A importância da cartografia para o estudo da evolução da orla costeira: o exemplo do trecho Buarcos-Cova (Figueira da Foz, Portugal)

Share Embed


Descrição do Produto

Freitas, Joana Gaspar de; Dias, João Alveirinho; Lopes, António Mota; Kol, Helena (2015) - A importância da cartografia para o estudo da evolução da orla costeira: o exemplo do trecho Buarcos-Cova (Figueira da Foz, Portugal). In: Francisco Roque de Oliveira (org.), Cartógrafos para toda a Terra. Produção e circulação do saber cartográfico ibero-americano: agentes e contextos, v2:1135-1154, Biblioteca Nacional de Portugal (BNP) / Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa (CEG-UL) /Centro de História d’Aquém e d’Além-Mar da Universidade Nova de Lisboa / Universidade dos Açores (CHAM, UNL/UAç), Portugal. ISBN 978-9725655290. DOI: 10.13140/RG. 2.1.1281.6720

A importância da cartografia para o estudo da evolução da orla costeira: o exemplo do trecho Buarcos-Cova (Figueira da Foz, Portugal) Joana Gaspar de Freitas Instituto de Estudos de Literatura Tradicional (IELT) Faculdade de Ciências Sociais e Humanas Universidade Nova de Lisboa Bolseira de Pós-Doutoramento da Fundação para a Ciências e Tecnologia

João Alveirinho Dias Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA) Universidade do Algarve

António Mota Lopes Instituto Geográfico Português (IGP)

Helena Kol Instituto Geográfico Português (IGP)

Nos últimos anos, um conjunto de investigadores de diferentes áreas – História, Geografia, Geologia, Geomorfologia, Engenharia – tem trabalhado de forma interdisciplinar para perceber a evolução recente da costa portuguesa e avaliar os riscos que impendem sobre povoações marítimas instaladas em zonas de grande vulnerabilidade. Este artigo – que resulta desse labor comum – pretende mostrar a importância das comparações cartográficas como instrumento de trabalho para a análise da evolução da linha de costa. Através do cruzamento deste tipo de informação com outros dados é possível adquirir noções mais exactas sobre a realidade actual, conhecimento imprescindível para cientistas, decisores técnicos e autoridades com responsabilidades na gestão do litoral. O sector costeiro escolhido para servir de exemplo – o trecho entre a vila de Buarcos e a povoação da Cova – sofreu profundas alterações morfo-

1135

Figura 1. Localização de Buarcos, Figueira da Foz e Cova (Silva et al., 1880).

1136

C A RTÓ G R A F O S PA R A TO DA A T E R R A

lógicas entre finais do século xix e meados do século xx, devido sobretudo à acção antrópica. Representa, pois, um caso interessante do ponto de vista científico no que se refere à avaliação da capacidade humana para transformar o território e à caracterização dos impactes induzidos por actividades antrópicas. Os núcleos urbanos abrangidos por este estudo tiveram e têm percursos distintos que é preciso conhecer, de modo a melhor compreender as circunstâncias presentes e as questões que as determinaram. Assim, em breves palavras, Buarcos foi durante muito tempo a povoação mais importante deste litoral (figura 1). A  sua história remonta aos séculos xi-xii e a sua existência esteve desde sempre ligada às actividades piscatórias. Protegida da agitação marítima dominante que provém dos quadrantes NW pelo Cabo Mondego, a praia de Buarcos – extensa baía abrigada – proporcionava bom fundeadouro para as embarcações e refúgio seguro durante os temporais de NW. As suas características geográficas permitiram a sua utilização como porto de mar, condição rara numa costa onde a maioria dos portos se localizava em zonas estuarinas ou lagunares. Os seus moradores eram quase todos pescadores – como informam as Memórias Paroquiais de 1758 (guerra, 1950: 16) –, situação que se manteve pelo século xx adentro, quando outras actividades vieram animar a praia e a pesca foi transferida para o porto da Figueira da Foz. O Lugar da Figueira, durante muito tempo conhecido como Alfândega de Buarcos, situava-se a cerca de um quarto de légua daquela vila (guerra, 1950: 17), perto do Forte de S.  Catarina, na foz do Mondego. O  pequeno núcleo populacional cresceu junto ao estuário do rio (figura 1), afirmando-se progressivamente a partir do século xviii, graças ao desenvolvimento do comércio marítimo. A intensa actividade económica gerada em torno do porto do Mondego proporcionou a elevação da Figueira da Foz a vila em Março de 1771. Cerca de um século mais tarde, quando o tráfego portuário entrou em declínio por causa das más condições da barra, a prática da vilegiatura marítima converteu a Figueira numa das mais importantes estâncias balneares do país. O rei D. Luís atribuiu-lhe o título de cidade em 1882, em consequência do florescimento urbano e dos progressivos melhoramentos registados, incluindo a ligação ferroviária às Linhas do Norte e da Beira Alta, através do ramal da Pampilhosa (arroteia, 1985: 21-23).

