outro. Ele disse: já foi decidido com a Diretoria do campus. Já está aprovado. Aí o Beltrami falou: então mostre minha assinatura. E já começou a rusga por ali. Foi se elevando o nível de discussão, quase em nível de agressão. Até que eu sugeri apresentar um sistema melhor e mais barato e eles concordaram em aguardar por um período de 30 dias antes de fechar a compra”. No entanto, quando seria apresentado o relatório com a sugestão de um sistema alternativo para ser analisado por todos, Caçador soube que a UnC já havia comprado o sistema. Toda aquela discussão não valeu de nada. “Foi um prejuízo para a instituição. Ficou um mal estar incrível”.

Caçador comprou um sistema próprio e teve início à implantação envolvendo todas as partes: diretoria acadêmica, professores, gestores e outros. “Eu não queria que acontecesse nenhuma queima de vaidades. Aqui a universidade está acima de tudo. Eu esperava com isso que todos passassem a colaborar na sua implantação, mas foi muito mais difícil porque a outra parte, a acadêmica, inventou dificuldades. Tivemos que partir para outras ações de fato para fazer funcionar”. Se houvesse entendimento e o Sistema tivesse sido adquirido pela Reitoria para os cinco campi, o investimento teria sido muito menor.

Unificação Quando assumiu a então 25ª Promotoria que atuava em âmbito estadual na área de Fundações e Terceiro Setor, o promotor de justiça Aor Steffens de Miranda procurou se informar quanto aos problemas mais graves e que demandavam pronto atendimento. Uma das primeiras situações encontradas envolvia justamente as fundações educacionais. “Fui informado de um caso no qual existiam seis fundações. Uma era a mantenedora dos cursos, tinha a responsabilidade pelos cursos junto ao MEC e as outras executavam os cursos em uma situação completamente irregular. Não existia outra situação parecida aqui. Eu temia que o Conselho Federal de Educação mandasse encerrar tudo”. Por ter trabalhado em promotorias em outras regiões do Estado, Aor Steffens de Miranda conhecia a realidade e a importância das fundações educacionais para as populações locais. “A existência dessas fundações é importante para a difusão do conhecimento, para a estruturação de centros, para o desenvolvimento das cidades, para as pessoas abrirem seus horizontes. Mas fiquei preocupado porque daquele jeito que estava uma grande região do Estado corria um risco muito sério. Da forma como havia sido solucionado o problema, estava errado”.

Aor Steffens de Miranda comenta que no processo de criação da Universidade do Contestado não houve a extinção das fundações de origem. Houve a criação de uma fundação pelas fundações. “No caso a Reitoria que passou a ser a mantenedora e foi criada sem patrimônio. A única função dela era ser reitoria e ter a mantença de todos os cursos, mas não executava nenhum. Aí novos cursos começaram a ser credenciados direto na reitoria, mas executados pelas outras entidades e dessa terceirização o MEC não tinha conhecimento oficial. Por isso que ficou”. E aqui o promotor Aor abre um parêntese para explicar uma situação especial de Santa Catarina: a força do Conselho Estadual de Educação. “No Brasil inteiro só existiam dois conselhos estaduais que eram fortes: MG e SC. Para beneficiar esses dois Conselhos, em razão de sua força política, colocaram-se na Constituição que eles ficariam com poder de gestão dos cursos vinculados a eles. Mas o Conselho de MG não resistiu. E agora o único Conselho Estadual que preserva seu poder de autorizar cursos, credenciar, determinar, que tem poder de gestão mesmo, é o Conselho de Santa Catarina”. O promotor Aor destaca que a situação da Universidade do Contestado era a única específica nesse formato. Ele cita ainda a exceção na qual as Fundações conseguiram na Constituição Federal. “Em razão da existência dessas fundações, específicas do formato que existia em Santa Catarina tem uma norma que ficou estabelecida. A Constituição diz que o ensino público é gratuito. Mas no caso de Santa Catarina é ensino pago e público nas Fundações criadas pelos municípios”.

Constituição Federal - CF - 1988 Título IX Das Disposições Constitucionais Gerais

Art. 242 - O princípio do Art. 206, IV, não se aplica às instituições educacionais oficiais criadas por lei estadual ou municipal e existentes na data da promulgação desta Constituição, que não sejam total ou preponderantemente mantidas com recursos públicos. obs.dji.grau.1: Art. 206, IV, Educação - CF

Art. 206 - O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: (Alterado pela EC-000.019-1998) IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

Quando se criou a Reitoria, também criou-se um problema. Nas instituições criadas depois da promulgação da Constituição, ou seja, depois de 1988, o ensino é público e gratuito. No caso, não se poderiam cobrar mensalidades. “Estavam irregulares os cursos, estava irregular a instituição. Criou-se a instituição depois da Constituição, fora da exclusão criada para garantir o que já se tinha. Foi uma solução para aquele momento que atendeu a todos”.

A primeira reunião com o Ministério Público FOTO Dia 20 de fevereiro de 2009 foi realizada a primeira reunião para deflagrar o processo de unificação e reuniu dirigentes das seis Fundações, Ministério Público e Conselho Estadual de Educação. Na ocasião, todo o possível cenário que se desenhava pela frente foi exposto de forma clara e contundente. Na reunião foi discutida a necessidade da regularização jurídica das Fundações Instituidoras da Universidade do Contestado (UnC). O problema estava no fato de alguns cursos estarem registrados sob o CNPJ da Reitoria e os demais campi possuírem outra configuração jurídica.

A situação era contrária às determinações do Código Civil Brasileiro e, por isso, gerava riscos para a continuidade da Universidade. Então, o Ministério Público exigiu uma solução. “Era um problema. Estava sendo cobrada mensalidade e não podia. Existia o risco de perder a titulação dos cursos obtidos até aquele momento. Então eu falei: ou separa ou junta. Daqui a um mês quero uma resposta. Se não for tomada nenhuma decisão, eu vou tomar. Não vou continuar levando para frente um problema já histórico”. Mas vários questionamentos surgiram no processo: Para separar será preciso extinguir a reitoria e o que vai acontecer com os cursos? Se voltar os cursos da mantenedora antiga como ficam os novos cursos? Se extinguir as fundações e mantiver uma anterior à Constituição? E se ficar a Reitoria? Daí teria que ter Ensino público e gratuito. Mas como manter isso? E se houver a separação? E desde o início era visível as diferenças de posicionamento entre Canoinhas e Caçador. Eram posições divergentes e ocorriam embates épicos nas reuniões. “Sempre procurei fazer as coisas da maneira mais democrática e me coloquei sempre como mediador”. Aor salienta que, naquele momento, analisando em perspectiva, ninguém sabia como tudo ia terminar. Mas um mês depois da primeira reunião, o Promotor foi informado de que as instituições iam se unir. Na ata n° 38 da Fundação Universidade do Contestado campus de Caçador: Assembleia Geral Extraordinária, Reunião do Conselho Diretor e Reunião do Conselho Curador, realizadas dia 27 de março de 2009, aprovou-se por unanimidade, o início do processo de unificação “para ao final, após detalhamento desse processo, decidir em definitivo pela unificação”.

O então diretor presidente da UnC-Caçador Luiz Eugênio Rossa Beltrami ficou designado como representante nas reuniões convocadas pelo Ministério Público. “Não consigo fazer reunião para marcar outra reunião. Então, se a decisão era se unir, propus uma agenda de trabalho. Teria que ser feito um estatuto novo. O antigo estatuto não estava adaptado à fundação, não permitia possiblidades de se qualificar como entidade para convênios e outras situações. Era preciso montar um estatuto mais moderno, escolher uma entidade para sobreviver, realizar uma auditoria e ver a situação de cada uma”, relata dr. Aor. As reuniões contavam com a participação da Acafe e o Conselho Estadual de Educação também tinha conhecimento do que estava acontecendo além do Ministério Público do Trabalho. E, entre uma discussão e outra, foi sendo construído o estatuto da nova instituição. “Existia a preocupação com a saúde financeira, com viabilidade das instituições. Era preciso colocar amarras financeiras dentro do estatuto para garantir o futuro das instituições além de modernizar o estatuto para deixá-lo preparado para outras possibilidades. A discussão andou durante quase um ano”. E os atritos eram constantes. “Esses atritos serviram para solidificar o conhecimento das instituições sobre elas mesmas. Os dirigentes nunca haviam se sentado na mesma mesa como aconteceu naquele momento”.

Será melhor mesmo unificar? Foi um trabalho longo, complexo e inédito. Então, quase no seu final, Caçador decidiu levar a discussão para o Conselho e analisar melhor a possível situação. Teve início um processo local de discussão e de questionamento: será melhor mesmo unificar? “Aí se criou o impasse. Quer sair, pode sair. Eu entendia que se saísse teria o risco de perder os cursos, talvez ficar com

os cursos criados antes. Mas o processo continuou. A decisão é da instituição. Não tenho nada contra quem ficar ou sair. Quero que funcione. Quero que tudo dê certo. E não foi um trabalho perdido. Toda a discussão até aquele momento foi válida. Seria tudo aproveitado no estatuto da instituição de Caçador inclusive”, comenta Aor. Caçador começou a discutir a forma como estava sendo proposta a unificação. “Nesse momento colocamos alguns parâmetros e em primeiro lugar veio o objetivo social. Nossa grande bandeira. A universidade foi criada para melhorar a situação sócio-econômica-cultural da nossa região. Tínhamos que dar continuidade a isso de uma maneira real. E os outros campi tinham objetivos diversos”, relata Luiz Eugênio Rossa Beltrami, expresidente da UnC-Caçador e conselheiro da UNIARP. Ele destaca que a decisão de analisar melhor a questão e decidir pela não unificação resgatou o idealismo dos fundadores da instituição. “Isso foi fundamental. Como que uma diretoria composta por cinco pessoas conseguiu fazer aquela reviravolta? Tudo e todos estavam contra, com base em informações falsas, mentirosas. Foi pelo fato de termos colocado parâmetros verdadeiros. Por mais difícil que seja a verdade, ela sempre aparece. Os anseios da comunidade foram respeitados em sua essência”.

