A IMPORTÂNCIA DOS TESTES ABC DE LOURENÇO FILHO PARA OS AVANÇOS NA EDUCAÇÃO DO BRASIL

July 24, 2017 | Autor: Alanna Oliveira | Categoria: História da Educação no Brasil
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Presidente da República Dilma Vanna Rousseff Ministro da Educação Aloizio Mercadante Universidade Federal do Ceará REITOR Prof. Jesualdo Pereira Farias VICE-REITOR Prof. Henry Campos Conselho Editorial P RESIDENTE Prof. Antônio Cláudio Lima Guimarães CONSELHEIROS Profa Adelaide Maria Gonçalves Pereira Profa Ângela Maria Mota Rossas de Gutiérrez Prof. Gil de Aquino Farias Prof. Italo Gurgel Prof. José Edmar da Silva Ribeiro Diretor da Faculdade de Educação Maria Isabel Filgueiras Lima Ciasca Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira Enéas Arrais Neto Chefe do Departamento de Fundamentos da Educação Adriana Eufrásio Braga Sobral Série Diálogos Intempestivos C OORDENAÇÃO E DITORIAL José Gerardo VasconceloS (EDITOR-CHEFE) Kelma Socorro Alves Lopes de Matos Wagner Bandeira Andriola

C ONSELHO EDITORIAL DRa ANA MARIA IÓRIO DIAS (UFC) DRa ÂNGELA ARRUDA (UFRJ) DRa ÂNGELA T. SOUSA (UFC) DR. ANTONIO GERMANO M. JUNIOR (UECE) DRa ANTÔNIA DILAMAR ARAÚJO (UECE) DR. ANTONIO PAULINO DE SOUSA (UFMA) DRa CARLA VIANA COSCARELLI (UFMG) DRa CELLINA RODRIGUES MUNIZ (UFRN) DRa DORA LEAL ROSA (UFBA) DRa ELIANE DOS S. CAVALLEIRO (UNB) DR. ELIZEU CLEMENTINO DE SOUZA (UNEB) DR. EMANUEL LUÍS ROQUE SOARES (UFRB) DR. ENÉAS ARRAIS NETO (UFC) DRa FRANCIMAR DUARTE ARRUDA (UFF) DR. HERMÍNIO BORGES NETO (UFC) DRa ILMA VIEIRA DO NASCIMENTO (UFMA) DRa JAILEILA MENEZES (UFPE) DR. JORGE CARVALHO (UFS) DR. JOSÉ AIRES DE CASTRO FILHO (UFC) DR. JOSÉ GERARDO VASCONCELOS (UFC) DR. JOSÉ LEVI FURTADO SAMPAIO (UFC) DR. JUAREZ DAYRELL (UFMG) DR. JÚLIO CESAR R. DE ARAÚJO (UFC)

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FRANCISCO ARI DE ANDRADE DIJANE MARIA ROCHA VÍCTOR REGINA CLÁUDIA OLIVEIRA DA SILVA O

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EDUCAÇÃO BRASILEIRA: RUMOS E PRUMOS ADRIANA LEITE LIMAVERDE GOMES ALANNA OLIVEIRA PEREIRA CARVALHO ALLES LOPES DE AQUINO ANA PAULA DE MEDEIROS RIBEIRO ANDREA MOURA DA COSTA SOUZA AURICLÉA BARROS PEREIRA BEATRIZ HELENA PEIXOTO BRANDÃO CIRO NOGUEIRA FILHO DIJANE MARIA ROCHA VÍCTOR ELETA DE CARVALHO FREIRE ELIANE DAYSE PONTES FURTADO ENÉAS DE ARAUJO ARRAIS NETO FLÁVIO MUNIZ CHAVES FRANCISCA ELIANA DA SILVA FRANCISCA GERUZA GADELHA FRANCISCA KARLA BOTÃO ARANHA FRANCISCO ARI DE ANDRADE FRANCISCO R. G. ALBUQUERQUE FRANCISCO TIAGO RODRIGUES FREIRE

