A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO TRADICIONAL DAS MARISQUEIRAS PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA NO POVOADO PORTO DO MATO- ESTÂNCIA/SE

June 4, 2017 | Autor: Tania Santos | Categoria: Biologia
Share Embed


Descrição do Produto

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL - UAB UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR À DISTÂNCIA-CESAD DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA – DBI CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS - LICENCIATURA

Tania Maria Silva Santos

A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO TRADICIONAL DAS MARISQUEIRAS PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA NO POVOADO PORTO DO MATO- ESTÂNCIA/SE

ESTÂNCIA/SE, JULHO/2014

TANIA MARIA SILVA SANTOS

A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO TRADICIONAL DAS MARISQUEIRAS PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA NO POVOADO PORTO DO MATO- ESTÂNCIA/SE

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Sergipe – UFS, Centro de Educação Superior a Distância da Universidade Aberta do Brasil-UAB/SE como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado em Ciências Biológicas. Orientador: Prof. M.Sc. Edilton Rodrigues

ESTÂNCIA/SE, JULHO/2014

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus especialmente pela dádiva da minha vida. Por ter colocado em meu caminho pessoas maravilhosas que tive o prazer em conhecê-las e que tanto contribuíram durante a realização deste trabalho. Ao meu orientador, prof. M.Sc. Edilton Rodrigues, por acreditar em mim, pela orientação, paciência e dedicação que me direcionaram a conclusão deste trabalho. Obrigada por tudo professor. A professora Karynne Lemos, pelas orientações. A profa. Dra. Yzila Liziane Farias Maia de Araújo, pela orientação e dedicação que me direcionaram ao êxito do início deste trabalho. Ao meu esposo Antonio França e minha filha Renata França, por todo amor, carinho, paciência, estímulo e apoio em todos os momentos dessa minha caminhada. A Caroline Siqueira, minha colega de trabalho e amiga, obrigada pela companhia durante a visita ao povoado. A todos os moradores do povoado Porto do Mato, pela forma carinhosa pela qual me receberam em especial as marisqueiras, a Dayane e a Danielle Caetano. E a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para o término deste trabalho, meus sinceros agradecimentos.

A História pode ser encarada de dois lados e dividida em história da Natureza ou História dos homens. Mas os dois lados não podem ser separados do tempo; enquanto houver homens, a História da Natureza e a História dos Homens se condicionarão reciprocamente. Marx, 1974

RESUMO

O presente estudo analisou o conhecimento tradicional das marisqueiras no povoado Porto do Mato - SE, com relação às espécies que elas capturam para a comercialização e o ecossistema onde tais espécies se encontram. E se tal conhecimento influencia no Ensino de Ciências e Biologia que se processa nas duas escolas da comunidade. Para tal análise, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas, através de conversação e questionários com questões abertas e de múltipla escolha, com 46 pessoas entre marisqueiras, professores e alunos do povoado, para identificar os saberes populares das profissionais, e se estes condizem com o conhecimento científico e conhecer como se processa o Ensino de Ciências e Biologia. Como resultado evidenciou-se que o conhecimento tradicional das marisqueiras é importante para o Ensino de Ciências e Biologia e que os mesmos devem ser valorizados e preservados, elas demonstraram conhecimento com relação à biologia das espécies que capturam, principalmente em relação aos aspectos da reprodução e dieta destes animais. No entanto, as escolas da comunidade não utilizam desse conhecimento para contextualizar o Ensino de Ciências e Biologia.

PALAVRAS-CHAVE: saberes tradicionais, marisqueiras, educação formal e informal, comunidade.

ABSTRACT

The present study analyzed the traditional knowledge of shellfish workers in the village of Porto Mato - SE, with respect to the species they harvest to market and the ecosystem where such species are. And if such knowledge influences the teaching of science and biology that takes place in two schools in the village. For this analysis, semi-structured interviews were conducted through conversation and questionnaires with open and multiple choice, with 46 people including shellfish workers, teachers and students of community issues, to identify popular knowledge of the professionals, and if they agree with the scientific knowledge and know how to process the Teaching of Science and Biology. As a result it became clear that the traditional knowledge of shellfish workers is important for science education and biology and those they should be valued and preserved, they demonstrated knowledge regarding the biology of the species they catch, especially in relation to aspects of reproduction and diet of these animals. However, community colleges do not use this knowledge to contextualize the Teaching of Science and Biology.

KEYWORDS: traditional knowledge, shellfish workers, formal and informal education community.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1- Mapa, localização geográfica do Povoado Porto do Mato..........................14 FIGURA 2 - Bacias hidrográficas dos rios Piauí e Real, composta por manguezais .....15 FIGURA 3 - Centro Social “Esperança de Deus”, Porto do Mato .................................15 FIGURA 4 - Comunidade e as condições de habitação – rua principal......................... 16 FIGURA 5 - Comunidade e as condições de habitação – rua de trás..............................16 FIGURA 6 - Reunião e entrevista semi-estruturada com as marisqueiras .....................17 FIGURA 7- Entrevista com comerciantes e pescadores.................................................17 FIGURA 8 - Condições de trabalho das marisqueiras ...................................................22 FIGURA 9 - Nível de escolaridade das marisqueiras ....................................................23 TABELA 1 - Nome científico e popular das espécies e ambiente explorado pelas marisqueiras.....................................................................................................................24

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APA – Área de Proteção Ambiental DESO – Companhia de Saneamento de Sergipe Dr. – Doutor EJA – Educação de Jovens e Adultos IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis ONG – Organização Não Governamental OVE – Organização Não Governamental Voluntários Ecológicos Pe – Padre PPP – Projeto Político Pedagógico SE – Sergipe TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

SUMÁRIO:

I. INTRODUÇÃO................................................................................................ 10 I.I - Problema de Pesquisa...................................................................................12 II. JUSTIFICATIVA .............................................................................................13 III. OBJETIVOS ....................................................................................................13 III.I- Objetivo Geral ........................................................................................... 13 III.II- Objetivos Específicos ...............................................................................13 IV. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ...................................................14 A. Caracterização da área de estudo ..................................................................14 B. Sujeito da pesquisa .......................................................................................16 C. Obtenção e análise de dados .........................................................................18 V. RESULTADOS E DISCUSSÃO .....................................................................18 A. A comunidade................................................................................................19 B. As marisqueiras e o conhecimento popular ..................................................21 C. A comunidade escolar e a influencia do conhecimento popular...................26 VI. CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................28 VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................29 VIII. APÊNDICE 01 – ROTEIRO DO QUESTIONÁRIO: Diagnóstico do povoado Porto do Mato/SE .........................................................................31 IX. APÊNDICE 02 – ROTEIRO DA ENTREVISTA COM AS MARISQUEIRAS.........................................................................................33 X.

APÊNDICE 03- ROTEIRO DA ENTREVISTA COM AS PROFESSORAS E ALUNOS.....................................................................36

XI. TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDOTCLE..............................................................................................................38

10

I.

