A Imagem de Destino da Cidade de Blumenau nas Redes Sociais Virtuais de Fotografia

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Descrição do Produto

UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E DA COMUNICAÇÃO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – PUBLICIDADE E PROPAGANDA

BRUNO JAHN BERTOLI

A IMAGEM DE DESTINO DA CIDADE DE BLUMENAU NAS REDES SOCIAIS VIRTUAIS DE FOTOGRAFIA

BLUMENAU 2014

BRUNO JAHN BERTOLI

A IMAGEM DE DESTINO DA CIDADE DE BLUMENAU NAS REDES SOCIAIS VIRTUAIS DE FOTOGRAFIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda do Centro de Ciências Humanas e da Comunicação da Universidade Regional de Blumenau, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social – Habilitação em Publicidade e Propaganda. Profª. Fabrícia Durieux Zucco – Doutora em Administração – Orientadora

BLUMENAU 2014

BRUNO JAHN BERTOLI

A IMAGEM DE DESTINO DA CIDADE DE BLUMENAU REPRESENTADA NO INSTAGRAM

Trabalho de obtenção do Social – Propaganda, por:

Conclusão de Curso aprovado para grau de Bacharel em Comunicação Habilitação em Publicidade e pela Banca examinadora formada

Aprovado em: 25 de junho de 2014.

_________________________________________________ Presidente: Prof.ª Fabrícia Durieux Zucco, Doutora - Orientadora, FURB

_________________________________________________ Membro: Prof. Clóvis Reis, Doutor, FURB

_________________________________________________ Membro: Prof. Thiago dos Santos, Mestre, FURB

Dedico este trabalho a todos que um dia acreditaram em mim.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, pelo dom da vida, e por ter me sustentado até aqui em todo o tempo, colocando no meu caminho os desafios que tive que enfrentar com as pessoas que eu precisava ao meu lado para vencê-los. À minha família, especialmente aos meus pais, Analise Jahn e Luciano Bertoli, que durante esses quase cinco anos de faculdade sempre me incentivaram e se esforçaram de várias formas para que eu pudesse cursar minha graduação. Aos meus amigos, que estiveram sempre na torcida e souberam compreender minhas ausências durante o final do curso. Não posso deixar de agradecer em especial à Ariane, à Bianca, à Brenda, ao Davi, à Franci, ao Hélton, à Maira, ao Marcio, ao Junior e à Twâny. Cada um do seu jeito soube me apoiar de alguma forma e contribuiu para que eu tivesse chegado até aqui. À equipe de Marketing e Relacionamento da Guia Fácil Comunicação, meus colegas de trabalho, que me incentivaram, pegaram no meu pé durante todo o semestre e também me deram ótimos conselhos. Aos colegas de faculdade que conquistei durante esses anos, pelo apoio e pelos bons momentos vividos. Destaco aqui minhas amigas Priscyla e Sara, companheiras na maior parte dos trabalhos, e os demais integrantes da nossa eterna “Sala B” – Andrei, Bianca da Silva, Bianca Philippi, Pâmela e Rodolfo – os fortes que permaneceram até o fim. À professora Fabrícia Durieux Zucco, minha fiel orientadora, que nunca deixou de acreditar no potencial deste trabalho e não abriu mão de mais este desafio. Aos professores Clóvis Reis, Marta Helena Caetano e ao acadêmico Victor Fernandes pelas contribuições na elaboração deste trabalho. Ao professor Thiago Santos, que, com muita paciência e dedicação, me auxiliou no tratamento estatístico e análise dos dados da pesquisa. A todos os outros professores do curso que contribuíram para a minha aprendizagem e me inspiraram durante as suas aulas nesses quatro anos e meio. À equipe da Seekr Gestão de Monitoramento de Marcas em Mídias Sociais, em especial à Tamara de Oliveira e ao Matheus Kaestner, que deram todo o suporte técnico necessário e possibilitaram a utilização do Seekr Monitor, essencial para que essa pesquisa se tornasse viável.

Procure ser um homem de valor, em vez de ser um homem de sucesso. Albert Einstein

RESUMO

O turismo se desenvolveu e hoje é fonte de renda para várias economias no mundo todo. Diante desse fenômeno, surgiram estudos acerca da imagem que os turistas possuem dos destinos turísticos. Esta imagem é construída com forte influência das fontes de informação, e na atualidade, destaca-se a internet, aliada às mídias sociais e à fotografia digital. Diante disso, o presente trabalho tem como objetivo analisar a representação da imagem de destino da cidade de Blumenau no Instagram, uma das mídias sociais que mais cresce no Brasil. A pesquisa é considerada básica, conforme sua natureza; quantitativa, de acordo com a sua forma de abordagem; e exploratória, em relação aos seus objetivos. Os procedimentos técnicos utilizados foram: revisão bibliográfica, coleta de dados e análise, que contou com procedimentos estatísticos de Alfa de Cronbach, Correlação de Spearman e Modelagem de Equação Estrutural. A coleta de dados foi realizada entre os dias 06 de março e 18 de abril de 2014, através de um software específico para monitoramento de mídias sociais. Foram analisadas 1000 imagens marcadas com a hashtag #Blumenau. Os resultados obtidos na pesquisa apontam que as fotografias publicadas têm forte relação com Aspectos Gerais, Eventos, Lazer, Gastronomia e Arquitetura Típica.

Palavras-chave: Imagem de destino. Turismo. Mídias Sociais. Instagram.

ABSTRACT

Tourism has developed and nowadays it is a source of income for several economies throughout the world. In view of this phenomenon, studies have emerged about the image that tourists have of tourist destinations. This image is built with strong influence of the information sources, and nowadays, the internet stands out, combined with social media and digital photography. Therefore, this study aims to analyze the representation of the destination image of Blumenau, on Instagram, one of the fastest growing social media in Brazil. The research is considered basic, according to its nature; quantitative, according to its approach; and exploratory, in relation to its goals. The technical procedures used were: bibliographical review, data collection and analysis, which relied on statistical procedures of Cronbach's Alpha, Spearman Correlation and Structural Equation Modeling. The data collection was held between March 6th and April 18th, 2014, through a specific software in monitoring social media. Thousand images marked with the hashtag #Blumenau were analyzed. The results obtained in this research indicate that the photographs published have a strong relation with General Aspects, Events, Leisure, Food and Typical Architecture.

Keywords: Destination Image. Tourism. Social Media. Instagram.

LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Modelo geral de formação da imagem de destino .................................................. 20 Figura 2 – Representação gráfica de redes sociais ................................................................... 27 Figura 3 – Representação gráfica de mídias sociais ................................................................. 28 Figura 4 – Exemplo 1 – Usuária se dirigindo para Blumenau.................................................. 44 Figura 5 – Exemplo 2 – Usuária se dirigindo para Blumenau.................................................. 44 Figura 6 – Exemplo – Fotografia de local não pertencente a Blumenau .................................. 45 Figura 7 – Exemplo 1 – Várias hashtags de cidades em uma publicação ................................ 46 Figura 8 – Exemplo 2 – Várias hashtags de cidades em uma publicação ................................ 46 Figura 9 – Exemplo – Vídeo no Instagram............................................................................... 47 Figura 10 – Exemplo – Layouts no Instagram ......................................................................... 48 Figura 11 – Modelagem da Equação Estrutural ....................................................................... 65

LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Evolução da busca por informações turísticas de 2006 a 2012 .............................. 24 Tabela 2 – Critério-filtro – Fotos relacionadas a Blumenau, moradores e turistas .................. 50 Tabela 3 – Características da amostra ...................................................................................... 51 Tabela 4 – Resultado descritivo das dimensões do construto .................................................. 53 Tabela 5 – Resultado descritivo por dimensão – Arquitetura Típica ....................................... 54 Tabela 6 – Resultado descritivo por dimensão – Arquitetura Civil ......................................... 54 Tabela 7 – Resultado descritivo por dimensão – Arquitetura Religiosa .................................. 55 Tabela 8 – Resultado descritivo por dimensão – Lazer ............................................................ 56 Tabela 9 – Resultado descritivo por dimensão – Elementos Urbanos ..................................... 56 Tabela 10 – Resultado descritivo por dimensão – Eventos ...................................................... 57 Tabela 11 – Resultado descritivo por dimensão – Natureza .................................................... 58 Tabela 12 – Resultado descritivo por dimensão – Gastronomia .............................................. 58 Tabela 13 – Resultado descritivo por dimensão – Horizonte ................................................... 59 Tabela 14 – Resultado descritivo por dimensão – Fenômenos Meteorológicos ...................... 59 Tabela 15 – Resultado descritivo por dimensão – Identidade Típica ....................................... 60 Tabela 16 – Resultado descritivo por dimensão – Aspectos Gerais ......................................... 60 Tabela 17 – Correlação de Spearman – Variáveis x Gênero .................................................... 62 Tabela 18 – Correlação de Spearman – Variáveis x Avaliação ............................................... 63

LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Situações possíveis em relação à imagem de destino ............................................ 19 Quadro 2 – Classificação das fontes de informação turísticas ................................................. 23 Quadro 3 – Como os viajantes globais usam smartphones e tablets em viagens ..................... 32

SUMÁRIO

1

INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 14

1.1

OBJETIVOS ............................................................................................................... 15

1.1.1

Objetivo geral ............................................................................................................. 16

1.1.2

Objetivos específicos .................................................................................................. 16

2

REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 17

2.1

IMAGEM DE DESTINO ........................................................................................... 17

2.2

O CONSUMIDOR DE TURISMO ............................................................................ 21

2.3

FONTES DE INFORMAÇÃO TURÍSTICA ............................................................. 22

2.3.1

Internet como fonte de informação ............................................................................ 25

2.3.2

Redes sociais e mídias sociais .................................................................................... 26

2.3.3

Internet e mídias sociais e sua influência no turismo ................................................. 28

2.3.4

Fotografia digital e turismo ........................................................................................ 33

2.3.5

Instagram .................................................................................................................... 36

3

METODOLOGIA DA PESQUISA......................................................................... 39

3.1

TIPO DE PESQUISA ................................................................................................. 39

3.1.1

Pesquisa Básica .......................................................................................................... 39

3.1.2

Pesquisa Quantitativa ................................................................................................. 39

3.1.3

Pesquisa Exploratória ................................................................................................. 39

3.2

INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ........................................................... 40

3.3

PROCEDIMENTOS TÉCNICOS E COLETA DE DADOS .................................... 42

3.4

PROCEDIMENTO DE ANÁLISE DE DADOS ....................................................... 48

4

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................. 50

4.1

POPULAÇÃO E AMOSTRA .................................................................................... 50

4.2

CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA .................................................................... 50

4.3

RESULTADOS DESCRITIVOS ............................................................................... 52

4.4

CORRELAÇÃO DE SPEARMAN ............................................................................ 61

4.5

MODELAGEM DA EQUAÇÃO ESTRUTURAL.................................................... 64

5

ANÁLISE INTEGRADA ......................................................................................... 67

6

CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES ........................................ 70

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 72 APÊNDICE A - INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS .......................................... 77 APÊNDICE B – SEEKR MONITOR ................................................................................... 81 ANEXO A – QUADRO DE CÓDIGOS DA MODELAGEM DE EQUAÇÃO ESTRUTURAL ....................................................................................................................... 82

14

1

INTRODUÇÃO

A evolução do mercado turístico acarretou em dois fenômenos: O aumento da competição entre os destinos e a importância da atividade turística na economia. Estes fatores contribuíram para que o turismo se consolidasse como uma vertente de estudos destacada na área do marketing. Isso ocorreu a partir do final de 1970, quando empresas se depararam com o excesso de oferta e aumento da competição no trade turístico. (MACHADO; GOSLING, 2010) O turismo, como um bem de consumo intangível, é apresentado aos turistas potenciais por meio de informações disponíveis nos meios de comunicação. Neste contexto, a internet destaca-se como a fonte que mais cresce nas buscas por destinos turísticos e produtos e serviços relacionados. Dentro deste complexo campo de informações, as mídias sociais revolucionaram o turismo e conquistam maior adesão e número de usuários ativos constantemente. Estes espaços possibilitam a interação entre moradores e turistas, que deixaram de ser simples receptores da comunicação e agora expõem suas opiniões e experiências pessoais na internet, atuando como formadores de conteúdo. Atualmente, usuários publicam fotos dos lugares onde vivem e de suas viagens instantaneamente em seus perfis sociais, como Facebook, Instagram e Flickr. Estas fotografias são ferramentas fundamentais na criação e promoção da imagem do destino. Elas não somente demonstram visualmente o destino, mas também comunicam seus atributos, características, ideais e valores. (DOPRA; TRZASKOS; BAUM, 2011) Diante deste contexto, destaca-se a importância de estudar a imagem de destino nas mídias sociais, afinal, esta não é construída apenas pela intermediação do próprio destino. Agora, os turistas e moradores são também construtores de imagens turísticas, um fator que pode ser positivo para o destino, quando este está bem representado, e negativo, quando seus aspectos negativos de destacam nas publicações. (DONAIRE; DALÍ, 2011) A imagem de destino é geralmente aceita como um importante aspecto na gestão estratégica do marketing de destinos devido ao seu impacto na busca realizada pelos turistas e na oferta como um todo. Apesar da grande quantidade de literatura sobre o tema, ainda não há um consenso teórico entre os pesquisadores. (TASCI, 2007) O estudo da imagem dos destinos turísticos é relevante para que seja possível analisar como os destinos são apresentados aos turistas, sejam estes potenciais ou reais. O campo da imagem de destinos turísticos tem sido investigado por diversos pesquisadores, tendo uma vasta literatura sobre a área. Neste trabalho, destacam-se as contribuições de