GISELE PANCOTE DE LIMA BOING JAIZA HELENA MOISÉS FERNANDES JOSÉ ANTONIO GABRIEL NETO JOSÉ ARIMATEA BARROS BEZERRA JOSÉ GERARDO VASCONCELOS JOSÉ ROGÉRIO SANTANA JULIO CESAR VIEIRA LOPES KARLA COLARES VASCONCELOS LARISSE BARREIRA DE MACÊDO SANTIAGO LILIANNE MOREIRA DANTAS MARIA AURILENE DE DEUS M. VASCONCELOS PATRICE ROCHA PINTO RAPHAEL PIRES DE SOUZA REGINA CLÁUDIA OLIVEIRA DA SILVA ROBERTA LÚCIA SANTOS DE OLIVEIRA ROSEANE MARIA DE AMORIM SAMMIA CASTRO SILVA SUELI ÉDI RUFINI TEREZA MARIA DA SILVA FERREIRA

Fortaleza 2013

Educação Brasileira: Rumos e Prumos © 2013 Francisco Ari de Andrade, Dijane Maria Rocha Víctor e Regina Cláudia Oliveira da Silva (Orgs.) Impresso no Brasil / Printed in Brazil Efetuado depósito legal na Biblioteca Nacional TODOS OS DIREITOS RESERVADOS Editora Universidade Federal do Ceará – UFC $YGD8QLYHUVLGDGH%HQ¿FD)RUWDOH]D&HDUi &(3±/LYUDULD  'LUHWRULD   $GPLQLVWUDomR)RQH)D[   6LWHZZZHGLWRUDXIFEU±(PDLOHGLWRUD#XIFEU Faculdade de Educação Rua Waldery Uchoa, No%HQ¿FD±&(3 7HOHIRQHV  ±)D[   'LVWULEXLomR)RQH  ±(PDLODXUHOLRIHUQDQGHV#LJFRPEU 1RUPDOL]DomR%LEOLRJUi¿FD 3HUSpWXD6RFRUUR7DYDUHV*XLPDUmHV±&5% 3URMHWR*Ui¿FRH&DSD &DUORV$OEHUWR$'DQWDV FDUORVDOEHUWRDGDQWDV#JPDLOFRP Revisão Leonora Vale de Albuquerque

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará – Edições UFC

Educação brasileira: rumos e prumos / Francisco Ari de Andrade, Dijane Maria Rocha Victor e Regina Cláudia Oliveira da Silva (Orgs). – Fortaleza: Edições UFC, 2013.  

SLO ,VEQ 1. Educação brasileira I. Andrade, Francisco Ar de II. Vic tor, Dijane Maria Rocha III. Silva Regina Cláudia da IV. Título











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SOBRE OS AUTORES Alanna Oliveira Pereira Carvalho – Mestranda do Programa de 3yV*UDGXDomR HP (GXFDomR %UDVLOHLUD SHOD 8QLYHUVLGDGH )HGHUDO do Ceará na Linha de Pesquisa em Avaliação Educacional. Graduada em Pedagogia (2011) pela Universidade Federal do Ceará. (PDLODODQQDRS#KRWPDLOFRP Alles Lopes de Aquino±0HVWUDQGRGR3URJUDPDHP3yV*UDGX ação da Faculdade de Educação (FACED) da Universidade Estadual GR&HDUi 8)& /LFHQFLDGRHP*HRJUD¿DSHOD8QLYHUVLGDGH(VWDGX al do Ceará (UECE). (PDLODOOHVOD#\DKRRFRPEU Ana Paula de Medeiros Ribeiro – Professora Adjunta do De partamento de Teoria e Prática do Ensino (DTPE), da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará. É graduada em Admi QLVWUDomRGH(PSUHVDV  HHP3HGDJRJLD   (PDLODSPHGHLURVXIF#JPDLOFRP Andrea Moura da Costa Souza – Doutoranda em Educação Bra sileira na Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará, Mestre em Administração pela Universidade de Nancy2 /França 8)0* (PDLODQGLDH#KRWPDLOFRP Auricléa Barros Pereira – Possui graduação em Ciências Reli giosas pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (2003) e curso WpFQLFRSUR¿VVLRQDOL]DQWHSHOD0%/6D~GH/7'$   (PDLODXULFOHD#KRWPDLOFRP Beatriz Helena Peixoto Brandão – Mestranda do Programa de 3yV*UDGXDomRHP(GXFDomR%UDVLOHLUDGD8QLYHUVLGDGH)HGHUDOGR Ceará – UFC. Bacharel em Direito pela UFC. (PDLOEHD#DOXXIFEU Ciro Nogueira Filho – Possui mestrado em Matemática pela 8QLYHUVLGDGH)HGHUDOGR&HDUi  $WXDOPHQWHp$GMXQWR,9GD