Outubro negro FOTO O ano de 2009 foi um dos mais conturbados da história do ensino superior em Caçador. O assunto unificação dominava todas as rodas de conversas na cidade e, é claro, na Universidade. Mas foi no mês de outubro que o assunto ficou mais intenso. Reuniões aconteciam quase que diariamente entre a Diretoria administrativa da Universidade de Caçador, entre dirigentes acadêmicos

locais e regionais e entre os outros campi. Além de manifestações de toda a ordem. Existiam duas correntes em Caçador: uma que defendia a unificação sem qualquer contestação, integrada por professores e dirigentes acadêmicos de Caçador e dos outros campi. E outra frente integrada por dirigentes administrativos de Caçador, membros dos Conselhos e representantes da comunidade local. Um lado defendia a união em definitivo para garantir a força e a capacidade de atuação como Universidade. Já outro defendia a permanência da comunidade no poder decisório, além da preocupação com o patrimônio e das ações sociais. Foram dias de muita tensão. Os alunos foram para as ruas defender a unificação, junto com professores, funcionários e dirigentes acadêmicos, mas nem todos tinham conhecimento real de toda a situação, de como tudo ia funcionar depois da unificação. Nenhum dos lados sabia naquele momento, em outubro de 2009, como tudo realmente ia terminar. O que aconteceria com a Universidade de Caçador? Com os cursos? Com os professores? Com os projetos em andamento? Era muito barulho, muita especulação, muitas emoções aflorando de ambos os lados e embates homéricos. “Tivemos muitas reuniões com a diretoria, muitas reuniões na Reitoria, com o reitor na época e presidentes dos outros campi, e a conversa era sempre a mesma, mês após mês, anos após ano, Caçador era sempre voto vencido. O Dr. Aor tinha esperança de que a coisa andasse pelo bom caminho. Mas éramos sempre voto vencido, não tinha diálogo. Não tinha troca de ideias, conversações. Queríamos que as coisas fossem elencadas de maneira justa, mas não havia interesse nisso”, relata Beltrami.

Entrando em uma guerra

O ex-vice-presidente da UnC-Caçador Augusto Frâncio, com sua personalidade forte e autêntica, ao ser informado da situação de Caçador perante os demais campi na questão da unificação, de pronto se preparou para entrar em uma guerra. “Caçador não vai entregar o patrimônio para pagar dívidas de outros. Isso não. Porque, apesar das dificuldades, éramos o campus mais saudável financeiramente. Aí começaram os panfletos, desaforos, meses e meses de conflitos”, resume. O empresário Leonir Tesser, então diretor financeiro da UnCCaçador na época, comenta que aconteceram dois eventos que mexeram com o brio do grupo: uma publicação no jornal criticando o trabalho que estava sendo realizado pela Diretoria Administrativa e uma assembleia no Teatro com os alunos da Universidade. “Foi algo orquestrado para não deixar o nosso lado se manifestar. Ali eles perderam a guerra”. A assembleia com os alunos foi realizada dia 05 de outubro de 2009. Alunos, professores e funcionários, munidos de megafones, cartazes e palavras de ordem se reuniram no teatro para discutir a unificação. A intenção do ato era ouvir as duas partes do episódio: a direção administrativa e a direção acadêmica da UnC-Caçador em um diálogo democrático. No entanto, o que se viu naquela noite foi uma aula de desrespeito. Somente uma parte falava e era ouvida. A outra foi vaiada o tempo todo. “Já era algo orquestrado para nos humilhar. Vaias e vaias. Isso não se faz com ninguém”. O professor Moacir José Salamoni destaca o fato de que assim que a situação na Universidade começou a ser organizada, teve início o processo de unificação. “Nem bem chegamos para tomar ciência da situação caótica, veio o processo de unificação. Veio tudo meio junto. Nesse momento, vendeu-se aquela imagem de que unificar era melhor, mas não se explicou

quais as implicações que se teria. Nunca fomos contra a unificação. Nós não concordávamos com a maneira como estava sendo proposta”, afirma. A grande preocupação da diretoria administrativa da UnC-Caçador era proteger o patrimônio da instituição, patrimônio esse que foi construído ao longo de 40 anos e que contou com a colaboração de toda a comunidade. “Cada presidente deixou a sua contribuição aqui. E como que num toque de caneta, íamos transferir o patrimônio para Mafra? Que segurança se tinha naquela época que seria mantido o ensino superior em Caçador? O que a história ia cobrar dessa diretoria futuramente se tivéssemos feito a doação do patrimônio e não desse certo? Nesse momento tive a convicção: Não podemos fazer isso”, declara Moacir.

Várias frentes de batalha Foi com o espírito de ajudar e de melhorar a educação superior na região de Caçador que o empresário Gilberto Seleme aceitou a missão de integrar a nova diretoria da UnC-Caçador em 2006. Antes, em 1980, Gilberto foi indicado pela Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Caçador (Adeac) como o engenheiro responsável pela obra do auditório da Universidade. Ele aceitou o trabalho, mas, não a sua remuneração, revertendo-a para a Universidade para a aquisição de livros para a Biblioteca Comendador Primo Tedesco. “Acredito que toda a pessoa que escolhe uma comunidade para viver deve retribuir de alguma forma para essa comunidade. Deve doar alguma parte do seu tempo e do seu potencial. Meu pai sempre dedicou uma parte do seu tempo, de sua capacidade em prol da comunidade. Não vou dizer que já fiz meu trabalho, mas sempre fui muito participativo. Quando existe algo que vejo que posso contribuir para o bem da comunidade, eu participo sim”. Além da formação como engenheiro civil, Seleme também se formou no curso de Administração na FEARPE. Depois foi indicado para o

Conselho da Universidade como representante da comunidade e passou por várias diretorias. “Era uma participação mais comedida. A não ser na obra do auditório, eu ía na Universidade somente quando era convocado. Mas, em 2006, houve uma mudança. Recebi o convite para participar da diretoria da Universidade, com o (Luiz Eugênio) Beltrami de presidente, o (Augusto) Frâncio de vice, o Renato Marins como tesoureiro e eu como Secretário”, relata. Gilberto avalia que a gestão da qual fez parte foi diferente por ser mais participativa. O Presidente na ocasião delegou para toda sua diretoria os rumos da Universidade. Mas foi neste mesmo período que veio à tona a questão da unificação. Sendo empresário e integrante do Sistema Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) como vice-presidente regional, Gilberto foi incumbido de fazer as ações externas junto ao Ministério da Educação (MEC) em Brasília e também em Florianópolis. Ele conta que no início havia dúvidas de toda a ordem em torno da unificação. Ouvir que unificar era a única alternativa não foi suficiente para ele. “A grande certeza eu tive quando vi os balanços patrimoniais das outras Universidades e a ideia dos seus dirigentes: eram balanços negativos e não queriam a filantropia, não dividiam decisões com a sociedade. Aqui sempre dividíamos com a sociedade, sem interesses pessoais”. Gilberto Seleme destaca ainda que pela realidade da nossa região, uma universidade sem filantropia, sem ações sociais, seria um contrassenso. A partir da convicção que seria melhor para Caçador seguir com a Universidade em caminho solo, Seleme iniciou as tratativas. Com apoio irrestrito da Fiesc e de uma assessoria jurídica altamente qualificada, partiu para a batalha. “Tenho que agradecer o empenho do Dr. Carlos Kurtz diretor jurídico da Fiesc e toda a sua equipe, além é claro do presidente da

Fiesc na época Alcantaro Corrêa que deu todo o respaldo necessário na questão. O know-how da Fiesc na área educacional, através do Senai foi muito importante”. Já em Caçador, Gilberto e a diretoria da Universidade contavam com outro grande parceiro na batalha: a Associação Empresarial (Acic). Em Brasília, Gilberto obteve pareceres dos melhores juristas na área da educação e também pareceres de grandes escritórios de advocacia na parte empresarial. “Tínhamos que ter a segurança jurídica e administrativa de que era o caminho certo porque havia muito zunzunzum, havia maldade, ignorância de pessoas que falavam, não com a razão, mas com a emoção. Havia pouca gente a favor, mas, com grande responsabilidade para com o desenvolvimento de Caçador e de outro lado havia uma grande massa contrária que não sabia o que estava falando”.

Desistir? Nem pensar! Foram meses turbulentos. Reuniões quase todos os dias, viagens à Brasília, Florianópolis, Porto Alegre e Curitiba. Afirmações infundadas vinham de todos os lados e minavam a cabeça de alunos, professores, funcionários e da própria comunidade. No entanto, em nenhum momento Gilberto Seleme pensou em desistir. “Muitos companheiros quase jogaram a toalha. Perguntavam-se: por que estamos sendo humilhados, trancados em salas, aguentando desaforos, ameaças? Que interesse temos nisso? Mas, eu disse sempre: temos um ideal e temos que defender a educação superior em Caçador”, comenta Seleme. Ele próprio, em determinado momento, acabou sendo cobrado pela família e pelos amigos. “Eu disse que tinha que fazer porque era o melhor para Caçador”.

A questão da filantropia

No Brasil, a concessão de isenções fiscais a instituições de ensino, hospitais e entidades assistenciais deve cumprir os requisitos previstos na legislação criada em 1991. Ou seja, beneficiar quem, de fato, precisa ser beneficiado. No caso da Universidade de Caçador, durante muito tempo, a filantropia era aplicada na forma de descontos nos valores dos cursos e para todos os alunos, independente das condições sociais e financeiras. Foi a maneira encontrada para tentar manter a instituição como filantrópica, mas o modelo praticado era equivocado. A partir de 2006, o modelo foi alterado. Implantou-se um departamento de Assistência Social para a triagem dos alunos comprovadamente carentes e concedidas bolsas de estudos parciais e integrais. Para cada 10 alunos pagantes, um recebia bolsa 100%. Assim, Caçador foi trabalhando a questão da dívida milionária com a Previdência Social. “No momento da discussão da unificação, já estava implantada a assistência social de um modo diferente. De modo real, com um departamento próprio, com análise da carência, tudo de acordo com as normas legais para que pudéssemos ter a legitimidade da defesa do INSS e dos impostos federais. E, hoje, somos uma das únicas instituições de Santa Catarina que tem a CND, ficha limpa perante o INSS e perante a receita federal”. “O pessoal dizia que era mais barato pagar o INSS do que ser filantrópico. Era mais barato sim, mas o dinheiro ia para o governo federal e quando que ia retornar para cá? A Assistência Social, como fazemos hoje, custa bem mais do que se pagássemos o INSS patronal da folha de pagamento, mas sabemos que o benefício é direto para a pessoa daqui, para o morador de Caçador e região”, destaca Moacir Salamoni. O então diretor tesoureiro da UnC-Caçador Leonir Tesser conta que tomou um grande susto quando soube que a dívida da Universidade com a Previdência estava na casa dos milhões. “Mas o problema tinha que ser resolvido. Traçamos como meta resolver a questão, não deixar mais se

arrastar e resolver aquilo de uma forma legal e não comprometendo o patrimônio. Foi um grande trabalho e tivemos êxito porque sempre usamos de transparência total e absoluta”, relata. Moacir e Leonir destacam o imenso trabalho realizado pela assessoria jurídica da Universidade. Para a diretoria havia a boa vontade em resolver os problemas, mas era necessário também conhecimento jurídico. “Conseguimos ser bem assessorados. Com conhecimento, passo a passo fomos vencendo batalhas. O que deixou a gente em uma condição privilegiada”.

