A importância da Casa do Educador para a Formação Continuada e o Desenvolvimento Profissional dos educadores de Uberaba/MG

May 30, 2017 | Autor: Marcus Garcia | Categoria: Formação docente continuada, Formação inicial e continuada
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Formação de professores em debate

Ricardo Luiz de Bittencourt Neila Carla Camerini (Organizadores)

Formação de professores em debate

Conselho Editorial Técnico-Científico Mares Editores e Selos Editoriais: Renato Martins e Silva (Editor-chefe) http://lattes. cnpq. br/4416501555745392 Lia Beatriz Teixeira Torraca (Editora Adjunta) http://lattes. cnpq. br/3485252759389457 Ilma Maria Fernandes Soares (Editora Adjunta) http://lattes. cnpq. br/2687423661980745 Chimica Francisco http://lattes. cnpq. br/7943686245103765 Diego do Nascimento Rodrigues Flores http://lattes. cnpq. br/9624528552781231 Dileane Fagundes de Oliveira http://lattes. cnpq. br/5507504136581028 Erika Viviane Costa Vieira http://lattes. cnpq. br/3013583440099933 Joana Ribeiro dos Santos http://lattes. cnpq. br/0861182646887979 José Candido de Oliveira Martins http://www. degois. pt/visualizador/curriculum. jsp?key=5295361728152206 Liliam Teresa Martins Freitas http://lattes. cnpq. br/3656299812120776 Marcia Tereza Fonseca Almeida http://lattes. cnpq. br/4865156179328081 Ricardo Luiz de Bittencourt http://lattes. cnpq. br/2014915666381882 Vitor Cei http://lattes. cnpq. br/3944677310190316

Formação de professores em debate 1ª Edição

Ricardo Luiz de Bittencourt Neila Carla Camerini (Organizadores)

Rio de Janeiro Dictio Brasil 2016

Copyright © da editora, 2016.

Capa e Editoração Mares Editores

Dados Internacionais de Catalogação (CIP)

Formação de professores em debate. / Ricardo Luiz de Bittencourt; Neila Carla Camerini (Organizadores). – Rio de Janeiro: Dictio Brasil, 2016. (Série Perspectivas atuais na formação de professores; vol. 3) 299 p. ISBN 978-85-92921-03-3 1. Educação; 2. Pesquisa; 3. Formação de Professores. I. Título. CDD 370. 7 CDU 37/49

2016 Todos os direitos desta edição reservados à Mares Editores Dictio Brasil é um selo editorial Mares Editores Rua das Pacas, s/n. Qd 51/Lt 2431. Nova Califórnia. CEP 28927-530. Cabo Frio, RJ. Contato: dictiobrasil@gmail. com

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO................................................................................................. 9 A IMPORTÂNCIA DA CASA DO EDUCADOR PARA FORMAÇÃO CONTINUADA E O DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DOS EDUCADORES DE UBERABA/MG .... 15 CONHECIMENTO TEÓRICO E PRÁTICA DOCENTE: CONDIÇÕES NECESSÁRIAS À FORMAÇÃO PEDAGÓGICA ............................................................................... 37 A AIDS NOS LIVROS DIDÁTICOS DE CIÊNCIAS DO 6º AO 9º ANO: POSSIBILIDADES DE INVESTIGAÇÃO ........................................................................................... 55 INTERTEXTUALIDADE E ENSINO: “PINÓQUIO”, “TURMA DA MÔNICA” E “SHREK” ........................................................................................................................ 73 OS SABERES DA PESQUISA NA FORMAÇÃO DE PROFESORES: QUAIS PRÁTICAS DOCENTES? ..................................................................................................... 93 INOVAÇÃO PEDAGÓGICA, INTER E TRANSDISCIPLINARIDADE: CONTRIBUIÇÕES DO CAMPO DE FORMAÇÃO DOCENTE ........................................................... 119 FORMAÇÃO DE PROFESSORES DIANTE DAS EXIGÊNCIAS DO SÉCULO XXI ..... 141 O ESTADO DA ARTE: ELEIÇÕES DE DIRETORES E A GESTÃO DEMOCRÁTICA .. 165 GEO-EDUCADOR: QUESTÕES SOBRE CURRÍCULO, FORMAÇÃO DE PROFESSORES E ENSINO DE GEOGRAFIA .............................................................................. 189 PIBID GEOGRAFIA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES: SOBRE SABERES DOCENTES E QUALIDADE DA EDUCAÇÃO ........................................................................ 239 CURRÍCULO E SUA ORGANIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO UNIVERSITÁRIA .............. 269 SOBRE OS AUTORES ...................................................................................... 289