INTRODUÇÃO

Biesdorf (2011, p. 2) destaca que “a educação possui um papel fundamental perante a sociedade”. Constitui assim, uma ferramenta fundamental na formação do ser humano para se tornar um cidadão ativo, participativo e capaz de posicionar-se frente às questões que afetam o meio ambiente e sua qualidade de vida. E a escola é o local onde promove tanto a aprendizagem como o desenvolvimento dos seus alunos e isso implica um compromisso da equipe escolar com os alunos. A prática educativa desenvolvida na escola resume através das experiências das gerações anteriores, afirma Libâneo (1994, p.70). “O processo educativo que se desenvolve na escola pela instrução e ensino consiste na assimilação de conhecimentos e experiências acumulados pelas gerações anteriores no decurso do desenvolvimento histórico-social”. A educação informal é adquirida no ambiente de vivência, pelos familiares, amigos e pessoas que fazem parte do seu meio social. Segundo Osinski (2002, p. 7) “É o homem, com sua conduta, seus comportamentos e atos, quem faz a história, a arte e transmite seus conhecimentos por meio do ensino, formal e informal, perfazendo o caminho de um processo evolutivo e progressivo denominado educação”. Aprofundando-se sobre o ensino formal e informal, termos citados por Biesdorf (2011), sabe-se que a educação formal corresponde ao sistema educativo que estende na escola desde a educação infantil até a universidade. De acordo com Gandin (1995) Apud Biesdorf (2011), a educação formal escolar possui três objetivos básicos: a formação da pessoa humana, o desenvolvimento da ciência e o domínio da técnica sendo estes três fatores indispensáveis para que o homem consiga se inserir numa sociedade e viver de acordo com as regras desta sociedade. É na escola que o processo da educação formal ocorre e o educador é a parte fundamental para despertar no aluno o desejo de saber e aprender. Já a educação informal é o processo no qual as pessoas possuem conhecimentos ao longo do tempo, através das suas experiências cotidianas, atitudes, habilidades, comportamentos e a sua interação com o meio ambiente. Gaspar (1990) em seus estudos estabelece a relação do ensino informal que dá origem aos conceitos espontâneos e o formal aos conceitos científicos. Sendo assim, a escola é responsável pela educação formal e a família responsável pela educação informal, na qual são ensinados os valores humanos e a

11

cultura que se processa fora do ambiente escolar e é veiculada por meio de comunicação, através de diálogo entre familiares, amigos e pessoas que fazem parte do seu meio social. O papel da escola é contribuir para que haja socialização de informação, viabilizar a cidadania e criar novos conhecimentos. Portanto, a escola deve educar para ouvir, respeitar, preservar e valorizar as diferenças e a diversidade, para que a aprendizagem se torne significativa. Segundo Baptista (2010), o diálogo entre saberes nas salas de aula de ciências necessita de formação docente referente à investigação como princípio da prática pedagógica, tendo necessidade de se levar em conta os saberes culturais dos estudantes e sua influência sobre a aprendizagem dos conceitos científicos, pois não basta propor ao professor a utilização de estratégias de ensino que não façam parte da sua formação. Ensinar envolve análise e reflexão para compreender o perfil dos alunos, é preciso desenvolver estratégias para avançar tanto na construção de conhecimento como na formação do sujeito inserido na sociedade. De acordo com Santos (2007), a escola não tem promovido o conhecimento científico e relata que o aluno necessita dessa habilidade. Cabe, então, ao professor propiciar ações pedagógicas que estimulem o processo de aprendizagem, através de aulas diferenciadas com pesquisas, debates, feira de ciências e outras atividades que possa gerar interesse e ampliar o conhecimento dos alunos em relação aos conteúdos trabalhados em sala de aula. Podemos evidenciar de maneira clara a influência da educação informal em pequenas comunidades pesqueira e temos como exemplo o povoado Porto do Mato, localizado no município de Estância - SE. A população local possui estreita ligação com o manguezal como área de captura de recursos pesqueiros e também na exploração do ecoturismo. A prática pesqueira está fundamentada nas experiências locais transmitidas de gerações passadas, na qual apresenta um alicerce nas táticas de manejos dos recursos. A população que utiliza dessa prática engloba saberes sobre o comportamento dos mariscos, peixes e das marés, ambiente marinhos, manguezais e as interações no ecossistema. O conhecimento popular e tradicional que envolve a atividade pesqueira faz parte da cultura local. O conhecimento tradicional e a biodiversidade têm sido temas de pesquisas, quanto ao seu aspecto cultural e social, em relação à forma manejo e

12

preservação da biodiversidade, para (Castro, 1997, p. 165) o conhecimento tradicional é um tema abordado devido ao reconhecimento da problemática ambiental no contexto global e a necessidade cada vez maior de analisar os conhecimentos, uso e suas praticas em ração a exploração das espécies. É importante estabelecer o diálogo dos saberes populares com o conhecimento científico no ensino de ciências e biologia, para que o conhecimento dos estudantes desta comunidade seja ampliado. Sendo assim, é de suma importância que as escolas estabeleçam um envolvimento e comprometimento tanto por parte dos professores como da comunidade escolar, para que o ensino seja bem mais definido e a aprendizagem seja significativa para o aluno. Chassot (2006, p. 211) afirma que “[...] esta é uma função da escola, e é tanto uma função pedagógica como uma função política. É um novo assumir que se propõe a escola: a defesa dos saberes da comunidade onde ela está inserida”. Diante disso, esse trabalho foi desenvolvido no povoado Porto do Mato, envolvendo as marisqueiras – mulheres que vivem da pesca artesanal de mariscos, principalmente do aratu para o sustento da sua família, no consumo e comercialização, comunidade e os alunos que estudam na escola municipal Maria Izabel Carvalho Nabuco Dávila que atende do 6° ao 9° ano do Ensino Fundamental e os alunos do Ensino Médio da escola Estadual Gumercindo Bessa. Apresenta uma abordagem qualitativa incluindo pesquisa de campo, bibliográfica e entrevista com as marisqueiras, professores, comerciantes, coordenadores das escolas e alunos, na tentativa de avaliar a existência de uma interação entre o conhecimento popular com o Ensino de Ciências e Biologia e analisar de maneira qualitativa tal interação e suas possíveis interferências no contexto desta comunidade.

I.I. Problema de Pesquisa Será que existe influência do conhecimento popular das marisqueiras no Ensino de Ciências e Biologia nas escolas da comunidade do povoado Porto do Mato?

13

II.

JUSTIFICATIVA

Analisar o papel das escolas inseridas na comunidade, bem como os trabalhos desenvolvidos em sala de aula pelos educadores da rede municipal e estadual em relação aos saberes tradicionais das marisqueiras no que diz respeito ao conhecimento sobre os recursos pesqueiros explorados por elas. Já que, os manguezais possuem um papel de suma importância ecológica e econômica e fornece sustento à população local por meio da captura de crustáceos e peixes, os mesmos devem ser discutidos em sala de aula. Como o conhecimento informal diz respeito à vivência e experiências adquiridas ao longo dos anos, os aspectos culturais e históricos que o individuo integram em seu meio devem esta inseridos nas escolas para que os alunos possam se reconhecer como sujeito que faz parte de um contexto social e cultural, sendo capaz de contribuir para uma vida saudável e de preservação ambiental. Portanto, a educação formal e informal em Ciências e Biologia poderão levar os alunos à descoberta, redescoberta e compreensão dos conteúdos abordados nas aulas.

