A imitação de Cristo

July 7, 2017 | Autor: Diogenes Gimenes | Categoria: Monasticism, Filosofia, Teologia, História da Igreja, Tomas De Kempis
Share Embed


Descrição do Produto




FAESP
História Eclesiástica I. Prof. Alexandre da Silva Chaves.3° ANO – NOTURNO – 2015.
Diógenes de L. Gimenes



FACULDADE EVANGÉLICA DE SÃO PAULO – FAESP
BACHAREL EM TEOLOGIA 1° SEMESTRE 2015. 3° ANO
DISCIPLINA: HISTÓRIA DA IGREJA I
PROF. ALEXANDRE DA SILVA CHAVES – Data: 30/04/2015
Visto:__________
Aluno: Diógenes de L. Gimenes

Resenha do livro: A imitação de Cristo. KEMPIS, Tomás. Vozes, 2009.



Sobre o autor – Tomás de Kempis (1380-1471) foi monge e escritor alemão. Nasceu na pequena cidade de Kempen na Prússia. Ingressou na Ordem Agostiniana no mosteiro de Santa Agnes em 1399. Em 1413 foi ordenado sacerdote. Foi autor de grandes obras da quais "A imitação de Cristo" tornou-se a mais famosa. Este livro, depois da Bíblia tornou-se o livro mais traduzido do mundo inteiro. Entre os escritos ascéticos e monásticos medievais é a obra de maior influência.
Sobre a obra – O livro se divide em quatro partes principais. Livro Primeiro: Avisos úteis para a vida espiritual. Livro Segundo: Exortações à vida interior. Livro Terceiro: Da Consolação interior. Livro Quarto: Do Sacramento do Altar. As duas primeiras partes são uma introdução a espiritualidade. A terceira parte é um diálogo entre Cristo e a alma. Trata-se da parte devocional, meditativa. A quarta parte refere-se à Eucaristia, ensinando como aproximar-se dela de maneira adequada.
No meu entender, A imitação de Cristo é uma leitura muito enriquecedora. Tomás de Kempis nos oferece reflexões valiosíssimas concernentes a nossa vida interior. Kempis exorta-nos a confiarmos em Deus. E ele faz isso com eloquência e veracidade:
Não te importes muito de saber quem seja por ti ou contra ti; mas trata e procura que Deus seja contigo em tudo que fizeres. Tem boa consciência e Deus te defenderá, pois a quem Deus ajuda não há maldade que o possa prejudicar. Se souberes calar e sofrer, verás, sem dúvida, o socorro do Senhor. Ele sabe o tempo e o modo de te livrar; portanto, entrega-te todo a ele. A Deus pertence aliviar-nos e tirar-nos de toda a confusão. Às vezes é muito útil, para melhor conservarmos a humildade, que os outros saibam os nossos defeitos e nos repreendam.

Embora belíssimos, são de certo modo estranhos os diálogos entre Jesus e a Alma escritos no Livro Terceiro. São palavras eloquentes, sábias e embasadas na Escritura, mas, não é de fato o texto Bíblico. O que me ocorre a pensar – e aqui expresso minha crítica, que uma pessoa não habituada à leitura da Bíblia Sagrada pode facilmente tomar as palavras do Jesus de Tomás como sendo Sagrada Escritura. A próxima citação retrata exatamente isto. Deixei em itálico aquilo que não são palavras de Jesus, embora tenha um sentido implícito verdadeiro.
1. Jesus: Ouve, filho, as minhas palavras, palavras suavíssimas que excedem toda a ciência dos filósofos e sábios deste mundo. As minhas palavras são espírito e vida (Jo 6,64), e não se devem interpretar humanamente. Não devem ser abusadas para vã complacência, mas devem ser ouvidas em silêncio e recebidas com máxima humildade e grande afeto. 2. A alma: E disse eu: Bem-aventurado o homem a quem instruís, Senhor, e lhe ensinais a vossa lei, para suavizar-lhe os dias maus e dar-lhe consolo neste mundo (Sl 93, 12.13).