A IMPORTÂNCIA DOS TESTES ABC DE LOURENÇO FILHO PARA OS AVANÇOS NA EDUCAÇÃO DO BRASIL Alanna Oliveira Pereira Carvalho Ana Paula de Medeiros Ribeiro

Introdução As formas de avaliação no sistema educacional brasilei URDWXDOUHFHEHUDPLQÀXrQFLDVGRVGLYHUVRVHVWXGRVTXHLQL ciaram nos anos 1920. Os primeiros pensadores que se debru çaram sobre os estudos avaliativos consideravam a atividade de avaliação como uma ferramenta de controle e de seleção, a TXDOH[LJLDPpWRGRVHLQVWUXPHQWRVHVSHFt¿FRV 2SUHVHQWHDUWLJRWHPRREMHWLYRGHSURYRFDUXPDUHÀH xão sobre a atuação da Psicologia Aplicada ao longo da história da avaliação educacional, iniciando pelos estudos de Lourenço Filho. As avaliações educacionais foram, de maneira geral, esta EHOHFLGDVD¿PGHUHVSRQGHUDRVREMHWLYRVWUDoDGRVSDUDXPHQ VLQRHVSHFt¿FReLPSUHVFLQGtYHOPHQFLRQDUFRPRDVRFLHGDGH entendia e estabelecia a educação no contexto dos anos 1920, o TXHVLJQL¿FDDGHQWUDUQDGLPHQVmRVRFLRKLVWyULFDHHFRQ{PLFD A escola como instituição socializadora expressava em seus objetivos e ações delimitações preestabelecidas pelo Es tado. Lourenço Filho, juntamente a alguns visitantes norte DPHULFDQRVHHXURSHXVWURX[HUDPDR%UDVLOLGHLDVLQRYDGR UDV DFHUFD GRV HVWXGRV HP 3VLFRORJLD PDLV HVSHFL¿FDPHQWH em Psicologia Aplicada. Nesse período, a Psicologia tentava se D¿UPDUFRPRFLrQFLDH[SRQGRVXDH¿FLrQFLDSRVLWLYLVWDDWUD vés dos testes e medidas.

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Lourenço Filho admitiu que a Psicologia Aplicada pos VLELOLWDULDjiUHDHGXFDFLRQDOH¿FLrQFLDHTXDOLGDGHQDIRUPD ção dos futuros trabalhadores que a sociedade da época que ULDIRUPDU6HQGRH¿FLHQWHRHQVLQRVHWRUQDULDXPSURFHVVR rápido e de qualidade para o crescimento da mão de obra que a emergente sociedade industrial brasileira precisava, além do que melhoraria o custeamento do dinheiro público ligado DR¿QDQFLDPHQWRHGXFDFLRQDO A partir dos anos 1920, Lourenço Filho lançou nos esta dos paulistas os Testes ABC que avaliavam a maturidade das FULDQoDVD¿PGHPHOKRUHQFDL[iODVHPVDODVKRPRJrQHDVD SDUWLUGRQtYHOGH¿QLGRSHORVWHVWHVIRUWHPpGLRHIUDFR O contexto que Lourenço Filho se deparou com a ide alização dos Testes foi o momento da decadência do ensino tradicional, em que a escola pública estava perdendo seu valor GLDQWHGDVRFLHGDGHHRVDOXQRV¿FDYDPUHSHWLQGRDPHVPD série às vezes mais que duas vezes. Isso além de ser um “gas to” aos cofres públicos, retardava a idade que seria propícia àquela seriação, confrontando com o tempo custeado pelo Es tado na escola. As concepções de escola, sociedade e cultura que Lou renço Filho desenvolveu são imprescindíveis ao entendimen to do que ele queria fazer com a aplicação e a efetivação desses testes nas escolas em massa nas séries iniciais. À época, o Brasil se preparava para a entrada das in dústrias e um novo modelo de vida urbanizado e moderno. Apesar de ter a sua formação e concepções espelhadas em es WXGLRVRVHVWUDQJHLURV/RXUHQoR)LOKRDSUR[LPRXVHGDUHDOL dade brasileira ao se deparar com os problemas educacionais que fora convidado a solucionar.