J OA N A G A S PA R D E F R E I TA S [ ET A L ] | A I M P O RTÂ N CI A DA C A RTO G R A F I A PA R A O E ST U D O DA E VO LU Ç ÃO DA O R L A C O ST E I R A

1137

A povoação da Cova, na margem sul do Mondego, é muito mais recente do que as anteriores e de características mais humildes (figura 1). Fundada por pescadores de Ílhavo em finais do século xviii, que se instalaram nesta zona com as suas artes de pesca, construindo as suas habitações típicas – os palheiros (mano, 1997: 158-160) –, a Cova permaneceu isolada do cosmopolitismo da Figueira da Foz. Ainda hoje não passa de uma área descaracterizada na cintura suburbana e industrial daquela cidade. Todo o seu interesse – e razão para inclusão neste estudo – resulta das transformações recentes operadas naquele litoral e dos riscos que lhe estão associados. Características do litoral entre Buarcos e a Cova

Há 2500 anos, a configuração do litoral desta região era muito diferente do que é hoje. O rio Mondego desaguava num golfo que se prolongava por mais de 10 km para o interior da actual linha de costa. O litoral a sul estaria, também, bastante recuado relativamente ao dos nossos dias, sendo mais recortado. A delimitação dos corpos aluviais e dunares expressa na folha 19-C da Carta Geológica de Portugal (Figueira da Foz) permite ter uma ideia da configuração do litoral nessa altura. Com a passagem do tempo esta zona foi sendo progressivamente assoreada, quer com areias debitadas pelo rio Mondego, quer pelas integradas na deriva litoral, que tem sentido Norte-Sul. A foz do rio passou então a ser do tipo divagante, migrando para norte até ao ponto forte constituído pela parte ocidental da Serra da Boa Viagem (dias, ferreira e pereira, 1994: 206). Enquanto evoluiu segundo processos naturais o sector costeiro entre Buarcos e a Figueira da Foz apresentava grande variabilidade a nível do perfil de praia, sendo «vulgar ver de um dia para o outro a costa de Buarcos à Figueira, ora formada por um imenso areal, ora descarnada e limpa de areia, deixando a descoberto os rochedos e restingas que nela afloram outras vezes só em pequenas pontas» (loureiro, 1904: ii, 200). Os fenómenos de galgamentos marítimos eram frequentes nesta zona por ocasião da ocorrência de temporais. Em Janeiro de 1789, por exemplo, a fortaleza de Buarcos foi duramente atingida pelo mar, que a destruiu parcialmente e pôs em risco a própria povoação. De acordo com o relato «as incursões do mar e tempestuosos ventos havendo escavado junto aos alicerces grande parte das Muralhas da Praça de Buarcos, as tem chegado a demolir desde o princípio da vila até ao sítio chamado a Casinha» (costa, 1995: 37). Segundo

1138

C A RTÓ G R A F O S PA R A TO DA A T E R R A

Adolfo Loureiro, as ondas «subindo a inclinação do areal vinham às vezes até às casas» de Palheiros de Buarcos (loureiro, 1904: ii, 200, 202-203). As Figura 2A e 2B permitem perceber a grande proximidade da fortaleza e da vila de Buarcos em relação ao mar. Também é facilmente observável a situação específica de Palheiros de Buarcos, no centro da baía, directamente exposto à acção das ondas. Com a construção da estrada entre a Figueira e Buarcos, esta passou a ser alvo das investidas do mar. Em 18831884, as vagas atacaram o talude do aterro da estrada, destruíndo parte dele e várias construções que lhe ficavam pelo lado exterior (loureiro, 1904: ii, 202-203). Episódios como estes repetiram-se ao longo da primeira metade do século xx. Em 1936 houve necessidade de reparar os estragos causados pelos temporais na esplanada junto do Forte de Santa Catarina (Ministério das Obras Públicas e Comunicações, 1938: 303) (figura 2c). Um ano depois, o troço entre a Fortaleza a Ponte do Galante – primeiro ponto de inflexão da costa a N da barra – foi escavado pela vaga e pelo vento numa altura de cerca de dois metros (Ministério das Obras Públicas e Comunicações, 1939: 166). Por seu turno, a zona da Cova era, segundo descrição de 1837, «uma cordilheira de areias, que se estendia do norte ao sul, tirando sua origem no cabedelo e continuando pela costa de Lavos. A  povoação começava em parte do cimo desta cordilheira e se estendia irregularmente pela vertente de Leste. Quase todos os edifícios eram construídos de tábua (...), muitos deles sustentados sobre estacas [figura 3b], de cinco a mais palmos de alto, para não serem com o tempo soterrados» (mano, 1997: 207). Isto significa que ao contrário do que se verificava a norte, onde a praia se encontrava por vezes descarnada e onde existiam pelo menos dois núcleos populacionais consolidados (Buarcos e Palheiros de Buarcos), imediatamente a sul da barra do Mondego as areias acumulavam-se formando extensas dunas móveis (figura 3c) – os medos ou médãos –, nas quais apenas subsistiam os pequenos aglomerados de palheiros da Cova e da Gala. O Plano Hidrográfico de 1880, levantado sob direcção de Filipe Folque (figura 3a), é absolutamente consistente com a descrição da Cova em 1837: não só há referência gráfica aos «medos grandes» desta costa, como se pode observar que a povoação não estava instalada directamente na praia, mas ao abrigo da duna, na sua vertente mais abrigada.

J OA N A G A S PA R D E F R E I TA S [ ET A L ] | A I M P O RTÂ N CI A DA C A RTO G R A F I A PA R A O E ST U D O DA E VO LU Ç ÃO DA O R L A C O ST E I R A

1139

Figura 2. A) A Baía de Buarcos, estando assinalados aquela povoação, Palheiros de Buarcos e o Forte de Santa Catarina (Silva e Cortez, 1870). B) Buarcos no início do século xx (Postal – Espólio Particular da Família Arriaga Corrêa Guedes). C) Forte de Santa Catarina, s.d. (Postal – Espólio Particular da Família Arriaga Corrêa Guedes).