III. OBJETIVOS III.I Objetivo Geral  O presente estudo teve como objetivo analisar se existe influência do conhecimento informal construído pelas marisqueiras no ensino formal.

III.II Objetivos Específicos  Verificar o conhecimento das mariqueiras em relação à biologia das espécies capturadas;  Obter informações de como o conhecimento tradicional que as marisqueiras possuem são passados de geração em geração;

14

 Verificar se as escolas realizam projetos escolares que envolvam a comunidade, em especial as marisqueiras;  Saber como os professores trabalham a educação formal e informal em sala de aula.

IV. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A. Caracterização da área de estudo O povoado Porto do Mato é constituído por uma comunidade tradicional pesqueira, localizado no município de Estância/SE a 70 km de Aracaju. O mesmo está inserido na porção que corresponde ao litoral Sul de Sergipe (Fig. 1). Segundo Gomes (2007), “o povoado é banhado pelas bacias dos rios Piauí e Real”, apresenta solo arenoso e vegetação composta por manguezais (Fig. 2) que mantém a produtividade das águas costeiras próximas, sustentando os estoques de espécies que são consumidos e comercializados pelos pescadores da região. É importante salientar também que o povoado faz parte da APA (Área de Proteção Ambiental do litoral Sul de Sergipe), Decreto n° 13.468 de 21/01/1993, que monitora 36 km de praias, desde a foz do rio Real até o rio Vasa Barris.

Figura 1- Localização Geográfica do povoado Porto do Mato. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sergipe.

15

Figura 2- Bacias hidrográficas dos rios Piauí e Real, composta por manguezais. Foto: Tania M. S. Santos.

A comunidade é conhecida pelo trabalho de uma ONG – Organização Não Governamental, liderado por um missionário austríaco Pe. Humberto Leeb que ao deparar-se com o local no ano de 1970 observou-se a beleza dos manguezais e a pobreza da comunidade, diante da situação em que se encontrava o povoado, o Pe. idealizou um projeto social que beneficiou a população local. Com ajuda de doações principalmente da Áustria e da Alemanha foi possível construir um Centro Social com escola, posto médico, pousada, oficina de arte, quadra de esporte e padaria (Fig. 3). Com a implantação do projeto abriram as portas para as transformações culturais na comunidade, como emprego e avanço na área de infraestrutura como mostram as figuras 4 e 5, a comunidade e as condições de habitação na rua principal e da rua de trás.

Figura 3- Centro Social "Esperança de Deus" - Porto do Mato-SE. Foto: Tania M. S. Santos.

16

Figura 4- Comunidade e habitação - rua principal. Foto: Tania M. S. Santos

Figura 5. Comunidade e habitação - rua de trás. Foto: Tania M. S. Santos

B. Sujeito da pesquisa

As marisqueiras Durante o período da pesquisa, foram entrevistadas 20 marisqueiras. Na primeira etapa foi realizada uma reunião com as marisqueiras (Fig. 6), através de entrevista semiestruturada, a fim de conhecer seu trabalho, forma de organização como: Associação e Colônia de pescadores e verificar se há influencia do conhecimento informal construído por essas profissionais no ensino formal. Na segunda etapa foi realizada aplicação de questionários, com questões abertas e de múltipla escolha, com relação à biologia dos animais e dificuldades ao capturar as espécies e sobre o meio ambiente, preservação e equilíbrio do ecossistema. Houve também uma entrevista semi-estruturada com 3 comerciantes e 3 pescadores (Fig. 7) para obter informação sobre o desenvolvimento do povoado e a exploração dos recursos pesqueiros na comunidade local. E aplicação de questionário com questões de múltipla escolha e abertas sobre o aspecto histórico e estrutura do povoado, a atividade pesqueira, forma de organização como associação de pescadores e dificuldades existentes em relação às espécies exploradas e expectativas para melhorar as condições de trabalho dos pescadores.

17

Figura 6- Reunião e entrevista não estruturada com as marisqueiras. Foto: Tania M. S. Santos.

Figura 7- Entrevista semi-estruturada com os comerciantes e pescadores. Fotos: Tania Maria Silva Santos.

Comunidade escolar Durante a pesquisa de campo, foram entrevistados, 6 professores graduados em pedagogia da Escola Municipal Dr. Humberto da Silveira Ferreira, o coordenador da escola Municipal Maria Isabel Carvalho Nabuco Dávila, a gestora e a coordenadora do Colégio Estadual Gumercindo Bessa, a fim de obter informações sobre o ensino de Ciências e Biologia, bem como, a possível realização de projetos escolares a respeito da educação formal e informal em relação à exploração dos manguezais. Também foram entrevistados 5 alunos do 5° ao 9° ano do Ensino Fundamental da escola Municipal

18

Maria Isabel Carvalho Nabuco Dávila e 7 alunos do Ensino Médio do Colégio Estadual Gumercindo Bessa, para obter informação sobre as atividades escolares realizadas nas aulas de Ciências e Biologia.

C. Obtenção e análise de dados O presente trabalho foi realizado entre os meses de janeiro a junho. Sendo que, no primeiro mês foi feito uma observação da área de estudo através de registro com fotos e durante os outros quatros meses, foram realizadas mensalmente, visitas a comunidade, em fevereiro foi realizada uma reunião com as marisqueiras com uma duração de 3h e nos meses seguintes foram feitas entrevistas semiestruturadas com duração média de 2h com os moradores da comunidade entre eles: professores, alunos, donos de mercearias, piloto de lanchas, pescadores, além das marisqueiras. Todas as ações desse estudo, incluindo reunião com algumas marisqueiras para explanação do interesse e objetivo da pesquisa a serem alcançados, foram apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), a fim de garantir a preservação da participante e a não obrigatoriedade da participação em responder ao questionário ou perguntas da entrevista. Para analisar os dados obtidos nas entrevistas, duas vezes por semana foi feita pesquisa bibliográfica sobre comunidade pesqueira, educação formal e informal, conhecimento tradicional.

V. RESULTADOS E DISCUSSÃO. Ainda é possível vê a beleza, preservação e conservação no manguezal da região. Sabe-se que para preservação das espécies e dos manguezais é preciso respeitar o tempo do defeso, não capturar os menores e as fêmeas, não fazer queimadas, não jogar lixo enfim cuidar do patrimônio ambiental, mesmo porque, é fonte de renda de muitas famílias da região. Segundo informações dos moradores locais a respeito das atividades pesqueiras, o IBAMA- Instituto Brasileiro do Meio Ambiente visita a comunidade habitualmente, fiscaliza em tempo de defeso, mas há pouco diálogo, com as marisqueiras. As mesmas relataram que sentem falta de informações sobre as condições do rio e do manguezal.