A IMPORTÂNCIA DA CASA DO EDUCADOR PARA FORMAÇÃO CONTINUADA E O DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DOS EDUCADORES DE UBERABA/MG1 Marcus Garcia de Sene2

1. INTRODUÇÃO Nas últimas décadas temos assistido uma mudança significativa no cenário da educação e junto com ela uma mudança nas práticas de formação de professores. As referidas práticas, atualmente, perpassam as academias e estão instaladas hoje em “centros” especializados de formação continuada garantindo a melhoria no desenvolvimento profissional dos educadores. Sobre desenvolvimento pessoal, Nóvoa (1992, p. 2) destaca que é “um processo através do qual os trabalhadores melhoram o seu estatuto, elevam seus rendimentos e aumentam o seu poder/autonomia”. É necessário destacar, nesse cenário de mudança, que as transformações sociais nas quais estamos passando também tem repercussão na educação, uma vez que estamos, hoje, inseridos em uma

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Agradeço a Andréa Beatriz Ritchelli, coordenadora do núcleo pedagógico da Casa do Educador, pelo fornecimento dos dados que serviram de base para tessitura do presente trabalho. 2 Mestrando em Linguística e Língua Portuguesa, UNESP/Araraquara.

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sociedade conhecida como “sociedade do conhecimento” (ESTEVE, 2004) onde teve uma reconfiguração nas noções de tempo e espaço e, também, acelerou o processo de aquisição de informações. Nesse sentido, o sistema educacional, não só do Brasil, se viu forçado a se flexibilizar e adequar as demandas que surgiam mediante as transformações. Assim, as mudanças na formação inicial e continuada dos professores, a fim de adequar e atender as novas propostas podem ser observadas nas legislações educacionais que destacam a relevância formação continuada. A este respeito, no inciso I, do art. 60 da LDB/96, podemos observar o seguinte trecho: TÍTULO VI Dos Profissionais da Educação Art. 61º. A formação de profissionais da educação, de modo a atender aos objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e às características de cada fase do desenvolvimento do educando, terá como fundamentos: I - a associação entre teorias e práticas, inclusive mediante a capacitação em serviço; (BRASIL, 1996, p. 22) [grifo nosso].

Em 2001, com a publicação do Plano Nacional da Educação, observarmos que a formação continuada recebe especial destaque, uma vez que é apontada como requisito fundamental para a valorização e profissionalização do magistério. O decreto nº 6. 755/2009 coloca sob responsabilidade da CAPES a Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica, para o fomento a = 16 =

programas de formação inicial e continuada. Deste modo, conclui-se que a formação continuada, no Brasil, constitui um importante recurso para o desenvolvimento profissional dos professores, pois complementa a formação e possibilita acesso a níveis mais elevados na carreira docente. Assim, justifica-se a importância deste estudo de caso, posto que pretende se apresentar a importância da Casa do Educador Profa. Dedê Prais para a formação sistêmica e desenvolvimento profissional dos educadores do município de Uberaba/MG. Desde de longa data que no Brasil a formação continuada se efetiva. Afinal, o sistema de ensino foi instituído sem que houvesse professores preparados para atuarem na docência. Dessa forma, Gatti (2009) esclarece que a formação continuada se tornou um caráter de suprimento, visto que era realizado a formação dos professores durante seu exercício profissional, complementando sua formação inicial deficiente e/ou inexistente. Com isso, o objetivo deste trabalho é apresentar o desdobramento da formação continuada na cidade de Uberaba para valorização e desenvolvimento profissional. Para isso, faremos um estudo de caso da Casa do Educador, espaço destinado as formações sistêmicas, observando as práticas e a recepção dos cursos oferecidos pelos educadores da região.