As grandes transformações do século XX

As principais mudanças no trecho costeiro em estudo devem-se às acções antrópicas levadas a cabo entre meados do século xix e princípios do século xxi, relacionadas com os dois fenómenos que mais impacto tiveram em todo o litoral português: o turismo balnear e a modernização das estruturas portuárias. Em meados do século xix, a Figueira da Foz – à semelhança de outras praias portuguesas e europeias – começou a ser procurada pelas elites para usufruir dos benefícios médico-terapêuticos dos banhos de mar. Em 1875, já Ramalho Ortigão a incluía no seu guia das praias de Portugal, afirmando que nenhuma outra possuía as suas qualidades: «batida do grande mar, tendo à direita a bonançosa baía de Buarcos e à esquerda os rochedos em que assenta o castelo de Santa Catarina, que defende a foz do Mondego, a vila da Figueira oferece aos banhistas incomparáveis condições» (ortigão, 1875: 106). Cerca de setenta anos depois, o Guia de Portugal atribuia-lhe o

1140

C A RTÓ G R A F O S PA R A TO DA A T E R R A

Figura 3. A) Litoral a Sul da Embocadura do Mondego, onde se localiza a Cova e a Gala. Repare-se na largura de toda a faixa – constituída por areias - que se estende para Sul (Silva et al., 1880). B) Reconstituição actual de uma casa típica da Cova (fotografia de Joana Freitas). C) Dunas da Cova nos dias de hoje, litoral a Sul da povoação (fotografia de Joana Freitas).

epíteto de «rainha das praias», por ser a mais concorrida e buliçosa das estâncias portuguesas, frequentadas pelos mais abastados durante os meses de Junho, Julho e Agosto, e por pessoas de modesta condição em Outubro. A  ela afluiam também inúmeros espanhóis de Madrid, Salamanca, Cáceres e Badajoz, porque a Figueira, através da ligação ferroviária, era a zona costeira mais próxima destas províncias (Guia de Portugal, 1984 [1944]: 3, i, 70 e 79).

O veraneio foi decisivo para o crescimento da Figueira da Foz, especialmente com o declínio das actividades comerciais marítimas em consequência do assoreamento da barra. Com a chegada dos banhistas assistiu-se ao progressivo desenvolvimento da cidade que, centrada até aí num pequeno núcleo na margem do rio, se expandiu em direcção ao mar. A construção do Bairro Novo – entre 1868 e 1898 – perto do Forte de Santa Catarina marcou a aproximação do aglomerado em relação ao litoral. Neste

J OA N A G A S PA R D E F R E I TA S [ ET A L ] | A I M P O RTÂ N CI A DA C A RTO G R A F I A PA R A O E ST U D O DA E VO LU Ç ÃO DA O R L A C O ST E I R A

1141

novo bairro destacava-se um espaço avançado sobre a praia – a rua da Alegria – transformada depois na Esplanada Silva Guimarães (jesus, 1999: 42), ponto estratégico de observação da toda a baía, logo convertido em local de convívio e de recreação (figura 4). A  partir dos anos de 1920-30, a Figueira afirmou-se no panorama nacional como estação balnear e a importância deste fenómeno determinou a organização intencional do espaço urbano, sobretudo nos terrenos junto à orla marítima. O projecto de uma grande Avenida Marginal que ligasse a Figueira a Buarcos começou a ser discutido ainda em finais do século xix, mas ganhou novo fôlego a partir de 1912, quando o Parlamento concedeu autorização à Câmara Municipal da Figueira da Foz para a realização da obra, oferecendo-lhe como fundo a posse dos terrenos públicos conquistados pela marginal aos «areais improdutivos» (Diário da Câmara dos Deputados, 07-05-1912: 4; cascão, 2009: 80). Longos anos se passaram, porém, até à sua concretização. Vários foram os arquitectos/engenheiros – entre eles Xavier da Cunha (1914), Raul Lino (1924), Donas Botto (1928) Silva Pascoal (1933-34) – que apresentaram projectos com vista à construção e urbanização da Avenida do Mar (que passou a chamar-se «Oliveira Salazar», depois de 1933). Numa primeira fase pretendia-se que a avenida chegasse até à Ponte do Galante, numa extensão de cerca de 850m desde a praia de banhos (junto a Santa Catarina), distância que os banhistas podiam percorrer a pé em passeio. Daí em diante existia uma estrada municipal que seguia até Buarcos (pascoal, 1933-34). A questão do traçado da nova avenida foi largamente discutida pelos projectistas, concordando quase todos na necessidade de a cingir o mais possível à orla marítima – dentro da área concedida à Câmara para evitar expropriações –, sem, contudo, roubar demasiado espaço à praia para não diminuir a sua área útil (pascoal, 1933-34; cruz, 1928). Havia também razões de carácter económico a considerar, como explicava o engenheiro Henrique Fernandes Ruas: «mesmo nesta parte em que a praia apresenta em geral maior largura, ela é quanto possível respeitada, não se lhe conquistando terreno algum para edificações, o que tornaria muito mais dispendiosa a construção da avenida, pois que quanto mais ela se aproxima do mar, mais custosas serão as obras necessárias para a sua defesa, sendo de notar que nesse local o mar por vezes tem corroído muito a praia» (ruas, 1920).