19

Partindo do pressuposto que o povoado Porto do Mato se deu pela atividade pesqueira e que a mariscagem para comercialização do catado de aratu é uma atividade artesanal e tradicional, pressupõe que o conhecimento é passado de geração em geração e que o trabalho desenvolvido entre eles é fonte de renda para muitas famílias. Segundo Allut (1999, p.83) “tudo aprendemos com os mais velhos, ouvindo e vendo sua maneira de trabalhar. Depois já se vai conhecendo, comprovando que aquilo é verdade”. Essa relação demonstra que o conhecimento tradicional é vivenciado com a prática do cotidiano. A mariscagem, que em tempos passados era atividade tipicamente feminina passa a ser ocupação também de homens devido ao caráter do manguezal enquanto território de livre acesso, alteração que se torna bastante significativa e aponta para a tendência ao monopólio masculino na captura de mariscos e o recolhimento das mulheres ao processo de beneficiamento (IBAMA, 1992). No povoado a captura de caranguejos é uma atividade exercida pelos homens e a captura do aratu pelas mulheres. Segundo Vieira & Lima (2003 apud DIAS, T, et. al., 2007) a gradativa destruição do meio ambiente causada pela poluição dos estuários e mangues associados, pela exploração de recursos pesqueiros, pelo aterro de manguezais, dentre outros impactos, tem levado a redução de diversos produtos marinhos e estuarinos. De acordo com Souza (2012), as propostas de desenvolvimento sustentável estão baseadas na perspectiva de utilização atual dos recursos naturais desde que sejam preservados para as gerações futuras. A relação dos pescadores com o manguezal apresenta uma cultura historicamente restrita à esfera sócio ambiental e abrange os conflitos da modernidade, através do desenvolvimento cultural do povoado e dos recursos naturais explorados.

A. A comunidade O povoado Porto do Mato ficou conhecido pelo belo trabalho de uma ONG encabeçado por um missionário padre austríaco Humberto Leeb, que denominou o local como Mata Virgem. De acordo com Leeb (1986), “O projeto de minha Paróquia da Mata Virgem não poderia ser realizado sem a ajuda internacional”, porém, isso não significa que a ajuda seria somente do exterior, ele deixou aberto que a ajuda poderia vim de todas as partes do mundo. À medida que o projeto concretizava-se, Leeb

20

participou de um foro internacional as Nações Unidas em Nova York, na qual apresentou documentos convincente, autenticados e em quantidade suficiente para realizar o seu projeto em Porto do Mato. Assim, Leeb recebeu doações de vários países, sendo que a maior parte veio da Áustria e da Alemanha. Com as doações, construíram um espaço, em uma área de 15 hectares, denominado “Centro Esperança de Deus”, com escolas, posto de saúde, pousada, restaurante, oficinas de arte, auditório, quadra de esportes, alojamentos, igreja, ginásio coberto, campo de futebol, padaria e loja de artesanato. Esse trabalho modificou a paisagem de miséria que a região apresentava. No inicio dos anos 80, o tráfego de moradores para outra região era feito por meio de canoas, devido à falta de estrada, a travessia era até o Povoado Crasto, localizado no Município de Santa Luzia do Itanhy. Na época a condição da população era precária, amontoados em áreas inadequadas do ponto de vista ambiental e sanitário, o sustento das famílias dava-se por meio da pesca na área de manguezal, as casas eram de taipa, sem nenhuma condição de higiene e saneamento básico. Havia muita mortalidade infantil causada por vermes ou desnutrição. Anos depois, construíram a rodovia Ayrton Senna que liga Aracaju às praias do sul do Estado. Foi possível observar diversas mudanças que ocorreram na comunidade, desde os anos 80 até os dias atuais, como: asfalto, energia, empregos, casas de alvenaria, posto médico, escola, dentre outros benefícios que transformaram toda a vida das famílias e o seu anterior estilo de vida. Em relação à tecnologia, SILVA (2011 p. 68-69) se refere, “a um meio com vistas a um fim; um meio usualmente associado com a manufatura e com a utilização científica de equipamentos, ferramentas e máquinas”. Por meio das máquinas e ferramentas para a construção de obras, foram gerados empregos de pedreiro, atendente, piloto, carpinteiro, caseiro, dentre outras profissões para muitos pescadores. As famílias, que viviam da pesca artesanal de peixes e mariscos para consumo próprio, passaram a comercializar esses produtos para outras regiões. Os benefícios do progresso proporcionaram conforto e saúde às pessoas e podem ser encarados como conquistas da ciência e da tecnologia. Portanto, o ser humano, na busca de seu próprio espaço e condições de vida, tem oportunidade de praticar a cultura de seu povo em tudo que faz, desde a construção de casas, hábitos alimentares, trabalho como a pescaria e captura de mariscos até mesmo o modo de viver. Segundo relatos de moradores, a comunidade desenvolveu-se depois do projeto social do Pe. Leeb que modificou as condições de vida dos moradores da região.

21 “Miséria e gente em busca de ajuda existe no Brasil em tão variadas formas que se torna difícil fazer uma escolha sensata”. Neste sentido será realizado um projeto social para a juventude toda do mundo, a fim de tornar visível, na vida dessa gente. Os colaboradores brasileiros e internacionais poderão ser preparados, conhecerem-se mutuamente e repousar. (LEEB, 1986.p.76-77).

Com o projeto social, as mulheres que eram donas de casas e praticavam a mariscagem passaram a ter também outras atividades para atender o turismo, principalmente capturar mais espécie para a comercialização. De acordo com Diegues (2004), as comunidades tradicionais podem ser caracterizadas, pelos seguintes aspectos: a dependência e a simbiose com a natureza, os ciclos naturais e os recursos naturais renováveis a partir dos quais se constrói um modo de vida; o conhecimento aprofundado da natureza e de seus ciclos que se reflete na elaboração de estratégias de uso e de manejos dos recursos naturais. E para tal, o conhecimento é transferido de geração em geração por via oral; a noção de território ou espaço onde o grupo social se reproduz economicamente e socialmente e a importância das atividades de subsistência, ainda que a produção de mercadorias possa estar mais ou menos desenvolvida, o que implica uma relação com o mercado. Para Freitas et. al., (2012), “As primeiras colônias de pescadores foram criadas pela União com o objetivo de proteger o território nacional e facilitar o cooperativismo entre os pescadores”. Entretanto, nem sempre ocorre o cooperativismo entre os pescadores na comunidade, fato esse, que deixa muito a desejar segundo as marisqueiras, a colônia de pescadores funciona, segundo as profissionais como coletora de beneficio na época do defeso.