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Contexto Histórico A importância de se conhecer a história para que nela se possa intervir é fundamental em qualquer área do conheci mento, principalmente na educação. O contexto histórico da educação brasileira nos anos 1920 requer um conhecimento mais aprofundado do que a Histórica traz para que se entendam os objetivos da reno vação educacional de que tanto se falava na época. Segundo 5LEHLUR  pSUHFLVRLQLFLDUSRXFRDQWHVGD5HS~EOLFDH entender que o entusiasmo pedagógico fora vislumbrado pela expansão da rede escolar para a redução do número de anal IDEHWRVQRSDtVHPPHDGRVGRVDQRVGHDTXDQGR se ressaltava a transição para a República. Segundo Aranha (apud 5,%(,52 DLQVLVWrQFLDHPXPHQVLQRYROWDGR para as elites e o descaso com a massa, que aparentemente não exigiria muitas habilidades para lidar com a economia DJUDULRH[SRUWDGRUD GD pSRFD ¿]HUDP GHVVH TXDGUR XPD LQ satisfação daqueles que queriam a modernidade para o país. 0RGHUQLGDGHHVVDTXHUHTXHULDPmRGHREUDTXDOL¿FDGDSDUD as transições econômicas que o mundo preconizava no início da industrialização e consequente urbanização. Eram muitos os que queriam e precisavam da escolariza omR&RQIRUPH5LEHLUR  RVLQGXVWULDLVHPpGLFRVWLQKDP QHODHVSHUDQoDVGHTXDOL¿FDUDPmRGHREUDSDUDHVWDQRYDHFR nomia que estava emergindo e diminuir o descaso com a saúde de uma população doente e “degenerada”. Tais concepções também vieram de uma onda de nacionalismo e patriotismo que emergiu no Brasil com a primeira Guerra Mundial em 1910. Além disso, com a crise do café no país, as oligarquias FDIHHLUDVQmRPDLVSDWURFLQDYDP¿QDQFHLUDPHQWHDVDo}HVGR

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Estado e, neste contexto, a industrialização e a urbanização como consequências tornavam máximas da época. 1RVDQRVMiVHSRGLDPYHUL¿FDUJUDQGHVWUDQVIRU mações nas relações econômicas e sociais, as transações inter QDFLRQDLVQmRHUDPDSHQDVFRPHUFLDLVH¿QDQFHLUDVHUDPGH ideias, culturas e costumes. Os grandes intelectuais brasileiros IRUPDUDPVHIRUDGR%UDVLOHPXQLYHUVLGDGHVHIDFXOGDGHVGH Medicina e Direito. As ideias inovadoras que eles traziam ao %UDVLOHUDPSUDWLFDPHQWHHXURSHLDVHQRUWHDPHULFDQDVGHQ tre elas o ideal da Escola Nova. Vários foram os intelectuais que participaram desta re forma, dentre eles Lourenço Filho, Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, dentre outros. De acordo com Saviani (2011), os ideais de educação e escola trazidos por Lourenço Filho, que havia estudado nas Escolas Normal e Secundária no Brasil, estavam pautados nas concepções que a Psicologia Aplicada WUD]LDSDUDD(GXFDomR¿UPDQGRRSDSHOGRSURIHVVRUFRPR mediador do conhecimento que o aluno, ser ativo e não mais passivo, precisaria experimentar. 1HVWDpSRFDKiTXHVHUHVVDOWDURFDUiWHUFLHQWt¿FRTXH a Psicologia buscava mediante o pensamento positivista. A sua D¿UPDomRHQTXDQWRFLrQFLDHQWUHRVVpFXORV;,;H;;VHJXQ GR 5LEHLUR   H[LJLDOKH FDUDFWHUtVWLFDV UHODFLRQDGDV j REVHUYDomRHjTXDQWL¿FDomRDWULEXWRVHVWHVGRVDVSHFWRVSR sitivistas. Muitas foram as renovações neste campo, de acordo FRP5LEHLUR  GHQWUHHODVDVLGHLDVGHPHGLomRGDFDSD cidade intelectual desenvolvida por Galdon, que preconizou a iniciação dos testes psicológicos utilizados na avaliação esco lar. Os Laboratórios da Europa e América do Norte que alia vam a Psicologia à Psiquiatria, a Escala de Binet relacionando idade mental à cronológica e a ideia das escolas sob medida de

