A IMPORTÂNCIA DAS EMPRESAS AGRÍCOLAS PARA A ÁREA SOCIAL, TRABALHISTA E ECONÔMICA NA CIDADE DE CABECEIRA GRANDE – MG

May 18, 2017 | Autor: Jesus Silva | Categoria: Agrobusiness
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Trabalho de conclusão do curso de pós-graduação lato sensu a distância em Gestão em Agronegócio pelo convênio UCDB/ Portal Educação. Campo Grande, 2015.
Licenciado em Matemática, 2008, pela Universidade Estadual de Montes Claros. Especialista em Novas Tecnologias no Ensino de Matemática, 2014, pela Universidade Federal Fluminense e Pós-graduando em Gestão em Agronegócio pela UCDB/ Portal Educação (lato sensu). E-mail: [email protected].
Bacharel em Ciências Contábeis. Mestre em Desenvolvimento Local. Doutoranda em Ciências Ambientais e Sustentabilidade Agropecuária. Orientadora do Trabalho de Conclusão do Curso de pós-graduação em Gestão em Agronegócio lato sensu da UCDB/ Portal Educação. E-mail: [email protected].

A IMPORTÂNCIA DAS EMPRESAS AGRÍCOLAS PARA A ÁREA SOCIAL, TRABALHISTA E ECONÔMICA NA CIDADE DE CABECEIRA GRANDE – MG


Jesus Lopes da Silva
Eloir Trindade Vasques Vieira


RESUMO
Apresenta-se a relação entre os trabalhadores do campo, as legislações trabalhistas e sociais, as suas relações com o meio ambiente e seu desempenho enquanto empregado das empresas rurais.. Essa colaboração mútua faz com que haja certa harmonia e crescimento bilateral das partes envolvidas. Demonstra-se ainda que o desenvolvimento local com a participação direta da agricultura demonstra a realidade existente na região noroeste de Minas Gerais, afirmando-se como polo produtivo de grãos. As empresas instaladas na cidade de Cabeceira Grande buscam a regularização total de suas atividades tanto na Gestão Pessoal quanto nas legislações pertinentes ao desenvolvimento sustentável e na redução e mitigação de impactos ambientais. As mesmas utilizam tecnologias em maquinários, na aplicação de defensivos utilizando a agricultura de precisão, favorecendo assim a reposição dos ecossistemas e mantendo-se ativos na atividade agrícola. Demonstra-se assim o potencial de Cabeceira Grande e sua vocação agrícola enraizada desde décadas anteriores na região do cerrado mineiro e no cenário nacional.
PALAVRAS-CHAVE: 1 Desenvolvimento Social. 2 Agronegócios. 3 Sustentabilidade.
_________________________