1142

C A RTÓ G R A F O S PA R A TO DA A T E R R A

Figura 4. Esplanada Silva Guimarães nos anos de 1920. Veja-se fundo, do lado esquerdo, Buarcos e, ao centro, Palheiros de Buarcos (Postal – Espólio Particular da Família Arriaga Corrêa Guedes)

Em 1943 iniciaram-se as obras de prolongamento da Avenida Marginal até à Ponte do Galante, segundo um projecto de João António de Aguiar e Henrique Óscar Ferreira. A  construção progrediu a ritmo muito lento, porque por volta de 1952 ainda se estavam a concluir os trabalhos na faixa de rodagem. Só depois desta data se começou a delinear a questão da ocupação dos terrenos vagos ao longo da Avenida e da encosta da Ponte do Galante, até então com raras e modestas construções (cascão, 2009: 83). Em 1961, aquando da elaboração do Plano Regulador da Cidade da Figueira da Foz, da autoria de Antão de Almeida Garrett, a Marginal para norte da Ponte do Galante estava ainda por construir e a sua continuação levantava alguns problemas técnicos por causa das investidas do mar, já que a areia da praia «ora sobe até ao nível da avenida, ora desce arrastada pela água; [e] o mar avança e retrocede sem continuidade num sentido» (garrett, 1962: 108 e 142). Quatro anos depois mantinha-se o impasse em relação ao prolongamento da Avenida. O traçado estava ainda a ser discutido, tanto mais que uma nova questão tinha de ser ponderada: as obras de recuperação do porto da Figueira então em curso e seus efeitos sobre a praia (Câmara Municipal da Figueira da Foz, 1965).

J OA N A G A S PA R D E F R E I TA S [ ET A L ] | A I M P O RTÂ N CI A DA C A RTO G R A F I A PA R A O E ST U D O DA E VO LU Ç ÃO DA O R L A C O ST E I R A

1143

As primeiras reclamações conhecidas sobre o mau estado da barra do Mondego remontam ao século xviii: já em 1795 se falava na necessidade de «encanamento e concerto da barra do porto da Figueira» (Gazeta de Lisboa, 21-08-1795). A deslocação constante de grandes massas de areia, a divagação da barra e a falta de profundidade no canal de acesso e junto aos cais criavam dificuldades à navegação e impediam a entrada de embarcações de maior dimensão (Diário do Governo, 05-06-1837: 675-676). Dada a importância económica do comércio deste porto, a partir de meados do século xix, foram feitos numerosos estudos com vista à resolução do problema. «Inicia[ram]-se então uma longa série de esquemas de intervenção, de êxito vário, para melhorar o porto, sobretudo a partir de fins da década de [18]30, quase sempre organizados para solucionar situações de emergência e somente parcialmente executados» (Ministério das Obras Públicas, 1966: 6). No século xx a situação agudizou-se, não só porque as condições da barra não ofereciam melhoras significativas, mas também porque o desenvolvimento dos transportes marítimos passou a exigir maior profundidades no acesso aos portos e ancoradouros e mais celeridade nas operações portuárias. Tendo em conta a relevância do porto da Figueira para a pesca longínqua (do bacalhau) e costeira e para o comércio marítimo de médio calado, foi decidido – no âmbito do Plano Nacional de Melhoramentos Portuários (1929 e 1944) –, a fixação definitiva da barra do Mondego através da construção de dois molhes convergentes, um a norte e outro a sul da embocadura do rio. Em 1934 estavam construídas as duas estruturas indicadas. Contudo, não foi suficiente: depois de efectuados alguns estudos científicos e técnicos, foi decidido o seu prolongamento. Os trabalhos iniciaram-se em 1961 e ficaram concluídos em 1965: os molhes norte e sul ficaram com 900 e 950 metros de comprimento, respectivamente. (Ministério das Obras Públicas, 1966: 36-39, 41-42). Estas intervenções no porto e barra do Mondego foram acompanhadas de grandes dragagens – 1973-76, 1983-85 e 1991-95 – para estabelecimento e manutenção dos fundos nos canais de navegação, docas e cais. Há que acrescentar ainda as acções de regularização das margens e do leito do rio, bem como a construção de barragens – entre 1974 e 1986 –, destinadas à rega, abastecimento de água e produção de energia eléctrica (mendes, 2002: 65 e 45). Estas grandes obras de engenharia – responsáveis pela redução drástica do caudal sólido do rio e do abasteci-

1144

C A RTÓ G R A F O S PA R A TO DA A T E R R A

mento sedimentar ao litoral a sotamar –, tiveram um impacte profundo nesta orla costeira, transformando-a de forma irreversível. A informação histórica sobre a região imediatamente a sul da foz do Mondego é bem escassa quando comparada com as fontes existentes para a Figueira e Buarcos. Esta área ficou praticamente incólume às transformações urbanísticas a que o litoral a norte esteve sujeito desde finais do século xix. O facto de não ter sido utilizada para fins balneares e as modestas condições de vida dos seus habitantes assim o determinaram. Foi sobretudo com a instalação da Colónia Balnear Dr. Oliveira Salazar (inaugurada em Setembro de 1950) e a construção – em fase adiantada, em 1961 – do Hospital Hélio-Marítimo nos areais da Cova-Gala, que esta zona ganhou alguma importância e fez despertar a possibilidade de dar novos usos a este território. Em 1962, a maioria dos cerca de 1200 habitantes da Cova estava ainda ligada às actividades piscatórias e os palheiros continuavam a ser o tipo de habitação dominante. Esperava-se já, contudo, que as obras do porto e a ampliação dos estaleiros navais, docas secas e molhadas, áreas de secagem do bacalhau, bem como o desenvolvimento da zona industrial, funcionassem como elementos catalizadores do povoamento destes aglomerados. (garrett, 1962: 14, 110, 206-207). Nos anos de 1970, a instalação de novas indústrias na região e o crescimento do emprego na Figueira fizeram crescer as povoações da Cova-Gala, caracterizadas então por num «amontoado de casas, desprovidas de estrutura urbana, não possuindo sistema viário eficaz, nem qualquer tipo de ordenamento». Os antigos palheiros tinham dado lugar a construções em materiais mais duráveis e os aglomerados haviam-se densificado graças à facilidade de implantação de casas no local (Aglomerado da Cova e Gala, 1975: 3 e 7). Esta periferia urbana da cidade da Figueira da Foz só se tornou relevante – ou pelo menos notada – quando as alterações recente do litoral se converteram num problema grave para as populações e infra-estruturas ali instaladas. Consequências das acções antrópicas