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Claraparède que idealizava classes especiais para retardados e SDUDRVEHPGRWDGRVIRUDPH[SRHQWHVGHVVDLQÀXrQFLD $OpPGLVVR5LEHLUR  UHVVDOWDTXHDVLGHLDVIUHX GLDQDV WUDYDYDP GLVFXVV}HV SURPRYHQGR DV GL¿FXOGDGHV GH aprendizagem com problemas. Revelavam novos caminhos aos encaminhamentos médicos dos alunos que apresentavam problemas com a aprendizagem, uma vez que passaram a não ser mais considerados como meros seres incapazes por des WUH]DItVLFRPHQWDO Segundo Monarcha (2001), Dewey, Montessori e De croly também foram estudiosos que despertaram em Louren ço Filho o espírito da sua “escola nova”. Clarapède e Piéron apresentaram a Lourenço Filho a Psicologia Experimental (ALMEIDA JR apud MONARCHA, 2001), o que fez fortale cer ainda mais o caráter de medição e interdição que os testes psicológicos deveriam ter nos grupos escolares que o Brasil possuía. Neste contexto, é que Lourenço Filho iniciou seus es tudos dos testes e das observações das ações escolares e da UHODomRSURIHVVRUDOXQR

Os Testes ABC de Lourenço Filho O investimento de reconhecer a Psicologia como ciência IH]DGHQWUDUQRPHLRHVFRODUR³HVStULWRFLHQWt¿FR´SRUPHLR da Pedagogia. Segundo Monarcha (2001), o movimento dos testes, disseminado na teorização da Psicologia Aplicada, de senvolveu em seus intelectuais a concepção de que os testes aperfeiçoavam as técnicas de diagnose e predição auxiliando nas práticas escolares. Estava em voga a elucidação da reali dade escolar e articulação ao conceito de rendimento indivi GXDO 021$5&+$S 

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Lourenço Filho divulgou em 1921 os resultados de suas primeiras pesquisas sobre os seus testes aplicados na educa omRHPSDUDOHORjVFRQFHSo}HVQRUWHDPHULFDQDVHHXURSHLDV que se traziam dos testes de medida (AZEVEDO apud MO NARCHA, 2001, p.11). Os testes desenvolvidos por Lourenço Filho eram mais apurados do que aqueles que levavam em consideração ape nas a inteligência do aluno diante da sua idade mental e cro QROyJLFD6HJXQGR/RXUHQoR)LOKR 1), a relação de pes quisas americanas à inteligência (testes comuns) e o resultado da aprendizagem nas classes elementares mostram que a cor relação entre inteligência e leitura variava para os diferentes DXWRUHV DOpP GLVVR D YDULiYHO 4XRH¿FLHQWH GH ,QWHOLJrQFLD (QI) nada ou quase nada discriminava na leitura. Crianças FRP 4, EDL[R DSUHVHQWDP PDLV H¿FLrQFLD QD OHLWXUD GR TXH as de QI alto. Quanto à escrita não havia correlação tal qual na leitura. De certo modo, Lourenço Filho traduziui a impor WkQFLDGHVHWHUXPWHVWHTXHSXGHVVHDX[LOLDUH¿FD]PHQWHQD relação ensino e aprendizagem da leitura e escrita. Pioneiro nas ideias que trouxera dos testes ABC, Lou renço Filho abriu mão dos testes comuns submetidos na Amé ULFDGR1RUWHH(XURSDHODQoRXVHQDEXVFDGDPHGLomRGD maturidade das crianças, e não da inteligência, para o ensino de leitura e escrita. Esta pesquisa iniciou avanços nos proces sos de formação e crescimento da escola bem como dos ques tionamentos acerca do futuro que se projetava para aquele aluno considerado como baixo ou “problema”. Lourenço Filho (apud SGANDERLA & CARVALHO   VDELD TXH JHUDULD DWLWXGH GH GHVkQLPR QDV FULDQoDV 1(VWHDQRGHUHIHUrQFLDGHID]DHGLomRGRV7HVWHV$%&TXHVXEVFUHYHPR3UHIiFLR GR/LYUR1DV5HIHUrQFLDV%LEOLRJUi¿FDVGHVWHDUWLJRDVVLPHVWi/285(1d2), /+20DQXHO%HUJVWURP7HVWHV$%&HG6mR3DXOR0HOKRUDPHQWRVS