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Baloglu e McCleary (1999), Chagas (2008 e 2009), Figuerêdo e Mayer (2010), Pérez-Nebra e Torres (2010), Chagas, Dantas e Fernandes (2010) e Brea e Cardoso (2011). A influência da internet aliada às mídias sociais é nítida quando se fala de turismo, e, no que tange a pesquisas recentes sobre suas implicações, Medina e Werner (2007), Marujo (2008), Jacobsen e Munar (2012), Vieira (2012), Boley, Magnini e Tuten (2013) e Perinotto (2013) abordam o assunto em diferentes perspectivas que contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho. A fotografia cria um conjunto de expectativas e percepções sobre possíveis destinos de viagem, e, sobre o aspecto da sua relevância para o turismo e estudos da imagem de destino, foram importantes para o embasamento teórico deste estudo as investigações de Oliveira (2007), Cruz, Camargo e Guzela (2007); Donaire e Galí (2011), Dropa, Trzaskos e Baum (2011); Cruz et al. (2012) e Queiroz Filho e Damiani (2012). Ressalta-se aqui o estudo de Donaire e Galí (2011), que tratou de pesquisar a imagem turística da cidade de Barcelona no Flickr e inspirou a realização deste trabalho na perspectiva de Blumenau. A cidade de Blumenau apresenta alto potencial turístico e atrai turistas de várias regiões do Brasil e até do mundo pelas suas belezas naturais, eventos de caráter nacional e festas populares. A cidade ainda conta com infraestrutura preparada quando se fala em hotelaria e restaurantes, além de vários roteiros turísticos, cervejarias e centros comerciais. Portanto, o presente estudo tem o objetivo de aprofundar tal discussão e centra-se em analisar a representação da imagem de destino da cidade de Blumenau no Instagram. Optouse por esta mídia social em razão do seu constante aumento de usuários no Brasil e no mundo. Desde o lançamento do aplicativo em 2010, o serviço tem sido um sucesso sem precedentes. Em março de 2014, o blog do Instagram anunciou que a ferramenta havia ultrapassado a marca de 200 milhões de usuários ativos por mês no mundo. São cerca de 1,6 bilhões de fotos curtidas e 60 milhões de fotos postadas diariamente. O presente estudo está dividido em cinco capítulos. O primeiro apresenta a fundamentação teórica, que trata sobre teorias a respeito da imagem de destino, o consumidor de turismo e as fontes de informação que o influenciam, com destaque para a internet, as mídias sociais e a fotografia digital. Em seguida, é apresentada a metodologia de pesquisa, os resultados descritivos e suas discussões e, por fim, as considerações finais e recomendações.

1.1

OBJETIVOS

A seguir, enunciam-se o objetivos geral e específicos de pesquisa.

16

1.1.1 Objetivo geral

Identificar a representação da imagem de destino da cidade de Blumenau nas redes sociais virtuais de fotografia, analisando quais são as implicações para a gestão da imagem de destino da cidade.

1.1.2 Objetivos específicos

Os objetivos específicos deste estudo são:

a) Compreender o campo teórico que cerca os estudos da imagem de destino e sua importância para o turismo; b) Estudar as principais fontes de informação turística utilizadas atualmente; c) Categorizar as fotos publicadas com hashtag #Blumenau no Instagram; d) Analisar as fotos categorizadas, com intuito de compreender como a imagem de destino da cidade de Blumenau está representada nesta mídia social; e) Constatar possíveis oportunidades futuras para o aprofundamento deste estudo.

17

2

REVISÃO DE LITERATURA

Será apresentada a seguir a fundamentação teórica sobre imagem de destino, comportamentos do consumidor de turismo e fontes de informação turística, com foco na internet, mídias sociais e fotografia digital, áreas que norteiam o campo teórico de pesquisa deste trabalho e permitem compreender a área de estudo.

2.1

IMAGEM DE DESTINO

O turismo, como um bem de consumo intangível, é apresentado aos consumidores por meio de descrições, narrações, mídia e fotos. O que induz o turista à escolha de um destino são as promessas de satisfação que este pode oferecer. Neste sentido, a imagem de destino tem sido alvo de inúmeras investigações ao longo de aproximadamente quatro décadas. A sua importância é reconhecida internacionalmente por acadêmicos e profissionais da área, em virtude, principalmente, de sua influência no comportamento do consumidor turístico. (PÉREZ-NEBRA; TORRES, 2010) Perinotto (2013, p. 01) conceitua dois importantes aspectos da imagem, através das abordagens utilizadas na comunicação: O primeiro aspecto se refere à imagem mental, que pode ser definida como sendo aquela elaborada no imaginário das pessoas – ou seja: são todas as imagens que a mente produz a partir de experiências vividas, das mensagens recebidas e assimiladas bem como através da compreensão do mundo. Já o segundo aspecto se refere àquela imagem que vale como suporte para a comunicação, constituindo-se de maneira concreta e efetiva através de meios como fotografia, televisão e cinema.

Crompton (1979, apud PÉREZ-NEBRA; TORRES, 2010, p. 84) define a imagem de destino como a “soma de crenças, ideias e impressões que uma pessoa possui de um destino”. Entretanto, Chagas (2008) constatou que o número de definições para o tema é semelhante à quantidade de pesquisadores que já se dedicaram a estudá-lo, não havendo um consenso geral. Smith, Amorim e Soares (2013) afirmam que a imagem dos destinos turísticos está comumente associada aos atributos naturais e culturais do destino em questão, além das vantagens em relação aos demais destinos. Ainda segundo os autores, é natural o crescimento da competitividade entre os múltiplos destinos existentes no mundo, que agora procuram estratégias eficientes para se posicionarem e comunicarem os seus atributos aos possíveis turistas.

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Chagas (2009) destaca três características básicas da imagem de destino: a subjetividade, o fato de que estas imagens são tomadas como realidade, mesmo quando dela se diferem, e a sua dinamicidade. A primeira característica se refere ao aspecto "individualista" da análise da imagem, pois cada observador atribui significado ao objeto observado, de acordo com seu lado afetivo, sua formação ideológica, cultural, etc., podendo, assim, o mesmo objeto ter o número de imagens igual ao número de sujeitos indagados sobre ela. (CHAGAS, 2009, p. 05)

Há discórdias entre os pesquisadores em relação aos componentes que formam a imagem de destino na mente das pessoas. Alguns autores defendem a ideia de que a imagem de destino é formada pelo componente cognitivo, outros afirmam que ela corresponde a soma do componente cognitivo com o afetivo, e outros ainda concebem a junção de componentes cognitivos, afetivos e conativos no processo de formação da imagem de destino. (CHAGAS, 2008) O lugar o qual as pessoas vivem também impacta na avaliação que realizam de um destino. Jehkins (1999) observou que os estudos de Hunt (1975) e Scott et al. (1978) consideram que a formação da imagem de destino é determinada parcialmente pela distância em que as pessoas estão de um destino, pois, quando estão próximas a um local, há mais chances de terem visitado locais próximos às suas residências e terem sido expostas a informações da mídia e opiniões de amigos e familiares. O estudo concluiu que as pessoas têm informações mais realistas de um destino quando residem próximas a ele. (PÉREZNEBRA; TORRES, 2010) Chagas (2009) construiu um quadro com situações possíveis em relação à imagem de destino, com nove tipos de imagens de destino existentes:

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Quadro 1 – Situações possíveis em relação à imagem de destino Tipos de imagem Demasiadamente atraente

Positiva/atrativa

Contraditória Pobre/fraca Neutra Negativa/repulsiva

Mista

Estereotipada

Distorcida/confusa

Caracterização Aqueles poucos destinos que possuem atratividade excessiva. Existe a necessidade de maior controle e responsabilidade na promoção, pois, podem vir a ter problemas em suportar tantos interessados em visitá-lo. É aquela imagem que favorece o destino. Estimula fortemente a vinda de turistas ao local. Inexiste a necessidade de mudanças da imagem, apenas faz-se necessário a maior divulgação para mais mercados em potencial. É aquela que dá margens a diferentes perspectivas na análise da imagem. É aquela com baixo potencial atrativo, seja por falta de divulgação ou mesmo de recursos naturais/ artificiais para o turismo. Aquela que não provoca nenhum sentimento de atração ou repulsa no consumidor turístico. Aquela que um ou mais aspectos desfavoráveis apresentam-se de maneira mais intensa que os possíveis aspectos favoráveis junto ao público-alvo do destino. Aquela que apresenta um mix de componentes atrativos e repulsivos, ao mesmo tempo em que desperta interesse, causa sentimentos de incerteza ou ressalva com reação a um ou mais aspectos. Aquela em que algum aspecto do destino tornou grandes proporções a ponto de se tornar um tipo de “ícone” de representação ao se falar dele. Aquela que apresenta certa supervalorização de algum(ns) aspecto(s) desfavorável(is), não necessariamente expressando a verdade. Fonte: Adaptado de Chagas (2009)

Mesmo com as divergências e variadas posições dos estudiosos, ocorrem concordâncias: Na verdade, embora surjam variadas posições acerca dos componentes que criam essa impressão ou sentimento sobre o destino turístico, a generalidade dos investigadores concordam na existência de três componentes distintos hierarquicamente relacionados: cognitivo, afetivo e global (BREA; CARDOSO, 2011, p. 08)

Para fazer predições e conseguir explicações para alguns fenômenos relacionados aos turistas, vários modelos trataram de delinear e explicar o comportamento do consumidor de turismo. (PÉREZ-NEBRA; TORRES, 2010) Baloglu e McCleary (1999) desenvolveram um modelo teórico acerca dos diferentes fatores que determinam o desenvolvimento da imagem turística, baseado em estudos e modelos anteriores. O modelo (Figura 1) foi desenvolvido para fornecer um quadro com as forças que orientam a formação da imagem de destino e propõe relação entre os diferentes níveis de avaliação dentro desta estrutura (cognitivo, afetivo e global).

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Figura 1 – Modelo geral de formação da imagem de destino Fatores Pessoais

Imagem do Destino

Fatores de Estímulo

Psicológicos   

Valores Motivações Personalidade

 Afetiva  Global

Social    

 Percebida/ Cognitiva



 

Fontes de Informação o Quantidade o Tipo Experiência anterior Distribuição

Idade Educação Estado Civil Outros Fonte: Adaptado de BALOGLU; MCCLEARY (1999)

Conforme o quadro acima, Baloglu e McCleary (1999) observaram que pesquisadores de várias disciplinas afirmam que a construção da imagem de destino se dá através de avaliações perceptivas/ cognitivas e afetivas. Conforme o modelo e estudo dos autores, a dimensão dos fatores pessoais diz respeito às características dos indivíduos, que podem ser sociais (idade, educação, estado civil e outros) ou psicológicas (valores, motivação e personalidade). As avaliações cognitivas referem-se às crenças ou conhecimento que as pessoas possuem de um destino, enquanto avaliações afetivas são formadas por sentimentos para com o destino ou ligadas a ele. (BALOGLU; MCCLEARY, 1999) O estudo de Baloglu e McCleary (1999) também propõe que as fontes de informação podem ser divididas em duas vertentes: a simbólica e a social. A primeira se refere a informações promovidas pelo próprio destino, enquanto a social tem influência de amigos, parentes e pessoas de convívio social. (CHAGAS, 2009) Na dimensão das variáveis de estímulos, Baloglu e McCleary (1999) observam como integrantes das fontes de informações externas: publicidade, divulgação boca a boca, agências de viagens, operadoras de turismo, etc., assim como as experiências prévias do turista com o destino, ou seja, o seu grau de familiaridade. (CHAGAS, 2009)

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Assim como o modelo de Baloglu e McCleary (1999), os estudos de Brea e Cardoso (2011) consideram que a imagem do destino turístico é formada como resultado da avaliação perceptual/ cognitiva e afetiva. Ainda segundo os autores, essas duas avaliações juntas formam a imagem global do destino turístico. Destaca-se aqui a variável fontes de informação externas no contexto da dimensão de fatores de estímulo para formação da imagem turística, afinal, as fontes de informação, com todos os seus integrantes, possuem uma posição destacada no processo de formação da imagem de destino e influenciam o comportamento do consumidor de turismo. (CHAGAS, 2009)