INTRODUÇÃO
Na área agrícola são verificadas algumas situações, onde diferem da realidade, os diferentes segmentos organizacionais foram tomados como vilões de desemprego ou de adaptações significantes nas últimas décadas, mas é notadamente superior no período sazonal de 2014/2015 em relação ao agronegócio.
Vários são os autores que contextualizam que as inovações tecnológicas modificaram e modificam a vida do homem no campo. Outrora, vivia-se a trabalhar em máquinas que não privilegiavam nem a saúde nem o bem estar dos operadores, sem contar ainda com a falta de segurança oferecida por muitas delas. Desta forma, alguns ciclos de progresso e ampliação do uso das máquinas em alguns setores como o da silvicultura, do plantio e colheita do feijão, da cana de açúcar, onde eram necessárias grandes partidas de pessoas para a realização do trabalho e que atualmente se utilizam bem menos mão de obra nas operações de produção.
Na expectativa de conhecimento maior e das reais transformações na vida das pessoas que trabalham diretamente com o agronegócio, almeja-se explorar como seu trabalho e as empresas empregadoras contribuíram para sua melhoria pessoal e familiar.
Este trabalho tem por objetivo geral apresentar esclarecimentos sobre as influências das empresas agrícolas instaladas na cidade de Cabeceira Grande quanto às questões sociais, econômicas e trabalhistas na última década, especificamente entre os anos-safra 2005/2006 e 2014/2015. Logo, serão apresentadas empresas que ampliaram suas atividades na última década, inovando na Gestão do Agronegócio, alcançando patamares que consolidam o Agronegócio na microrregião e, apostaram no crescimento pessoal e profissional de seus colaboradores.
Busca-se ainda, efetuar analise de como as novas máquinas e implementos dotados de inovações tecnológico-mecânicas, hidráulicas e virtuais tem contribuído para o conhecimento, a saúde e bem estar dos trabalhadores rurais.
Desta forma foram definidos alguns objetivos específicos, tais como:
Avaliação de como as conquistas de melhores salários interveem no desenvolvimento socioeconômico dos colaboradores e seus familiares. Quanto aos empregadores foram investigadas suas opiniões quanto ao crescimento da empresa, na contribuição do crescimento local, na manutenção dos mecanismos ambientais e trabalhistas, na mobilização pela agricultura sustentável.
Assim, foi realizado levantamento bibliográfico com pesquisa campo, onde foram coletados dados respondidos em formulários questionáveis, na forma de questionário socioeconômico sem identificação dos participantes, com itens para resposta direta para os colaboradores e pequenas entrevistas aos proprietários das empresas agrícolas e segundo as conformidades, podendo obter material fotográfico, em vídeo ou ainda gravações de voz somente com autorização do(a) entrevistado(a).
Destaca-se ainda algumas normas e regulamentos trabalhistas que asseguram a relação trabalhista como a Norma Regulamentar 12 (NR-12), que dispõe sobre Segurança No Trabalho Em Máquinas E Equipamentos e a Norma Regulamentar Rural 31 (NRR-31) que dispõe sobre Segurança e Saúde No Trabalho Na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura demonstrando assim as obrigações dos empregadores, e os direitos e deveres dos colaboradores buscando assim um ambiente saudável de trabalho e labor com saúde ocupacional.
Por fim, versa-se sobre as contribuições da agropecuária para a manutenção de um meio ambiente saudável, redução e a busca pela mitigação dos eventuais impactos ambientais considerando a agricultura sustentável.

1 DESENVOLVIMENTO SOCIAL E TRABALHISTA
A fim de assegurar direitos e garantias individuais, através do Estado, foram elaboradas leis que defendam a causa do povo e assim assegurem direitos fundamentais baseados nos costumes para direito coletivo sem haver discriminação.
Segundo o artigo 3º da Constituição Federal (CF), um dos objetivos fundamentais do Brasil é "garantir o desenvolvimento nacional – o desenvolvimento nacional deve ser buscado em todos os sentidos, incluindo o econômico e social". (BRASIL, 1988).
O desenvolvimento nacional envolve, portanto, que haja redução das diferenças sociais e econômicas pelas oportunidades de emprego e trabalho, capazes de oferecer aos trabalhadores remuneração adequada sendo salvaguardados os direitos sociais básicos para seu desenvolvimento e subsistência de sua família, conferidos no artigo 6º da CF do Brasil:

São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e a infância, a assistência aos desamparados, na forma dessa Constituição. (BRASIL, 1988)

Portanto, afirma-se as regras constitucionais que levam ao direito aplicado formalmente por meio da legislação pertinente, entre outras, capaz de transformar a vida das pessoas, melhorar os índices de desenvolvimento humano local, regional e brasileiro.
Diante desse estudo, tem-se ainda legislação prescrita às atividades trabalhistas assegurando os deveres e direitos dos empregadores e empregados constituindo relações capazes de explorar o verdadeiro desenvolvimento social e econômico, um pelo empreendedorismo e outro pelo labor.
Para que haja harmonia nessa relação foram instituídas regras e leis que são tratadas como Consolidação das Leis Trabalhistas, a CLT desde o ano de 1943. O que define o empregador é comentado no Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. (Biblioteca Jurídica - CLT, Art. 2º)
No que vemos, consiste em uma responsabilidade inerente ao empreendimento pretendido, visto que ao assumir a prática da atividade empresarial o empregador deve cumprir uma série de resoluções que protejam sua empresa contra sanções da lei aplicadas diante do seu não cumprimento e os direitos dos empregados.
Quanto ao empregado, que também tem seus deveres e direitos em um contrato de trabalho, citamos o Art. 3º da CLT - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. (Biblioteca Jurídica, CLT, p.08)
Assim criam-se os vínculos trabalhistas individuais tendo como mediadores de conflitos os sindicatos, tanto patronal quanto trabalhista, e os Tribunais Regionais do Trabalho. Ainda nessa perspectiva legislativa, temos a Lei Nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977 que veio a alterar o capítulo V do Título II da CLT, relativamente à Segurança e Medicina do Trabalho citando as Normas Regulamentadoras Urbanas e Rurais. As que nos dizem respeito em relação aos trabalhos rurais são através da Portaria Nº 3.067, de 12 de abril de 1998.
NRR 1 – Disposições Gerais, a NRR 2 – Serviço Especializado em Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural – SEPATR, a NRR3 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural – CIPATR, a NRR 4 – Equipamento de Proteção Individual – EPI e a NRR 5 – Produtos Químicos. (MARTINS, 1999, p. 82-92)