A mais directa consequência do prolongamento dos molhes na embocadura do Mondego foi a forte acumulação de areias na praia da Figueira, provocado pelo efeito de retenção do molhe norte sobre o transporte sólido litoral – de direcção norte-sul. O resultado foi o aumento significativo da praia: entre 1962 e 1980, a linha de costa avançou cerca de 440m,

J OA N A G A S PA R D E F R E I TA S [ ET A L ] | A I M P O RTÂ N CI A DA C A RTO G R A F I A PA R A O E ST U D O DA E VO LU Ç ÃO DA O R L A C O ST E I R A

1145

junto ao Forte de Santa Catarina, e 180m no sector de Buarcos (vicente e pereira, 1986: 1).

Em 1965 os técnicos dos serviços camarários da Figueira da Foz envolvidos no projecto de prolongamento da Avenida Oliveira Salazar até Buarcos consideravam que – desconhecendo-se ainda os efeitos da construção dos molhes do porto sobre a praia – a melhor solução era optar por um traçado intermédio, nem muito à terra – por causa das expropriações –, nem muito ao mar – dados os custos das obras de defesa contra as investidas das vagas (Câmara Municipal da Figueira, 1965: 3). Mas dois anos depois, os resultados da intervenção portuária eram já evidentes e as suas consequências consideradas nefastas para o futuro da Figueira: «as condições de utilização da praia, assim transformada num imenso areal seco, sob o aspecto balnear e turístico, tornam-se verdadeiramente inconvenientes, sendo de evitar que o seu valor como principal atractivo turístico da Figueira da Foz se venha a perder em grande parte» (Conselho Superior de Obras Públicas, 1967: 64 e 65). A maior preocupação do Conselho Superior de Obras Públicas era que estando a Avenida Marginal praticamente construída – estava em execução o trecho de Buarcos – e não sendo aceitável a sua alteração, aquela ficasse ainda mais afastada do mar do que já estava. A questão da largura excessiva da faixa arenosa, entendida como prejudicial ao bom funcionamento balnear da praia, levou as autoridades a procurar soluções. Em 1986, o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), considerando estabilizado o processo de enchimento, propunha como correcção daquele problema a recuperação das áreas localizadas na orla interior para a instalação de infra-estruturas turístico-balneares (vicente e pereira, 1986: 5). O que veio efectivamente a acontecer com a implantação de restaurantes, campos de jogos e apoios de praia no extenso areal. A observação da imagem aérea de 2010 (figura 5a) permite verificar com clareza o aumento significativo da praia da Figueira, alterando por completo a configuração daquele litoral. Da comparação desta imagem com o Plano Hidrográfico de 1880 (figura 5b) é ainda mais evidente o contraste e as alterações sofridas em pouco mais de um século. Contudo, se se atender ao facto das praias, na prática, serem zonas de transição que integram o leito das águas, verifica-se que não houve entre estes dois períodos uma mudança significativa da linha – assinalada a vermelho - que confina com a margem do mar, excepto talvez na zona do Forte de Santa Catarina. A existência prévia da Avenida Marginal,

1146

C A RTÓ G R A F O S PA R A TO DA A T E R R A

Figura 5. A) Aspecto da orla costeira entre Buarcos e a Figueira a Foz em 2010 (Microsoft, 2010). Note-se o aumento significativo da largura da praia, especialmente junto ao molhe norte. B) Plano Hidrográfico de 1880 (Silva et al., 1880), no qual se sobrepôs: linhas cheias, a configuração da linha de costa em 2010; a tracejado, o limite do espraio observado na imagem aérea 2010. Note-se que, para além da extensão do areal, não houve alterações significativas na linha de costa, excepto junto ao Forte de Santa Catarina.

bem como a construção do seu último troço – junto a Buarcos – antes do término e estabilização do enchimento da praia, podem ajudar a explicar porque não houve maior avanço da ocupação humana sobre a frente oceânica. Apesar disso, é bem perceptível pela observação da Figura 5A que os níveis de ocupação da zona costeira aumentaram prodigiosamente neste intervalo de tempo. Aquilo que, em 1880, era uma orla marítima pouco povoada (figura 5b), com apenas um aglomerado consolidado de alguma dimensão – Buarcos –, acabou por transformar-se numa frente única de construções circundando toda a baía. A expansão do núcleo urbano na frente oceânica amplifica a sua vulnerabilidade face à variabilidade do litoral, sobretudo na ocorrência de fenómenos extremos ou perante as expectáveis alterações do nível do mar devido às alterações climáticas. As dimensões actuais da praia parecem manter a marginal e as áreas construídas adjacentes protegidas das investi-