2.2

O CONSUMIDOR DE TURISMO

O turismo é uma atividade de grande envolvimento, pois geralmente está atrelado às férias dos consumidores e em muitos casos envolve alto investimento financeiro. (PÉREZNEBRA; TORRES, 2010). As pessoas encontram no turismo uma forma de se desligar, por um período de tempo, do ninho caótico e “recarregar” pensamentos, corpo e alma para, em seguida, poder encarar suas atividades rotineiras. (VIEIRA, 2012) Ainda hoje – no mundo globalizado, de consumo acessível e bombardeado pela publicidade – as viagens estão mais no âmbito do ocasional ou do extraordinário, que do cotidiano. Viajar é justamente sair do dia-a-dia, e alguns lugares são visitados uma única vez na vida de uma pessoa. Por isso, as viagens sempre fomentaram a memória e estão associadas a objetos que estimulam a recordação. Objetos que levamos para casa como se estivéssemos levando um pouco do lugar visitado. Objetos que podemos presentear também como se estivéssemos presenteando com um pedaço do lugar visitado. (PERROTTA, 2009, p. 01)

“Os turistas são consumidores [...], são caçadores de emoções [...], sua relação com o mundo é primordialmente estética: Eles percebem o mundo como um alimento para a sensibilidade. São tocados – atraídos ou repelidos – pelas sensações prometidas.” (BAUMAN, 1999, apud QUEIROZ FILHO; DAMIANI, 2012, p. 02) São vários os motivos que influenciam os turistas nas escolhas de suas viagens: As razões e motivações dos turistas ao escolher uma localidade para viajar nas suas férias estão relacionadas diretamente com a vocação turística do destino, que pode ser: cultural, saúde, negócios, eventos, sol e praia, esporte, ecoturismo e religioso. Por sua vez, esta vocação está estreitamente vinculada com os atrativos naturais, artificiais, culturais e sociais existentes nos destinos turísticos. (CRUZ; CAMARGO; GUZELA, 2007, p. 02)

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Antes de viajar, o turista faz previsões das experiências que pretende ter em sua viagem. Estas previsões estão fundamentadas nas emoções que o destino evoca na sua memória, através de comentários de amigos, pela leitura da folheteria, anúncios publicitários, etc. A escolha de um destino baseia-se na imagem que o consumidor valoriza e espera encontrar. Portanto, a escolha do destino vai depender de imagens favoráveis que o consumidor tenha do lugar. Existe também um valor simbólico no processo de escolha do lugar a ser visitado, pois envolve status e aprovação social e muitas vezes são momentos únicos na vida do consumidor, como por exemplo, a lua de mel. (PÉREZ-NEBRA; TORRES, 2010) Diante destes fenômenos, surge a importância da compreensão da imagem que o consumidor possui dos múltiplos destinos existentes. A imagem de destino “[...] é reconhecida como o principal fator responsável pela escolha de um destino, em especial, em detrimento ao grande número oferecido deles atualmente.” (CHAGAS, 2008, p. 437). Neste sentido, é de fundamental importância estudar as fontes de informação que têm sido utilizadas no turismo, considerando seu alto impacto na formação da imagem de destino.

2.3

FONTES DE INFORMAÇÃO TURÍSTICA

A busca por informações é considerada crucial para a escolha do destino do turista. As fontes de informação podem ser externas e internas, sendo esta última, relativa ao sistema cognitivo. (JACOBSEN; MUNAR, 2012) Se o conteúdo presente na memória do consumidor não é suficiente para que ele tome a decisão, ele recorre a informações externas. No caso de viagens de férias, na maioria das vezes, a busca de informação é externa e envolve um esforço considerável por parte do interessado e uma variedade de fontes de informação. (FODNESS; MURRAY, 1997) Pessoas que já visitaram um local tendem a confiar mais em suas experiências anteriores, enquanto quem visita um destino pela primeira vez recorre mais a informações externas. (JACOBSEN; MUNAR; 2012) Caso o consumidor enfrente dificuldades no processo de busca por informações externas, o destino em questão pode ser ignorado em favor de outros que possuam informações com acesso mais facilitado. (PÉREZ-NEBRA; TORRES, 2010) Para que um destino seja escolhido entre outro, as informações devem ser confiáveis e precisam despertar interesse. A validade da imagem deve corresponder à realidade, sendo

23

real e efetiva. E, acima de tudo, as informações devem despertar a intenção da visita. (SMITH; AMORIN; SOARES, 2013) A pesquisa externa de informações sobre o destino não consiste apenas em informações de mercado, mas também inclui fontes como notícias, guias de turismo e parentes e amigos. (JACOBSEN; MUNAR, 2012) O acesso a informações precisas, confiáveis e relevantes é essencial para ajudar os viajantes a fazer uma escolha apropriada, uma vez que eles não podem pré-testar o produto e receber seu dinheiro facilmente de volta, caso a viagem não corresponda às suas expectativas. (CRUZ et al., 2012) Quanto maior e melhor for a informação sobre o destino turístico, melhor correspondência terá a imagem com a realidade. Quanto mais adequada essa relação, mais forte será a imagem da cidade e a experiência do turista no local. Outra variável que se deve levar em conta é a percepção do consumidor, identificando se a imagem construída foi emitida e recebida corretamente pelos turistas em potencial. (SMITH; AMORIM; SOARES, 2013) Após o processo de busca de informações, o consumidor trata de consolidar e avaliar as informações que procurou. (PÉREZ-NEBRA; TORRES, 2010) Engel, Blackwell e Miniard (1995) sugerem um sistema de classificação para o entendimento das fontes de informação externas no turismo (Quadro 2). Estas fontes podem ser classificadas em comerciais, não comerciais e recebidas através de comunicação pessoal ou impessoal. (FODNESS; MURRAY, 1997) Quadro 2 – Classificação das fontes de informação turísticas Impessoal

Comercial

Não comercial

Pessoal

Folhetos Guias Escritórios de turismo local Guias de viagens estaduais

Serviço de assistência automobilística Agências de viagens

Revistas Jornais

Amigos e conhecidos Centro de informações de autoestrada Experiências pessoais Fonte: Adaptado de FODNESS; MURRAY, 1997

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Conforme o modelo de Engel, Blackwell e Miniard (1995), pode-se observar que folhetos, guias, escritórios de turismo local e guias de viagem estão inclusos em informações comerciais, pois visam atrair o consumidor para o destino em questão, e são impessoais, pois se dirigem à massa. Agências de viagem e serviços de assistência automobilística também propagam informações comercialmente, mas tratam o interessado de forma pessoal. Revistas e jornais que citam destinos turísticos não são considerados comerciais, afinal, tendem a prezar pela imparcialidade. Amigos, parentes, centros de informação de autoestrada e experiências pessoais não possuem caráter comercial e desempenham tratamento pessoal com o turista. Dados atuais do Ministério do Turismo (2013)1 afirmam que amigos e familiares sempre foram a principal fonte de informação dos turistas estrangeiros que vieram para o Brasil, mas a partir de 2010, a internet tomou este lugar e tornou-se a principal fonte de informações para 1,87 milhão de turistas estrangeiros que vieram ao Brasil em 2012. A Tabela 1 traz os resultados da pesquisa, com base nos anos de 2006 a 2012:

Tabela 1 – Evolução da busca por informações turísticas de 2006 a 2012 Fonte de informação (em %)

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Internet

19,9

24,4

27,6

30,1

30,9

32,6

33,6

Amigos e parentes

39,7

38,4

30,7

30,8

28,4

28,5

29,9

Viagem corporativa

19,5

17,9

17,1

15,6

16,0

18,9

18,6

Agência de viagens

8,5

8,6

13,6

12,2

14,5

11,4

9,9

Guias e impressos

7,5

5,8

6,5

7,3

6,2

5,3

4,4

Feiras, eventos e congressos

-

1,3

1,6

1,4

1,4

1,1

1,7

Folders e brochuras

0,4

0,5

0,4

0,3

0,4

0,2

0,3

Artigos em jornais e revistas

0,7

0,6

0,2

0,2

0,2

0,2

0,1

Programas de televisão e rádio

1,0

0,4

0,1

0,2

0,1

0,1

0,1

Outros

2,8

2,1

2,2

1,9

1,9

1,7

1,4

Total

100

100

100

100

100

100

100

Fonte: Adaptado de Ministério do Turismo (2013)

_____________ 1

Disponível em:

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Conforme os dados do Ministério do Turismo (2013), percebe-se que já em 2006 as principais fontes de informação utilizadas pelos turistas eram Amigos e Parentes (39,7%), Internet (19,9%), Viagens Corporativas (19,5%) e Agências de Viagem (8,5%). A internet ganha maior participação nos resultados a cada ano e, a partir de 2010, o número de turistas que a utilizaram como principal fonte de informação no turismo se torna progressivamente mais destacado em relação a todas as outras opções. De acordo com o Ministério do Turismo (2013), a principal diferença entre a internet e guias de viagem e meios convencionais de promoção do turismo é que na internet os usuários expõem suas avaliações dos hotéis, pousadas e pontos turísticos em que estiveram. A consolidação da rede como mídia tem afetado o turismo e o comportamento dos consumidores e as formas de comunicação. Hoje é imprescindível que qualquer destino turístico esteja presente na web. (CARNIELLO; CANDELÁRIA, 2008)

2.3.1 Internet como fonte de informação “Uma das características do mundo globalizado do século XXI é o constante avanço técnico-científico, que traz como consequência a troca rápida de informações, possível com apenas um clique.” (VIEIRA, 2012, p. 12) O advento da Internet trouxe diversas mudanças para a sociedade. Recuero (2009, p. 24) destaca: A mais significativa é a possibilidade de expressão e sociabilização através das ferramentas de comunicação mediadas pelo computador (CMC). Estas ferramentas proporcionaram, assim, que atores pudessem construir-se, interagir e comunicar com outros atores, deixando, na rede de computadores, rastros que permitem o reconhecimento dos padrões de suas conexões e a visualização de suas redes sociais através desses rastros.

Com o surgimento da web 2.0, a forma de comunicação foi ganhando maior participação. O que antes era limitado apenas para pessoas de alto nível de habilidade técnica, passou a ser acessível a qualquer pessoa que poderia ter seu próprio site e publicar seu conteúdo, o que configura a “explosão dos blogs”. (CRUZ et al., 2012) Ao contrário de meios de comunicação tradicionais – onde os produtores de conteúdo geralmente são jornalistas, escritores, filósofos, etc. – a internet é alimentada por qualquer pessoa alfabetizada e que possua um computador ou smartphone conectado à internet. O nível de acessibilidade à ferramenta aumentou consideravelmente. Agora,

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produtores de conteúdo podem ser profissionais liberais, artesãos e até mesmo donas de casa. (OLIVEIRA, 2007) Pesquisas recentes do Ibope2 constataram que a internet já é a primeira fonte de informações gerais de quase metade dos brasileiros. Para o levantamento, o Ibope entrevistou 20 mil pessoas nas regiões metropolitanas de Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. O resultado aponta que 47% dos entrevistados tem a internet como sua forma preferencial de ter acesso a notícias. O percentual está acima da média mundial, que é de 45%. (EXAME, 2014) A inovação tecnológica intervém agora em, pelo menos, dois níveis. Em primeiro lugar, no que nós chamaríamos da inovação do cotidiano, que visa o curto prazo entre o desejo e a realidade do novo consumidor. Em um segundo momento, a tecnologia da informação, que ensejou a troca das práticas de modo a implementarse resultados positivos nos negócios. (MEDINA; WERNER, 2007, p. 01)

“A internet tornou-se, portanto, um canal mais adequado na distribuição de informação através de dados, fotos, vídeos, sons, imagens virtuais e em tempo real, atingindo, assim, milhões de pessoas a um baixo custo.” (CRUZ et al., 2012) A seguir, destacam-se as mídias sociais, que, de acordo com Silva e Mendes Filho (2013), são canais onde usuários transmitem informações, conteúdos e compartilham suas experiências pessoais. Conforme pesquisa do Netview para o IBOPE Media3, em janeiro de 2013, as mídias sociais atingiram mais de 46 milhões de usuários no Brasil, valor correspondente a 86% dos internautas ativos da internet no período.