Tudo ao mesmo tempo Em 2006, teve início uma crise nunca antes vista no mercado de madeira e papel, afetando a produção madeireira em toda a América Latina. Em apenas um ano, o consumo de madeira caiu 7% nos Estados Unidos devido o colapso no mercado imobiliário. Os impactos no setor da madeira foram sentidos imediatamente, inclusive em Caçador. Na mesma época, empresários do ramo da madeira, integrantes da Diretoria Administrativa da Universidade se preparavam para enfrentar uma guerra. “Por sorte a gente pegou um grupo coeso - não vai existir outro grupo que pense da mesma forma- todos unidos, sem discórdias. Realmente até hoje fico admirado de como a gente conseguiu fazer aquele grupo pensar com as mesmas ideias. Somente cinco lutando contra um batalhão e lutando pelo o que era certo” destaca Leonir Tesser. “Houve momentos de abatimento. Era muita mentira. E todos nós enfrentando problemas nas empresas. Foi tudo ao mesmo tempo”.

Medicina em Caçador? A queda de braço entre a Direção Administrativa e a Acadêmica era tão forte que até um grande projeto pode ter sido abortado em razão disso.

“Estávamos a um passo bem pequeno de criar o curso de medicina em Caçador. Estava tudo bem encaminhado e o vestibular seria ali em 2006 ou 2007. Mas para ir contra nossa diretoria, não foi dada sequência nisso. Era nosso grande objetivo, um curso como esse muda toda a cidade, muda toda a região. Estava tudo alinhado para fazer, mas o projeto foi abortado e hoje a gente sabe que é muito mais difícil”, comenta Leonir Tesser. A possibilidade da criação do curso de Medicina em Caçador foi aventada anos antes, em 2005. Consta na ata número 33 de 26 de abril de 2005, a preocupação da Universidade em investir em cursos na área da saúde. A proposta da implantação do curso de Medicina na UnC-Caçador foi aprovada na ocasião pelo Conselho Diretor, Conselho Curador e Assembleia.

Reunião na Acic FOTO Dia 05 de outubro de 2009, realizou-se no auditório da Associação Empresarial de Caçador (Acic), uma reunião com empresários, membros da diretoria executiva da então UnC-Caçador e vários integrantes da comunidade. Na reunião, estava presente a assessoria jurídica da instituição de Caçador e também a advogada Sandra Marangoni, especialista em assessoria em educação. O objetivo da reunião foi discutir a situação de Caçador caso se optasse pela separação da Universidade do Contestado em relação aos cursos em andamento. O empresário, ex-presidente da Associação Empresarial de Caçador e conselheiro da UNIARP, Auri Marcel Baú destaca que essa reunião foi determinante para o futuro da instituição caçadorense. “Foi um momento onde se discutiu se é interessante unificar ou não. O que é melhor para Caçador? Feita a reunião, de lá saímos em bloco decididos: queremos a

universidade em Caçador. Da forma unificada não vai servir. Não teremos uma universidade forte em Caçador. A Reitoria nem ficaria em Caçador. Isso nos levou a tomar a decisão: queremos ser os senhores do nosso destino. Foi uma soma para a Universidade, fortaleceu o processo”. O empresário, ex-conselheiro da UnC-Caçador e conselheiro da UNIARP, Jayme Vivan declara que foi na reunião realizada na Acic que ele entendeu a situação em torno da unificação e saiu de lá convicto. “A reunião que aconteceu na Acic foi muito esclarecedora. Eu já optei ali, naquele dia, e tomei a decisão porque eu entendi o que se buscava, o que se queria. Eu tenho um entendimento bairrista: se é para ser universidade tem que ficar aqui. Era um entendimento como cidadão. Essa última briga eu passaria de novo. Há umas brigas lá atrás que hoje eu pensaria de novo se valeria a pena entrar nela ou não”. O engenheiro Gilberto Seleme, presidente da Uniarp salienta que a reunião na Acic convenceu tecnicamente todos os conselhos e formadores de opinião de que não haveria prejuízos se a opção fosse pela separação. “A reunião contou com a presença de juristas das áreas empresarial e educacional e isso deu segurança para decidir o que seria melhor para Caçador”.

Release produzido pela assessoria de imprensa da UnC-Caçador e divulgado dia 05 de outubro de 2009:

Entenda o que está acontecendo na UnC-Caçador “A UnC-Caçador terá seu momento histórico mais importante, desde sua criação como Fundação Educacional até seu reconhecimento como Universidade, neste dia 6 de outubro, quando, em Assembleia Geral, será definido seu futuro”. Há duas opções: união com as outras Fundações (Mafra, Curitibanos, Concórdia e Canoinhas) ou a separação, seguindo

caminho como Universidade ou como Centro Universitário. Nas duas alternativas, em nenhum momento, o acadêmico ou corpo docente será prejudicado.

Os benefícios da unificação: Com a unificação, as ações serão centralizadas sob o CNPJ da Fundação de Mafra. A união vai facilitar e beneficiar o setor de compras e as contratações, por exemplo, dando maior transparência nos processos. Favorecerá o acompanhamento por parte do Ministério Público. Outro ponto positivo será a maior facilidade na abertura de cursos de mestrado e doutorado pela instituição, uma exigência para ser Universidade, e também execução de projetos de pesquisa.

Os riscos: - A unificação poderá se dissociar dos interesses locais para visar um interesse maior de uma instituição regional e não mais municipal, como é hoje a Fundação do Campus de Caçador, que tem por escopo, tão-somente atender aos interesses da comunidade caçadorense e mediações. - A UnC não cumpre seu objetivo maior, que era de congregar esforços no sentido de buscar aquelas metas que, de forma independente, não se poderia conquistar como a criação de cursos de mestrados e doutorados, instalações apropriadas para determinadas aulas e cursos, etc. Corre-se o risco de realizar a unificação e perder a condição de universidade, da mesma forma como perderia caso não optasse pela unificação. - A Fundação que acolherá a nova fundação mantenedora não pratica a filantropia, enquanto que a fundação de Caçador sempre optou pela assistência social e reconhecimento dessa condição para possuir isenção tributária, possuindo diversos processos em discussão. Há que se apreciar

tais mudanças, bem como a situação daqueles assistidos com a filantropia (alunos carentes e população atendida pelos projetos). - Não há abordagem do patrimônio inicial composto pelo patrimônio das atuais fundações, bem como não se preserva a permanência de um campus universitário no patrimônio cedido pela fundação de um campus, assim como a manutenção naquele campus dos bens cedidos a fim de salvaguardar a comunidade de cada fundação a continuidade da atividade de ensino em sua localidade e na atual situação, sem haver qualquer tipo de retrocesso. Do contrário, não haveria qualquer motivação para a comunidade optar pela unificação, deixando de manter sua fundação local. - Também não há abordagem sobre a aplicação da arrecadação de cada campus no próprio campus, garantindo à comunidade que está se desfazendo de sua instituição local que sua unidade terá orçamento e repasse de verbas compatíveis com sua receita. Do contrário, não haveria qualquer motivação para a comunidade optar pela unificação, deixando de manter sua fundação local. - Não se prevê de que forma será dirimido o passivo das atuais das fundações de cada campus, admitindo-se uma solidariedade irrestrita, sem comprometer, de forma prioritária, a receita e patrimônio da fundação devedora. - Há grande diferença de receita entre os Campi, o que por si só leva a reflexão da proporção ideal de cada campus em uma unificação. - Há uma diferença sensível nos preços praticados por cada Fundação. Como o faturamento decorre do preço, ao se nivelar os preços de acordo com os novos custos, haverá aumento do crédito praticado por Caçador.

A primeira Assembleia Geral e a unificação FOTO PREFEITOS FOTO ASSEMBLEIA

A UnC-Caçador realizou dia 6 de outubro de 2009 a Assembleia Geral Extraordinária na qual foi discutida a questão da unificação. Uma comissão formada no dia 30 de setembro de 2009 e presidida pelo empresário Rui Caramori apresentou oficialmente prós e contra do processo depois de uma análise detalhada. “Fazíamos as reuniões aqui na empresa à noite. Estudamos tudo que estava sendo proposto. E o grupo optou pela nova universidade. Esse parecer foi levado para o conselho curador e para assembleia histórica que criou a Uniarp. Foi uma medida bastante corajosa porque criar uma universidade do dia para noite não é fácil. Pensamos de forma positiva e tivemos êxito. E hoje estamos com uma universidade de primeiro mundo. Somos até muito humildes”, relata Rui Caramori. A assembleia contou com a participação do Promotor de Justiça, Dr. Aor Steffens de Miranda, curador das Fundações em todo o Estado de Santa Catarina, Prof. Dr. Adelcio Machado, presidente do Conselho Estadual de Educação, além de efetivo envolvimento da comunidade, representada pelos vários segmentos da sociedade. Na assembleia estavam presentes sete ex-prefeitos, o atual prefeito, um deputado estadual, vários ex-presidentes, representantes dos alunos, professores e funcionários, além de muitas outras lideranças empresariais. Por orientação do Promotor de Justiça de Caçador no dia dessa assembleia as aulas e o expediente foram suspensos. “A Promotoria tinha informações que indicavam risco de quebra-quebra e orientou para a suspensão das aulas. Tinha uma minoria que queria tumultuar”, revela Gilberto Seleme. Por coincidência, Gilberto Seleme e Luiz Eugênio Beltrami comemoraram seus aniversários no dia 06 de outubro de 2009 de uma maneira bem diferente. “Sempre me reúno com minha família para comemorar meu aniversário, mas neste dia 06 de outubro isso não

aconteceu. Foi difícil deixar minha família, mas meu presente foi que caçador teve sua Universidade, sem interesses pessoais, onde o interesse da comunidade foi respeitado”, comenta Seleme.

Parecer da Comissão designada pelo Conselho Curador para emitir parecer final sobre o processo de unificação: (PARECER) O presente parecer visa formalizar o estudo sobre a viabilidade ou não de unificação do campus /Caçador /UnC, em um único CNPJ já pré-determinado de Mafra-SC; Considerando que desde sua fundação 1971-1972 (antiga FEARPE) o hoje campus de Caçador foi criado como entidade filantrópica sem fins lucrativos, com autonomia administrativa, patrimonial, econômico-financeira e didático - disciplinar; Considerando que autoridades, sociedade e professores que estiveram na sua fundação constituíram como órgão supremo dessa entidade, uma assembleia constituída pela sociedade para gerir os destinos financeiros, patrimoniais, contratar, nomear diretores e gestores pedagógicos de acordo com as leis vigentes; Considerando que historicamente Caçador sempre geriu suas instituições com participação ativa e decisiva da sociedade, através de assembleias constituídas com poder máximo para indicar gestores para tal; Considerando que autoridades, sociedade e professores que estiveram na sua fundação constituíram como órgão supremo dessa entidade, uma assembleia formada pelos mais diversos segmentos da sociedade, para gerir os destinos financeiros, patrimoniais, contratar, nomear diretores e gestores pedagógicos de acordo com as leis vigentes; Considerando que em 1994 autoridades, assembleia geral, professores e alunos optaram pela Fundação universidade do Contestado, sob a égide de fundação pública de direito privado, sem fins lucrativos, filantrópica de caráter comunitário e regional.