É comentada em sua disposição geral a obrigatoriedade da observação das normas relativas à segurança e higiene do trabalho rural. De acordo com essas normas regulamentares, que são protetivas e exigidas a serem cumpridas em relação ao trabalhador e obrigatórias para implantação ao empregador e que ambos não podem deixar de observar e cumprir outras medidas expedidas pelos diversos âmbitos de governo.
Observa-se ainda que há também outros direitos a serem observados, como na citação:
Ao lado dos direitos sociais, que foram chamados de direitos de segunda geração, emergiram hoje os chamados direitos de terceira geração, que constituem uma categoria, para dizer a verdade, ainda excessivamente heterogênea e vaga, o que nos impede de compreender do que efetivamente se trata. O mais importante deles é o reivindicado pelos movimentos ecológicos: o direito de viver num ambiente não poluído. (BOBBIO, 1909 apud CARLOS, 2004, p.09)

Assim pode-se notar que não bastando os direitos sociais sugere-se condições saudáveis para se ter uma vida em comunidade e isso é aspirado por gerações. Logicamente que estas normas estão se estabelecendo na comunidade de Cabeceira Grande pelos direitos adquiridos tanto no espaço trabalhista como social e a participação dos colaboradores torna-se pública e notável.


2 GESTÃO DO AGRONEGÓCIO E RESPONSABILIDADE SOCIAL

Na implantação de empreendimentos rurais existem vários parâmetros com o intuito de exercer uma atividade lucrativa e duradoura, sendo assim não podemos deixar de citar a Gestão de Agronegócios como uma fonte básica para preposições que levem a atividade com uma relação positiva com seus propósitos, com seus valores, suas metas e com a conduta ética da empresa, sendo que:

É importante destacar que qualquer empresa, pública ou privada, ainda que eficiente sob o ponto de vista da gestão, é dependente de que a cadeia produtiva na qual está inserida seja igualmente eficiente. (MARQUES JÚNIOR, 2015).

Com base nessas preposições temos além das aspirações empresariais, o respeito às legislações empresariais, trabalhistas, econômicas e ambientais. A interação entre os diversos setores do agronegócio e o sucesso de toda a cadeia apenas acontece quando essa eficiência é aplicada antes da porteira até o consumidor final.
Uma propriedade bem planejada não deve abster-se de técnicas de análise de custos, da implementação do processo produtivo realizando seus planejamentos nos moldes analíticos antes da porteira, dentro da porteira e depois da porteira. Logo, antes da porteira sugere-se conhecer suas fontes financeiras, seus fornecedores, as regras administrativas e, sobretudo, conhecer as políticas agrícolas quanto aos valores dos produtos, de venda futuras, às projeções do agronegócio difundidas pelas pesquisas de órgãos governamentais, autarquias e independentes.
Desta forma verificaram-se algumas Projeções do Agronegócio (BRASIL, 2013, p.11) que "Revisões periódicas nas projeções são necessárias em face do ambiente interno e externo, que levam a mudanças nos cenários das projeções e por consequência nas estimativas apresentadas." e contando com isso verifica-se que o gestor do agronegócio também deve sempre estar revendo suas projeções de futuro com base nas indicações do mercado e dos setores da economia nacional e não obstante, da economia mundial, pois os grãos são considerados commodities internacionais.
Quando nos referimos ao termo commodity, temos na tradução livre; "quando faz menção aos produtos de origem primária que são transacionados nas bolsas de mercadorias, sem aprofundar-se nas demais "condições" inerentes à definição." (MARQUES JÚNIOR, 2015).
Portanto, para haver uma gestão de qualidade, necessita-se adquirir conhecimentos básicos nos assuntos pertinentes ao agronegócio e à agricultura em si, correlacionando conhecimento científico com a prática da gestão empresarial.
Assim, faz necessário sequenciar algumas fundamentações pelas quais as empresas pesquisadas pautam suas administrações na busca pela qualidade, eficiência e eficácia produtiva e colaboração pelo engrandecimento local e regional.