2.3.2 Redes sociais e mídias sociais

Apesar da utilização indistinta no cotidiano e também por alguns autores, há uma corrente teórica que afirma que os termos “redes sociais” e “mídias sociais” apresentam significados diferentes. Telles (2010) afirma que as redes sociais, chamadas de sites de relacionamento até meados de 2005, tem como foco reunir pessoas. Através das redes sociais, usuários podem expor seus perfis com seus dados pessoais, como: fotos, textos, mensagens, vídeos, e, a partir disso, interagir com outros membros e criar uma lista de amigos e comunidades. Já as mídias

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sociais, ainda segundo o autor, são sites na internet que tem como objetivo principal permitir a criação colaborativa de conteúdo, a interação social e o compartilhamento de informações. Altermann (2010) segue este mesmo raciocínio e considera as redes sociais como parte das mídias sociais: Não há como uma rede social online não ser uma mídia social, afinal, o primeiro é uma categoria dentro do outro, impossibilitando assim, que haja uma separação. Já no caso contrário, existe uma possibilidade sim, afinal [...] a rede social é apenas um pedaço da mídia social, portanto, uma mídia social sem ser uma rede social pode existir sim. Se alguém usar qualquer ferramenta 2.0 apenas para divulgar conteúdo, esta ferramenta será uma mídia social, caso haja interação, passa a ser uma rede social também. (ALTERMANN, 2010, p. 01)

Telles (2010) enquadra o Facebook, Orkut e o MySpace no conceito de redes sociais. Já o Twitter (microblogging), YouTube (compartilhamento de vídeos), SlideShare (compartilhamento de apresentações) e Flickr (compartilhamento de fotos) compreendem-se no conceito de mídias sociais, conhecidas até 2005 como novas mídias. A diferença básica entre rede social e mídia social está no fato de que, nas mídias sociais, os usuários se comunicam individualmente, através do compartilhamento de arquivos, enquanto nas redes sociais há interação social no ambiente virtual. (TELLES, 2010) A seguir, são demonstradas duas representações gráficas que contribuem para o entendimento da diferença entre redes sociais e mídias sociais:

Figura 2 – Representação gráfica de redes sociais

Fonte: FELIX, 2010

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Figura 3 – Representação gráfica de mídias sociais

Fonte: FELIX, 2010

Para Recuero (2009), uma rede social na internet é formada por um conjunto de dois elementos: atores e conexões. “Os atores são o primeiro elemento da rede social, representados pelos nós (ou nodos). Trata-se de pessoas envolvidas na rede que se analisa.” (RECUERO, 2009, p. 25) Podem ser pessoas, instituições ou grupos. Já as conexões “[...] são constituídas dos laços sociais que, por sua vez, são formados através da interação social entre os atores.” (RECUERO, 2009, p. 30) Essas interações na internet são percebidas graças à possibilidade de manter os rastros sociais dos indivíduos, que permanecem ali. Um comentário em um weblog, por exemplo, permanece ali até que alguém o delete ou o weblog saia do ar. Assim acontece com a maior parte das interações na mediação do computador. Essas interações, são, de certo modo, fadadas a permanecer no ciberespaço [...].” (RECUERO, 2009, p. 30)

“Cada rede tem suas regras, que moldam o comportamento de seus membros e definem a forma de interação mais eficiente. Muitas delas incluem seus próprios mecanismos de busca e são fechadas em relação a estes, cujo conteúdo só pode ser encontrado por membros.” (TELLES, 2009, p. 78) Estas interações geram compartilhamentos de conteúdo e tornam as mídias sociais detentoras de muitas informações, inclusive sobre destinos turísticos, o que as torna extremamente influenciáveis no comportamento do consumidor de destinos, que as tem à disposição para consultar informações sobre os lugares que está pensando em conhecer.

2.3.3 Internet e mídias sociais e sua influência no turismo

O consumo de produtos turísticos e a busca por informações sobre possíveis opções de viagens foi revolucionado. Assim como em vários setores da economia, o turismo também

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passou por inovação e tornou-se essencialmente participativo a partir das ferramentas da tecnologia da informação. (MEDINA; WERNER, 2007) Marujo (2008) aponta que o desenvolvimento da internet deu origem a novos destinos turísticos e que houve também um maior desenvolvimento destes, além do aumento da competitividade entre estes destinos, que se promovem diariamente. Vieira (2012) comenta que o turismo e a internet, juntos, compõem uma estrutura de trabalho conjunto, pois tudo fica mais fácil e instantâneo para quem procura serviços de apoio. Ainda segundo a autora: A internet é um dos meios mais influentes da mídia de hoje, pois agiliza a divulgação das notícias, proporciona uma comunicação rápida e fácil através das redes sociais, acaba com alguns espaços isolados e simplifica também a compra e venda de produtos, inclusive turísticos, que são procurados cada vez mais. (VIEIRA, 2012, p. 12)

Conforme Silva e Mendes Filho (2013), a importância da propagação de informações turísticas na internet dá-se devido à característica intangível dos produtos turísticos, que não podem ser provados antes do consumo. “Devido a essa intangibilidade, para a efetivação da venda do produto ou serviço, a internet assume um papel importante na hora de apresentar o produto/serviço do turismo.” (SILVA; MENDES FILHO, 2013, p. 01) Antes de efetivar a compra, o consumidor de destinos não tem à sua disposição uma amostra, onde não tem meios para comparar os serviços que vai utilizar em sua viagem, se não no momento do consumo. Diante disso, o turista é quase na totalidade dependente de representações e descrições para auxiliar na sua decisão. (CRUZ et al., 2012) “A internet fornece acesso imediato a informações relevantes sobre os destinos em todo o mundo, com maior variedade e profundidade do que era possível antes, e permite fazer reservas de forma rápida e fácil.” (DE LUCCA FILHO, 2005, p. 60) A internet também “[...] fortalece a visibilidade de destinos, imagens e empresas para o mercado e [...] cresce cada vez mais e passa a ser indispensável, tornando-se uma necessidade básica na vida do homem moderno e urbano nos centros mais desenvolvidos.” (VIEIRA, 2012, p. 15) Um estudo da comScore4 constatou que, em julho de 2012, 16,5 milhões de brasileiros visitaram sites de viagens. O levantamento aponta um aumento de 18% em relação a 2011, um recorde de brasileiros que utilizaram a internet para planejarem as suas viagens. _____________ 4

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“Através das mídias virtuais, o número de usuários vem ganhando mais espaço, contribuindo para o consumo por meios eletrônicos. O consumidor – com destaque no consumo turístico – usa a internet como um meio de obter informações e fechar negócios.” (VIEIRA, 2012, p. 16) O turista se tornou um gerador de conteúdo na internet, onde busca informações sobre possíveis destinos, aconselha outros usuários a partir de suas experiências anteriores e realiza pesquisas de preços, passagens, hotéis, restaurates, etc. (MANSANO, 2013) [...] com o surgimento da Internet, as viagens se tornam mais independentes e organizadas em estilo pessoal. O ambiente virtual é, neste caso, um meio de descobrir e planejar essas viagens, tornando este planejamento independente e usado para as próprias preferências. (VIEIRA, 2012, p. 15)

Através da internet, o consumidor se tornou mais independente na hora de organizar suas viagens. Conforme afirma Perinotto (2013, p. 13), “O turista/ consumidor da atualidade deseja e procura produtos turísticos individualizados, pois ele próprio sente-se um sujeito distinto/ singular na rede mundial de computadores.” Essa independência ocasionada pela internet faz com que muitos turistas deixem de buscar intermediários para a realização de suas viagens. “O número de pessoas que planejam suas viagens online cresce a cada dia, e ao invés de procurarem uma agência de viagens, esses internautas podem preferir realizar suas próprias buscas pela internet.” (SILVA; MENDES FILHO, 2013, p. 01) São várias as facilidades que a internet trouxe ao consumidor de turismo, que agora [...] pode planejar e programar a sua viagem para qualquer lugar do mundo sem sair de casa. Pode realizar reservas de passagens aéreas e hotéis, efetuar pagamentos, alugar veículos, verificar condições do tempo no destino, cotações de moedas, aprender sobre a história, geografia e cultura do local de destino e verificar a documentação requerida, ou seja, praticamente tudo que é necessário para uma viagem. (VINCENTIN; HOPPEN, 2003, p. 07)

Mesmo que, a princípio, essa independência da intermediação das agências de viagens soe como um aspecto negativo, Cruz et al. (2012, p. 01) encaram a internet como uma “vantagem que atende simultaneamente a necessidade de várias empresas turísticas, clientes e, ainda, destinos: a informação.” Entretanto, mesmo com os vários benefícios que a internet trouxe para o turista, podem surgir dificuldades no processo de busca de informações sobre aquilo que se quer. Alguns empecilhos que podem ser citados são a falta de imagens de alguns atrativos, a grande quantidade de informações que circulam na internet e a dificuldade dos buscadores em fornecer ao usuário com precisão aquilo que busca. (PERINOTTO, 2013)

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Cruz et al. (2012) atribuem a importância da internet no turismo ao fato de que ela dispõe de diferentes meios para realização e distribuição de produtos e serviços on-line, além de oferecer aos consumidores subsídios para a escolha de seus roteiros turísticos. Vieira (2012, p. 20) aponta que “muitos sites de turismo trabalham com essa dinâmica de informar e ajudar claramente o internauta – no caso, o potencial turista – para que o mesmo possa localizar qualquer região do mundo e transformá-la em um destino turístico”. As próprias empresas que atuam no oferecimento de produtos turísticos estão tendo que se posicionar em relação às mudanças trazidas pela internet. Agora, estas empresas precisam decidir entre comercializar seus produtos pela internet, permanecer atuando na forma tradicional ou montar estratégias entre as duas opções. (VINCENTIN; HOPPEN, 2003) Desde o surgimento do mercado de turismo na internet, os meios digitais, inclusive as redes sociais, ganharam importância na construção e divulgação da imagem turística de destinos. (DONAIRE; GALÍ, 2011) Os destinos turísticos são altamente impactados pelas redes sociais, pois a sua credibilidade vem da opinião de amigos e familiares que passaram pelas mesmas experiências e dificuldades. Estas experiências estão cada vez mais expostas a todos, inclusive através de fotografias publicadas. (PERINOTTO, 2013) Perinotto (2013) frisa que as redes sociais sempre existiram e que o “boca a boca” sempre foi importante para propagar informações sobre produtos e marcas. O que a tecnologia, juntamente com as redes sociais, permitiu, foi que essas informações tenham alcance muito maior e interações entre milhares de pessoas no mundo todo, inclusive desconhecidas. “O “boca a boca” virtual passa a atingir um grupo maior de amigos virtuais, fãs e seguidores, em poucos minutos e sem limites geográficos.” (PERINOTTO, 2013, p. 01) “O comportamento do consumidor atual com a internet deixou de ser um simples receptor da comunicação para se tornar retransmissor e formador de conteúdo.” (TELLES, 2010, p. 154) O próprio Ministério do Turismo no Brasil recentemente lançou uma campanhas nas mídias sociais para promover as cidades-sede da Copa do Mundo 2014. Para participar, os usuários devem usar a hashtag #MeuBrasilMTur. Através da ação, o público brasileiro pode enviar dicas de eventos, passeios, restaurantes, hospedagens, destinos e outros serviços que possam ser utilizados pelos turistas que visitarem o país durante a Copa. De acordo com o Portal Brasil (2014), a ação já tem participação efetiva do público, contabilizando, no mês de maio, 320 fotos no Instagram, 700 mil perfis alcançados no Facebook e 300 mil perfis alcançados pela hashtag no Twitter.

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O site de viagens TripAdvisor realizou uma pesquisa5 com aproximadamente 20 mil turistas de 26 países em junho e julho de 2012, onde 890 brasileiros compõem a amostra do estudo. Os resultados afirmam que 61% dos viajantes mundiais e 74% dos brasileiros usam as redes sociais quando estão viajando. Entre os entrevistados, quase 30% disseram que atualizam seus perfis nas redes sociais diariamente durante a viagem, e, no caso dos brasileiros, esse número sobe para 42%. Outros dados interessantes revelados pela pesquisa: 72% dos entrevistados utilizam as redes sociais para obter recomendações, 67% para ver imagens e vídeos de onde querem visitar, 60% para encontrar inspiração para o que fazer e ver no destino e 45% para buscar ofertas de pacotes. Outra pesquisa realizada pelo TripAdvisor, juntamente com o TripBarometer6, em 2013, constatou que os usuários estão cada vez mais utilizando dispositivos móveis em suas viagens. No mundo, são 87% de pessoas que afirmam utilizar smartphones e tablets durante as suas férias, enquanto no Brasil, este índice sobe para 91%. Conforme o Quadro 3 apresentado a seguir, os motivos que levam os turistas a utilizarem seus dispositivos móveis durante suas viagens vão desde o compartilhamento de experiências em seus perfis sociais até a busca de serviços próximos de onde estão, assim como a avaliação desses estabelecimentos.