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2. O PERCURSO HISTÓRICO DA FORMAÇÃO CONTINUADA E A INSTITUCIONALIZAÇÃO EM UBERABA O tema que envolve a formação de professores tem sido foco de estudos de diversos autores como (NÓVOA 1991, 1995; BRACHT, 2001; VEIGA, 2002). Essas pesquisas perpassam o âmbito nacional e tem tido destaca, também, no território internacional. O presente estudo de caso pretende contribuir, bem sucintamente, para as pesquisas que tratam da formação de professores, mas especificamente formação continuada. Wachowicz (1984) apud Romanowski; Martins (2010) descreve o percurso histórico da formação continuada no Brasil a partir de relatórios dos inspetores escolares que aqui passaram no período imperial. Nesse relatório, encontrou-se queixas referentes a falta de formação de professores para atuarem na escola. Assim, perante a precariedade apresenta nos relatos, uma série de medidas, como destaca o autor, foram tomadas para suprimir as demandas. Dentre as medidas, destaca-se a realização de exames conhecidos como “exames de habilitação” destinado aos vocacionados para o magistério, a existência, ainda, de professores-adjuntos atuando com mestres-escolas, estabilização de cursos normais, além de formação aos professores que ingressariam no sistema escolar. Alguns órgãos e programas presenciais e a distância surgem, em meados de 1964, impulsionado por várias iniciativas, para atender os déficits de formação inicial e continuada. Dentre eles, está o Programa de Assistência Brasileiro-Americana ao Ensino Elementar que fornecia = 18 =

assessoria ao governo brasileiro no que se refere a educação. Em síntese, o programa tinha como objetivo formar professores de Escolas Normais Oficiais que seria, portanto, responsáveis pelo papel de disseminar, para demais profissionais, as inovações necessárias para aprimoramento das práticas pedagógicas. Perpassando o final da década de 1960, dando um salto pela concepção tecnicista, esbaramos no final da década de 1970 que apresentou mudanças significativas sobre a formação continuada de professores. Para isso, é necessário destacar que, visando o desenvolvimento profissional, a formação continuada tem caráter de aperfeiçoamento, atualização, capacitação, bem como educação permanente e continuada. Nos anos 80, por exemplo, as preocupações deixam de ser sobre o ensino na perspectiva crítica, a partir de palestras e cursos de curta duração e ganha ênfase nas questões sobre organização pedagógica e currículos escolares. Outro aspecto significativo é o reconhecimento da formação sistêmica na carreira docente, uma vez que além das titulações e cursos de especialização, o acesso a níveis mais elevados na carreira inclui, também, o número de cursos de formação continuada realizado pelo professor. Nos anos de 1990, há uma ruptura com a perspectiva estrutural de análise educacional e, a partir de novos estudos sociológicos, a análise passa para os sujeitos atores e análise das práticas dos professores. Com isso, ao longo dos anos a formação assumiu novos aspectos que favorecessem processos coletivos de reflexão e interação, = 19 =

bem como estabeleceu-se espaços e tempos para os professores dentro da escola, buscando criação de formações que atendam as demandas do dia a dia do profissional. A institucionalização da formação dos professores do município de Uberaba se deu a partir da promulgação da Lei Orgânica do Município de 1994 em que se instituiu, na cidade, uma política de valorização e de formação docente. Dentro da publicação da lei, temos garantia do princípio e do mérito, objetivamente apurado, na carreira do magistério e o padrão de qualidade do ensino, mediante: “reciclagem periódica dos profissionais da educação”. Para que isso fosse exequível, a lei previa a criação do Centro de Formação Permanente dos Profissionais da Educação, o CEFOR. A este respeito, a L. O. 94 diz, ao se referir ao CEFOR: Art. 21º. Fica instituído o Centro de Formação Permanente dos Profissionais da Educação (CEFOR) junto à Secretaria Municipal de Educação. Art. 22º. O CEFOR tem como objetivo a formação, a capacitação permanente dos profissionais da educação, visando à garantia do padrão de qualidade do Ensino Municipal. Parágrafo único - O CEFOR promoverá programa de capacitação permanente de profissionais da educação em cursos de pós-graduação. Art. 23º. A Secretaria Municipal de Educação dotará o CEFOR de infraestrutura técnico-administrativa e dos recursos orçamentários necessários para o seu funcionamento (UBERABA, 1994).