2.1 Administração De Origem E Na Atualidade

As empresas pesquisadas originariamente eram administradas totalmente pelos próprios proprietários, muito das vezes sem a devida preocupação com um planejamento minucioso, mesmo assim, desde o financeiro até mesmo as atividades agrícolas, muitas das vezes operando máquinas também, pois muitos deles eram pequenos produtores e com a abertura de novas áreas foram ampliando e diversificando sua capacidade produtiva, porém com certas restrições como vimos adiante:

De forma simples, clara e minuciosa, procuro explicar ao leitor os dois processos básicos para a criação de uma empresa: a formação de uma idéia e o caminho para sua validação por meio do Plano de Negócios. É verdade que muitos empreendedores de sucesso abriram suas empresas sem conhecer exatamente o que é um Plano de Negócios. Mas também é certo que milhares de outros colheram insucessos fatais por causa de erros elementares que poderiam ter sido evitados. Sem dúvida, grande número de negócios de alto potencial torna-se inviável em virtude do despreparo dos empreendedores.
(DOLABELA, 2006, p.21)

Pode-se então notar que o autor toca em um ponto crucial ao desenvolvimento empresarial; a organização do planejamento como ferramenta primordial para o investimento, o que influencia no sucesso ou no fracasso empresarial. É obvio, que nos dias de hoje não cabe gerir empresa alguma sem propriedades organizacionais. Contudo, com a necessidade de produzir mais alimentos, com qualidade, respeito ao trabalhador, e com o menor impacto ambiental possível os produtores passaram a ter apoio das cooperativas enquanto associados, de profissionais liberais, de órgãos governamentais como exemplo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) além dos técnicos das empresas de insumos agrícolas.
Verifica-se então que vários empresários rurais investiram ainda na formação de pessoas da família para contribuírem no processo administrativo formal da empresa.
Quanto à gestão ambiental, Barbieri (2007, p.109), enfatiza que:

Gestão ambiental pode ser entendida como as diretrizes e as atividades administrativas e operacionais, como planejamento, direção, controle, alocação de recursos com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio ambiente, reduzindo ou eliminando os danos ou problemas causados pelas ações humanas, ou evitando que eles surjam.

Nos dias de hoje conta-se com técnicos administrativos, contadores, engenheiros agrônomos que atendem tanto efetivamente em algumas propriedades, assim como em empresas de assistência eventual.