Faustino Teixeira escreve que a espiritualidade presente na obra Imitação de Cristo é a expressão de uma época, tendo iluminado a dinâmica litúrgica de um tempo que sofreu inúmeras modificações. Faustino citando Dumeige escreve:
"Causa certa perturbação ao olhar contemporâneo certos traços presentes nesta espiritualidade, como a oposição entre natureza e graça, a exaltação da fuga do mundo, a superioridade da vida monástica e certa perspectiva pietista intimista, que corroborou para problemático divórcio entre teologia e espiritualidade".

De acordo com a espiritualidade moderna pregada nas novas religiões que se insurgem nas sociedades populosas e populares do nosso século, parece de fato, que os exercícios espirituais propostos por Tomás estão aquém daquilo que funciona. Mas basta nos atentarmos as páginas desta obra e veremos quão grandes virtudes são redigidas pela pena de Tomás. Suas palavras de fato ainda possuem densidade e vigor. Suas exortações ainda tocam o coração e a alma dos homens que desejam mais de Deus.
"Se fosses interiormente bom e puro, logo verias tudo sem dificuldade e compreenderias bem. O coração puro penetra o céu e o inferno. Cada um julga segundo seu interior. Se há alegria neste mundo, é o coração puro que a goza; se há, em alguma parte, tribulação e angústia, é a má consciência que as experimenta. Como o ferro metido no fogo perde a ferrugem e se faz todo incandescente, assim o homem que se entrega inteiramente a Deus fica livre da tibieza e transforma-se em novo homem" .

Entendo que embora seja uma leitura de cunho devocional, esta obra pode ser considerada um manual de teologia prática. Sem dúvidas é um livro que vale a pena ser lido com atenção e mais do que isto, é uma leitura que nos convida a uma reflexão profunda e introspectiva sobre nossa caminhada cristã, cercada e pelos ruídos que o mundo moderno e uma igreja cada vez mais longe da cruz ecoam sobre nós.
Concluo dizendo que das muitas leituras que me proponho a realizar a cada ano, certamente a Imitação de Cristo foi uma das que mais marcaram. Não da pra ler com pressa. Tem que procurar um canto silencioso para poder saborear e meditar cada palavra desta obra.




Além da leitura do livro, li também o texto escrito por Faustino Teixeira sobre Tomás de Kempis no blog fteixeira-diálogos. Fonte: http://fteixeira-dialogos.blogspot.com.br/2010/04/imitacao-de-cristo.html. Acesso em 14/02/15.
Kempen ou Kempis estava localizada na região da fronteira com a Bélgica e a Alemanha atuais, na área de cultura conhecida como flamenga, ou seja, holandesa. Naquela área surgiu o movimento denominado devotio moderna para contrapor a devotio antiqua em voga. A devotio antiqua era praticada por um clero decadente, o qual não punha mais o próprio coração nas celebrações litúrgicas e nas práticas devocionais. Extraído do Artigo 197. "Ainda vale a pena ler a imitação de Cristo?" publicado pelo Padre Paulo Ricardo. Fonte: https://padrepauloricardo.org/episodios/ainda-vale-a-pena-ler-a-imitacao-de-cristo. Acesso em 14/02/15.
GONZÁLEZ L. Justo (Ed.) Dicionário ilustrado dos intérpretes da fé – vinte séculos de pensamento Cristão. p. 393. HAGNOS, São Paulo 2008.
Ibidem.
KEMPIS, Tomás de. A imitação de Cristo. IC II 1,1.
Cf. IC III 3,1.
BLOG fteixeira-diálogos. Fonte: http://fteixeira-dialogos.blogspot.com.br/2010/04/imitacao-de-cristo.html. Acesso em 14/02/15.
G.DUMEIGE. História da espiritualidade. In. Stefano de FIORES & Tullo GOFFI (Eds). Dicionário de espiritualidade. São Paulo: Paulinas, 1989, p. 502.
KEMPIS, Tomás de. A imitação de Cristo. IC II 4,2.
[Digite o título do documento]
[Digite o subtítulo do documento]

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.