Considerando que a UnC, criada em 1994, segundo a 25ª promotoria pública, guardiã do cumprimento da lei, foi constituída de forma ilegal no seu modelo de multicampi e multi CNPJ; Considerando que a 25ª promotoria pública de Florianópolis, por força de lei determinou que até o mês de outubro os campi que constituem a UnC devem adotar as providências necessárias para a regularização da prestação de serviços educacionais, tendo apresentado duas alternativas: que se unifiquem em um único CNPJ (Mafra) ou cada um dos campi tome sua próprio corpo jurídico e pedagógico; Considerando que os campi de Concórdia, Canoinhas e Curitibanos estão em situação financeira deficitária e Concórdia com agravante de estar sob intervenção; Considerando que conforme consta da análise de auditoria recomendada pelo Ministério Público os demais campi possuem elevado comprometimento com despesas financeiras, como por exemplo, o Campus de Canoinhas cujo comprometimento alcança alarmante percentual de 11,8% de despesas financeiras em relação ao faturamento, o que contribui para este campus ter um déficit no ano de 2008 de 8,8% do faturamento, enquanto em Caçador as despesas financeiras são apenas de 0,96% do faturamento; Considerando que o campus de Mafra absorve 73,6% de sua receita com o pagamento da folha de pagamento enquanto o de Caçador absorve 40,5% do faturamento; Considerando que no ano de 2008 apenas o Campus de Caçador apresentou resultado positivo na ordem de 1,16% do faturamento, enquanto os demais campi apresentaram os seguintes resultados: Curitibanos negativo de 26,3% do faturamento, Concórdia negativo de 2,6% da faturamento; Canoinhas negativo de 8,8% do faturamento e Mafra negativo de 2,51% do faturamento; Considerando que há campus com alguns ou até todo o patrimônio comprometido com passivos; Considerando que a analise de auditoria recomendada pelo Ministério Público conclui textualmente “Fica bastante difícil de pensar em

unificação sem tratar um a um destes passivos sob pena “de comprometer patrimônio bom com ações que não se teve gerencia”; Considerando que a fundação de Canoinhas, em razão de sentença proferida no processo de n. 015.05.002552-4 foi declarada de natureza pública, tendo sido fixado um prazo para que ela adote as providencias indicada; Considerando que campus de Caçador tem condições financeira e patrimonial superior aos demais; Considerando que todo o patrimônio físico do campus e antiga FEARPE sempre teve a aprovação e a fiscalização da assembleia geral e de seu corpo de Conselho Curador, que também é constituído e eleito por esta assembleia; Considerando a autonomia dessa assembleia para gerir, discutir, autorizar ou vetar alienações, consórcios, sociedades de seus bens patrimoniais; Considerando que atual legislação “Lei de diretrizes e Bases” que dispõe sobre criação de universidades e de centros universitários; Considerando que Caçador tem estrutura física e pedagógica suficiente para manter sua própria instituição de ensino; Considerando que o Conselho Curador nomeou essa comissão com a finalidade única de após estudos emitirem um parecer a essa augusta assembleia sobre a direção a ser tomada frente à questão da regularidade da prestação dos serviços educacionais, decorrente da associação e constituição ilegal da UnC junto a outras fundações e comunidades no modelo multi CNPJ, quase se pode dizer ao arrepio da lei; Considerando que as demais fundações manifestaram interesse em rever as regras aplicadas para unificação, indicando prazo para revisão da decisão caso isso seja necessário; Considerando que durante o processo de unificação as diretrizes estabelecidas em assembleia geral extraordinária realizada em 27 de abril de 2009 foram colocados para apreciação e foram rejeitados pelas demais fundações e em virtude disso os documentos que estão valendo não contemplam as regras mencionadas; Considerando que questões

fundamentais,

como

por

exemplo,

garantia

de

não

comprometimento do patrimônio e de não utilização das receitas do campus de Caçador para obrigações de outros campi, não podem ser assegurados nesta data; Considerando que a regularização da prestação de serviços educacionais é medida emergencial que não pode ser postergada; Considerando que o processo de unificação é um procedimento de alto risco que não poderia ser revertido e que implicaria na imediata disponibilização das receitas e do patrimônio; Considerando que não se procedendo a unificação nesta oportunidade, caso posteriormente se alcance as diretrizes fixadas na assembleia geral extraordinária realizada em 27 de abril de 2009, a unificação poderá ser procedida em outro momento; Diante disso sugerimos: 1. Não alienar, vender, ceder em comodato, transferir os bens patrimoniais da UnC campus de Caçador; 2. Adotar todas as providências administrativas e institucionais necessárias para preservar os serviços educacionais atualmente disponibilizados; 3. Protocolar de imediato junto ao Conselho Estadual de Educação os processos para viabilizar as atividades da instituição de ensino dissociado de outras instituições. 4. Adotar todas as medidas necessárias para viabilizar a observação de todos os requisitos acadêmicos exigidos para manter o status de Universidade; 5. Montar uma comissão para acompanhar o processo de unificação das demais fundações, para que uma vez alcançados os parâmetros estabelecidos na assembleia geral extraordinária realizada em 27 de abril de 2009, seja novamente colocada em discussão a questão da unificação.

A manifestação e o voto secreto Enquanto acontecia a Assembleia no salão nobre do bloco D da UnCCaçador, alunos e professores tomaram a rua Victor Baptista Adami. Munidos de velas, cantaram o Hino Nacional várias vezes e rezavam. “Foi uma situação manipulada. No dia da assembleia, eu fiquei no lado da

janela, olhando para o pessoal na rua, na manifestação. E percebia que quando alguém do nosso grupo ia falar, eles começavam a rezar ou cantar o Hino. Aí percebi que tinha uma pessoa de dentro da sala que mandava mensagens do celular para alguém lá embaixo que saia movimentando as mãos, correndo para que as pessoas se manifestassem. Quando outro lado ia falar, a massa na rua era avisada para calar. Isso acabou virando contra eles”, relata Leonir Tesser.

Assembleias anuladas Na Assembleia realizada dia 06 de outubro houve a deliberação através de voto secreto conforme previa o Estatuto. Confeccionaram-se as cédulas de votação, sendo todas rubricadas pelo promotor Aor Steffens de Miranda, pelo presidente do DCE na época Giovany e pelo presidente da Universidade, Luiz Eugênio Rossa Beltrami. As pessoas com direito a voto foram chamadas para a votação por ordem alfabética. No processo de apuração, o resultado foi o seguinte: 26 votos pelo SIM (Unificação) e 52 votos pelo NÃO (Não unificação). Na mesma noite, foi marcada data de outra Assembleia, para alteração dos Estatutos: 13 de outubro de 2009. Mas essa foi suspensa. No dia 13 de outubro, o Juiz de Direito da Comarca de Caçador concedeu cautelar proposta pelo professor Nilson Thomé contra o Diretor-Presidente da Fundação Universidade do Contestado Campus de Caçador, determinando a suspensão da Assembleia. Uma nova Assembleia Geral Extraordinária para alteração dos estatutos da instituição foi realizada no dia 21 de outubro de 2009 e também foi anulada pela Justiça por ausência de quórum.

Data histórica

Finalmente, no dia 15 de dezembro de 2009 foi realizada a Assembleia Geral que decidiu pela não unificação com 80 votos favoráveis, nove contrários e uma abstenção. Houve ainda a aprovação do novo estatuto por mais de 2/3 dos membros da assembleia geral cumprindo, dessa forma, o exigido pela Justiça e convalidando as deliberações das assembleias dos dias 6 e 21 de outubro de 2009 e os atos decorrentes. Na sentença proferida no processo número 012.09.007168-0, o Juiz declarou: “a ausência de quórum foi superada na assembleia do dia 15/12/2009, esta que decidiu pela não unificação (80 votos) e aprovou o novo estatuto (90 votos) por mais de 2/3 dos membros da assembleia, legitimando,

portanto,

as

modificações

decididas

nesta

última

assembleia”. “Naquele dia 05 de outubro quando houve aquela vaia geral no teatro contra a nossa diretoria, eu entendi onde estava o erro: eles guerreavam contra nós e se esqueceram da Assembleia. Nós trabalhamos a Assembleia. Íamos com a verdade. A equipe fez o trabalho de conversar pessoalmente com os membros da assembleia. Na sequência, então, fez-se todo o trabalho superou-se a marca e o assunto se resolveu”, comenta Augusto Frâncio. Caçador foi a última a definir sua posição quanto ao processo por ter levantado questões que exigiram maiores discussões. No processo de unificação, Caçador elencou uma série de diretrizes, todas aprovadas pela comunidade de Caçador através da Assembleia Geral para a discussão com as outras Fundações. No entanto, a maioria não foi contemplada no estatuto da Fundação Universidade do Contestado aprovado por Mafra, Curitibanos, Concórdia e Canoinhas.

“Inicialmente cabe consignar que o estatuto da Fundação Universidade do Contestado - Campus de Caçador é contrário à legislação vigente, sendo imperiosa sua adequação ao ordenamento jurídico atual. Não bastasse isso, não havia, antes da Unificação, na formatação da Universidade do Contestado identidade entre a Fundação Mantenedora e Entidade Mantida (Universidade), fato que despontava flagrante irregularidade da Instituição perante os órgãos reguladores das atividades de ensino superior e em face das normas aplicáveis às entidades fundacionais. Isso porque existiam seis fundações mantenedoras (Fundação Universidade do Contestado Campus de Caçador, Fundação Universidade do Contestado Campus de Canoinhas, Fundação Universidade do Contestado Campus de Concórdia, Fundação Universidade do Contestado Campus de Curitibanos, Fundação Universidade do Contestado Campus de Mafra e Fundação Universidade do Contestado Reitoria) e apenas uma, a Fundação Reitoria, esta criada pelas demais cinco Fundações Universidade do Contestado diversos campi, com cursos cadastrados e devidamente regularizados para serem ofertados, que, no entanto, não os ofertava, pois quem os faziam eram as demais Fundações que integravam o sistema Universidade do Contestado. Dessa forma, Excelência, urgente era a necessidade de Unificação das Fundações para que a situação da Entidade fosse regularizada, passando a haver identidade entre Mantenedora e Mantida. Era necessário, para a regularização das Fundações, que uma, dentre as seis Fundações existentes, fosse escolhida para ser a sucessora, desde que fosse anterior à Constituição Federal de 1988 e criada pelo poder público municipal. Assim, todas as Fundações que compunham o sistema UnC, com exceção de Caçador, aderiram ao processo de unificação, extinguindo-se as Fundações Universidade do Contestado Campus de Canoinhas,

Concórdia e Curitibanos, criando-se, então, a sucessora Fundação Universidade do Contestado, que continuou com o CNPJ da Fundação Universidade do Contestado Campus de Mafra, e que recebeu da Fundação Reitoria, por transferência, a mantença dos cursos....”(Processo judicial número 012.09.007168-0).