3 O AGRONEGÓCIO COMO IMPULSO LOCAL E A SUSTENTABILIDADE

Com a expansão agropecuária na região nota-se que houve grande desenvolvimento na formação de profissionais das empresas tanto dentro da porteira com operadores experientes e pelas concessionárias de implementos com cursos básicos de entrega técnica de máquinas, bem como através de cursos oferecidos periodicamente pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR); [...] tem como atribuições a Formação Profissional e a Promoção Social das pessoas do meio rural, com o foco na empregabilidade dos profissionais e na melhoria de vida da população. (OLIVEIRA, 2007)
Esse fato deu-se com a necessidade de mão de obra especializada e a modernização das máquinas e implementos, como se verifica na fala de Oliveira, (2007, p.21), quando diz que "um operador bem qualificado é aquele que sabe operar a máquina em qualquer situação ou finalidade e aproveitá-la satisfatoriamente [...]" Logo, a visão de gestão do agronegócio relativos a cursos de formação que acompanhem a amplitude da agricultura mundial, são primordiais para o desenvolvimento pleno das atividades de cultivo.
Dentro dos parâmetros de fortalecimento da produtividade buscou-se o controle rigoroso dos custos de produção e o uso racional dos investimentos contando com a adequação das mais novas tecnologias de plantio como o plantio direto, que segundo Peche (1999, p. 08), " a grande vantagem do plantio direto é a conservação do solo."
Desta forma, o uso das tecnologias de irrigação como pelos pivôs centrais e a utilização de máquinas de última geração que impõem eficácia nas atividades, conforto aos operadores e com intuito de minimizar impactos ambientais quanto à emissão de gases de efeito estufa (GEE) utilizando biodiesel e na redução da aplicação de fertilizantes e defensivos utilizando a agricultura de precisão, contando também com a otimização da colheita para maximizar essa mesma produtividade.
Sugere-se que responsabilidade dos gestores relacionadas acima, busque adequação à Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA); 001/1986, em seus diferentes aspectos;
Art. 1º Para efeito desta Resolução, considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I – a saúde, a segurança e o bem estar da população; II – as atividades sociais e econômicas; III – a biota; IV – as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V – a qualidade dos recursos ambientais. (CONAMA, 2015).

Com a intenção de amenizar os impactos das atividades agropecuárias e procurar a identificação do comprometimento socioambiental observou-se in loco que as empresas locais vêm buscando colaborar com a minimização dos impactos ambientais, tanto quanto possível, o ecossistema por elas utilizado.
Entre outras tecnologias utilizadas pelos gestores, para amenizar impactos, sendo implantadas na região observou-se a integração lavoura – pecuária como verificou-se no Boletim Técnico: "na região Noroeste de Minas Gerais, os trabalhos pioneiros de integração lavoura-pecuária (ILP), em áreas de sequeiro foram realizados na Fazenda Trombas, em Cabeceira Grande-MG" (BRASIL, 2009).
O maior ganho de peso do gado e produtividade na lavoura e ganhos ecológicos foi retratado em função, " e da diminuição do uso de agrotóxicos decorrente da redução de pragas, doenças e plantas daninhas, além da redução da erosão do solo, da maior recarga de aquíferos e sequestro de carbono" (BRASIL, 2009).
Logo, proporcionando uma maior produtividade por área utilizada, de forma sustentável.
Como o Brasil já "nasceu" com a vocação agrícola e foi se consolidando cada vez mais na agricultura e agropecuária, desde os anos 30 onde "mais de 80% da nossa população vivia no e do campo" e "nós éramos realmente um país agrícola" (PERES, 2010).
Neste contexto faz se necessário entender o conceito de agronegócio.

A compreensão do agronegócio, em todos os seus componentes e interrelações, é uma ferramenta indispensável a todos os tomadores de decisões, sejam autoridades públicas ou agentes econômicos privados, para que formulem políticas e estratégias com maior previsão e máxima eficiência (ARAÚJO, 2003, p. 19).

Desta forma, entender o agronegócio em todas as suas especificidades se fazem necessário.
Para Mendes e Padilha Júnior (2007, p. 45) o agronegócio é: "a soma total das operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas".
Frisa-se que este fato foi o grande impulsionador da economia nacional, inclusive quanto à indústria e comercio, e no cerrado brasileiro pioneiros em trabalho agrícola com tecnologia avançada e progresso social.

4 - RESULTADOS DA PESQUISA

Conforme foram se consolidando pesquisas com trabalhadores rurais atuantes, na ativa, no período 2014/2015 dimensionado na introdução, com cerca de cento e vinte entrevistados de forma aleatória, sem identificar a empresa onde trabalham, para isonomia e lisura do estudo, mas sim com foco no interesse maior que foi definido como objetivo desse trabalho, sendo a progressão desses trabalhadores rurais e de suas famílias na sociedade enquanto cidadãos que participam do desenvolvimento agrícola local, regional e brasileiro.
No tocante a questão salarial os trabalhadores responderam que dentro dessa década houve melhoria com a valorização de sua mão de obra passando de um e meio a dois salários mínimos (1,5 a 2) para dois e meio a três salários mínimos (2,5 a 3) na atualidade, conforme suas atuações trabalhistas e especialidades dentro da empresa, ou seja, atuando nas mesmas ocupações, porém com maior expressividade.