Podemos observar, portanto, que a lei reafirmava a importância de contribuir com a melhoria da qualidade de ensino no Município por

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meio de formações continuada e, para isso, idealizou um espaço de formação para atender a demanda dos docentes da rede municipal. Destaca-se, ainda, a institucionalização de um benefício acrescido ao salário para aqueles que tiverem participação efetiva nas formações e apresentando seu desempenho no Programa de Formação Permanente instituído por Lei Municipal nº 5. 504 de 16 de novembro de 1994. A filosofia do Centro de Formação de Professores buscava promover um espaço de vivência, socialização de saberes, construção e reconstrução de conhecimentos. Nesse sentido, acreditavam que o professor deveria ser entendido como sujeito da construção e conhecimento. Esse modelo de formação permaneceu no cenário de Uberaba até 2005, quando uma nova política de capacitação entrou em vigor propondo a extinção do CEFOR como centro da formação de professores, uma vez que acreditavam que a formação deveria ser feito em serviço e não em centros descontextualizados da realidade dos professores. Após 08 anos, a nova gestão 2013-2016, buscando trabalhar com uma linha de formação de professores mais articulada e alicerçada em fundamentos claros e coesos, esclarece, em seu plano de gestão, que a formação continuada do educador deve englobar aspectos relacionados às suas condições de trabalho, à sua formação humana e ao processo de desenvolvimento profissional, não se restringindo ao desenvolvimento de competência técnica e do domínio de um conjunto de informações e habilidades didáticas específicas. A educação do munícipio de Uberaba, = 21 =

nessa nova gestão, priorizava uma nova forma de pensar educação numa perspectiva autônoma. Sobre isso, Contreras (2002) alerta: A autonomia não é um chamado à autocomplacência, nem tampouco ao individualismo competitivo, mas a convicção de que um desenvolvimento mais educativo dos professores e das escolas virá do processo democrático da educação, isto é, da tentativa de se construir autonomia profissional juntamente com a social (CONTRERAS, 2002, p. 275).

A formação continuada deve partir do pressuposto de que a educação do ser humano se dá num continuum, no qual existe um ponto de partida, mas não existe um ponto onde esse processo seja finalizado. Assim, a formação continuada é, em si, um espaço de interação entre as dimensões pessoais e profissionais no qual, aos educadores, é permitido apropriarem-se dos próprios processos de formação, dando-lhes um sentido no quadro de suas histórias de vida.

3. A CASA DO EDUCADOR: CRIAÇÃO, ESPAÇO FÍSICO E MISSÃO A criação da Casa do Educador – Profª Dedê Prais é uma das propostas do plano de gestão 2013-2016 de educação para Uberaba. O local tem por finalidade oferecer um espaço de formação e de convivência aos educadores e profissionais que compõe a rede Municipal. Além disso, busca propiciar desenvolvimento de atividades de estudo, socialização de experiências bem-sucedidas, encontros para discussão e reflexão sobre a prática pedagógica, aquisição de conhecimentos e habilidades que contribuam para o fortalecimento da = 22 =