Release divulgado pela assessoria de imprensa da UnC-Caçador: UnC-Caçador passa a ser Universidade Alto Vale do Rio do Peixe Na sequência do processo de organização da instituição de ensino superior de Caçador, foi realizada na noite desta quarta-feira, dia 21 de outubro de 2009, as reuniões do Conselho Diretor e Conselho Curador e ainda a Assembleia Geral. Na ocasião foram discutidas, analisadas e aprovadas a alteração estatutária da Fundação Campus Universitário de Caçador e o Regulamento Geral que regerá as atividades da Universidade que passou a se chamar Universidade Alto Vale do Rio do Peixe (UNIARP). A denominação foi escolhida pela Assembleia Geral na noite de quarta-feira, embora Caçador tenha direito de reivindicar a permanência do nome UnC, já que houve uma cisão das entidades fundacionais que compõe a Universidade do Contestado, as quais, quatro optaram por se unirem sob o CNPJ de Mafra e uma, a de Caçador optou por manter seus serviços educacionais em sua própria Instituição. A UNIARP será mantida pela Fundação Universidade Alto Vale do Rio do Peixe (FUNIARP). O nome da Universidade não levou o nome CAÇADOR porque se trata de uma instituição de abrangência regional, com atuação, por exemplo, em Fraiburgo com um Núcleo Universitário. Durante a Assembleia, a alteração estatutária e o Regulamento Geral da instituição contemplou o pedido do Diretório Central dos

Estudantes (DCE), representada pelo seu Presidente, incluindo a participação direta dos estudantes na eleição do Reitor. A proposta foi aprovada por unanimidade. Na reunião também houve a manifestação sobre os processos a serem instaurados junto ao Conselho Estadual de Educação, necessários para a continuidade da prestação dos serviços educacionais.

Ofício encaminhado pelo Conselho Estadual de Educação: “Na data de 10 de novembro de 2009 o Pleno do Conselho Estadual de Educação aprovou o parecer de n. 414 que originou a Resolução de n. 094, credenciando por aditamento a Universidade Alto Vale do Rio do Peixe- UNIARP, instituição de ensino superior que sucede a Universidade do Contestado no Campus de Caçador. A Universidade do Contestado, por sua vez, através de oficio autuado em processo de n. 735-094 comunicou alteração estatutária. Considerando

que

referida

alteração

importa

em

mudança

da

personalidade jurídica da mantenedora, que esta sendo transferida da Fundação Universidade do Contestado, CNPJ nº 78.497.195/0001-14 para nova instituição homônima, CNPJ nº 83.395.921/0001-28, que se origina da transformação da Fundação Educacional do Norte Catarinense – FUNORTE, com sede em Mafra, com a incorporação das fundações anteriormente denominadas FUNPLOC, FEPLAC e FEAUC, com sedes respectivamente em Canoinhas, Curitibanos e Concórdia, o processo ainda depende de análise e parecer a Comissão de Educação Superior e posterior deliberação do Pleno deste Conselho, para que então se proceda o aditamento de seu credenciamento”.

Reitor de Caçador

O empresário Leonir Tesser, membro da direção administrativa da UnCCaçador, conta que houve uma última tentativa de aproximação com a direção acadêmica no sentido de definir um reitor de Caçador para a recémcriada UNIARP. “Houve uma reunião, um última tentativa para mostrar que a Universidade, caminhando sozinha era algo inevitável e poderia ter um reitor de Caçador. Mas dois professores, coordenadores de cursos na época, bateram muito, falaram muita coisa. Disseram tantas coisas que, no final, foi decidido que realmente não havia condições. Aí fomos atrás de uma pessoa de fora para assumir a reitoria. Por isso que não se teve um reitor de Caçador para substituir o Moacir Salamoni que havia assumido naquele momento. Não teve jeito mesmo. O caminho do entendimento sempre foi buscado, mas não tinha diálogo. Eles nunca nos apresentavam claramente as razões para discordar tanto daquilo que queríamos”. Partiu do empresário e dirigente Gilberto Seleme a iniciativa de convidar o professor Adelcio Machado dos Santos para ser o reitor da UNIARP. “Fui ao aeroporto buscar o promotor, Dr. Aor e veio junto o professor Adelcio, presidente do Conselho Estadual de Educação. Eu sabia que dentro da universidade, havia ainda uma guerra interna. E na hora, eu disse para o Dr. Aor: preciso desse homem para ser o reitor. O Promotor disse: vai em frente. Houve a assembleia e eu fiz o convite para o professor Adelcio em nome da diretoria com aval do Conselho”.

A Universidade Alto Vale do Rio do Peixe FOTO FOTO Dia 15 dezembro de 2009 nasceu a Universidade Alto Vale do Rio do Peixe (Uniarp), sucessora da Universidade do Contestado Campus de Caçador (UnC-Caçador) e da Fundação Educacional do Alto Vale do Rio

do Peixe (Fearpe). Uma instituição criada e mantida pela comunidade e com uma herança de mais de quatro décadas. O empresário e dirigente Gilberto Seleme foi convidado na ocasião para assumir a presidência da UNIARP. Ele aceitou a missão enfrentando a desconfiança de muitos e contando com o apoio de poucos. “Com o trabalho dos Conselhos, professores, funcionários foi se construindo uma Universidade”. Quando os ânimos se acalmaram e as pessoas entenderam que Caçador agora tinha a sua Universidade e estava caminhando por conta própria, foi a vez de “organizar a casa”. “Quando terminou tudo aquilo e eu assumi a presidência fizemos uma avaliação técnica profissional e chamei as pessoas que tinham capacidade, independente de ser pró ou contra e conversei. A maioria aceitou o desafio e passaram a defender a UNIARP. Quem estava gritando contra, hoje está ao nosso lado, nos ajudando”. Caçador não acatou a unificação conforme orientação do próprio promotor Aor Steffens de Miranda na época. Mas analisando a situação hoje, ele acredita que a UNIARP pode ter sido mesmo o melhor caminho. “Talvez tenha sido o melhor caminho porque foi o caminho que a comunidade escolheu. Foi uma situação que acabou fortalecendo o Conselho Estadual e fortalecendo as instituições. A instituição não é de uma pessoa, é da comunidade e terminou tudo bem”, cita o Promotor. Todo o processo se resolveu em três anos. “Cada um escolheu a melhor solução. Minha contribuição acabou sendo pequena, atuei mais como catalisador do que poderia acontecer e me considero a pessoa que estava no lugar certo, na hora certa”. Aor afirma que se a situação continuasse se não houvesse todo o movimento para a organização jurídica das instituições, Caçador e as outras cidades perderiam a Universidade. “O Conselho Estadual já havia sido notificado pelo Conselho Federal sobre a situação da UnC. Eu mesmo

oficiei ao Conselho Federal que já estava em processo de regularização. Se naquele momento não tivesse se iniciado o processo, acho que o Conselho Federal teria patrolado o Conselho Estadual e descredenciado os cursos. E resultaria em um problema muito grande para os alunos, para a comunidade”. Como Caçador tem uma ligação muito grande com a comunidade, por esse envolvimento histórico que teve início com a FEARPE, mantevese no Estatuto da UNIARP o Conselho Consultivo. “O que for do interesse do Conselho Curador, ele leva para o Conselho Consultivo, a comunidade continua com a sua importância, mas agora de forma mais ágil. A comunidade vai continuar participando e estará representada sempre e justamente para não desvincular das raízes da própria instituição”.

Nova Diretoria da Uniarp toma posse Matéria publicada no site Caçador Online dia 06/02/2010:

A nova diretoria da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe tomou posse na noite desta sexta-feira, 5, em solenidade que contou com a presença maciça da comunidade, empresários e autoridades. No evento, o empresário Gilberto Seleme assumiu a presidência na nova universidade, tendo como seu vice, o também empresário Rui Caramori. O presidente da Associação Empresarial de Caçador, Auri Baú tomou posse como secretário do Conselho Curador e o prof. dr. Adelcio Machado dos Santos, presidente do Conselho Estadual de Educação, é o reitor da Universidade. Seleme iniciou seu discurso citando Nelson Mandella, que disse que “a educação é a arma poderosa para mudar o mundo”. “Através desta frase, podemos dizer que a sociedade mudou e por isso, decidiu-se não unificar e ter o padrão que temos hoje”, completou.

Ele agradeceu as pessoas que estiveram junto lutando pela Uniarp, citando os deputados Marcos Vieira, que trouxe muitos recursos, Reno Caramori, pela sua luta incansável e Valdir Cobalchini, que ao lado do governador Luiz Henrique sempre deram toda a atenção para a nova universidade. O professor Diomário de Queiroz, que é presidente da Fundação de Apoio à Pesquisa (Fapesc), salientou, por teleconferência, o seu apoio à Uniarp, salientando que a nova universidade embora tenha apenas iniciado, já tem na sua base muita experiência. O novo reitor, Adélcio Machado, citou o trabalho que já teve em apoiar a Uniarp e garantiu que esta universidade pode até não ser a melhor do mundo, mas é a Universidade do Alto Vale do Rio do Peixe. “O Conhecimento nasce onde há colaboração e cumplicidade e isso está acontecendo aqui”, completou.

A história da Uniarp A UNIARP, surgiu da cisão da Fundação de Caçador das entidades fundacionais que compõe a Universidade do Contestado. No dia 15 de dezembro de 2009 foi realizada em Caçador a Assembléia Geral que decidiu pela não unificação (80 votos favoráveis e 09 contrários), garantindo em Caçador e em Fraiburgo, a Universidade Alto Vale do Rio do Peixe (UNIARP). Os presentes deliberaram pela não unificação e pela aprovação do estatuto proposto pela diretoria, por mais de 2/3 dos membros da assembleia geral cumprindo, dessa forma, o exigido pela Justiça e convalidando as deliberações das assembleias dos dias 6 e 21 de outubro de 2009 e os atos decorrentes. A Assembleia contou com a participação do Promotor Dr. Aor Steffens Miranda, além de efetivo envolvimento da comunidade,

representada pelos vários segmentos da sociedade. Na assembleia estavam presentes sete ex-prefeitos, o atual prefeito, um deputado estadual, vários ex-presidentes da Associação Empresarial, representantes dos alunos, professores

e funcionários, além de diversas outras lideranças

empresariais, garantindo uma votação legítima e isenta refletindo, portanto, a intenção da comunidade em manter um dos seus maiores patrimônios. O ato de instalação oficial da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe (UNIARP) foi realizado dia 23 de dezembro de 2009, onde o secretário estadual Valdir Cobalchini, representando o Governador Luiz Henrique da Silveira, fez a entrega do Diário Oficial com o decreto já publicado.