J OA N A G A S PA R D E F R E I TA S [ ET A L ] | A I M P O RTÂ N CI A DA C A RTO G R A F I A PA R A O E ST U D O DA E VO LU Ç ÃO DA O R L A C O ST E I R A

1147

das do mar. Contudo, alguns episódios de galgamentos e as destruições por eles causadas mostram que esta segurança é meramente aparente, o que requer prudência nas intervenções a efectuar no futuro. O trecho costeiro junto a Buarcos – historicamente identificado como sendo o mais sensível à acção do mar – continua a ser uma área problemática, sendo que a marginal é frequentemente galgada neste sector (cunha e dinis, 1998: 35). Mas não só, em Janeiro de 1996, por exemplo, em resultado de um temporal, assistiu-se a um galgamento marítimo na praia da Figueira, junto ao molhe norte, numa zona onde havia sido permitida a extracção de areias. O galgamento atingiu a base da torre de relógio, fenómeno comum antes da construção dos molhes, mas já não expectável depois do aumento das dimensões do areal. Os apoios de praia e restaurantes existentes na alta praia foram parcialmente destruídos e na zona do Forte de Buarcos – a mais atingida – o mar atirou pedras e barcos para a faixa de rodagem da Avenida (cunha e dinis, 1998: 38). A sul da embocadura do Mondego a construção do prolongamento dos molhes do porto em 1965 – e a retenção de sedimentos a barlamar – provocou um acentuado recuo da linha de costa, atingindo valores máximos de erosão na ordem dos 30m/ano (duarte e reis, 1992). Em Fevereiro de 1976, o LNEC foi chamado a dar um parecer sobre o agravamento do recuo da praia em frente do Hospital Distrital da Figueira da Foz (o sucessor do Hospital Hélio-Marítimo) – situado na Gala, a cerca de 1km a sul do enraizamento do molhe sul do porto – onde entretanto fora necessário proceder à construção de emergência de uma protecção longitudinal aderente (simões e castanho, 1979: 2). Os temporais de Fevereiro de 1978 contribuíram para o aceleramento da erosão no troço Hospital da Gala-Cova, verificando-se até «a ruína de algumas edificações mais expostas implantadas sobre a duna». Pediu-se então ao LNEC uma solução rápida e eficaz na defesa da orla costeira (simões, 1979: 1). Foram assim construídos cinco esporões (2 em 1977 e 3 em 1979), complementados com a alimentação artificial da praia, com o objectivo de defender as edificações e zonas urbanizáveis da povoação da Cova (simões, 1979: 14 e 24; martins, 1977: 5). A análise da Figura 6A permite identificar cinco esporões com defesa frontal implantados frente a uma área litoral densamente urbanizada – a Cova. Com efeito, apesar de esta ser claramente uma zona de risco – como se viu – a sua ocupação intensificou-se nas últimas décadas do século xx,

1148

C A RTÓ G R A F O S PA R A TO DA A T E R R A

Figura 6. A) Aspecto do litoral a sul da embocadura do Mondego em 2010 (Microsoft, 2010). B) Plano Hidrográfico de 1880 (Silva et al., 1880), no qual está assinalado, a vermelho, a linha de costa em 2010, podendo observar-se o significativo recuo verificado.

ao abrigo da «falsa segurança» das obras de protecção costeira, verificando-se que, entre 1981 e 1991, a sua população aumentou cerca de 18% (cunha, pinto e dinis, 1997: 120). Da comparação da imagem aérea de 2010 (Figura 6A) com o Plano Hidrográfico de 1880 (figura 6b) – no qual se sobrepôs a vermelho a linha de costa actual – é claramente evidente o forte recuo deste sector litoral, fixado junto à Cova graças aos esporões, para logo em seguida, mais a sul, revelar um recuo ainda mais acentuado provocando por aquelas estruturas de engenharia costeira. Conclusão

As alterações sofridas no trecho costeiro em estudo – entre Buarcos e a Cova – são emblemáticas no que diz respeito aos problemas actuais da orla marítima portuguesa. Em pouco mais de um século, a capacidade técnica das sociedades alterou por completo os ambientes costeiros subordinando-os aos seus próprios interesses, forjando novas paisagens, impondo novas linhas de costa e criando outras realidades, quase sempre

J OA N A G A S PA R D E F R E I TA S [ ET A L ] | A I M P O RTÂ N CI A DA C A RTO G R A F I A PA R A O E ST U D O DA E VO LU Ç ÃO DA O R L A C O ST E I R A