identidade profissional e das dimensões cultural, epistemológica, técnico-pedagógica, ética e política do trabalho docente. Buscando atender as demandas formativas, apresentam-se como objetivos da Casa do Educador: fortalecer a identidade profissional dos educadores e do pessoal do quadro administrativo da Rede Municipal de Ensino de Uberaba, com propostas de aperfeiçoamento profissional, apoio pedagógico, realização de eventos artístico-culturais, simpósios, seminários e atividades que promovam a qualidade do ensino e, também, a valorização desses profissionais; propiciar a formação continuada profissional por meio da oferta de cursos, seminários, simpósios e outros eventos formativos; disponibilizar apoio pedagógico às equipes gestora, docente e administrativa das unidades escolares da Rede Municipal de Ensino; proporcionar momentos de socialização de experiências bem-sucedidas; estimular a reflexão e a discussão da práxis pedagógica, visando à construção de novas aprendizagens; realizar eventos artísticos, culturais, comemorativos, entretenimento e exposições temáticas; oferecer biblioteca especializada e videoteca específica ao trabalho docente; investir na saúde do educador, por meio de realização de atividades físicas, de lazer e cultura. Para atender ao profissional da educação, a Casa do Educador funcionará, inicialmente, em local provisório, à Rua Onofre Resende da Cunha nº 78, das 7h às 22 horas. A equipe de trabalho é composta por: 01 Diretora, 03 Coordenadores, 04 Pedagogos, 04 Analistas Educacionais, 01 Técnico em Informática, 03 Auxiliares de Secretaria, 02 = 23 =

Auxiliares de Biblioteca, 03 Vigias, 03 Auxiliares de Serviços Operacionais, 15 Professores de Educação Básica, que atuarão como mediadores, atendendo aos componentes curriculares da Educação Infantil e do Ensino Fundamental. Os cursos oferecidos serão programados e realizados pela equipe técnica da Casa do Educador (Analistas Educacionais, Professores e Pedagogos, selecionados pela Secretaria Municipal de Educação e Cultura), professores especialistas de Instituições de Ensino Superior e Universidades parceiras (FAZU, FACTHUS, UNIUBE, IFTM, UFTM e outras), e também palestrantes renomados. As avaliações das atividades realizadas, na Casa, serão feitas, periodicamente, pelas equipes de formação da Casa do Educador e pela coordenação, levando-se em conta a frequência, o envolvimento e o interesse dos cursistas, bem como sua aplicabilidade nas ações pedagógicas desenvolvidas em sala de aula.

4. METODOLOGIA Antes

de

adentrarmos

a

metodologia,

é

fundamental

retomarmos o objetivo deste trabalho, uma vez que esta pesquisa buscou apresentar o desdobramento da formação continuada na cidade de Uberaba/MG e, ainda, sua relevância para a valorização e desenvolvimento profissional. Para isso, analisaremos a Casa do Educador observando sua importância para a formação dos educadores da rede municipal de Uberaba. Não buscamos, com apresentação deste trabalho, dar respostas certeiras sobre o tema em questão. = 24 =

O trabalho se insere numa perspectiva quali-quantitativa, uma vez que as pesquisas desenvolvidas sob esse prisma adotam diferentes abordagens de investigação. Ainda, optamos pela abordagem de Estudo de Caso, visto que, segundo Yin (2005), os estudos de caso, bem como conhecemos, representam estratégia preferida quando se colocam questões do tipo “como” e “por que”, quando o pesquisador tem pouco controle sobre os acontecimentos e quando o foco se encontra em fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real. Reitera-se, ainda, que é fulcral entender um dos princípios fundamentais para o trabalho que tem como objetivo a coleta de dados a partir de um estudo de caso, uma vez que podem ser utilizadas várias fontes de evidências. Para essa pesquisa, primeiramente, fizemos uma revisão bibliográfica da formação continuada no Brasil, bem como leitura de documentos e leis que regulamentam o desenvolvimento profissional a partir da formação continuada. Ainda, revisitamos documentos antigos do munícipio de Uberaba que apontam a institucionalizam da prática de formação na cidade. Para compreendermos a relevância da Casa do Educador para formação continuada dos educadores de Uberaba, analisaremos uma ficha de avaliação formativa que foi respondida pelos educadores que participaram, ao longo de 2015, das formações oferecidas pela Casa do Educador. A ficha de avaliação formativa foi fornecida a 60 cursistas que realizaram a formação destina ao Coordenador Pedagógico. No total, 49 cursistas devolveram a ficha devidamente preenchida. Destacamos que = 25 =

nenhum nome será exposto na pesquisa, respeitando as normas do Comitê De Pesquisa e Ética.