O prédio da Reitoria FOTO O encerramento definitivo do processo UnC x UNIARP ocorreu em 2013. A Universidade Alto Vale do Rio do Peixe adquiriu o prédio da reitoria da Universidade do Contestado (UnC), localizado na esquina das ruas Victor Baptista Adami e Atílio Faoro. Desde meados de 2010, com a instalação da reitoria da UnC em Mafra, o prédio ficou fechado até a definição quanto ao seu destino. No mês de janeiro de 2013, o presidente da fundação UNIARP engenheiro Gilberto Seleme se reuniu com o presidente da Fundação UnC Ary Adami e com o promotor Aor Steffens Miranda e foi fechado o acordo com a aquisição do prédio por parte da Universidade de Caçador. “Não sei se tenho sorte ou falta de juízo, mas quando respondi por um mês na 25ª Promotoria caiu para mim o problema da Reitoria. Chamei todo mundo aqui pra resolver a questão. Vamos resolver porque já passou da hora. E se

achou uma solução que atendeu os interesses da UnC e da UNIARP”, destaca promotor Aor. “Graças a Deus tive um grande companheiro, o Sr. Ary Adami que concordou que Caçador tinha vida própria e eles teriam a vida deles. Foi tudo resolvido e Caçador comprou a parte da UnC”, relata Gilberto Seleme.

A melhor Universidade da região A UNIARP destaca-se como um importante veículo de desenvolvimento regional do Alto Vale do Rio do Peixe, promovendo a qualificação profissional em diversas áreas e oportunizando o surgimento de novas opções de trabalho. Comprometida com a comunidade, a UNIARP cumpre um importante papel na área da responsabilidade social atuando para melhorar a qualidade de vida da população através dos Projetos Permanentes de Extensão e Assistência Social como a Universidade Aberta da Maior Idade, o Programa de Inclusão Digital, Projeto Insight, entre outros. Outra ação de grande relevância desempenhada pela Universidade é o programa de bolsas de estudo. Hoje, mais de 60 % dos estudantes da UNIARP recebem algum tipo de benefício e isso é um grande orgulho para a Diretoria. “Estamos auxiliando das mais variadas formas para que as pessoas possam estar aqui na Universidade, através de bolsas de estudos, financiamentos, descontos ou projetos sociais. Estamos trabalhando para melhorar a formação da nossa população”, destaca Gilberto Seleme, presidente da UNIARP. Seleme reforça o fato de que a Universidade está inserida na região que detém um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano do Estado. Pela realidade da região, a Universidade desempenha um papel essencial que é o de garantir acesso a Educação superior. “A UNIARP está

oferecendo a oportunidade para nosso jovem sonhar mais alto, ir além e se destacar no mercado de trabalho com cursos de ponta”. Cursos que antes estavam distantes da nossa região, hoje estão sendo ofertados aqui, como Engenharia Civil, Engenharia Mecânica, Engenharia Elétrica, Arquitetura e Urbanismo, entre outros. A Universidade cresceu muito nesses últimos quatro anos graças a posição firme de uma diretoria que, atuando de forma voluntária, buscou o melhor para Caçador e região. Através de projetos, de conversações e demonstrando a necessidade da instituição, Gilberto Seleme conseguiu trazer para a UNIARP recursos importantes porque somente com mensalidades não é possível manter uma estrutura de qualidade. “Conseguimos alguns auxílios do Governo Estadual, como a Arena Multiuso e laboratórios através da FAPESC e outros apoios do Governo Federal em eventos como o SEAD, por exemplo, mas é uma luta constante para manter e melhorar a estrutura da Universidade”. A Universidade hoje aposta muito no envolvimento da comunidade em eventos como cursos de curta duração, seminários, congressos, palestras, jornadas de estudos, workshops, semanas acadêmicas, eventos culturais e outros. O grande destaque é o Seminário de Administração- SEMAD, realizado em Fraiburgo e o Seminário Regional de Administração - SEAD, em Caçador. Ambos realizados anualmente trazem para a região a experiência de grandes nomes nacionais e internacionais, atraindo recorde de público a cada edição, projetando ainda mais o nome UNIARP. “A UNIARP hoje é a prova de que é perfeitamente possível ter grande sucesso sem deixar de ter consideração pelas pessoas, acreditando no bem. O SEAD é um exemplo, além dos diversos outros eventos e ações realizadas pela Universidade em Caçador e em Fraiburgo. Temos uma

política de Assistência Social que está auxiliando diversas pessoas a conseguir o diploma. Na nossa região, em muitos casos, trata-se da primeira pessoa da família a ter um curso superior, a se formar advogado, engenheiro, arquiteto, fisioterapeuta, farmacêutico, professor, jornalista, administrador, contador. Estamos retendo aqui os nossos talentos. Estamos ajudando a desenvolver nossa região”. A UNIARP também investe em Programas de Apoio ao Esporte, pois acredita que o esporte é uma poderosa ferramenta de desenvolvimento social, que promove o fortalecimento da formação humana. Para isso oferece bolsas de estudos, organiza eventos e tem seu nome associado a atletas de destaque nacional e internacional como: Júnior “Cigano” dos Santos – campeão de MMA; Luciléia Renner Minuzzo – Integrante da Seleção Brasileira de Futsal Feminino e Luy Mauriki Dias de Lima – Esportista da equipe de atletismo de Caçador. A Universidade, referência em educação superior oferece anualmente vagas para 28 cursos de Graduação e incentiva o aperfeiçoamento profissional com cursos de Pós-Graduação, além de programas de extensão e outros projetos universitários. A Universidade lançou em parceria com a Business & Marketing School (ESIC), o Programa Internacional de Desenvolvimento Diretivo (PIDD). Além disso, mantém convênios com diversas instituições como Sistema FIESC, CIDASC, EPAGRI, FAPESC e outras. O Sistema FIESC é um importante parceiro da UNIARP, sempre colaborando com doações de livros para a Biblioteca, doações de computadores para diversos setores, incluindo ainda a doação da estrutura da Farmácia Escola de Manipulação. A FIESC também contribuiu em todas as edições do SEAD em Caçador e SEMAD em Fraiburgo, além da Feira

de Inovação e Tecnologia (Fenitecc) realizada em 2013, entre outros eventos.

Estrutura Com o objetivo de atender plenamente as necessidades de acadêmicos e professores, a UNIARP investe constantemente em laboratórios e equipamentos. São mais de 40 laboratórios à disposição de professores e Acadêmicos dos diversos cursos. Excelente estrutura física instalada em quatro blocos: - Biblioteca Universitária Comendador Primo Tedesco; - Mais de 140 salas de aulas; - Acessibilidade; - Ginásio Multiuso; - Teatro; - Mais de 70 mil atendimentos por ano entre: - Clínica de Psicologia; - Clínica Escola de Fisioterapia; - Núcleo de Práticas Jurídicas - Extensão, Cultura e Relações Comunitárias; - Ambulatório de Enfermagem; - Farmácia Escola de Manipulação que foi doada pelo Sistema Fiesc através do Sesi. São mais de cinco mil estudantes matriculados nos cursos de graduação e pós-graduação em Caçador e Fraiburgo e Colégio de Aplicação com Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. A UNIARP é uma Universidade que cresce a cada ano, através de parcerias e recursos próprios, trazendo aos seus alunos e comunidade de toda a região educação e atendimento social em suas diferentes áreas de estudo. Uma Universidade comprometida com o conhecimento e com os

novos caminhos que a tecnologia abre para o mundo. “Junto com os conselheiros e com apoio de uma equipe de trabalho proativa e dedicada, mudamos o modo de ser e de fazer Universidade”, salienta Seleme.

Representatividade Universidade Alto Vale do Rio do Peixe possui cadeira em diversas instituições e órgãos do Município e também a nível regional e estadual. Algumas são: . Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL); . Conselho Municipal de Desenvolvimento de Caçador; . Conselho de Cultura do município de Caçador; . Conselho de Turismo do município de Caçador; . Conselho Municipal de Esporte; .Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional; . Conselho Municipal de Educação; . ACAFE; . Conselho de Desenvolvimento Regional -10ª SDR; . Defesa Civil de Caçador.

Núcleo de Fraiburgo A educação superior em Fraiburgo iniciou através de uma parceria entre o Poder Público Municipal e a Fundação Educacional do Alto Vale Rio do Peixe (FEARPE). As atividades começaram em 1992 na antiga Fundação Educacional e Assistencial de Fraiburgo (FEAF). Cerca de 20 anos depois, o Núcleo Universitário de Fraiburgo atende 11 turmas de graduação nos cursos de Administração, Ciências Contábeis, Psicologia, Estética e cinco turmas da Universidade Aberta da Maior Idade, um projeto social que atende mais de 150 alunos.

Depoimentos Gilberto Seleme, diretor presidente da UNIARP “Antes éramos um campus, mas a partir de 01 de janeiro de 2010 viramos uma Universidade. Tivemos que reestruturar a parte administrava e a parte acadêmica. Partimos do zero na parte acadêmica e construímos uma grande Universidade. No meu primeiro discurso eu disse que a Universidade não seria a maior, mas sim a melhor do interior de Caçador. Com os cursos da área da saúde e da área de humanas já consolidados, investimos nas engenharias e foi um diferencial muito significativo para Caçador e região. Nos quatros anos que fiquei à frente da UNIARP tive a responsabilidade de transformar um Campus em Universidade, estruturar patrimonialmente e academicamente, adquirir imóveis, investir em laboratórios. No início havia os que ainda eram contra, mas hoje a maioria esta aplaudindo o que esta aí. Tenho muitas ideias ainda para concretizar e vou deixar como sugestão ao próximo Presidente. Caçador deu um grande passo e hoje as decisões são tomadas por pessoas de Caçador, que moram aqui, que escolheram aqui para viver. A Universidade precisa preparar as pessoas para o futuro, formar pessoas para o mercado de trabalho de Caçador e do mundo. O grande trunfo nosso foi o compromisso do Conselho Curador em manter uma Universidade comunitária, com ação social. Hoje mais da metade dos nossos alunos têm algum tipo de auxílio como bolsas do Artigo 170, 171, bolsas da Assistência Social, desconto como funcionário, desconto de segunda graduação e outros. Na história da educação superior de Caçador todos os outros presidentes tiveram seus momentos de glórias, mas tiveram também suas guerras. Todos têm seu valor, cada um deu a sua contribuição. Tenho que agradecer imensamente a todos que participaram dos conselhos, do corpo docente e discente, porque cada um deixou a sua contribuição. Esta Universidade é de Caçador. É comunitária e acho que

está no caminho certo. As coisas não foram fáceis. Foi um trabalho imenso e tive que abdicar do meu tempo com a família e com os amigos. Agradeço o apoio e peço desculpas por não ter estado com eles em momentos que gostaria de estar, por estar defendendo interesses da Universidade. E hoje meu coração está alegre, minha consciência está tranquila. Muitas pessoas hoje têm curso superior ou estão cursando por uma decisão tomada em 2009 e para o bem dessas pessoas. A UNIARP hoje, no sistema Acafe está com melhor situação administrativa e financeira. A região toda de Caçador deve muito a Universidade. E essa história começou bem antes, com a Fearpe, que teve uma grande participação no desenvolvimento regional”.