1149

muito diferentes dos objectivos primeiros das intervenções. Quando o turismo substituiu a pesca como actividade primordial nas praias assistiu-se ao despontar de novas formas de conceber estes espaços, que se traduziram na sua ocupação e urbanização cada vez mais intensiva, segundo os novos moldes de viver e experienciar o litoral. Simultaneamente, a reconversão das áreas portuárias, a sua modernização no sentido de acolher maiores embarcações e de agilizar as operações de carga, descarga e distribuição, implicaram a construção de grandes obras de engenharia pesada, dragagens, regularização de margens, controlo de cheias. Todo um conjunto de intervenções com consequências irreversíveis sobre os litorais adjacentes. O caso da orla costeira da Figueira da Foz – aqui analisado – é apenas um exemplo de como nos últimos anos do século xx têm convergido no litoral – não só de Portugal, mas de todo o mundo – duas tendências contraditórias e geradoras de gravíssimos problemas. Por um lado, a diminuição do abastecimento sedimentar ao litoral provocado por vários tipos de acções humanas; e, por outro, a intensificação da ocupação nas zonas costeiras, fragilizando ainda mais meios por si só altamente dinâmicos e sujeitos a grande variabilidade. As diversas áreas do conhecimento que se interessam pelos problemas do litoral – nomeadamente às questões relativas aos riscos e vulnerabilidade da ocupação humana – recorrem cada vez mais ao cruzamento de dados para perceber as suas transformações recentes e a evolução da linha de costa. A comparação de cartas produzidas em diferentes datas, conjugada com a análise das informações históricas escritas (jornais, relatórios, etc.) e iconográficas (desenhos, fotografias, etc.) são essenciais para determinar não só as alterações verificadas ao longo do tempo (em escalas decenais e seculares), como também para perceber com maior exactidão que actividades humanas induzem impactes (negativos ou positivos) na orla costeira e quais as consequências a nível social e económico. As instituições a quem cabe a responsabilidade de salvaguardar os exemplares cartográficos produzidos têm também hoje o dever de promover a sua ampla divulgação – disponibilizando-os online, por exemplo – para que se tornem acessíveis a todos. Esta é, aliás, a recomendação da Directiva Europeia INSPIRE (Parlamento Europeu e Conselho da Europa, 14 de Maço de 2007), que incentiva o fácil acesso à informação geográfica – antiga ou recente – no que toca às fontes. Estas são questões fundamen-

1150

C A RTÓ G R A F O S PA R A TO DA A T E R R A

tais não só pelo valor histórico das peças cartográficas por si só, mas também pela informação preciosa que possuem para a compreensão da situação actual, o que é determinante para que se possam gizar estratégias de prevenção e adaptação para o futuro, como seja permitir respostas ajustadas às permanentes alterações dos sistemas costeiros e que se prevêem ainda mais profundas decorrentes dos previsíveis efeitos das alterações climáticas. Agradecimentos

O trabalho de Joana Gaspar de Freitas foi financiado por Fundos Nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e Tecnologia - no âmbito do projecto PEst-OE/ELT/UI0657/2011 e de uma Bolsa de Investigação (SFRH/BPD/70384/2010). Referências bibliográficas

,Aglomerado de Cova e Gala. Proposta de intervenção urbanística (1975) – Arquivo da Câmara Municipal da Figueira da Foz, processo D.1.7/4, A. 27/17 (policopiado). Arroteia, Jorge (1985) – Figueira da Foz: a cidade e o mar. Coimbra: Comissão de Coordenação da Região Centro. ,Câmara Municipal da Figueira (1965) – Plano de Urbanização. Projecto da Avenida do Mar, elaborado pelos Serviços Técnicos de Obras. Arquivo Histórico Municipal da Figueira da Foz, pasta C18. Cascão, Rui (2009) – Monografia da freguesia de S. Julião da Figueira da Foz, Figueira da Foz: s.n. ,Conselho Superior de Obras Públicas (1967) – Parecer n.º 3497, Relativo ao Plano Regulador da Figueira da Foz. Ministério das Obras Públicas. Biblioteca e Arquivo das Obras Públicas, cota: CSOP, P3497. Costa, Fausto Caniceiro da (1995) – Monografia de Buarcos. Figueira da Foz: Edição do Autor. Cruz, Valente da (1928) – Projecto da Avenida Beira Mar da Figueira da Foz. Memória descritiva. Arquivo Histórico Municipal da Figueira da Foz, Projectos para a Avenida Marginal à Praia de Banhos (actual Avenida Salazar), Pasta C 12. Cunha, P. Proença; Dinis, J. (1998) – «A erosão nas praias do Cabo Mondego à Figueira da Foz (Portugal centro-oeste), de 1995 a 1998», Territorium, 5 (1998) 31-50. disponí-

J OA N A G A S PA R D E F R E I TA S [ ET A L ] | A I M P O RTÂ N CI A DA C A RTO G R A F I A PA R A O E ST U D O DA E VO LU Ç ÃO DA O R L A C O ST E I R A

1151

vel em: . Data da consulta: 24 de Janeiro de 2013. Cunha, P. Proença; Pinto, J.; Dinis, J. L. (1997) – «Evolução da fisiografia e ocupação antrópica na área estuarina do Rio Mondego e região envolvente (Portugal centro-oeste), desde 1947», Territorium, 4 (1997) 99-124. Disponível em: . Data de consulta: 24 de Janeiro de 2013. ,Diário da Câmara dos Deputados (1912-05-07). Lisboa: Imprensa Nacional. ,Diário do Governo (1837-06-05), Lisboa. Dias, João Alveirinho; Ferreira, Óscar; Pereira, Ana Ramos (1994) – Estudo sintético de diagnóstico da Geomorfologia e da Dinâmica Sedimentar dos troços costeiros entre Espinho e Nazaré. Lisboa: Esamin. Disponível em: . Data de consulta: 24 de Janeiro de 2013. Duarte, D. N.; Reis, R. Pena dos (1992) – «Estudo preliminar da evolução da linha de costa adjacente à embocadura do estuário do Mondego entre 1801 e 1989. Estimação de taxas de acreção e erosão costeiras», Actas iii Congreso Geologico de España y viii Congreso Latino-Americano de Geologia. Tomo 2. Salamanca: Facultad de Ciencias, Universidad de Salamanca, 146-150. Garrett, Antão de Almeida (1962) – Plano Regulador da Cidade da Figueira da Foz. Disponível em: . Data da consulta: 24 de Janeiro de 2013. ,Gazeta de Lisboa (1795-08-21), Lisboa. Guerra, António Vítor (1950) – As freguesias do concelho da Figueira da Foz através das Memórias Paroquiais de 1758. Coimbra: Coimbra Editora Lda. ,Guia de Portugal (1984 [1944]) – vol. 3, Beira. i. Beira Litoral. 2.ª edição. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. Jesus, Francisco José da Cruz de (1999) – Arquitectura balnear e modernidade. O exemplo do Bairro Novo de Santa Catarina da Figueira da Foz (1928-1953). Dissertação de Mestrado em História da Arte apresentado à Universidade Lusíada. Lisboa (policopiado). Loureiro, Adolfo (1904) - Os Portos marítimos de Portugal e Ilhas adjacentes, vol. ii. Lisboa: Imprensa Nacional. Mano, João Pereira (1997) – Terras do mar salgado. São Julião da Figueira da Foz – São Pedro da Cova-Gala – Buarcos – Costa de Lavos e Leirosa. Figueira da Foz: Centro de Estudos do Mar.