5. ANÁLISE DOS DADOS Buscando compreender a relevância da Casa do Educador como espaço de formação sistêmica dos educadores da rede municipal de Uberaba, solicitamos, aos cursistas do curso: “Tecendo Saberes: A Formação do Coordenador Pedagógico” que respondessem ao questionário que tinha como objetivo avaliar os encontros formativos. A primeira questão respondida pelos cursistas foram “Como você avalia o curso, quanto à (às)/ao: Coordenação, Infraesturtura, Conteúdo”. Abaixo, observa-se a tabulação das respostas dadas pelos cursistas:

QUANTIDADE DE CURSISTAS QUE AVALIARAM: 49 1. Como você avalia o curso, quanto à (às)/ ao: Ótimo Muito bom Bom Ruim Nível de relacionamento com os 27 17 5 participantes Coordenação Habilidade em dar informações 23 18 7 Presteza no atendimento ao 28 13 7 participante Organização geral do curso 15 19 15 Condições gerais do local 5 12 26 Qualidade dos equipamentos Infraestrutura 9 12 22 utilizados Forma de realização das 14 18 15 inscrições

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0 1 1 0 6 2 2

Conteúdo

Divulgação da oferta de formação Eficiência do pessoal de apoio Adequação da estrutura programática do curso em relação ao seu objetivo

19 16 12 2 21 16 12 0 16 23 10 0

Comentários e sugestões: O local muito quente, as cadeiras não são apropriadas para desenvolver um trabalho escrito, falta de material em relação às tecnologias

Observando as respostas acima, dentre os 49 cursistas que responderam o questionário, acreditam que a coordenação tem um ótimo nível de relacionamento com os participantes, além de uma ótima habilidade em dar informações e presteza no atendimento ao participante. Com isso, podemos destacar que os coordenadores da Casa do Educador dialogam com a proposta do plano de gestão que prioriza a formação dos professores da rede. Quanto a infraestrutura, apenas a eficiência do pessoal de apoio foi avaliada pelos cursistas como “ótimo”, todos os demais aspectos foram analisados, em sua maioria, como “bom”. Ainda, alguns cursistas fizeram observações como a apresentada abaixo do questionário: “O local muito quente, as cadeiras não são apropriadas para desenvolver um trabalho escrito, falta de material em relação às tecnologias” o que justifica a avaliação atribuída a infraestrutura da Casa do Educador. Os apontamentos acerca da infraestrutura são fundamentais para garantia da formação continuada, posto que grande parte dos educadores que = 27 =

participam das formações, deixam seus trabalhos e vão participar do curso. Assim, é fundamental oferecer uma infraestrutura que acolha adequadamente os profissionais. No que tange o conteúdo do curso, dos 49 cursistas, 23 avaliaram como “muito bom” a adequação da estrutura programática do curso em relação ao seu objetivo, uma vez que os cursos de formação da Casa, em 2015, surgiram para atender os anseios dos educadores da rede municipal de Uberaba. Para VEIGA (2002), a formação inicial deve proporcionar ao aluno um amplo desenvolvimento no âmbito científico, cultural, social e pedagógico; ao passo que a formação continuada deve procurar responder as situações vividas pelos professores. Daí se compreende que a formação docente deve guardar unidade entre a formação inicial e a continuada. Nessa perspectiva, “...associa-se o conceito de formação de professores a inconclusão do homem. A formação identifica-se com a idéia de percurso, processo, trajetória de vida pessoal e profissional. Por isso a formação não se conclui, ela é permanente” (VEIGA, 2002, p. 16). É relevante analisarmos, também, como os cursistas se avaliam quanto a sua participação no curso a partir de alguns critérios, buscando validar a importância da Casa como espaço de formação. Dentre a avaliação dos 49 cursistas, sua maioria respondeu como “muito bom” sua compreensão do assunto apresentado pelos cursos, sua integração com os demais participantes, seu interesse e participação no decorrer do curso e sua frequência e pontualidade. Isso auxilia na avaliação da Casa, = 28 =

visto que provavelmente o espaço de formação tem se tornado um espaço de reflexão, integração e tem atendido aos anseios dos professores, uma vez que 23 cursistas declaram “muito bom” o interesse e participação pelo curso.