B. As marisqueiras e o conhecimento popular As mulheres de um modo geral, em especial aquelas que apresentam características tradicionais, que desenvolvem atividades que aprenderam com seus pais, praticam múltiplas atividades em sua vivência. Conforme verificado no povoado Porto do Mato, as mulheres trabalham em restaurantes, cuidam das casas de veranistas, nas escolas e principalmente na pesca. Muitas atividades encontram-se relacionados ao ambiente em que vivem, tornando-se midiatizado por suas próprias culturas, passadas

22

de gerações. As mulheres entrevistadas tem idade entre 32 a 68, todas residem na comunidade. A maioria casada com pescadores, filhas de pescadores, todas participam da Associação das Marisqueiras, criada no ano de 2011, dentre elas 4 participam da Associação de Pescadores localizada na cidade de Estância, há dois anos e aguardam a carteira da Associação da Colônia de Pescadores, para receberem o beneficio SeguroDefeso destinado ao pescador artesanal. O conhecimento tradicional que as marisqueiras possuem sobre seu ambiente e local de trabalho é fundamental para a preservação das espécies. Seu papel no manejo e uso dos recursos naturais para o sustento de sua família mantém uma estreita relação com o ambiente do manguezal. Segundo Bennett (2005) Apud ROSA et. al., (2007), “apesar do importante papel desempenhado pelas mulheres no setor pesqueiro, o espaço social que elas ocupam tem permanecido invisível aos pesquisadores de um modo geral, e, principalmente aos poderes públicos”. A atividade herdada pelos seus pais ajuda na renda familiar. De acordo com o diálogo das profissionais, elas vão ao mangue mais de 4 vezes por semana, dependendo da maré e sem horário para retorno. As condições de trabalho apresentam um caráter precário, não há medidas de segurança contra acidentes, nem incidentes eventuais que possam ocorrer durante a captura das espécies (Fig. 8). A comercialização dos seus produtos é vendida para a peixaria situada na comunidade e restaurantes das praias, poucas têm contato com os turistas.

Figura 8- Condições de trabalho das marisqueiras. Foto: Tania M. S. Santos.

Segundo relatos das marisqueiras, a atividade pesqueira desenvolvida na captura dos mariscos é praticada desde os quinze anos de idade. Em relação à escolaridade, na

23

Figura 9 mostra o nível de escolaridade das marisqueiras atualmente. Nem todas foram alfabetizadas, 50% das entrevistadas cursaram a EJA- Educação de Jovens e Adultos até o 4°ano, 3 concluíram o Ensino Médio e 3 estudaram até o 7°ano.

Ensino Médio

Ensino Fundamental Maior

Ensino Fundamental Menor

Não alfabetizada 0

2

4

6

8

10

12

Figura 9 - Nível de escolaridade das marisqueiras, da comunidade do Povoado Porto do Mato-SE.

Os principais recursos pesqueiros explorados por essas profissionais nos manguezais para comercialização e até mesmo para o consumo são: Litopenaeus schimitti (camarão branco), Mytella guianensis (sururu), Callinectes sp. (siri), Ucides cordatus (caranguejo uçá), Anomalocardia brasiliana (maçunim) e principalmente o Goniopsis cruentata (aratu). As marisqueiras demonstraram conhecimento com relação à biologia das espécies que capturam principalmente aspectos da reprodução e dieta destes animais. Diante dos estudos realizados, mostra-se que o conhecimento popular dessas profissionais apresenta de certa forma um pouco do conhecimento cientifico em relação ao habitat e alimentação das espécies capturadas. A tabela 1 a seguir mostra o nome científico, popular e o ambiente explorado pelas marisqueiras.

24

Tabela 1- Nome científico e popular das espécies e ambiente explorado pelas marisqueiras.

Nome científico

Nome popular

Ambiente explorado

Moluscos Mytella guyanensis

Sururu

Raízes de mangues em fundos lamacentos.

Anomalocardia brasiliana

Maçunim

Margem do rio

Crustáceos Callinectes sp.

Siri

Margem do rio

Goniopsis cruentata

Aratu

Entre as raízes do mangue

Ucides cordatus

Caranguejo-Uçá

Raízes

de

mangue

e

substrato de lama Litopenaeus schimitti

Camarão

Margem do rio

Demonstraram conhecer que o aratu (Goniopsis cruentata) trata-se de uma espécie ovípara e que a época de reprodução é de dezembro a janeiro, o que corrobora com o estudo feito por Botelho et.al (2004) que indica que o maior pico de fêmeas ovígeras é no mês de dezembro, ainda que neste mesmo estudo tenha mostrado que a reprodução pode ocorrer ao longo de todo o ano. Quando questionadas com respeito sobre a dieta deste crustáceo, elas responderam que eles se alimentam de folhas do mangue, o que também foi evidenciado no estudo de Botelho et.al (2004). Com relação ao camarão branco (Litopenaeus schimitti) elas sabem a época reprodutiva devido ao período do defeso que é de novembro a janeiro e de 1° de abril a 31 de maio. De acordo com o IBAMA (2006) os períodos de defeso do camarão são 15 de novembro a 15 de janeiro e o 2° período é de 01 de abril a 31 de maio. Porém não indicou saber sobre aspectos de sua dieta, que de acordo com Júnior (2001) no estádio náuplio a base da mandíbula sofre um engrossamento e a larva começa a se preparar para a ingestão do alimento que ocorrera no estádio protozoéa. Neste estádio a espécie

25

alimenta-se de fitoplâncton e quando termina este estádio, as larvas passam por uma metamorfose completa, alterando seu comportamento, sua dieta deixa de ser fitoplâncton e passa a ser por zooplâncton, ainda que continue ingerindo microalgas. No estádio pos-larva sua dieta é através de mariscos e outras espécies de organismos nematodos e anelídeos. Quando questionadas sobre a época reprodutiva do siri (Callinectes sp), elas responderam que é na época de lua cheia. Sobre a reprodução dessa espécie, eles desovam na lua cheia porque a maré está alta e leva os ovos para o mar na vazante, pois as larvas precisam de um ambiente com alta salinidade para desenvolver e depois volta para o estuário. Estudo de Brito & Menezes (2012) apresentou que a fêmea, na época da eclosão dos ovos, retornam para o mar para que as larvas se desenvolvam, quando migram para as águas estuarinas estão em busca de proteção e salinidades mais baixas. Sobre o caranguejo (Ucides cordatus), elas responderam que a prática da captura é realizada pelos homens da comunidade, os caranguejos apresentam o período de andada nos meses de janeiro a abril. Esta sabedoria popular coincide com os conhecimentos científicos. Segundo SantʾAnna (2006) a época reprodutiva dessa espécie é marcada por um aumento generalizado da atividade locomotora fora de suas galerias, exibem comportamentos diferenciados, embora este conhecimento seja mais popular do que cientifico, requerendo uma abordagem mais pormenorizada. Este comportamento é conhecido como “andada”, “andança”, “carnaval” ou “corrida do caranguejo”. Como também, Góes et al., (2000) Apud SantʾAnna (2006) diz que, “na época da “andada” os caranguejos saem da toca e caminham sobre o manguezal para formar casais e copularem, quando desconsideram a presença humana e ocorre a luta entre os machos pela posse da fêmea”. Os períodos do defeso relatado por elas estão de acordo com o IBAMA (2006). Sobre a dieta o conhecimento das marisqueiras está de acordo com o conhecimento científico. Elas disseram que esses crustáceos alimentam-se das folhas de mangue, o que também foi evidenciado nos estudos de SantʾAnna. Quando questionadas sobre outras espécies, elas falaram do maçunim (Anomalocardio brasiliana) segundo as marisqueiras no inverno desaparecem, acreditase que seja devido às chuvas, sem explicações concretas. De acordo com Oliveira et al., (2014), Isso ocorre porque há uma queda na densidade populacional da espécie após chuvas atípicas, interferindo na população do bivalve, concluindo que o efeito do