Moacir José Salamoni Primeiro reitor da UNIARP e diretor geral financeiro da Instituição “A instituição pode não ser a maior, mas é uma das mais robustas, senão a mais robusta. Tem um patrimônio invejável, corpo técnico administrativo e docente invejável, temos uma situação financeira tranquila, equilibrada e até aumentamos o patrimônio da instituição. Temos fôlego para crescer. As dívidas comuns às demais instituições/fundações principalmente o imposto de renda retido na fonte e INSS, cifras milionárias, contas impagáveis, nós conseguimos resolver tudo isso. E por estarmos bem, somos exceção da regra. É um orgulho. Eu tenho a sensação do dever cumprido. Sempre tive clareza da importância da educação. Tenho convicção de que tratamos a educação com seriedade. Pela Uniarp faria tudo novamente. A coisa mais preciosa que a nossa cidade tem, que a região tem, é a Universidade. Sou responsável por algo que é de todo mundo. E aí tenho que ter mais responsabilidade ainda. O uso dos recursos aqui tem que ser muito bem justificado. Por isso brigo mesmo. A briga é constante para que se faça disso aqui cada vez mais uma joia

admirada por todos. Tenho muito orgulho de ter estudado aqui. Daqui a 10 anos, quero que isso seja muito melhor porque essa é a escola que quero para meu filho e para os filhos de Caçador e região. Porque fazer cursos fora daqui? Nossa universidade não deixa nada a desejar para outras. A diferença está na vontade do aluno e no professor em sala de aula e temos bons professores, temos infraestrutura. Estamos formando profissionais que estão nas empresas, que dão suporte fundamental para o crescimento das empresas e o desenvolvimento de toda a região”.

Luiz Eugênio Rossa Beltrami Ex-presidente da UnC-Caçador “Passaria por tudo de novo se fosse preciso. A satisfação com o resultado, analisando hoje, é fantástica. Realmente em termos pessoais isso não tem preço. A gente deve lutar por aquilo que a gente acredita. Mas passamos por coisas que não foram fáceis. Situações que passamos que realmente se não chegou a ponto de agressões físicas foi por muito pouco. A comunidade é proprietária dessa instituição. Caçador e região. Foi duro, mas recompensador”.

Ardelino Grando Ex-presidente da Fearpe “Na mudança de UnC para UNIARP, a comunidade se mobilizou e foi instituída esta Universidade. Na mesma noite foi apresentado o novo reitor, o prof. Adelcio Machado dos Santos, então presidente do Conselho Estadual de Educação, um homem muito culto, muito preparado. E, naquela, noite acreditamos no sucesso desta instituição Foram inúmeros avanços, a construção da Arena, realização do SEAD, editora própria. Nova diretoria, muito dinâmica, muito competente. Uma Universidade com uma diretoria jovem com a retaguarda de pessoas experientes. Esta é a

UNIARP. Fico muito feliz de ver esse desfecho porque vi nascer a Faculdade de uma forma simples e humilde e agora temos esta grande Universidade, com cursos novos sendo criados, com uma grande estrutura, com qualidade de ensino. Com professores, funcionários, alunos. Desejo sempre muito sucesso! Estou muito feliz por fazer parte disso tudo! Faço votos que isso seja algo contínuo”.

Elias Seleme Ex-presidente da Fearpe e Conselheiro da UNIARP “Vemos o progresso crescente depois da separação da UnC. O crescimento foi fantástico e atribuo isso à escolha dos administradores, da dedicação toda especial do presidente Gilberto, que não mede esforços para melhorar a Universidade. A gente olha o todo. Sempre pensando na comunidade”.

Lucir Christ Ex- vice-prefeito e Conselheiro da Fearpe e UnC-Caçador “Passei por momentos de muita tensão quando, junto com outros membros do Conselho Curador, fiquei preso numa sala no bloco D por alunos revoltados com a decisão do aumento das mensalidades. Foram mais de duas horas de negociações e de tensões. Eu, o Ernesto Faoro, Osmar Telck, Angelo Barrichello, Elias Seleme Neto e outros conselheiros. Ali foi o começo da batalha, eu considero. Todos nervosos, momento de muita tensão. Fomos alvos de chacotas, de xingamentos. Somos pessoas de bem, idôneas, pessoas que estão se doando pela instituição. Não justifica termos sidos ameaçados verbalmente da forma como aconteceu. Mas fizemos tudo em benefício dos estudantes por Caçador e para Caçador. Na Fearpe, doamos as poltronas estofadas, cortinas e ajudamos financeiramente por um período e fui pegando amor pela faculdade. E por Caçador. Quando

fomos convocados para auxiliar na assembleia me empenhei naquilo mesmo por acreditar em Caçador. Foi uma verdadeira batalha para reunir os membros da assembleia para votar por Caçador, pela universidade de Caçador. Foi bonito aquele movimento todo. Vários ex-prefeitos de Caçador reunidos por uma causa. Não me arrependo de ter me envolvido. Faria tudo de novo. Sinto-me orgulhoso de ter participado disso sim e plenamente satisfeito. Nosso pensamento era em benefício dos jovens, e tudo se transformou em realidade”.

Rui Caramori Ex-presidente da UnC-Caçador e vice-presidente da UNIARP “A universidade envolve. Eu me envolvi. Pelo bem que você faz pelas pessoas que estão dependendo da universidade. Tive que tomar medidas duras, mas foi pelo bem comum. É uma história de sucesso a universidade em Caçador. Até hoje a gente não consegue ficar longe. Sou vicepresidente. Mas a gente vê que está bem administrado. Vejo que a cada dia mais, ela vai se solidificando. A cidade está crescendo. Novas indústrias surgindo e a Universidade está ajudando muito nesse progresso e vai ajudar muito mais. Traz cultura, conhecimento. É o que vale numa sociedade. Mesmo a UnC e agora com a UNIARP promoveu e promove um desenvolvimento muito grande. Vejo a universidade como uma indústria que vai ter um desenvolvimento ainda muito grande”.

Dra. Terezinha Garcia Advogada e professora “Caçador realmente demorou muito tempo para ter uma faculdade. Para ter cursos superiores. Tenho a impressão, também, de que levou um tempo para ter a união e a força necessária para ter esse benefício para nosso município. E foi dom Orlando Dotti que conseguiu isso de fato. Tudo era

difícil de conseguir. Mas depois de muita luta as pessoas se uniram em torno de um objetivo comum. Acompanhei tudo, a criação da FEARPE, criação da UnC e criação da UNIARP. Nesse da UNIARP, foi um pouco complicado. A gente já tinha uma identidade com a UnC. A princípio achava que se fortalecia mais, depois foi sendo provada a situação financeira, as dívidas e a questão do patrimônio. A fase da separação foi traumática, de certa forma, para todos que se envolveram. Mas era preciso fazer uma escolha”.

Oneide Olsen Ex-presidente da Fearpe “Acho que a UNIARP vai crescer muito mais. Foi à decisão correta sim. Você não faz ideia o estado de nervos que ficamos ali dentro (referindo-se ao dia da Assembleia: 06 de outubro de 2009). Você tem que pensar no bem maior. Eu passaria por aquilo tudo de novo se fosse preciso. Eu gosto de chegar a casa e fazer uma avaliação do meu dia, mas no caso, foi o momento. Os melhores cidadãos de Caçador estavam ali, pessoal com história, empresários, há muito tempo acompanhando a história da instituição. Se está errado, conserte. Foi assim que a gente fez. Eu acho que a Universidade está em boas mãos”.

Mario Bandiera Ex-reitor da UnC “Faltaram cabeças que pensassem no todo naquele momento. Não que a UNIARP tenha saído perdendo, perdemos, em minha opinião, a força coletiva na parte de mestrados e doutorados. É muito caro manter sozinho. Sempre foi difícil manter os doutores aqui e nem sempre é possível pagar 40 horas por um profissional com doutorado. Uma dificuldade natural. Caçador vai precisar de mais estrutura. Vejo a Uniarp que continua bem,

parte de ensino continua bem. A questão será a consolidação de universidade com mestrado e doutorado funcionando. Não será um processo fácil. A Uniarp agora tem que tocar em frente. Tem espaço, tem rumo. Terá trabalho, mas sozinho tem mais independência”.

Celso Marini Ex-presidente da UnC-Caçador “Acho que foi uma atitude correta. Até no começo, envolvidos por alguns membros da área acadêmica, achei que não ia dar certo a nova universidade. Mas comecei a analisar, conversar com outras pessoas e apoiei a ideia. Algumas pessoas até viraram a cara para mim. Situação difícil. Mas valeu a pena, foi bom. Está crescendo a universidade e tem campo para crescer muito mais em Caçador e região. Acho que está indo muito bem. Eventos tão grandes como o SEAD, por exemplo. Eu acho que uma universidade, qualquer uma não pode esquecer o aluno. O aluno é o que mantém a universidade. Sempre disse isso. Então não podemos nos esquecer do aluno. Acho muito importante esse plano da UNIARP de ajuda com bolsas de estudos. Gera um impacto fantástico na família. Ajuda a formar profissionais”.

João Pedro Carneiro Professor mestre, docente da Fearpe e da UnC-Caçador “Eu votei a favor da criação da Uniarp, mas foi uma perda muito grande para Caçador abdicar da Universidade do Contestado que foi o motor de todo esse desenvolvimento de nossa região. Não era necessário ter essa ruptura. Perdemos o nome desse legado tão importante que foi o episódio do Contestado”.

Augusto Francio Ex-vice-presidente da UnC-Caçador “Orgulho-me de ter estado perto do Beltrami, pessoa a quem tenho alto respeito, com sua maneira simples e calma, soube distribuir as tarefas, soube transformar num colegiado e nasceu isso. É lógico cada um fez a sua parte. Todos contribuíram. O Gilberto fez um ótimo trabalho canalizando com sua experiência junto a Fiesc, o Tesser, apoio constante, um batalhador, com experiência como administrador. No início, antes do Tesser, teve o Renato Marins também fez um trabalho impressionante. Conseguimos endireitar as finanças. Foi do caos a organização. O Salamoni também foi um grande companheiro. Houve momentos de desânimo porque a realidade na época era assustadora. Mas me orgulho muito. Ajudei a construir a universidade de Caçador também”.