Gráfico demonstrativo da média salarial atingida na década estudada.
Fonte: O autor.
Essa melhoria salarial, juntamente com resgate do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), converteu-se nas melhores condições de moradia aonde cerca de 82,5% vieram a adquirir seu próprio imóvel, saindo do aluguel ou de casas conjugadas nos mesmos lotes da família, outros com reformas essenciais das moradias que já detinham.









Gráfico da porcentagem de 82,5% referente à casa própria.

Fonte: O autor
Com essa significativa conquista, verificou-se que a família destes(as) trabalhadores(as) passaram a ter mais conforto em seu cotidiano, obtendo móveis de maior qualidade, fornos e aparelhos micro-ondas, batedeiras e liquidificadores, geladeiras e freezers, contando também com outros aparelhos domésticos como máquinas de lavar roupas e ferros de passar, máquinas de jato d'água, entre outros bens.
A capacidade de adquirir bens também repousou no bem-estar comum e individual, como televisores e aparelhos de som e em relação aos aparelhos tecnológicos como computadores desktop, notebook e tablets oportunizando assim comunicações sociais e trabalhos escolares, cursos on-line para esposas e filhos e para alguns interessados em conhecimento de sua área de trabalho.
Também se verificou que houve um acréscimo na compra de aparelhos celulares multifuncionais. Com o advento da rede de comunicação virtual, observou-se que vários trabalhadores tem rede de internet (sistema global de redes de computadores) em suas casas e também contam com acesso a sistemas de transmissão de imagens via satélites (antenas parabólicas) com acesso a canais limitados ou canais pagos.
No tratamento e conservação da saúde também houve melhorias, visto que além dos exames periódicos exigidos e ofertados pelas empresas e pelos órgãos governamentais pode-se investir em exames particulares à família, nos tratamentos da visão e dentários, onde alguns membros de algumas famílias passaram a usar lentes corretivas de contato e colocaram aparelhos ortodônticos, sendo usado o pagamento de convênios a fim de manter exames particulares.
Houve também grande desenvolvimento na aquisição de meios de transportes como motos e carros nesse período, muitos comprando seu primeiro carro e outros com a troca dos veículos por outros mais novos e modernos, onde cerca de 90% tem veículo próprio.
Gráfico referente à porcentagem de proprietários de veículos entre colaboradores.

Fonte: O autor.
Na adequação do tempo trabalho/descanso muitos afirmaram estar gozando de mais tempo com a família, principalmente em finais de semana e feriados, mas durante o período sazonal de plantio e colheita onde são realizadas horas extras muito das vezes exaustivas, saindo para o trabalho entre 6h30min e retornando ao anoitecer por volta das 19h00min excedendo até mesmo o tempo regulamentar, compensado com folgas (banco de horas) nos períodos entremeados ao plantio e colheita.
Na consecução dos dados relacionados à pesquisa nota-se a importância direta do Agronegócio em relação ao poder transformador na vida social e econômica dos trabalhadores rurais. Não contando apenas com a dinâmica salarial, as melhores condições de trabalho, contou-se também com as disposições de resgate do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, que tem contribuído sistematicamente para a transformação social de muitos trabalhadores como a aquisição da casa própria entre outros projetos pessoais e familiares, como se verifica abaixo:

Com o FGTS, o trabalhador tem a oportunidade de formar um patrimônio, que pode ser sacado em momentos especiais, como o da aquisição da casa própria ou da aposentadoria e em situações de dificuldades, que podem ocorrer com a demissão sem justa causa ou em caso de algumas doenças graves. O trabalhador pode utilizar os recursos do FGTS para a moradia nos casos de aquisição de imóvel novo ou usado, construção, liquidação ou amortização de dívida vinculada a contrato de financiamento habitacional.
(BRASIL. 2015).


De acordo com a pesquisa os colaboradores afirmaram que com a regularização trabalhista através do contrato de trabalho e carteira assinada dignificaram e classificaram sua profissionalização, sendo possível que alguns viessem a melhorar na classificação de operadores podendo exercer mais de um tipo de atividade e assim melhorando sua condição salarial.
Os colaboradores que exercem a profissão a cerca de cinco, dez anos buscam sua estabilidade funcional, enquanto os que têm mais de dez e mais ou menos vinte anos buscam consolidar-se na profissão para obter vantagens futuras em relação a possível aposentadoria.