26

fenômeno climático provoca índice pluviométrico na região nordeste, uma vez que esses animais não conseguem retornar a densidade anterior ao fenômeno e que as chuvas atípicas foram consideradas como agente perturbador na estrutura da densidade populacional do bivalve. Em relação à alimentação dos mariscos, afirmaram que eles comem lama e areia. Segundo Freitas (2012), a espécie filtra o séston, que é o conjunto de partículas totais orgânicas e inorgânicas, que se encontram dispersas na coluna de água. Sendo assim, as marisqueiras não possuem um conhecimento cientifico em relação à dieta da espécie A. brasiliana. Para as marisqueiras o papel dos mariscos para a natureza, é de grande importância para o equilíbrio natural e a sobrevivência de outros animais, o que indica que implicitamente estas mulheres tem noção da existência de uma cadeia alimentar, ainda que este termo não seja conhecido por elas. Relataram que os animais que elas capturam servem de alimentos para outras espécies viventes nos manguezais como o mero (Epinephelus itajara), robalo (Centropomus undecimalis), savacu (Nycticorax nycticorax), saracura (Aramides saracura), maçarico (Numenius sp.), garça (Ardea sp.) guaxinim (Procyon sp.) e cobra como a jiboia (Boa constrictor). Foi evidenciada através das entrevistas, uma consciência ambiental por parte das marisqueiras, devido à preocupação destas com a degradação ambiental do ecossistema. Segundo as marisqueiras e pescadores, o que pode acabar com o mangue é a ação do ser humano através do desmatamento e a poluição. Atualmente há uma preocupação da comunidade em relação à rede de esgoto que está sendo implantada na comunidade pela empresa DESO – Companhia de Saneamento de Sergipe. Mesmo com reuniões, explicação sobre o processo de tratamento do esgoto, a população teme que futuramente haja poluição na área de pesca e a extinção de algumas espécies.

C. A comunidade escolar e a influencia do conhecimento popular

De acordo com Queiroz (2011), o conhecimento chega às escolas de todas as maneiras e com as mais diferentes qualidades, tornando evidente outras posturas por parte dos professores. No espaço escolar deve haver troca de conhecimento, saberes tradicionais com o conhecimento científico. Cabe ao educador de qualquer disciplina,

27

estimular os alunos a compartilhar seus conhecimentos, promover atividades que levem a descobertas. Sendo assim, na comunidade pesqueira que foi estudada percebeu-se uma rica vegetação composta por manguezais que poderia ser explorada dentro e fora da sala de aula com os conhecimentos tradicionais dos alunos, além de se poder utilizar o rico conhecimento das marisqueiras, com o objetivo de se obter uma melhor contextualização do ensino de Ciências e Biologia. As professoras entrevistadas que trabalham com alunos da educação infantil ao 5° ano, com relação ao manguezal e a preservação das espécies, desenvolvem trabalhos como: visita ao mangue geralmente com as turmas dos 3° ao 5° ano para conhecer e debater sobre o ecossistema. Segundo o coordenador da Escola Municipal Maria Izabel Carvalho Nabuco D Ávila, no ano de 2011 foi feita uma visita às praias das Dunas e Saco para conhecer o local e observar o ambiente e a conservação, nesse projeto que foi realizado, os alunos das turmas do 6° ao 9° ano fizeram limpeza nas praias, porém atualmente não há nenhum projeto na área ambiental elaborado. Mas recentemente alguns alunos das escolas participaram de um evento sobre Educação Ambiental realizado na Escola Municipal Professor Emídio de Paula Almeida, localizada na praia do Abais, com jogos, danças, apresentação de maquete e brincadeiras, organizado pelo Projeto TAMAR, com a participação da OVE - ONG Voluntários Ecológicos. No Povoado Porto do Mato, funcionam três escolas. A Escola Municipal Dr. Humberto da Silva Ferreira, subordinada administrativamente a rede municipal com aproximadamente 450 alunos da Educação Infantil ao 5° ano do Ensino Fundamental. E no período noturno tem seu funcionamento o ensino médio da rede estadual com 153 alunos. Os alunos do ensino médio relataram em entrevista sobre o ensino de biologia, que ainda não foi realizado nenhum trabalho a respeito dos manguezais em sala de aula, até o presente momento nenhum professor explorou o conhecimento dos alunos a respeito da pesca, mangue e mariscos. Não há incentivo por parte dos educadores no turno noturno, além dos professores serem da cidade de Estância, basicamente as aulas terminam cedo. Muitos não conhecem a realidade da comunidade, “não exploram nossos conhecimentos” segundo um aluno do ensino médio. Os professores por sua vez,

28

se defendem dizendo que “é difícil trabalhar em uma escola que falta recurso didático, e suporte pedagógico”. Para Bandeira (2001) Apud Baptista (2010), os conhecimentos tradicionais são formas de conhecimento guiadas por discernimento locais, que podem sofrer variações regionais e culturais estando intimamente vinculadas aos contextos nos quais foram produzidas, ao contrário dos conhecimentos científicos, que correspondem a teorias construídas de modo a serem aplicáveis de maneira geral, com graus variados. Diante dos fatos, a educação formal deve estar integrada a educação informal, de acordo com Baptista (2010), no Brasil, o estudo do conhecimento tradicional sobre o mundo natural surgiu na década de 1950, sendo que anos depois ficaram frequentes os trabalhos de etnociências em suas diversas subdivisões (etnobotanica, etnoecologia, etnozoologia, etnoecologia, entre outros). A etnobiologia é o estudo dos sistemas de classificação que abrange a etnobotanica, etnozoologia, etnopedologia e etnoecologia (Ribeiro, 1987). É uma área multidisciplinar, que envolvem outras áreas como: zoologia, botânica, ecologia humana, ciências sociais e antropologia.

VI. CONSIDERAÇÕES FINAIS Através da pesquisa desenvolvida na comunidade foi possível analisar por meio das entrevistas com as marisqueiras, professores, alunos e população local, que falta interação entre as marisqueiras e a comunidade escolar. A comunidade por ser uma área de vegetação e exploração das espécies, o conhecimento tradicional poderia ser discutido em sala de aula, com realização de pesquisa, debate, projetos, seminários, gincana e outras atividades que levem o aluno a curiosidade e interesse pelos conteúdos estudado. Portanto, a finalidade deste trabalho foi analisar se o conhecimento tradicional esta sendo trabalhado em sala de aula. Visto que, é fundamental para os alunos ter conhecimento sobre ecologia, ecossistema, preservação das espécies, economia e cultura, a fim de garantir a valorização da cultura tradicional da região e perceber que faz parte do seu meio social.