Reno Caramori Ex-prefeito e ex-presidente da Fearpe “Quando se criou a UnC houve um avanço muito grande, o objetivo foi muito bom. Mas se chegou a um ponto que não dava mais porque tínhamos algumas filiadas com dívidas muito grandes. A Reitoria, pelo que levantamos na época, tinha uma despesa muito grande, não digo mordomias, mas facilidades. Estava se criando uma bola de neve, as dívidas aumentando cada vez mais. A UNIARP não é de ninguém, é do povo, é da comunidade catarinense, caçadorense e regional. Acho que foi um passo acertado. Eu faço parte do conselho e entendi que tinha que se tomar uma atitude. Tomou-se a atitude correta e tudo feito dentro da lei. A assessoria jurídica foi a melhor possível para analisar, para que não se fizesse nada errado. Houve inclusive revolta de alunos talvez por má informação. Foram mal informados. Ninguém seria prejudicado. Estávamos garantindo a sobrevida da universidade. A entidade não podia

sofrer um revés por má administração. Acho que foi tomada uma atitude consciente, os conselhos foram consultados. Não se fez campanha nenhuma, fez-se uma conscientização. Pedi os balanços para analisar, passei para minha assessoria analisar e entendemos que realmente era a saída. Era o momento certo para nossa emancipação. Hoje estamos aí, uma beleza. Perfeição não existe, mas se procura chegar o mais próximo da perfeição. Deficiências vão surgindo e vão sendo sanadas. Como ela (a Universidade) é nossa, não dependemos mais da reitoria de todas elas, é resolvido o problema internamente e isso facilitou muito o trabalho. Acho que só ganhamos. Vejo um crescimento cada vez maior e não podemos parar. Realmente, nossa Universidade tem a grande responsabilidade no desenvolvimento e progresso de nossa terra e nós, como caçadorenses, temos a obrigação de acompanhar, de apoiar, de criticar quando for preciso, mas críticas construtivas”.

Leonir Tesser Ex-tesoureiro da UnC-Caçador e conselheiro da UNIARP “Pelo número de laboratórios construídos, ampliados, mais cursos abertos, vemos que a Universidade está muito bem financeiramente inclusive e está investindo para crescer. Hoje a UNIARP é referência. É motivo de orgulho para nossa região”.

Documentos oficiais LEI Nº 27/1971 CRIA A FUNDAÇÃO EDUCACIONAL ALTO RIO DO PEIXE – FEARPE O Cidadão Adelino Grando, Prefeito Municipal de Caçador, no uso de suas atribuições etc., faz saber a todos os habitantes do Município, que a Câmara Municipal Decreta e Eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Fica criada no Município de Caçador, a Fundação Educacional Alto Rio do Peixe - Fearpe, entidade de personalidade de direito Público, de caráter técnico, educativo- cultural, dispondo de autonomia econômicofinanceira e administrativo. Art. 2º O Município contribuirá para com a Fearp anualmente com um valor igual a 2% (dois por cento) de sua receita global, orçamentada no exercício, a partir de janeiro de 72. Art. 3º A Fundação Educacional Alto Rio do Peixe exercerá sua ação em todos os Municípios componentes da Associação dos Municípios do Alto Vale do rio do Peixe- AMARP, além de outras que demonstrarem interesse em dela participar. Art. 4º No prazo de 30 (trinta), dias o Prefeito Municipal expedirá atos necessários à complementação da Presente Lei, regulamentando e estabelecendo normas para o funcionamento da entidade. Art. 5º Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação revogadas as disposições em Contrário. Registre-se e Publique-se

Prefeitura Municipal de Caçador, 23 de setembro de 1971 Registrada e publicada nesta Secretaria na mesma data

Decreto nº 70.386, de 10 de Abril de 1972 Autoriza o funcionamento da Faculdade de Pedagogia, Ciências e Letras de Caçador - Santa Catarina. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando das atribuições que lhe confere o artigo 81, item III, da Constituição, de acordo com o artigo 47 da Lei número 5.540, de 28 de novembro de 1968, alterado pelo Decreto-lei nº

842, de 9 de setembro de 1969 e tendo em vista o que conta do Processo número 215.194-72 do Ministério da Educação e Cultura,

DECRETA: Art 1º. Fica autorizado o funcionamento da Faculdade de Pedagogia, Ciências e Letras de Caçador - S.C., inicialmente com os cursos de Pedagogia e Letras, mantida pela Fundação Educacional Alto Vale do Rio Peixe - FEARPE, com sede em Caçador, Estado de Santa Catarina. Art 2º. Este Decreto entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Brasília, 10 de abril de 1972; 151º da Independência e 84º da República.

EMÍLIO G. MÉDICI Jarbas G. Passarinho

Este texto não substitui o original publicado no Diário Oficial da União Seção 1 de 11/04/1972 Publicação:Diário Oficial da União - Seção 1 - 11/4/1972, Página 3145 (Publicação Original).Coleção de Leis do Brasil - 1972, Página 19 Vol. 4 (Publicação Original).

Galeria de presidentes: FEARPE- UnC-Caçador- UNIARP

FEARPE 1971-1973 Ardelino Grando

FEARPE 1973- 1977 Moysés João Comazzetto

FEARPE 1977-1983 Reno Luiz Caramori

FEARPE 1983-1987 Elias Seleme Neto

FEARPE 1987-1992 Oneide Olsen

FEARPE/UnC-Caçador 1992-1998 Rui Caramori

UnC-Caçador 1998-2002 Celso Zeferino Marini

UnC-Caçador 2002-2006 Celso Zeferino Marini

UnC-Caçador 2006-2009 Luiz Eugênio Rossa Beltrami

UNIARP 2010-2013 Gilberto Seleme- presidente atual

Reitores: UnC Antônio Pazeto Mário Bandiera

Darci Martinello Werner J. Bertoldi Gaston Bojarski

Uniarp Moacir José Salamoni Adelcio Machado dos Santos

Linha do tempo 1971 Assembleia Geral pró-fundação da Fundação Educacional do Alto Vale do Rio do Peixe (FEARPE). Projeto da Faculdade elaborado pelo professor Raoulino Tramontin.

1972 Instalação oficial da Faculdade de Pedagogia, Ciências e Letras de Caçador, mantida pela FEARPE; Inauguração da Biblioteca Comendador Primo Tedesco.

1973 Início das tratativas para alterar a Lei de criação da Fundação passando de Direito Público para Direito Privado com o objetivo de ter isenção de encargos sociais; Reconhecimento dos cursos de Ciências, Serviço Social e Administração e da Habilitação em Supervisão Escolar do curso de Pedagogia.

1975 Lançada a pedra fundamental do Campus Universitário da FEARPE.

1976 Instalação da Biblioteca Comendador Primo Tedesco no prédio próprio da FEARPE; Inauguração da sede própria na rua Itororó (hoje Victor Baptista Adami)bloco A; Reconhecimento dos cursos de Pedagogia e de Letras.

1977 Criação do Colégio de Aplicação; Oferta de cursos da FEARPE em Curitibanos e em Videira; Alteração estatutária para obtenção de declaração de Instituição de Utilidade Pública Federal e Certificado de Filantropia.

1978 Reconhecimento do curso de Ciências.

1981 Reconhecimento dos cursos de Administração de Empresas e de Serviço Social.

1983 Obtenção do registro da Fundação como entidade filantrópica junto ao Conselho Nacional do Serviço Social; Campanha junto às indústrias para incentivar os empregados a cursar o ensino superior e para manter a Universidade.

1984 Realização da 1ª Semana do Administrador da FEARPE.

1985 Início da construção do Teatro.

1989 Concessão do título de Sócio Benemérito da FEARPE a Dom Orlando Dotti, idealizador da Faculdade; Instalação do Núcleo Universitário de Fraiburgo.

1991 Início das tratativas para ingresso na Fundação Universidade Regional no modelo multicampi: Caçador, Videira, Joaçaba e Concórdia; Aprovada a participação da FEARPE na Federação das Fundações Educacionais do Contestado - FENIC para concretizar a criação da Universidade do Contestado; Inauguração do Auditório do Contestado, hoje teatro da UNIARP.

1997 Alteração estatutária e surgimento da Universidade do Contestado Campos de Caçador;

1998-2002 Construção da sede da Reitoria; Implantação do curso de Direito; Início das tratativas para a construção de um novo bloco; Reformas e ampliações do espaço físico; Ampliação do térreo do bloco A; Abertura de novos cursos; Início das tratativas para aquisição do terreno para construção do bloco D; Expansão do Campus;

Aumento dos cursos de Pós- Graduação; Construção e investimentos em laboratórios.

2001- 2006 Inauguração do bloco B; Inauguração do Núcleo de Práticas Jurídicas Dr. João Antonio Nogueira Ramos; Abertura de novos cursos; Aumento dos cursos de Pós- Graduação; Construção do prédio da reitoria; Construção do bloco D; Inauguração da passarela de acesso ao bloco D.

2008 Realização do Seminário Regional de Administração em um novo formato.

2009 Constituída a Universidade Alto Vale do Rio do Peixe- UNIARP, sucessora da Universidade do Contestado, campus de Caçador; Inauguração de Laboratório na Epagri; Inauguração Ambulatório de Enfermagem; Inauguração Laboratório de Robótica;

2010 Inauguração da Arena Multiuso da UNIARP; Inauguração da Farmácia Escola; Realização do Seminário de Administração de Fraiburgo (Semad); Realização do evento Natal Solidário. Implantação do curso de Jornalismo

2011 Nova etapa na Educação Superior na região com ênfase nas Engenharias: UNIARP lança curso de Engenharia Civil; Governador Raimundo Colombo assina o recredenciamento da UNIARP.

2012 Instalada a Comissão de Mestrados Profissionais; Criação da Editora UNIARP registrada na Fundação Biblioteca Nacional do Ministério da Cultura; Criação da UNIARP Web Rádio; Aquisição por parte da UNIARP do prédio da reitoria da UnC; Implantação do Centro Administrativo e Reitoria da UNIARP; Implantação do EaD da UNIARP; Implantação dos cursos de Engenharia Elétrica e Engenharia Mecânica; Lançado o curso de Arquitetura e Urbanismo;

2013 Construção dos laboratórios de Elétrica, Produção Elétrica e de Metrologia; Realização da Feira de Negócios, Inovação e Tecnologia de Caçador (Fenitecc) em parceria com a Acic; UNIARP recebe a mais alta honraria do Parlamento Catarinense, a Comenda do Legislativo. UNIARP recebe a Certificação ODM 2013 pelo reconhecimento das ações da instituição em prol dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio no Estado e cumprimento das condições constantes do Termo de Adesão ao Movimento Nós Podemos Santa Catarina (MNPSC); UNIARP recebe a Certificação de Responsabilidade Social de Santa Catarina outorgado pela Assembleia Legislativa do Estado.

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