Quadro 3 – Como os viajantes globais usam smartphones e tablets em viagens Propósito Acesso às mídias sociais Compartilhar nas mídias sociais Pesquisa por restaurantes Pesquisa por opções de diversão Pesquisa por hotéis Leitura de avaliações e comentários online

Smartphone 32% 29% 36% 27% 22% 24%

Tablet 19% 17% 21% 21% 19% 22%

Fonte: Adaptado de UOL Viagem (2013)

De acordo com Gabriel (2010), “o ser humano é mobile por natureza. Somos nômades em nossa origem e muitas técnicas e tecnologias desenvolvidas ao longo da história da humanidade tiveram por objetivo ampliar ou facilitar a mobilidade.” Ferreira (2013) afirma que a questão da mobilidade, da possibilidade de carregar uma câmera e o aparelho telefônico ao mesmo tempo, proporcionou possibilidade de produção _____________ 5

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fotográfica em qualquer momento cotidiano. Não é mais precisamente planejado carregar uma câmera para registrar algum acontecimento, ela simplesmente está presente, a qualquer momento. Em entrevista ao G1 Turismo e Viagem7 em março de 2014, João Carlos Pastore, gerente comercial do segmento Viagens e Turismo do Facebook, comenta que as pessoas estão vivendo suas viagens de forma muito mais social do que antigamente. Agora, os turistas compartilham as experiências e as suas fotos em tempo real, e estas fotografias podem ser utilizadas por outros usuários para conhecerem novos destinos. O entrevistado afirma que as redes sociais estão sendo utilizadas por usuários em todas as etapas das suas viagens: no planejamento, na compra e no compartilhamento de experiências. Neste contexto, percebe-se que a relação entre as redes sociais e a fotografia no turismo é indissociável. Aproximadamente 89% dos turistas tiram fotos em suas viagens e 41% dos turistas postam suas fotos em redes sociais virtuais. (BOLEY; MAGNINI; TUTEN, 2013) Este acúmulo de fotografias publicadas na internet dá ao consumidor de turismo a oportunidade de conhecer virtualmente os destinos que pretende visitar. A partir do conteúdo publicado, usuários no mundo todo podem realizar buscas e avaliar imagens antes de decidirem o destino de suas viagens. Nos dias atuais, os turistas atuam como construtores de imagens turísticas. (DONAIRE; GALÍ, 2011)

2.3.4 Fotografia digital e turismo

As fotografias são ferramentas fundamentais na criação e promoção da imagem do destino. Elas não somente demonstram visualmente o destino, mas também comunicam os atributos, as características, os ideais e os valores que fazem parte dele. (DOPRA; TRZASKOS; BAUM, 2011) Perinotto (2013) afirma ser importante que a imagem de destino turístico seja desenvolvida a partir de fotografias que representem as características da localidade, sejam paisagísticos, naturais, culturais, gastronômicas, artísticas e folclóricas, além da história, costumes e comportamentos da população. Ainda segundo o autor, essa relação de importância em relação à representação do destino está baseada no fato de que ao viajar até o _____________ 7

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local, “o turista/ consumidor terá acesso aos locais, atrativos turísticos e recursos paisagísticos que estavam projetados em forma de imagens fotográficas nas mídias por eles acessadas. Deste modo, eles comprovarão, ou não, a autenticidade da paisagem e da imagem fotográfica.” (PERINOTTO, 2013, p. 01) Pode-se afirmar que a satisfação do consumidor de destino tem relação com as imagens que recebeu anteriormente à sua experiência: A satisfação das necessidades dos turistas está diretamente ligada com a expectativa gerada perante as imagens que recebeu de determinando destino. E faz-se necessário que essas sejam as mais fiéis e correspondentes à realidade que o turista de fato encontrará no destino. Essa relação definirá, portanto, a qualidade que o turista atribuirá ao local e essas serão a medida da satisfação das expectativas geradas pelos turistas através da imagem que construiu com as informações que recebeu antes da viagem. (SMITH; AMORIM; SOARES, 2013, p. 101)

A imagem cristalizada na memória é o primeiro referencial que uma pessoa tem de uma paisagem. Ela pode ser vista como uma ferramenta no processo de comunicação e interpretação e dessa forma está se integrando nas diferentes áreas das atividades humanas, dentre elas o turismo, que a caracterizou como ferramenta intrínseca para identificar uma localidade. E é por meio da fotografia que muitas pessoas têm o seu o primeiro contato com os destinos que pretendem conhecer. A fotografia desempenha um papel importante neste processo pois desperta a curiosidade nos turistas e leva-os à busca do conhecimento de determinado local ou não. (DOPRA; TRZASKOS; BAUM, 2011) Além de despertar curiosidade, ao se deparar com fotografias sobre determinado destino, o turista começa a imaginar as características do local: Quando se olha para uma imagem de um destino turístico na internet ou em folders, um indivíduo se imagina nesse lugar. O virtual dá vida à imaginação por meio da imagem, e com isso surgem perguntas de como seria a cultura do povo local, as pessoas no seu âmbito social, a culinária específica, a música, a hospedagem e tantas outras. Isso tudo acontece simplesmente pelo olhar que se transforma em interesse de conhecer o destino. (VIEIRA, 2012, p. 21)

O turista irá decidir-se por visitar ou não uma localidade em função da imagem que este destino turístico possuir, pois as fotografias criam um conjunto de expectativas e percepções de uma provável viagem para uma localidade desejada. (CRUZ; CAMARGO; GUZELA, 2007) Perinotto (2013) afirma que a imagem fotográfica de um destino não deve ser desenvolvida apenas através de recursos naturais, mas também através de serviços que compõem o equipamento turístico global e a infraestrutura de um local, como: fotografias de hotéis, restaurantes, centros de informações, estradas e ruas, mercados públicos, etc. Segundo

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o autor, estas características mais tangíveis reduzem a insegurança do turista ao escolher um destino e com isto tem uma melhor e mais adequada percepção da qualidade existente nos produtos e serviços oferecidos pelo destino. A fotografia também auxilia no processo de construção da identidade dos destinos: Imagens participam da construção de identidades, imaginários e memórias. Desde que viajantes foram se transformando em turistas, a imagem funcionou tanto como representação e divulgação de lugares desconhecidos, quanto como memória para as experiências vivenciadas na viagem. (PERROTTA, 2009, p. 01)

Perinotto (2013, p. 01) comenta sobre a migração da fotografia para a internet: Ao migrar para a internet, as fotografias ficaram cada vez mais atreladas ao atual, numa firme atualização de imagens feitas pelos usuários. Uma vez alterada a forma de se relacionar com a fotografia, seja de forma ativa, postando imagens na internet e interagindo com outras pessoas, seja apenas comentando fotos de amigos e familiares, ou até mesmo de outras pessoas que apenas postaram imagens fotográficas na internet, deve-se considerar, em implicação disso, consequências na constituição da memória identitária (de vida e de viagens) desses indivíduos.

“Observa-se que as fotografias são uma forma significativa para a linguagem da imagem em virtude de que um número maior de pessoas capta (assimila) seu significado (as informações) com mais facilidade e rapidez.” (DOPRA; TRZASKOS; BAUM, 2011, p. 06) Além de ser um item bastante representativo no processo de escolha do consumidor de turismo, a fotografia também influencia as experiências do turista durante sua viagem: A fotografia direciona o turista para os lugares que deseja conhecer. Uma vez que o turista chega a esses lugares, ele continua a ser ensinado para onde olhar, quais caminhos trilhar e quais paisagens não deve deixar de fotografar. Ele começa a procurar no lugar onde estão aquelas imagens pesquisadas anteriormente e deseja visitar e registrar esses mesmos cartões postais, continuando um lugar já existente no mundo das imagens, consumindo sensações proporcionadas por paisagens prémoldadas e a vontade de senti-las novamente, olhando para as imagens feitas desses lugares, por meio da fotografia. (QUEIROZ FILHO; DAMIANI, 2012, p. 02)

Perinotto (2013, p. 01) comenta que o consumidor de destinos é “[...] impulsionado pelo imaginário midiático, prosseguindo à ação. O olhar do turista é socialmente construído pela mídia, que, em certo grau, lhe guia até na eleição dos locais a serem fotografados.” “É como se as “imagens olhadas” anteriormente a viagem criassem uma codificação do lugar, espécie de mapa daquilo que se deve olhar e fotografar, os caminhos os quais percorrer, uma trajetória definida.” (QUEIROZ FILHO; DAMIANI, 2010, p. 04) Hoje, temos experiências com destinos no mundo inteiro através de imagens: Experenciar o mundo de hoje é, em grande medida, olhar para imagens. Basta uma simples e rápida pesquisa pela internet para que milhares de imagens de lugares que conhecemos ou desejamos conhecer, cheguem até nós, configurando o nosso

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catálogo visual e turístico desses lugares. Pela tela do computador, definimos o lugar e a nós mesmos: previamente já sabemos o que iremos/desejamos encontrar quando chegarmos ao destino escolhido. (QUEIROZ FILHO; DAMIANI, 2012, p. 02)

“A fotografia só consegue atingir o público devido ao avanço da globalização, que por meio dos sistemas de telecomunicações, deixa a disposição imagens que despertem motivação.” (DOPRA; TRZASKOS; BAUM, 2011, p. 04) A fotografia digital adquiriu uma função social. Enquanto as fotografias analógicas possuíam uma função essencialmente íntima, as imagens digitais são socializadas através do compartilhamento nas redes sociais. (DONAIRE; GALÍ, 2011) A fotografia digital e as redes sociais alteraram a prática do turismo. No período da fotografia analógica, as imagens prévias dos destinos eram escassas e eram providas do próprio destino ou de intermediários. Na era digital, turistas potenciais e moradores estão conectados entre si. Um turista compartilha suas fotos e primeiras opiniões sobre a cidade nas redes sociais, e estas informações podem ser consultadas por alguém que tem a intenção de visitar esta cidade. Estas informações influenciam no processo de formação da imagem de destino. (DONAIRE; GALÍ, 2011) Viajar se torna uma estratégia de acumular fotos. A própria atividade de tirar fotos é tranquilizante e mitiga sentimentos gerais de desorientação que podem ser exacerbados pela viagem. Os turistas, em sua maioria, sentem-se compelidos a pôr a câmera entre si mesmos e tudo de notável que encontram. Inseguros sobre suas reações, tiram uma foto. Isso dá forma à experiência: pare, tire uma foto e vá em frente. (SONTAG, 2004, p. 20; apud QUEIROZ FILHO; DAMIANI, 2012, p. 04)

A importância da fotografia para as experiências de viagens cresce juntamente com a popularidade das mídias sociais, que possibilitam ao turista publicar fotos de suas viagens instanteneamente em mídias sociais como Instagram, Facebook, Flickr e outros. (BOLEY; MAGNINI; TUTEN, 2013) Dentre as tantas mídias sociais existentes e utilizadas, destaca-se aqui o Instagram, que tem como principal função o compartilhamento de fotos através de dispositivos móveis e foi utilizado para o levantamento de dados deste estudo.

2.3.5 Instagram De acordo com o site iContact8,o Instagram foi lançado em outubro de 2010 como uma rede social gratuita baseada no compartilhamento de fotos. Permite aos usuários _____________ 8

Disponível em:

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cadastrados imediatamente tirar fotos, aplicar filtros e instantaneamente compartilhar suas fotos em seus perfis pessoais. Inicialmente, o Instagram estava disponível apenas para dispositivos iOs, mas em abril de 2012 sua atuação foi expandida e dispositivos com sistema operacional Android passaram a comportar o aplicativo, o que elevou ainda mais a penetração do Instagram entre a população. Em janeiro de 2014, o Instagram obteve crescimento mais rápido que o Facebook e o Twitter. Desde o lançamento do aplicativo em 2010, o serviço tem sido um sucesso sem precedentes. (TOUR MAG, 2014) Dados divulgados em março de 2014 pelo Blog do Instagram9 afirmam que a mídia social ultrapassou a marca de 200 milhões de usuários ativos por mês, um aumento de 50 milhões de usuários em seis meses, visto que atingiu 150 milhões em setembro de 2013. Em abril de 2014, o Portal R7 divulgou uma pesquisa da Nielsen10 que identificou que o Instagram já passou o Twitter em número de usuários ativos nos EUA. A empresa Kindai, agência de comunicação digital especializada em mídias sociais e geração de conteúdo, realizou um estudo11 sobre a interação entre os usuários, influenciadores e marcas no Instagram na França. De acordo com o estudo, o turismo aparece como a indústria mais popular. Para 45% dos entrevistados, o turismo é a atividade mais interessante na rede social, seguido por imagem e som, com 36%, moda (37%), cultura (cinema, videogames, exposições) com 31% e o setor de decoração (30%). A pesquisa também revelou que 47% estiveram em um local por causa das fotos publicadas pelos seus amigos no Instagram. (TOUR MAG, 2014) Pires (2012) analisou o Instagram em um estudo sobre a fotografia através de dispositivos móveis e constatou quatro aspectos principais como diferenciais do Instagram perante as demais mídias sociais e aplicativos de captura e tratamento de imagem: a estética, o compartilhamento, a instantaneidade e seu caráter social. A estética é vista como o primeiro fator de popularização do Instagram, além de seus filtros de imagem, é constituída também por elementos que se repetem nas fotografias dos usuários. O compartilhamento, como premissa para a captura da imagem, e a instantaneidade, característica possibilitada pela mobilidade e conexão constante dos dispositivos móveis, são outros dois pontos analisados e que estão ligados à rede social, considerada o aspecto mais importante e responsável pela diferenciação e sucesso do Instagram. (PIRES, 2012, p. 07)

_____________ 9

Disponível em: < http://g1.globo.com/tecnologia/tem-um-aplicativo/noticia/2014/03/instagram-atinge-marcade-200-milhoes-de-usuarios-ativos-por-mes.html> 10 Disponível em: 11 Disponível em: .