29

VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALLUT, Antônio. G. Conhecimento dos especialistas e seu papel no desenho de novas políticas pesqueiras. Anais do VIII Congresso de Antropologia. p.83, 1999. Disponível em:http://nupaub.fflch.usp.br/sites/nupaub.fflch.usp.br/files/color/allut.pdf>. BAPTISTA, Geilza C. S. Importância da Demarcação de Saberes no Ensino de Ciências para a Sociedade Tradicionais. Ver. Ciências & Educação, v. 16. n. 3, p. 679- 694. 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ciedu/v16n3/v16n3a12.pdf>. BIESDORF, Rosane, Kloh. O Papel da educação Formal e Informal: Educação na escola e na sociedade. Itinerarius Reflectionis. Rev. Eletrônica do Curso de Pedagogia. Vol. 1 n, 10, p. 2, 2011. BOTELHO, R.O.; ANDRADE, C.E.R. & SANTOS, M.C.F. Estudo da População de Aratiu-do-Mangue Goniopsis cruentata (Latraille, 1803) (Crustacea, Decapoda, Grapsidae) no Estuário do Rio Camaragibe (Alagoas – Brasil) Boletim TécnicoCientífico do CEPENE, 12 (1): 91-98, 2004. BRASIL. Decreto n.°13.468, de 21 de janeiro de 1993. Institui a Área de Proteção Ambiental do Litoral Sul do Estado de Sergipe. Governo de Sergipe. SE. Disponível em: http://www.semiarido.org.br/UserFiles/file/decreto13468.pdf>. BRITO, Ronan R. C. & MENEZES, E. Memórias dos Projetos de Gestão dos Recursos Ambientais do Baixo Sul: Diálogos entre Natureza, Sociedade e Academia. 2012. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/ri/.../ri/.../obra_completa_repositorio_ufba.pdf>. CASTRO, E.; PINTON, F. (Orgs.). Faces do trópico úmido: conceitos e questões sobre desenvolvimento e meio-ambiente. Belém: Editora Cejup, p. 165. 1997. CHASSOT, Attico. Alfabetização Cientifica: questões e desafios para a educação. 4. ed.Ijui: Uniui, p. 211. 2006. COSTA, Aderval F. et. al., Comunidades Tradicionais e as Políticas Públicas. (2004). Disponível em: http://www.mds.gov.br/backup/arquivos/oficinas-deconstrucao-da-politica-de-desenvolvimento-sustentavel-para-os-povos-e-comunidadestradicionais.pdf>. DIEGUES, Antonio C. O mito moderno da natureza intocada. 4ª ed. São Paulo: Hucitec; Núcleode Apoio à Pesquisa sobre Populações Humanas e Áreas Úmidas Brasileiras, USP, 2004. FREITAS, Simone T. et. al., Conhecimento Tradicional das Marisqueiras de Barra Grande, Área de Proteção Ambiental do Delta do Rio Parnaíba Piauí, Brasil. 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/asoc/v15n2/06.pdf>. GASPAR, Alberto. A educação Formal e a Educação informal em Ciências. História em revista. Rio de Janeiro: Ed. Cidade Cultural. 1990. IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Instrução Normativa n° 83, jan. de 2006. IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Documento legal. (1992). Disponível em: http://www.rnambiental.com.br/rndownloads/portarias/37.pdf>. JÚNIOR, Roberto C. B. Camarões Marinhos Reprodução, Maturação e Larvicultura. V.1.Ed. Aprenda Fácil. Viçosa. MG. 2001. LEEB, Humberto. Porto do Mato: Santa Desobediência. Ed. Brasiliense S.A. São Paulo. P. 76- 77, 133. 1986.

30

LIBÂNEO, José Carlos. A didática e as tarefas do professor. 29° Ed. São Paulo: Cortez, p.70, 1994. OLIVEIRA, Márcia, D, et. al. Espécies Aquáticas Exóticas. Pesca e Piscicultura no Pantanal. Embrapa. Brasília, DF. p.187,2014 OLIVEIRA, Isabela B et al. Efeito do período chuvoso na extração do molusco bivalve Anomalocardia brasiliana (Gmulin, 1791). Rev. Brasileira de Ciências Agrária, vol. 9, n° 1, p 142. 2014. OSINSKI, Dulce Regina Baggio. Arte História e ensino: uma trajetória. 2º ed. São Paulo: Cortez, 2002. QUEIROZ, Ricardo M. et. al., A Caracterização dos Espaços não Formais de Educação Cientifica para o Ensino de Ciências. Rev. Arete. Manaus. V.4.n 7.p.1223.2011. Disponível em: http://www.revistas.uea.edu.br/download/revistas/arete/vol.4/arete_v4_n07-2011-p.1223.pdf> RIBEIRO, D. Suma Etnobotânica Brasileira. In: SIQUEIRA, Andre B. Aproximações da Etnobiologia com a Educação Básica. Disponível em: http://www.anpae.org.br/simposio2011/cdrom2011/PDFs/trabalhosCompletos/comunic acoesRelatos/0052.pdf>. ROSA, Ricardo de Sousa, et al. Aspectos socioeconômicos, percepção ambiental e perspectivas das mulheres marisqueiras da Reserva de desenvolvimento Sustentável Ponta do Tubarão (Rio Grande do Norte, Brasil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm>. SANTʾANNA, Bruno. S. Biologia Reprodutiva do Caranguejo-UÇÁ, Ucides cordatus (Linnaeus, 1763). 2006. 22 f. Dissertação (Mestre em Aquicultura e Pesca). Instituto de Pesca, Iguape, SP, 2006. SANTOS, Maria do Carmo F. et. al., Sinopse de informações sobre a Biologia e Pesca do Camarão-Branco, Litopenaeus schmitti (Burkenroad, 1936) (Crustacea, Decapoda, Penaeidae, no Nordeste do Brasil. 2007. Disponível em: www4.icmbio.gov.br/cepene/modulos/boletim/visualiza.php?id_arq.>. SANTOS, Wildson. L. P. Educação científica na perspectiva de letramento como prática social: funções, princípios e desafios. Revista brasileira de educação. V: 12. n 36, 2007. SILVA, Tomaz, T. Alienígenas na Sala de Aula: Uma introdução aos Estudos Culturais em Educação. Petrópolis, RJ: Vozes, p. 68-69. 2011. SERGIPE. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sergipe>. SOUZA, Bruna B (2012). A relevância da gestão sustentável: um estudo do Planejamento estratégico e do Gerenciamento de riscos como Fatores de Planejamento Ambiental. Disponível em: http://congreso.pucp.edu.pe/iberoamericano-contabilidad/pdf/021.pdf>. VIEIRA & LIMA Um novo olhar para a extensão pesqueira: gênero na prática organizativa das mulheres marisqueiras. In: DIAS, Thelma L. P. et. al., Aspectos socioeconômico, percepção ambiental e perspectivas das mulheres marisqueiras da Reserva de desenvolvimento Sustentável Ponta do Tubarão (Rio Grande do Norte, Brasil). Gaia Scientia, 2007. Disponível em: http://www.ies.ufpb.br/ojs/index.php/gaia/article/viewFile/2225/1953.pdf>.