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menos amadurecidas, mas aproveitaria os mais capazes na habilitação mais rápida da produção social. A “lei” de Louren oR )LOKR HUD D REWHQomR GD H¿FLrQFLD FRQFHLWR EDVWDQWH XWL lizado na era industrial. Bobbitt (ano, apud 0(//2   colocava o currículo como um conjunto de resultados que a escola deveria obter, idealizando o mesmo sistema utilizado pela indústria. A sociedade da época buscava aqueles que se destaca riam em meio a competências e habilidades que precisavam desenvolver em face da moderna economia. Era preciso inves WLUQDHGXFDomRGHPDVVDHQDHGXFDomRGRV¿OKRVGRVVHQKR res burgueses, mais uma vez. Infelizmente, a tendência destes testes quando se articulavam ao rendimento individual acaba vam por caracterizar um tipo de aluno ideal ou padrão. Mas a concepção de Lourenço Filho era outra, avaliar por meio do teste para ter conhecimento, segregar as classes e intervir di retamente no problema. 6HJXQGR0HOOR  RDOXQRSDVVRXDVHUH[DPLQD do para se conhecer, ser conhecido por outros e custar menos ¿QDQFHLUDPHQWHDRVFRIUHVS~EOLFRV(QYROYHQGRDtDUHOHYkQ FLDGR¿QDQFLDPHQWRjTXHOHVTXHGHIDWRWLQKDPFDSDFLGDGHV e competências de se aprender mais, além do conhecer para poder intervir pedagogicamente. 2V7HVWHV$%&GHPRQVWUDPDH¿FLrQFLDTXH/RXUHQoR )LOKR   EXVFDYD WDQWR SDUD R GLDJQyVWLFR FRPR SDUD R prognóstico depois da hipótese de índice de maturidade ne cessário ao desenvolvimento da leitura e escrita. A sua inter venção educacional além de estar relacionada à Psicologia es tava aliada às renovações econômicas e necessidades sociais que nasciam daquele despertar industrial. O conhecer estava UHODFLRQDGR D LGHQWL¿FDU HP TXH QtYHO GH PDWXULGDGH SDUD

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o aprendizado da leitura e escrita o aluno estava. Depois de LGHQWL¿FiOR H FODVVL¿FiOR VHULD GLUHFLRQDGR D XPD VDOD GH DXOD HVSHFt¿FD RQGH H[LVWLVVHP DOXQRV GH PHVPR QtYHO SDUD que a professora pudesse intervir de forma mais consciente e unânime, até mesmo facilitando o seu trabalho docente. Mas será que essa divisão não seria uma maneira de segregar os tipos de mão de obra? Uma das funções da educação é tornar QRV GLIHUHQWHV XQV GRV RXWURV D VRFLDOL]DomR SOHQD GHYHULD corresponder à individuação plena (CROCHIK & CROCHIK  S  $ FRPSHWLomR YLULD D VHU WtSLFR GD FXOWXUD LQ GXVWULDOTXHFRPHoDUDDÀRUHVFHUVRFLDOPHQWH$YDOLGDGHGR outro se media pelas suas individualizações, logo a educação VHULDSULPRUGLDOQDFODVVL¿FDomRGHVWDPHGLGDQmRVHSRGHULD agregar valores sociais que não o fossem dantes agregados à escola. &RQWXGRRV7HVWHV$%&GH/RXUHQoR)LOKR  WLQKD XPD SULPHLUD ¿QDOLGDGH HP GHFRUUrQFLD GD PHGLGD GD PD turidade: a redução da reprovação dos alunos nas primeiras séries de ensino, auxiliando tanto no andamento do desenvol vimento do próprio aluno como no resgate de verbas públicas XWLOL]DGDV UHSHWLGDPHQWH SDUD R PHVPR ¿P $R GLPLQXLU DV repetências nas primeiras séries de ensino, Lourenço Filho já estabelecia os critérios de organização das classes escolares. 6HJXQGR6JDQGHUODH&DUYDOKR  WRPDQGRFRPREDVHDV classes paralelas de Clarapède, Lourenço Filho subdivide cada classe em uma forte para inteligentes e outra fraca para o que WHPGL¿FXOGDGHGHVHJXLU$VVDODVRUJDQL]DGDVGHDFRUGRFRP a seleção de nível do aluno eram vistas como um instrumento H¿FLHQWH GH UiSLGDSURGXomRDOpPGREDL[RFXVWRWUDoDQGR PDLV XPD YH] D H¿FLrQFLD LQGXVWULDO Mi WUD]LGD QR FXUUtFXOR por Bobbitt.