1152

C A RTÓ G R A F O S PA R A TO DA A T E R R A

Martins, Manuel Rodrigues (1977) – «Alimentação artificial de praias - casos portugueses». In Seminário 210 - Obras de protecção costeira. Lisboa: LNEC, 1-9. Mendes, João Pedro de Almeida (2002) – Monitorização e avaliação de impactos ambientais de intervenções portuárias durante 2000-2001, no sistema sedimentar do estuário do Mondego e litoral adjacente. Dissertação de Mestrado apresentada à FCT da Universidade de Coimbra. Coimbra (policopiado). MICROSOFT (2010)., Fotografia área da Figueira da Foz. Disponível em: . Data da consulta: 25 de Janeiro de 2013. ,Ministério das Obras Públicas e Comunicações, Direcção-Geral dos Serviços Hidráulicos e Eléctricos (1938) – Anuário dos Serviços Hidráulicos, 1936. Lisboa: Imprensa Nacional. ,Ministério das Obras Públicas e Comunicações, Direcção-Geral dos Serviços Hidráulicos e Eléctricos (1939) – Anuário dos Serviços Hidráulicos, 1937. Lisboa: Imprensa Nacional. ,Ministério das Obras Públicas, Direcção Geral dos Serviços Hidráulicos, Direcção dos Serviços Marítimos (1966) – Porto da Figueira da Foz. S.l: s.n. Ortigão, Ramalho (1875) – As praias de Portugal. Guia do banhista e do viajante. Porto: Livraria Universal de Magalhães e Moniz – Editores. Pascoal, Silva (1933-34) – Memória descritiva e justificativa das obras a realizar na enseada de Buarcos para defesa do litoral. Arquivo Histórico Municipal da Figueira da Foz, Projectos para a Avenida Marginal à Praia de Banhos (actual Avenida Salazar), Pasta C 12. Ruas, Henrique Fernandes (1920) – Memória descritiva e justificativa. Arquivo Histórico Municipal da Figueira da Foz, Projectos para a Avenida Marginal à Praia de Banhos (actual Avenida Salazar), Pasta C 12. Silva, Francisco Pereira; Cortez, Cândido de Oliveira (1870) – Plano Hidrográfico da Enseada entre Buarcos e a Figueira, extraído da Carta Hidrográfica do Porto e Barra da Figueira levantada desde 1855 a 1862. Lisboa: D. G. dos Trabalhos Geodésicos, Topográficos, Hidrográficos Geológicos do Reino. Biblioteca e Arquivo das Obras Públicas, cota: C 0261-1 C. Silva, Francisco Pereira et al. (1880) – Plano Hidrográfico da Barra e Porto da Figueira e costa adjacente desde Palheiro de Lavos até ao Cabo Mondego, levantado de 1855 a 1862, sob a direcção do general F. Folque. Lisboa: Direcção Geral dos Trabalhos Geodésicos do Reino. Biblioteca e Arquivo das Obras Públicas, cota: C 0261-2/3 C. Simões, José Pinto (1979) – Estudo da erosão litoral a sul da embocadura do rio Mondego. Defesa do Hospital da Gala-Cova. Estudo realizado a pedido da Direcção Geral de

J OA N A G A S PA R D E F R E I TA S [ ET A L ] | A I M P O RTÂ N CI A DA C A RTO G R A F I A PA R A O E ST U D O DA E VO LU Ç ÃO DA O R L A C O ST E I R A

1153

Portos, Ministério da Habitação e Obras Públicas. Lisboa: Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Serviço de Hidráulica, Divisão de Portos e Praias, Proc. 63/1/5094, Maio. Arquivo do LNEC, cota: 551.351 (469). Simões, José Pinto; Castanho, José Pires (1979) – Estudo da erosão litoral a sul da embocadura do rio Mondego. Relatório, Estudo realizado a pedido da Direcção Geral de Portos, Ministério da Habitação e Obras Públicas. Lisboa: Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Serviço de Hidráulica, Divisão de Portos e Praias, Proc. 63/1/5094, Março. Arquivo do LNEC, cota: 551.351 (469). Vicente, Claudino Martins; Pereira, Manuel Clímaco (1986) – Análise da evolução da praia da Figueira da Foz. Lisboa: Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Departamento de Hidráulica, Núcleo de Estuários, Proc. 64/11/7404, Abril. Arquivo do LNEC, cota: 551.351 (469).

1154

C A RTÓ G R A F O S PA R A TO DA A T E R R A

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.