38

Uma característica presente nas publicações da maioria dos usuários de mídias sociais, inclusive o Instagram, são as hashtags. O Facebook, em sua página de Central de Ajuda12, orienta os usuários sobre a utilização das hashtags e afirma que estas transformam tópicos e frases em links clicáveis em publicações de linhas do tempo pessoais ou de páginas. Este recurso ajuda os usuários a encontrarem publicações sobre tópicos nos quais eles estão interessados. Para criar uma hashtag, o usuário deve escrever “#” (substenido), anteriormente ao tópico ou frase (em 1 palavra), e adicionar à publicação. Através desta funcionalidade, as mídias sociais constroem um feed de publicações que incluem essa hashtag, centralizando conteúdo sobre determinado assunto, inclusive sobre destinos turísticos, que pode ser acessado por usuários no mundo todo.

_____________ 12

Disponível em:

39

3

3.1

METODOLOGIA DA PESQUISA

TIPO DE PESQUISA

Classifica-se o presente trabalho como uma pesquisa básica (quanto à natureza do estudo), quantitativa (quanto à abordagem do problema) e exploratória (quanto aos objetivos).

3.1.1 Pesquisa Básica

A presente pesquisa buscar aprofundar o tema da representação da imagem de destino da cidade de Blumenau no Instagram. Caracteriza-se então de natureza básica, que, segundo Gerhardt e Silveira (2009, p. 34), é aquela que “objetiva gerar conhecimentos novos, úteis para o avanço da Ciência, sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais.”

3.1.2 Pesquisa Quantitativa

Para o cumprimento dos objetivos propostos neste trabalho, utilizou-se como método a pesquisa quantitativa. Este método se justifica para que se tenha um panorama de como está representada a imagem de destino de Blumenau no Instagram, quantificando dados obtidos. Confome Malhotra (2011, p. 155), a pesquisa quantitativa “procura quantificar os dados e aplica alguma forma da análise estatística”. Para Gerhardt e Silveira (2009, p.33), “A pesquisa quantitativa, que tem suas raízes no pensamento positivista lógico, tende a enfatizar o raciocínio dedutivo, as regras da lógica e os atributos mensuráveis da experiência humana.”

3.1.3 Pesquisa Exploratória

A pesquisa exploratória tem como objetivo principal trazer a compreensão de um problema enfrentado pelo pesquisador. Deve-se utilizar este método quando é necessário definir o problema com maior precisão, identificar cursos relevantes de ação ou obter dados para que possa se fazer uma abordagem. (MALHOTRA, 2011) “A pesquisa exploratória é caracterizada com respeito aos métodos, porque não são empregados procedimentos formais de pesquisa.” (MALHOTRA, 2011, p. 106)

40

De acordo com Gerhardt e Silveira (2009), pesquisas de caráter exploratório podem ser classificadas como estudos de caso ou pesquisa bibliográfica. Neste estudo, utilizou-se o método de pesquisa bibliográfica, que, segundo Gil (1987, p. 48) “[...] é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos.” (GIL, 1987, p. 48) No que diz respeito ao campo teórico da imagem de destino e fontes de informações no turismo, os principais contribuições teóricas foram abordagens de Baloglu e McCleary (1999), Chagas (2008 e 2009), Figuerêdo e Mayer (2010), Brea e Cardoso (2011), PérezNebra e Torres (2010) e Chagas, Dantas e Fernandes (2010). Para o embasamento teórico a respeito das mídias sociais, foram de suma importância as contribuições de Telles (2010), Altermann (2010) e Recuero (2009). Sobre a influência da internet e das mídias sociais no turismo, os principais autores utilizados para a fundamentação teórica foram Medina e Werner (2007), Marujo (2008), Jacobsen e Munar (2012), Vieira (2012), Boley, Magnini e Tuten (2013) e Perinotto (2013) Para a compreensão da importância da fotografia na construção da imagem de destino, os principais autores utilizados foram Oliveira (2007), Cruz, Camargo e Guzela (2007); Donaire e Galí (2011), Dropa, Trzaskos e Baum (2011); Cruz et al. (2012) e Queiroz Filho e Damiani (2012).

3.2

INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

A coleta de dados utilizou um instrumento nos moldes de um roteiro com as questões-chave para a análise, visando a categorização e análise das fotos publicadas no Instagram. Para a construção do instrumento de coleta de dados deste estudo, utilizou-se como referência o artigo La Imagen Turística de Barcelona en la Comunidad Flickr, de José A. Donaire e Núria Galí. O estudo foi realizado na Faculdade de Turismo da Universidade de Girona, na Espanha, no ano de 2011, e foi publicado na revista Cuadernos de Turismo no mesmo ano. O instrumento de coleta de dados de Donaire e Galí (2011) foi baseado em cinco itens para a categorização das fotografias analisadas:

Identificação: Elemento principal representado na imagem. Para cada novo elemento, era registrado um novo código.

41

Categoria: Foram estabelecidas doze subcategorias que abrangem locais e elementos da cidade analisada: Monumento religioso, civil, comemorativo, equipamento recreativo, rua, parque, elemento urbano, porto, céu, gastronomia, praia e outros. Período: O período referente ao movimento artístico e histórico ao qual o elemento fotografado pertence. Os autores utilizaram esta categoria para diferenciar as fotografias publicadas antes do modernismo, durante o modernismo e no período contemporâneo. Zoom: Analisava se a imagem correspondia a algum detalhe do elemento fotografado, o elemento por completo, o elemento inserido em seu contexto ou uma fotografia panorâmica. Grau de humanização: Para cada fotografia, constatava-se se havia turistas, moradores de Barcelona, ambos ou ninguém presente.

Para a construção do instrumento de coleta de dados para análise da cidade de Blumenau no Instagram, utilizou-se como base os itens Categoria, Grau de Humanização e Período. O item Grau de Humanização foi adaptado para a mensuração da quantidade de pessoas existentes em cada uma das imagens: Uma, duas, três, quatro, cinco ou mais de cinco pessoas. Durante a coleta de dados também foram identificados alguns turistas entre os usuários que publicaram as fotos no Instagram. A partir do item Categoria, foi estabelecido o item Identificação, com categorias (dimensões) e subcategorias (variáveis) que pudessem identificar os elementos presentes nas imagens publicadas. Inicialmente, foram criadas as seguintes categorias: Arquitetura Civil, Arquitetura Religiosa, Arquitetura Típica, Elementos Urbanos, Lazer, Natureza, Gastronomia, Horizonte, Fenômenos Meteológicos e Identidade Típica. Durante o levantamento, percebeuse que muitas publicações não se enquadravam nas categorias estabelecidas, havendo necessidade de estabelecer novas variáveis, inseridas dentro da dimensão Aspectos Gerais. São elas: Animais, Autorretrato, Produtos e Serviços, Cotidiano, Arte, Ações Solidárias, Espaços Residenciais, Objetos Pessoais, Símbolos Nacionais, Fotografias Antigas, Vínculo Social e Nada Identificado. Assim como para Aspectos Gerais, para as dimensões Arquitetura Civil, Arquitetura Religiosa, Arquitetura Típica, Elementos Urbanos, Lazer, Natureza, Gastronomia, Horizonte, Fenômenos Meteorológicos e Identidade Típica foram estabelecidas variáveis e incluídas novas à medida que estas surgiam durante a coleta de dados, com objetivo de definir com mais exatidão o conteúdo das imagens publicadas.

42

Por fim, o item Período também foi adaptado, anotando-se o mês, dia do mês e dia da semana em que cada imagem foi publicada no Instagram. Foram analisadas fotografias marcadas com a hashtag #Blumenau, e para delimitar e filtrar imagens que não possuíam nenhuma relação com moradores, turistas ou com a cidade de Blumenau, utilizou-se um critério-filtro. Outro ponto avaliado em cada imagem foi o gênero do usuário, que poderia ser Masculino, Feminino, Institucional (empresas, perfis representando blogs e produtos) ou Não Identificado, quando esta informação não constava no perfil do usuário ou não era possível constatar através das imagens do perfil. As legendas das imagens foram avaliadas com objetivo de mensurar a avaliação dos usuários em relação à cidade de Blumenau.

3.3

PROCEDIMENTOS TÉCNICOS E COLETA DE DADOS

A primeira versão do instrumento de coleta de dados foi inicialmente testada com aproximadamente 50 imagens no mês de fevereiro de 2014. A partir do pré-teste, algumas partes do instrumento de coleta de dados foram adaptadas com objetivo de facilitar o processo de análise das imagens. Sendo assim, as fotografias anteriormente analisadas foram descartadas e seguiu-se a pesquisa com o instrumento de coleta de dados adaptado. A intenção inicial deste estudo era analisar uma amostra de imagens de todos os meses do ano – De março de 2013 a março de 2014, para evitar possíveis influências em determinados meses. Por motivos técnicos, esta proposta não foi possível. A inviabilidade em analisar fotografias publicadas neste período está no fato de que a API (application programming interface) do Instagram não fornece dados antigos às ferramentas de monitoramento de mídias sociais. A realização da coleta de dados de forma organizada no Instagram é possível somente a partir do momento em que um monitoramento é criado em um software específico, ou seja, para se fazer um estudo de um ano, seria necessário ativar um monitoramento em março de 2014 e dar continuidade a ele até março de 2015; proposta inviável para esta situação, considerando o tempo de pesquisa disponível para o estudo. Portanto, compreendeuse que a viabilidade deste trabalho estava na análise de imagens publicadas a partir do mês de março de 2014, período em que o instrumento de coleta de dados foi finalizado.

43

Diante disso, foram analisadas de forma aleatória 1000 imagens marcadas com a hashtag “#Blumenau” entre os dias 6 de março e 18 de abril de 2014, quando a meta de imagens categorizadas foi atingida. A coleta das imagens foi realizada a partir do software Seekr Monitor – www.seekr.com.br, uma das ferramentas da empresa Seekr Gestão e Monitoramento em Mídias Sociais. A partir do levantamento das imagens marcadas com a hashtag “#Blumenau”, as imagens analisadas foram organizadas através da seção de ocorrências favoritas do software. Para cada uma das imagens foi atribuído um código numérico no Seekr Monitor, inserido através do recurso de tags, com intuito de facilitar o processo de busca pelas imagens durante e após a análise. Posteriormente à coleta preliminar de dados, no momento de interpretação das fotos, as informações foram descritas manualmente e em seguida foram transferidas para uma planilha no Microsoft Office Excel 2007. A partir da planilha elaborada no Excel, foi realizada a importação dos dados para o software SPSS, uma das ferramentas mais confiáveis para tratamento e análise de pesquisas de mercado. Por meio do software, foram realizados tratamentos estatísticos para a análise de dados, que serão apresentados nas seções seguintes. O gênero dos usuários foi a única variável sociodemográfica possível de ser contabilizada na coleta de dados. Esta limitação está atrelada ao fato de que o Instagram não obriga seus usuários a compartilharem seus dados pessoais, diferentemente de mídias sociais como o Facebook, que, em determinadas situações e configurações de privacidade, os usuários deixam à mostra gênero, data de nascimento, estado civil, cidade atual e natal e uma série de outras informações pessoais e interesses em seus perfis. Durante a coleta de dados, foram constatadas imagens que, mesmo marcadas com a hashtag “#Blumenau”, não tinham relação alguma com a cidade, moradores e turistas. Para isso, foi estabelecida um critério-filtro. Este procedimento foi necessário pois usuários utilizam hashtags de destinos nas legendas de suas fotos não somente quando estão em um determinado local, mas também quando o citam no meio dos textos nas suas publicações. Entre as imagens descartadas, os exemplos mais comuns registrados na coleta de dados foram:

a) Usuários que estavam se dirigindo para a cidade de Blumenau e publicaram fotos com legendas como “partiu #Blumenau” – Entre estas ocorrências, os registros mais comuns foram fotos durante a viagem e autorretratos, conforme ilustram os exemplos a seguir.

44

Figura 4 – Exemplo 1 – Usuária se dirigindo para Blumenau

Fonte: Dados da pesquisa – Monitoramento realizado através do Seekr Monitor (2014)

Figura 5 – Exemplo 2 – Usuária se dirigindo para Blumenau

Fonte: Dados da pesquisa – Monitoramento realizado através do Seekr Monitor (2014)

b) Fotos em que se percebia claramente pela imagem ou pelo recurso de localização do Instagram que não se tratavam de um local pertencente a Blumenau – A seguir, um exemplo de usuário que utilizou a hashtag #Blumenau, mas a fotografia se relacionava com outra localidade.