31

A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO TRADICIONAL DAS MARISQUEIRAS PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA NO POVOADO PORTO DO MATO- ESTÂNCIA/SE VII- APÊNDICE 01 – ROTEIRO DO QUESTIONÁRIO: Diagnóstico do Povoado Porto do Mato/SE Entrevista para os moradores da comunidade: marisqueiras, pescadores e comerciantes. 1. Identificação Data: _____/_______/_____ Idade: _______ Estado Civil: ________________Onde nasceu: ___________________ Profissão: __________________

N° de filhos: _____________________________

2. Aspecto histórico e estrutura do Povoado Porto do Mato Como era a vida da população no povoado antes dos anos 80? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Que mudanças ocorreram na comunidade que modificou a vida da população local? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 3. Educação Tem escola no povoado? ( ) Sim ( ) Não Quantas? _________________________ 4. Atividade pesqueira Sobre o recurso pesqueiro: que espécies são atualmente mais capturadas pelos pescadores e marisqueiras? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________

Dentre esses produtos, quais são:

32

A) Comercializados __________________________________________________ B) Consumidos _____________________________________________________ 5. Formas de organização Qual (is) forma (as) de organização (ões) (Associação, Cooperativa, Colônia de Pescadores) há no povoado? ______________________________________________________________________ Como esse tipo de organização se formou na comunidade? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ O resultado dessa organização (ões) (Associação, Cooperativa, Colônia de Pescadores) está sendo positiva ou negativa para os trabalhadores no povoado? ______________________________________________________________________ 6. Dificuldades

Quais os maiores problemas existentes em relação à captura das espécies exploradas e ao manguezal atualmente? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Há fiscalização sobre os recursos pesqueiros? IBAMA? (

) Sim

( ) Não

7. Expectativas O que você acha importante para melhorar as condições dos moradores da comunidade? ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________

33

VIII- APÊNDICE 02 – ROTEIRO DA ENTREVISTA COM AS MARISQUEIRAS Conhecimento informal sobre as espécies capturadas 1. Identificação Data: _____/_______/_____ Tempo de Profissão: __________________

N° de filhos: ___________________

2. Educação Sobre o nível de escolaridade: ( ) Não alfabetizada ( ) Até o 5° ano do Ens. Fund. (

) Até o Ens. Médio.

3. Profissão Em que ano entrou na Associação? E quais os benefícios que a Associação das marisqueiras trouxe para a comunidade? ______________________________________________________________________ A Associação das marisqueiras costuma realizar reunião:

(

) semanalmente

(

) mensalmente

(

) outros ______________________

Já participou de algum curso na qual puderam aprender novas maneiras de utilizar o marisco capturado?

(

)Não

(

) Sim

Qual? ______________________

Durante o mês quantas vezes vão ao mangue realizar a captura? ( ) 1 vezes por semana

( ) 2 vezes por semana

(

) mais de 2 vezes por semana

4. Biologia das espécies

Quais espécies costumam capturar? (

) caranguejo- Ucides cordatus

(

) aratu- Goniopsis cruentata

34

(

) camarão - Litopenaeus schimitti

(

) sururu -Mytella guianesis

(

) siri- Callinectes sp.

(

) maçunim - Anomalocardia brasiliana

Em relação às espécies capturadas relate sobre a época de sua reprodução: A) caranguejo- Ucides cordatus ________________________________________________________________ B) camarão - Litopenaeus schimitti ________________________________________________________________ C) siri- Callinectes sp. ________________________________________________________________ D) sururu -Mytella guianesis _______________________________________________________________ E) maçunim - Anomalocardia brasiliana _______________________________________________________________ F) aratu- Goniopsis cruentata ________________________________________________________________

Em que local esses animais vivem? ______________________________________________________________________ Qual a dieta (alimentação) desses animais? A) caranguejo- Ucides cordatus ________________________________________________________________ B) camarão - Litopenaeus schimitti ________________________________________________________________ C) siri- Callinectes sp. ________________________________________________________________ D) sururu -Mytella guianesis _______________________________________________________________

35

E) maçunim - Anomalocardia brasiliana _______________________________________________________________ F) aratu- Goniopsis cruentata ________________________________________________________________ 5. Dificuldades Quais as dificuldades ao capturar as espécies? ______________________________________________________________________ 6. Meio Ambiente Qual o processo da retirada da carne do marisco e onde são jogados os restos que não são aproveitados? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Qual o papel dos mariscos para a natureza? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Qual a importância do mangue? ___________________________________________ Quais os animais que predam as espécies capturadas? ______________________________________________________________________ Existe alguma técnica para aumentar a produtividade dos mariscos? ( ) Sim ( ) Não Qual? _________________________________________________________________ O que pode ser feito para manter o habitat destes mariscos em equilíbrio? _____________________________________________________________________

36

IX- APÊNDICE 03 – ROTEIRO DA ENTREVISTA COM AS PROFESSORAS E ALUNOS 1. Identificação Data: _____/_______/_____

Tempo de Profissão: __________________

2. Formação (

) graduação em: __________________ (

) pós- graduação

3. Comunidade escola Nome da escola: _________________________________________________________ Turma: _________________ Disciplina: ________________________ 4. Educação Formal De que forma é trabalhado o ensino de Ciências e Biologia em sala de aula? ( ) pesquisa

( ) debate

( ) aulas práticas

( ) projetos escolares sobre Meio Ambiente

( ) seminários ( ) outros

Quais: _____________

Quais recursos são utilizados nas aulas de Ciências e Biologia? ( ) livro didático

( ) computador

( ) datashow

( ) outros

Quais: _________

5. Educação Informal Nas aulas de Ciências e Biologia foi trabalhado o conhecimento tradicional das marisqueiras? ( ) Sim ( ) Não 6. Dificuldade Quais dificuldades se têm ao ensinar a disciplina de Ciências ou Biologias? ____________________________________________________________________

37

Questionário para os alunos 1. Identificação Data: _____/_______/_____

Idade: _____

Turma: ___________

2. Ensino de Ciência e Biologia Qual a importância do ensino de Ciências e Biologia para você? ______________________________________________________________________ 3. Educação Formal De que forma é trabalhado o ensino de Ciências e Biologia em sala de aula? ( ) pesquisa

( ) debate

( ) aulas práticas

( ) projetos escolares sobre Meio Ambiente

( ) seminários ( ) outros

Quais: _______________________________________________________________ Quais recursos são utilizados nas aulas de Ciências e Biologia? ( ) livro didático

( ) computador

( ) datashow

( ) outros

Quais: ______________________________________________________________ 4. Educação Informal Nas aulas de Ciências e Biologia já foi trabalhado o conhecimento tradicional das marisqueiras? (

) Sim

(

) Não

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.