QUANTIDADE DE CURSISTAS QUE AVALIARAM: 49 2. Como você avalia a sua participação no curso? Ótimo Muito bom Bom Ruim Compreensão do assunto 15 24 10 0 apresentado Integração com os demais 15 20 14 0 Autoavaliação participantes Interesse e participação no 15 23 10 1 decorrer do curso Frequência e pontualidade 17 24 7 1 Comentários e sugestões:

Por fim, os cursistas foram convidados a avaliar os cursos observando, por exemplo, os professores formadores, se observarmos a tabulação abaixo, dos 49 cursistas, sua maioria respondeu como “ótimo” o conhecimento e domínio do assunto, clareza de explicação, facilidade de comunicação e de relacionamento com a turma, pontualidade, capacidade de incentivar a troca de experiências e conhecimento, bem como outros fatores. É preciso relembrar que a Casa do Educador, ao longo de 2015, contou com a equipe de 15 professores de Educação = 29 =

Básica, dentre eles mestres, doutores e especialistas que buscaram atender, como mediadores, os componentes curriculares da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, além dos anseios e os problemas relatados pelos professores. Ter um quadro de professores com boa formação técnica e teórica é fundamental para garantir um bom desenvolvimento profissional. Afinal, muito se discute sobre o que se constitui um bom desenvolvimento profissional, uma vez que é de conhecimento de todos que a formação inicial é insuficiente para proporcionar todos os elementos necessários a uma prática consistente (Shulman 1987). Assim, justifica-se a importância da formação continuada e que nela contenha docentes com formações sólidas para garantir uma elevação profissional dos que optam pela formação. Quanto a metodologia adotada, as respostas variaram entre “ótimo” e “muito bom”. Sobre esse ponto, é importante destacar que as respostas “ruim” não foram superior as demais alternativas, o que não invalida o aspecto positivo da Casa do Educador. Ressaltando que, desde seu surgimento, tem obtido bons frutos. Sobre o conteúdo programática, no que tange a aplicabilidade do conteúdo no seu cotidiano foi avaliado como “ótimo”. Os demais aspectos também foram bem avaliado pelos cursistas. Além disso, podemos observar, em vermelho, os comentários e sugestões que reforçam que a Casa e suas formações tem auxiliado no desenvolvimento profissional dos educadores. = 30 =

3. Como você avalia o curso, quanto à (às)/ ao: QUANTIDADE DE CURSISTAS QUE AVALIARAM: 49 Ótimo Muito bom Bom Ruim Conhecimento e domínio do assunto Clareza de explicação Professor Facilidade de comunicação e de relacionamento com a turma Pontualidade

Metodologia

Conteúdo Programático

Capacidade de incentivar a troca de experiências e conhecimentos Atendimento e esclarecimento de dúvidas individuais Coerência entre o programa de curso e a discussão feita em sala de aula Qualidade do material didático, recursos instrucionais e audiovisuais Dinâmicas e técnicas de trabalho utilizadas Carga horária disponível para a disciplina Uso de recursos didáticos e audiovisuais Aplicabilidade do conteúdo no seu cotidiano Nível de satisfação do conteúdo às suas necessidades profissionais Compreensão do objetivo do módulo

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2

Adequação do referencial teórico metodológico Adequação da estrutura do módulo à sua ementa

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22

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Comentários e sugestões: 1. Expectativa do grupo ser cada vez mais unido, fraterno, forte e valorizado em 2015; 2. Referência de como se faz uma formação, mais produtivo e percebe-se o envolvimento de todos; 3. Maior aprendizado; 4. Utilizar menos seminários (não somente), ter mais atividades de resenhas e questionários; 5. Reduzir textos para ler em casa. Ler na formação/encontro; 6. Ficar atentas para não chocar eventos que coincidam com a formação continuada; 7. Gostei! Foi melhor que o ano passado; 8. Parabéns! Contribuiu muito! Amei participar! 9. Foi uma das melhores formação!