45

Figura 6 – Exemplo – Fotografia de local não pertencente a Blumenau

Fonte: Dados da pesquisa – Monitoramento realizado através do Seekr Monitor (2014)

A partir da imagem e da legenda da publicação representada na Figura 6, pode-se concluir que o usuário estava em São Paulo, tanto pela imagem, quanto pela inserção da informação no recurso de localização do Instagram (Igreja Nossa Senhora da Saúde).

c) Empresas e pessoas que incluíram dezenas de hashtags com várias cidades, com intuito de obter mais visibilidade nas suas publicações no Instagram – A seguir, são apresentados dois exemplos de publicações que se enquadram nesse gênero.

46

Figura 7 – Exemplo 1 – Várias hashtags de cidades em uma publicação

Fonte: Dados da pesquisa – Monitoramento realizado através do Seekr Monitor (2014)

Figura 8 – Exemplo 2 – Várias hashtags de cidades em uma publicação

Fonte: Dados da pesquisa – Monitoramento realizado através do Seekr Monitor (2014)

Conforme os exemplos, enquadram-se nessa questão publicações com fins comerciais. Os usuários entendem que, ao utilizar hashtags de várias cidades em suas fotos, obtém mais visibilidade e engajamento em suas publicações, além de possíveis vendas de produtos e serviços, que podem iniciar no próprio Instagram, como exemplifica a Figura 8.

47

Além das imagens descartadas através da critério-filtro, não foram analisados e contabilizados dois tipos de publicações constatados durante o monitoramento: a) Vídeos – Segundo o Blog do Instagram13, o recurso foi ativado em junho de 2013, e permite com que usuários compartilhem vídeos de até 15 segundos, com 13 filtros especiais. Pela sua complexidade e baixa frequência entre as ocorrências do monitoramento, o presente estudo teve seu foco em analisar apenas fotografias.

Figura 9 – Exemplo – Vídeo no Instagram

Fonte: Dados da pesquisa – Monitoramento realizado através do Seekr Monitor (2014)

b) Layouts – Foram constatadas várias imagens elaboradas graficamente e compartilhadas pelos usuários, de cunho humorístico, de reflexão, promoção de eventos, etc. Imagens semelhantes à apresentada a seguir não foram analisadas e contabilizadas durante a coleta de dados.

_____________ 13

Disponível em:

48

Figura 10 – Exemplo – Layouts no Instagram

Fonte: Dados da pesquisa – Monitoramento realizado através do Seekr Monitor (2014)

3.4

PROCEDIMENTO DE ANÁLISE DE DADOS

No que tange a categorização e análise de dados, utilizou-se como método a análise morfológica e de conteúdo. Conforme Reis (2008), esta é uma técnica de pesquisa que visa identificar, descrever e classificar a forma e o teor de mensagens jornalísticas e publicitárias. No contexto deste trabalho, utilizou-se este método no sentido de categorizar e analisar as fotografias publicadas no Instagram, levando em conta que, no campo da comunicação, a análise morfológica e de conteúdo considera os elementos das diferentes mídias nas quais se insere a mensagem, situando as categorias e as variáveis examinadas no contexto material, seja este escrito, audiovisual ou eletrônico. A análise morfológica e de conteúdo considera o fundo substancial da mensagem e atribui significado às palavras, aos sons e às imagens. Ainda de acordo com Reis (2008), no Brasil, um dos principais precursores da análise morfológica e de conteúdo é Marques de Melo (1985 e 1992), cujo método de trabalho serviu de referência para Reis (2008 e 2010) em abordagens que se referem aos gêneros de anúncios radiofônicos. Posteriormente, para verificar a confiabilidade e a consistência interna do construto, utilizou-se a análise do Alfa de Cronbach ou Coeficiente Alfa. Conforme Malhotra (2001), o Alfa de Cronbach varia entre 0 a 1, e, quanto mais próximo de 1, maior o índice de confiabilidade do estudo. Hair et al. (2005) afirma que valores entre 0,60 a 0,70 são considerados como limites inferiores de confiabilidade. Segundo os autores, o ideal é que esse

49

índice ultrapasse o valor de 0,70. O construto utilizado neste trabalho alcançou o escore de 0,8909, considerado satisfatório. A partir dessa exposição e da validade dos dados de Cronbach, serão apresentados os resultados multivariados da pesquisa, com a aplicação de dois tratamentos estatísticos: Correlação de Spearman e Modelagem de Equação Estrutural (MEE).

50

4

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Nesta seção, são apresentados os resultados encontrados através desta pesquisa. Primeiramente são apontadas as características da amostra e os procedimentos estatísticos realizados para a análise dos dados da pesquisa. Em seguida, são apresentados os resultados descritivos e a análise por meio da Correlação de Spearman e Modelagem de Equação Estrutural.

4.1

POPULAÇÃO E AMOSTRA

Na realidade deste trabalho, a população são todas as fotografias publicadas no período da coleta de dados, que aconteceu entre os dias 06 de março a 18 de abril de 2014. No período em questão, o software utilizado para a coleta de dados registrou 1806 imagens publicadas com a hashtag #Blumenau. A amostra se constitui de todas as imagens analisadas, que totaliza um conjunto de 1000 fotografias.

4.2

CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA

O presente trabalho se propôs a estudar a representação da imagem de destino da cidade de Blumenau no Instagram, a partir da análise das fotografias publicadas com a hashtag #Blumenau. A Tabela 2 apresentada a seguir mostra os resultados obtidos através da critério-filtro responsável pela diferenciação entre as imagens que tinham e não tinham relação com a cidade de Blumenau, moradores e turistas.

Tabela 2 – Critério-filtro – Fotos relacionadas a Blumenau, moradores e turistas Variáveis Foto relacionada a Blumenau, moradores ou turistas?

Sim Não Total

Frequência 927 73 1000

Fonte: Dados da pesquisa (2014)

% 92,70% 7,30% 100%

51

Conforme a Tabela 2, pode-se perceber que o número de fotos com relação à cidade de Blumenau, moradores e turistas (92,70%) teve uma representatividade muito maior comparada às que não tinham (7,30%). Em seguida, são apresentadas as características da amostra, relacionadas às imagens efetivamente categorizadas, composta por 927 fotografias.

Tabela 3 – Características da amostra Variáveis

Gênero

Masculino Feminino Institucional Não Identificado Total

Frequência 432 321 170 4 927

% 46,60% 34,63% 18,34% 0,43% 100%

Publicação feita por turista

Sim Não Total

40 887 927

4,31% 95,68% 100%

Positiva Neutra Negativa Total Uma Pessoa Duas Pessoas Três Pessoas Quatro Pessoas Cinco Pessoas Mais de 5 Pessoas Nenhuma Pessoa Total Março Abril Total Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira Sábado Domingo Total

63 844 20 927 197 90 30 24 13 69 504 927 471 456 927 149 155 102 132 136 77 176 927

6,80% 91,05% 2,16% 100% 21,25% 9,71% 3,24% 2,59% 1,40% 7,44% 54,37% 100% 50,80% 49,19% 100% 16,07% 16,72% 11,00% 14,24% 14,67% 8,31% 18,99% 100%

Avaliação da cidade

Humanização

Mês

Dia da semana

Fonte: Dados da pesquisa (2014)

52

Considerando as fotografias analisadas, o gênero dos usuários que prevaleceu foi Masculino (46,60%), seguido pelas variavéis Feminino (34,63%), Institucional (18,34%) e Não Identificado (0,43%). No que diz respeito à humanização, pode-se perceber que mais da metade (54,37%) das fotografias analisadas não possuem humanização presente. Em segunda posição, a variável Uma Pessoa representa 21,25% das publicações. A partir destes dados, podemos concluir que a quantidade de usuários que publicam fotos de objetos, paisagens, animais, etc. é muito superior ao número de imagens com humanização presente. Foram identificados 40 turistas entre os usuários que publicaram as fotografias analisadas. Entretanto, considera-se esta variável uma limitação para este estudo, visto que em muitos casos não havia informações suficientes nos perfis dos usuários ou as próprias publicações não possibilitavam a fácil constatação desta variável, o que resultou em uma representatividade pouco significativa. Considerando a avaliação da cidade nas fotografias analisadas, 91,05% apresentaram avaliações neutras referentes à cidade de Blumenau. Este índice mostra que é baixa a amostra de usuários que incluíram comentários positivos ou negativos da cidade em suas publicações. Conforme a amostra estipulada de 1000 imagens para a elaboração deste estudo, foram analisadas 500 imagens no mês de março e 500 imagens no mês de abril de 2014. Descartadas as 73 fotografias na critério-filtro, a quantidade de fotografias em cada mês se diferiu, entretanto, o número se mostrou homogêneo, com diferença de apenas 15 fotografias (1,61%) a mais no mês de março. Referente ao dia da semana em que as fotos foram publicadas, domingo foi o dia com o maior número de publicações analisadas, seguido por terça-feira (16,72%) e segunda-feira (16,07%).

4.3

RESULTADOS DESCRITIVOS

Nas tabelas a seguir, são apresentados os resultados descritivos da pesquisa, onde constam a frequência e porcentagem de cada dimensão e variável do construto. As dimensões e variáveis com maior representatividade nos resultados são descritas e comentadas abaixo de cada tabela. A Tabela 4 traz os resultados gerais de cada dimensão presente nas fotografias analisadas:

53

Tabela 4 – Resultado descritivo das dimensões do construto Dimensão

Frequência

%

Arquitetura Típica Arquitetura Civil Arquitetura Religiosa Elementos Urbanos Lazer Eventos Natureza Gastronomia Horizonte Fenômenos Meteorológicos Identidade Típica Aspectos Gerais

53 24 10 66 102 68 19 101 47 10 16 411

5,72% 2,59% 1,08% 7,12% 11,00% 7,34% 2,05% 10,90% 5,07% 1,08% 1,73% 44,34%

Total

927

100%

Fonte: Dados da pesquisa (2014)

Verificando os resultados apontados pela Tabela 4, é possível verificar que Aspectos Gerais (44,34%), Lazer (11,00%), Gastronomia (10,90%), Eventos (7,34%), Elementos Urbanos (7,12%) e Arquitetura Típica (5,72%) foram as dimensões com maior frequência entre as fotografias analisadas. Sobre a dimensão Aspectos Gerais, pode-se afirmar que teve uma frequência destacada em relação às demais por ter abrigado um número considerável de variáveis que não se encaixavam nas outras dimensões, que serão apresentadas na análise da própria dimensão. Já os itens Lazer, Gastronomia, Eventos e Arquitetura Típica são fortes características da cidade de Blumenau. De acordo com o site da Prefeitura de Blumenau (2014)14, é conhecida como uma das cidades com maior influência germânica em sua cultura e história e guarda fortes características europeias, encantando visitantes do Brasil e exterior por sua arquitetura, gastronomia, natureza, indústrias e festas. A seguir, são apresentadas as tabelas individuais de cada dimensão, bem como as variáveis mais destacadas. A Tabela 5 mostra a representatividade das fotografias que identificavam Arquitetura Típica:

_____________ 14

Disponível em:

54

Tabela 5 – Resultado descritivo por dimensão – Arquitetura Típica

36

% da dimensão 69,23%

% do total do construto 3,88%

Prefeitura

5

9,62%

0,54%

Castelinho Havan

7

13,46%

0,76%

Casa Enxaimel

4

7,69%

0,43%

Total

52

100%

5,61%

Dimensão

Arquitetura Típica

Variáveis

Frequência

Vila Germânica

Fonte: Dados da pesquisa (2014)

Dentre as 12 dimensões do construto, Arquitetura Típica foi a 6ª dimensão com menor representatividade. Considerando os dados expostos na Tabela 5, pode-se perceber claramente que entre as suas quatro variáveis, Vila Germânica foi a única que obteve um resultado destacado, totalizando 36 imagens – 69,23% da dimensão e 3,88% do total do construto. É um resultado satisfatório, considerando a forte influência da Vila Germânica na cidade. O local contribui para o desenvolvimento do lazer e do turismo em Blumenau. É no Parque Vila Germânica que acontecem uma série de feiras, eventos culturais e festas típicas da cidade, como a tradicional Oktoberfest, e onde estão lojas de produtos regionais e artesanato típico, abertas ao público durante o ano todo, conforme aponta o site do próprio Parque Vila Germânica15. A seguir, apresentam-se os resultados obtidos na dimensão Arquitetura Civil:

Tabela 6 – Resultado descritivo por dimensão – Arquitetura Civil Dimensão

Arquitetura Civil

Variável

Frequência

Prédios Casa Área comercial Ginásio Galegão Teatro Carlos Gomes Obras Passarela Ponte de Ferro Ponte dos Arcos Outros Total