Houve ainda grandes investimentos na estrutura dos armazéns de beneficiamento de grãos, observando Planejamentos Estratégicos, com a aquisição de máquinas de pré-limpeza e de silos para armazenamento.
Como se verifica com a fala na entrevista a um proprietário 01 "os investimentos são necessários para que possamos, além de armazenar com segurança, conseguir melhores preços na hora de vender os produtos, pautando pela administração econômica lucrativa", com esse desenvolvimento os proprietários passam "a ter uma economia com frete podendo investir na sustentabilidade da empresa rural".
Desta forma verificou se também que com uma gestão dinâmica e responsável, do ponto de vista econômico e ambiental, investiu-se na utilização dos rejeitos dos grãos, que passaram a ser utilizados na alimentação de suínos e bovinos para o próprio consumo de todos no empreendimento, as palhas restantes na limpeza dos grãos são esparramadas em áreas com baixo volume de fibras orgânicas, e com a construção de biodigestor, em uma das propriedades passou-se a utilizar o composto orgânico como adubo orgânico em áreas de pastos. Na busca da redução de resíduos tem-se buscado adquirir insumos com embalagens retornáveis e/ou ainda que sejam recicláveis, colaborando com a manutenção do meio ambiente local.
As resoluções que permeiam a redução de impactos ambientais são aplicadas nas instalações com canais de recebimento de eventuais vazamentos de defensivos, canais de receptação de óleos nas áreas de manutenção, separador de água e óleo no lavador de veículos e máquinas passando por filtrações como processo de mitigação de poluentes emitidos no solo e consequentemente no subsolo. Os óleos utilizados para lubrificar motores e similares são armazenados e recolhidos por empresa certificada para reciclagem, assim como papelões e materiais plásticos.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho demonstrou como o Agronegócio influenciou e influencia a vida de muitos trabalhadores na cidade de Cabeceira Grande – MG.
Verificaram-se estudos em relação ao setor agrícola demostrando o desenvolvimento pessoal dos trabalhadores e de suas famílias na cadeia produtiva brasileira, regional e local com a implantação nos anos 80 de uma usina de álcool etílico no município de Unaí – MG onde, a hoje cidade de Cabeceira Grande, ainda um distrito à época, movimentando a área agrícola com o plantio de cana-de-açúcar para Etanol, mobilizando famílias de todas as regiões vizinhas para Cabeceira Grande.
As conquistas dos colaboradores que aqui se fazem presente, vindo a se consolidar com o grande desenvolvimento da agricultura, com a participação de emigrantes produtores da região sul como os gaúchos, catarinenses e paranaenses e do vizinho do sudeste, os paulistas, tornando-a como atividade principal na geração de emprego e renda para a maioria da população local, fazem jus ao desenvolvimento agrícola brasileiro. Na última década houve a confirmação da região do noroeste mineiro como grande produtora de grãos, elevando a participação do Brasil no Agronegócio mundial.
Verificou-se através da entrevista que os colaboradores cabeceirenses acompanharam o desenvolvimento das empresas e elevaram seu poder aquisitivo trabalhando nas empresas rurais no período de 2005/2014.
Quanto às empresas estabelecidas no município, que continuam na geração da empregabilidade, denota-se também pelos estudos, de forma geral, que estão integradas ao desenvolvimento social e econômico brasileiro, buscando atender as legislações pertinentes à proteção ambiental, à produção de alimentos saudáveis com a implantação da agricultura de precisão, da integração lavoura-pecuária para melhor utilização do solo e de todas as medidas mitigadoras que auxiliem na proteção ambiental.
No tocante ao Agronegócio, desde os projetos até a consolidação produtiva com a venda das commodities, verificou-se interesse dos gestores em manter a empregabilidade, na diversificação das variedades de grãos e leguminosas produzidos, na redução dos riscos de acidentes pessoais e ecológicos pautando-se assim como grandes potenciais a uma sustentabilidade profícua e duradoura.






















REFERÊNCIAS

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