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/RXUHQoR )LOKR   GLYLGLD DV FODVVHV HP WUrV Qt veis: fortes, médios e fracos. Os primeiros podiam apresen tar a leitura e escrita consolidada, já no primeiro semestre do ano letivo, os segundos ao término de um ano inteiro e os últimos precisavam de acompanhamento ou até mesmo di recionamento a um acompanhamento médico diante do seu SUREOHPDRXGL¿FXOGDGH'HVVDIRUPDMipSRVVtYHOHQWHQGHU FRPR RV FXVWRV GH ¿QDQFLDPHQWR S~EOLFR VHULDP UHGX]LGRV principalmente quando comparados à diminuição dos anos de repetência por aluno. $V YiULDV H[SHULrQFLDV TXH /RXUHQoR )LOKR   FR locava em seu livro possibilita perceber que o problema da repetência seria sanado através dos testes, do remanejamento das classes homogêneas. No entanto, a consolidação da lei tura e escrita para ele fora explanada de forma a evidenciar a sua preocupação maior com a estrutura formal e técnica dessa habilidade e não tanto funcional. Maturação para quê? Conforme vimos, pela análise anterior: a) para a coordenação de movimentos em ge UDOHSDUWLFXODUPHQWHGDFRRUGHQDomRYLVXDOPRWUL]H DXGLWLYRPRWUL]TXHFRQGLFLRQDDFRQGXWDGDFySLDGH ¿JXUDVHDFDSDFLGDGHGHSURODomRE GDTXHFRQGLFLRQH a resistência à tendência de inversão na cópia dessas ¿JXUDVHUHVLVWrQFLDjHFRODOLDQDOLQJXDJHPRUDOF GD que permita resistência à fadiga e, assim, um mínimo GHDWHQomRGLULJLGDG GDTXHIDFLOLWHDPHPRUL]DomR YLVXDOHDXGLWLYDSDUD¿JXUDVSDODYUDVRXIUDVHVSRQ to inicial de todos os processos didáticos correntes na DSUHQGL]DJHPGDVWpFQLFDVFRQVLGHUDGDV /285(1d2 ),/+2S 

É possível notar que Lourenço Filho colocava a impor tância da maturidade mais do que a idade mental ou cronoló gica, pois os objetivos a se atingirem são dependentes do nível

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de maturidade que a criança possui, para isso se baseava nos níveis de maturação que Gestalt (apud /285(1d2 ),/+2  HPSUHJDYDFRPRDDTXLVLomRGHQRYRVFRPSRUWDPHQ tos de crescente discriminação conhecidos em seus trabalhos psicológicos desenvolvidos. No quadro abaixo, retirado da quinta edição dos Testes $%& /RXUHQoR )LOKR  S  UHODFLRQD DV DQiOLVHV H RV testes adotados:

&RRUGYLVXDOPRWRUD

7HVWH  FySLD GH ¿JXUDV  WHVWH  UHSUR GXomRGHPRYLPHQWRV WHVWH UHFRUWHHP papel).