A partir do questionário apresentado acima, podemos observar que a formação oferecida pela Casa do Educador foi muito bem recebida pelos cursistas, atendendo suas expectativas e comprovando que o espaço criado por esse novo plano de gestão vem atender as demandas educacionais que surgem mediante as transformações educacionais e sociais. Além disso, esse espaço contribuirá para o desenvolvimento profissional dos educadores permitindo que eles se elevem em vários níveis e, ainda, contribuiria para um ensino mais articulada, práticas pedagógicas que estejam em acordo com as necessidades dos alunos, desprivilegiando o ensino descontextualizado.

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6. À GUISA DE CONCLUSÃO A partir da análise apresentada acima, é possível assegurar que a Casa do Educador Profa. Dedê Prais tem desempenhado um excelente papel no munícipio de Uberaba/MG, garantindo formação continuada aos educadores. É um trabalho realizado por uma equipe consciente que a educação é o primeiro patamar que precisa ser modificado e valorizado. São agentes, embora pequenos, que lutam pela democratização da educação e buscam, com os sonhos, garantir uma educação de qualidade. A oportunidade de formação continuada está, sobretudo, ligada intimamente à possibilidade de desenvolvimento profissional. Como observado pelo estudo de caso, os professores sentem-se realizados com as formações e as reflexões que os módulos propõem, garantindo um desenvolvimento reflexivo e circular, uma vez que não é inacabável. Nas palavras de Garcia (1999) podemos observar que: o desenvolvimento profissional dos professores está intrinsecamente relacionado com a melhoria das condições de trabalho, com a possibilidade institucional de maiores índices de autonomia e capacidade de ação dos professores individual e coletivamente (GARCIA, 1999, p. 145)

Tomando por base as palavras do autor, o curso está destinado aos Coordenadores Pedagógicos, com isso as melhorias nas condições de trabalho irão perpassar por todos os ambientes escolares em que os Coordenadores Pedagógicos atuam, garantindo uma transformação

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coletiva. Huberman (1995), no mesmo sentido, expõe que “ o desenvolvimento de uma carreira é, assim, um processo e não uma série de acontecimentos. Para alguns, esse processo pode parecer linear, mas, para outros, há patamares, regressões, becos sem saída, momentos de arranque e descontinuidades”. Sendo assim, é necessário destacar que a presente pesquisa não pretende esgotar o tema em questão, apenas apresentar mais discussões e, especificamente, trazer uma experiência de sucesso que a Casa do Educador fornece aos educadores de Uberaba. As dimensões de influência, na carreira profissional, são, sobretudo, profundas e, muitas vezes, intensas, confirma e alteram rumos, tornando o professor mais consciente de seu papel e de suas possibilidades de compartilhamento no ambiente escolar, justificando, portanto, a necessidade do trabalho continuo com a formação continuada.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRACHT, V. et al. A prática pedagógica em Educação Física: a mudança a partir da pesquisa-ação. Anais do XII CONBRACE: Caxambú, 2001. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei número 9394, 20 de dezembro de 1996. CONTRERAS, J. A autonomia de professores. São Paulo: Cortez, 2002. ESTEVE. J. M. A Terceira revolução educacional: a educação na sociedade do conhecimento. São Paulo: Editora Moderna, 2004. GARCIA, C. M. Formação de Professores – Para uma mudança educativa. Coleção Ciências da Educação. Porto, Portugal: Porto Editora, 1999. GATTI, B. A. Atratividade da carreira docente: relatório preliminar. São Paulo: Fundação Carlos Chagas, 2009. HUBERMAN, M. O ciclo de vida Profissional dos Professores. IN: NÓVOA, António (org.) Vidas de Professor es. Porto, Portugal: Porto Editora. 1995, p. 3161. NÓVOA, A. Profissão professor. Porto: Porto Editora, 1991. NÓVOA, A. Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992. ROMANOWSKI, J. P. ; MARTINS, P. L. O. ; WACHOWICZ, L. A. Saberes docentes e os determinantes da prática social. Revista Diálogo Educacional, v. 5, n. 16, p. 11-24, 2005 Shulman, L. Knowledge and Teaching: Foundations of the New Reform. Havard Educational Review, 1987, v. 57 (1), pp. 1-22. VEIGA, I. P. A. Perspectivas para a formação do professor hoje. Anais do XI ENDIPE:Goiânia, 2002.

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