6 1 4 1 1 1 1 6 2 1 24

% da dimensão 25,00% 4,17% 16,67% 4,17% 4,17% 4,17% 4,17% 25,00% 8,33% 4,17% 100,00%

% do total do construto 0,65% 0,11% 0,43% 0,11% 0,11% 0,11% 0,11% 0,65% 0,22% 0,11% 2,59%

Fonte: Dados da pesquisa (2014)

_____________ 15

Disponível em: < http://www.parquevilagermanica.com.br/estrutura/uma-estrutura-completa-para-o-sucessodo-seu-evento>

55

De acordo com a Tabela 6, percebe-se que a dimensão Arquitetura Civil não apresentou grande participação nas publicações analisadas, somando apenas 2,59% do total do construto. Entre as 24 fotografias avaliadas dentro dessa dimensão, as variáveis apresentaram resultados dispersos. Os únicos destaques ficam para as variáveis Prédios e Ponte de Ferro, ambas com 25,00% da dimensão. A Tabela 7 apresenta a quantidade de fotografias com conteúdo referente à Arquitetura Religiosa da cidade de Blumenau:

Tabela 7 – Resultado descritivo por dimensão – Arquitetura Religiosa Dimensão Arquitetura Religiosa

Variável Igreja Matriz Igreja Luterana Total

Frequência

% da dimensão

9 1 10

90,00% 10,00% 100,00%

% do total do construto 0,97% 0,11% 1,08%

Fonte: Dados da pesquisa (2014)

A dimensão Arquitetura Religiosa, juntamente com Fenômenos Meteorológicos, foi a que teve menor representatividade em todo o construto, compondo apenas 1,08% da amostra de fotos analisadas. Pode-se perceber uma diferença considerável entre as duas variações constatadas: Enquanto a Igreja Luterana – Paróquia Luterana Blumenau Centro – teve apenas uma fotografia, a Igreja Matriz – Catedral São Paulo Apóstolo – teve frequência superior, com 90% da dimensão analisada. A Tabela a seguir apresenta os resultados da dimensão Lazer:

56

Tabela 8 – Resultado descritivo por dimensão – Lazer Dimensão

Lazer

Variável

Frequência

Bar Restaurante Museu Estádio Acampamento Museu da Cerveja/ Biergarten Shows Piscina Prática Esportiva Parque Ramiro Ruediger Prainha Pesque e Pague Cinema Teatro Balada Shopping Total

11 7 1 4 3 7 11 8 21 5 1 2 1 1 11 8 102

% da dimensão 10,78% 6,86% 0,98% 3,92% 2,94% 6,86% 10,78% 7,84% 20,59% 4,90% 0,98% 1,96% 0,98% 0,98% 10,78% 7,84% 100,00%

% do total do construto 1,19% 0,76% 0,11% 0,43% 0,32% 0,76% 1,19% 0,86% 2,27% 0,54% 0,11% 0,22% 0,11% 0,11% 1,19% 0,86% 11,00%

Fonte: Dados da pesquisa (2014)

Em se tratando da dimensão Lazer, o resultado foi considerável e representou 11,00% das fotografias analisadas. Um ponto a ser destacado é que Lazer é a dimensão com o maior número de variáveis do construto, totalizando 17 opções de lazer na cidade de Blumenau. As variáveis com maior número de fotografias publicadas foram: Prática Esportiva (20,59%), Shows (10,78%), Bar (10,78%) e Balada (10,78%). A Tabela 9 traz os resultados obtidos na dimensão Elementos Urbanos:

Tabela 9 – Resultado descritivo por dimensão – Elementos Urbanos Dimensão

Elementos Urbanos

Variável Trânsito Rodoviária Avenida Beira Rio Rua Moto Carro Túnel Rua XV de Novembro Paisagem Urbana Acidente de Trânsito Ônibus Outros Total

Frequência 8 1 10 6 1 2 1 2 21 2 4 8 66

Fonte: Dados da pesquisa (2014)

% da dimensão 12,12% 1,52% 15,15% 9,09% 1,52% 3,03% 1,52% 3,03% 31,82% 3,03% 6,06% 12,12% 100,00%

% do total do construto 0,86% 0,11% 1,08% 0,65% 0,11% 0,22% 0,11% 0,22% 2,27% 0,22% 0,43% 0,86% 7,12%

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A partir da Tabela 9, pode-se observar que a dimensão Elementos Urbanos representou frequência considerável, sendo a quarta dimensão em número de fotos analisadas, com 7,12% da amostra total. Dentre as variáveis constatadas, apenas duas se destacam: Paisagem Urbana (31,82%) e Avenida Beira Rio (15,15%), como é conhecida popularmente a Avenida Presidente Castelo Branco. A Tabela 10 mostra os resultados das fotografias que identificavam Eventos:

Tabela 10 – Resultado descritivo por dimensão – Eventos Dimensão

Eventos

Variável

Frequência

Festival da Cerveja Oktoberfest Osterdorf Protestos Stammtisch Outros Total

24 5 14 4 1 20 68

% da dimensão 35,29% 7,35% 20,59% 5,88% 1,47% 29,41% 100,00%

% do total do construto 2,59% 0,54% 1,51% 0,43% 0,11% 2,16% 7,34%

Fonte: Dados da pesquisa (2014)

Conforme os resultados apontados na Tabela 10, percebe-se que o Festival da Cerveja foi o evento que apresentou o mais alto índice de imagens no estudo, totalizando 35,29% da dimensão. O evento aconteceu entre os dias 12 e 15 de março de 2014, no Parque Vila Germânica. A Osterdorf se destacou em 2ª posição na dimensão Eventos. Trata-se de um evento que teve sua primeira edição em 2014, e transformou a Vila Germânica em uma Vila de Páscoa, com oferecimento de atividades culturais e sociais entre os dias 03 a 31 de março de 2014. O Stammtisch (1,47%), apesar de ser um evento de alta repercussão na cidade, não teve grande representatividade na amostra de publicações analisadas. Este resultado pode ser explicado pelo fato de que a coleta de dados foi encerrada no dia 18 de abril de 2014, e o evento ter acontecido no dia 26 de abril. Pode-se concluir que a fotografia publicada representava a edição anterior, assim como as fotografias relacionadas à Oktoberfest (7,35%). A variável Outros (29,41%) teve uma frequência relativamente alta, pois concentrou fotografias de uma série de eventos menores, não relacionados às variáveis estabelecidas. A seguir, são apresentados os resultados da dimensão Natureza:

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Tabela 11 – Resultado descritivo por dimensão – Natureza Dimensão

Natureza

2 1 1 3 7

% da dimensão 10,53% 5,26% 5,26% 15,79% 36,84%

% do total do construto 0,22% 0,11% 0,11% 0,32% 0,76%

5

26,32%

0,54%

19

100,00%

2,05%

Variável

Frequência

Cachoeira Rio Trilha Parque Spitzkopf Flores Outros Total

Fonte: Dados da pesquisa (2014)

Conforme a Tabela 11, que trata da dimensão Natureza, os itens que obtiveram maior frequência foram, em ordem decrescente: Flores (36,84%), Outros (26,32%) e Parque Spitzkopf (15,79%), que representa uma das opções de turismo ecológico mais frequentada em Blumenau. A Tabela 12 apresenta os resultados das fotografias identificadas na dimensão Gastronomia:

Tabela 12 – Resultado descritivo por dimensão – Gastronomia Dimensão

Gastronomia

Variável Marreco Sushi Pizza Cerveja e Chopp Batata recheada Cupcake Outros Total

Frequência 2 6 1 64 4 1 2 101

% da dimensão 1,98% 5,94% 0,99% 63,37% 3,96% 0,99% 1,98% 100,00%

% do total do construto 0,22% 0,65% 0,11% 6,90% 0,43% 0,11% 0,22% 10,90%

Fonte: Dados da pesquisa (2014)

Conforme a Tabela 12, referente à dimensão Gastronomia, pode-se perceber a forte influência da variável Cerveja e Chopp, a única com resultado destacado e que concentrou 63,37% das fotos referentes à dimensão analisada. Além da forte relação com a cultura germânica, pode-se atribuir este resultado ao Festival Brasileiro da Cerveja, que aconteceu em Blumenau entre os dias 12 a 15 de março de 2014. A tabela apresentada a seguir mostra os resultados da dimensão Horizonte:

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Tabela 13 – Resultado descritivo por dimensão – Horizonte Dimensão

Horizonte

Variável

Frequência

Pôr do sol Nascer do sol Diurno Noturno Total

26 5 9 7 47

% da dimensão 55,32% 10,64% 19,15% 14,89% 100,00%

% do total do construto 2,80% 0,54% 0,97% 0,76% 5,07%

Fonte: Dados da pesquisa (2014)

A dimensão Horizonte tratava das fotos em que os usuários evidenciaram o céu nas suas publicações. Conforme a Tabela 13, a frequência foi de 47 fotografias, quantidade correspondente a 5,07% do construto. A variável que mais se destacou foi Pôr do sol, com 55,32%. A tabela a seguir traz os resultados das fotografias que evidenciaram Fenômenos Meteorológicos:

Tabela 14 – Resultado descritivo por dimensão – Fenômenos Meteorológicos Dimensão Fenômenos Meteorológicos

Variável

Frequência

Chuva Tempestade Enxurrada Total

2 2 6 10

% da dimensão 20,00% 20,00% 60,00% 100,00%

% do total do construto 0,22% 0,22% 0,65% 1,08%

Fonte: Dados da pesquisa (2014)

No que se trata de Fenômenos Meteorológicos, pode-se perceber que a frequência de fotografias que se enquadram nessa dimensão foi baixa. Foram apenas 10 fotografias – que representam 1,08% do total do construto – O mesmo resultado da dimensão Arquitetura Religiosa, sendo estas as duas dimensões com menor frequência de toda a amostra. A variável com maior índice foi Enxurrada, com 60% da dimensão. A Tabela 15 mostra a quantidade de fotografias que apresentaram Identidade Típica:

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Tabela 15 – Resultado descritivo por dimensão – Identidade Típica Dimensão Identidade Típica

Variável

Frequência

Fritz Fritz e Frida Frida Total

7 6 3 16

% da dimensão 43,75% 37,50% 18,75% 100,00%

% do total do construto 0,76% 0,65% 0,32% 1,73%

Fonte: Dados da pesquisa (2014)

Conforme os dados da Tabela 15, a dimensão Identidade Típica teve baixa amostra de fotografias. Entre as 16 fotos, a variável Fritz teve a maior frequência (43,75%), com diferença de apenas uma foto para Fritz e Frida (37,50%), onde ambos se faziam presentes nas fotos. Pode-se entender o baixo índice pela ausência de festas típicas na cidade no período em que se realizou a coleta de dados. A tabela a seguir apresenta os resultados da dimensão Aspectos Gerais:

Tabela 16 – Resultado descritivo por dimensão – Aspectos Gerais Dimensão

Aspectos Gerais

Variável Animais Autorretrato Produtos e Serviços Cotidiano Nada identificado Arte Ações Solidárias Espaço Residencial Objetos Pessoais Fotografias Antigas Símbolos Nacionais Vínculo Social Total

Frequência 37 55 162 43 7 11 9 3 14 1 1 68 411

% da dimensão 9,00% 13,38% 39,42% 10,46% 1,70% 2,68% 2,19% 0,73% 3,41% 0,24% 0,24% 16,55% 100,00%

% do total do construto 3,99% 5,93% 17,48% 4,64% 0,76% 1,19% 0,97% 0,32% 1,51% 0,11% 0,11% 7,34% 44,34%

Fonte: Dados da pesquisa (2014)

No que se refere à dimensão Aspectos Gerais, que engloba todas as variáveis encontradas nas fotografias analisadas e que não se encaixavam nas demais dimensões estabelecidas, percebe-se alta frequência de fotografias, com 44,34% do construto. Os resultados com mais representatividade são Produtos e Serviços (39,42%), a variável com maior número de ocorrências de todo o construto (17,48%), seguida de Vínculo Social (16,55%) e Autorretrato (13,38%).

61

4.4

CORRELAÇÃO DE SPEARMAN

Para a correlação entre as variáveis do estudo, utilizou-se o coeficiente de Spearman para medir a intensidade entre as variáveis ordinais. Hair Júnior et al. (2005) determinam que os valores devem seguir:

a) correlação leve, quase imperceptível (0,01 a 0,20); b) correlação pequena, mas definida (0,21 a 0,40); c) correlação moderada (0,41 a 0,70); d) alta correlação (0,71 a 0,90); e) correlação muito forte (0,91 a 1,00).

Junto a cada uma das correlações, apresenta-se o nível de significância estatística, que conforme Hair et al. (2005), quanto menor for este índice, mais verdadeiros serão os resultados matemáticos. Todas as correlações foram geradas com 0,01 a 0,05 de significância estatística.

>0,05 – Não significante 0,01 a 0,05 – Significante 0,001 a 0,01 – Muito Significante
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