2. Resistência à inversão na 7HVWH  UHSURGXomR PRWRUD H JUi¿FD GH FySLDGH¿JXUDV movimentos). 3. Memorização visual

7HVWH  GHQRPLQDomR GH  ¿JXUDV DSUH sentadas, em conjunto, por 30’’).

&RRUG$XGLWLYR0RWRUD

Teste 6 (reprodução de polissílabos não usuais).

&DSDFLGDGHGHSURODomR 7HVWHVH UHSURGXomRGHSDODYUDVXVX 6. Resistência à ecolalia ais e não usuais). 0HPRUL]DomRDXGLWLYD

7HVWH  UHSURGXomR GH SDODYUDV GH XVR corrente).

7HVWH  SRQWLOKDomR HP SDSHO TXDGULFX ËQGLFHGHIDWLJDELOLGDGH lado). 7HVWH UHFRUWHGHSDSHO  7HVWH  GHQRPLQDomR GH ¿JXUDV  WHVWH  9. Índice de atenção diri UHSURGXomR GH QDUUDWLYD  WHVWH  UHFRU gida WH WHVWH SRQWLOKDomR  7HVWH  GHQRPLQDomR GH ¿JXUDV  WHVWH  10. Vocabulário e compre UHSURGXomR GH XPD QDUUDWLYD  WRGDV DV ensão geral provas, pelo que envolvem de execução a uma ordem dada.

1RWDVHTXHRVRLWRWHVWHVDYDOLDWLYRVSUHWHQGLDPYHUL¿ car mais de uma análise, pontuando a agilidade da aplicação

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H R FXVWR WHPSR¿QDQFHLUR /RXUHQoR )LOKR   D¿UPDYD TXHRWHVWHOHYDYDHPWRUQRGHPLQXWRVSRUDOXQRSRGHQGR ser realizado em um dia por uma professora apenas. Além dis VRXWLOL]DYDLQVWUXPHQWRVEiVLFRVFRPRDOJXPDV¿JXUDVIR lhas, lápis e tesoura, recursos materiais que toda escola teria e seriam utilizados de maneira econômica. Um dos critérios para os Testes ABC é que eles deveriam ser feitos individual mente para que a aplicadora (professora) pudesse se concen trar e conhecer individualmente seus alunos. Nas edições que se publicaram dos Testes ABC todos continham a teorização dos conceitos pedagógicos e psico lógicos trazidos por Lourenço Filho para que se pudesse en tender a importância e aplicabilidade do teste, bem como um *XLDGH([DPHHPTXHPRVWUDYDVHSDVVRDSDVVRDDSOLFDomR do teste. Muitos autores criticam a maneira “disciplinadora” como o aplicador deveria se comportar, no entanto essa pos tura era essencial na consideração do resultado do teste, pois ser levadas em consideração somente as respostas dos alunos sem uma intervenção ou má aplicação do professor. Um passo fundamental na caracterização das avaliações que posterior mente seriam disseminadas em larga escala pelo Estado. Não há como não considerar os avanços que Lourenço Filho trouxera com esta atividade avaliativa, em que se pon WXDYDH¿FLHQWHPHQWHFDGDDOXQRHPVHXQtYHOGHPDWXULGDGH DOpPGHEHQH¿FLDURHVWDGRHDVIDPtOLDVQDQmRUHWHQomRGRV alunos nas séries iniciais do ensino.

As Contribuições dos Testes ABC para a Educação As contribuições dos testes ABC foram mais do que apenas DHFRQRPLDHH¿FLrQFLDGDVQmRUHSURYDo}HVQDVVpULHVLQLFLDLV

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pois denotou à alfabetização um caráter psicológico dantes não observado. Mortatti apud6JDQGHUODH&DUYDOKR  PRVWUD que a preocupação da alfabetização como objeto de estudo se GHXHPTXDWURPRPHQWRVHVSHFt¿FRVRQGHRWHUFHLURVHID]LD por meio dos Testes ABC. O primeiro momento se deu início da GpFDGDGHFRPDPHWRGL]DomRGRHQVLQRGDOHLWXUDHHVFUL ta, em que na leitura se utilizavam os métodos da soletração/ alfabético, fônico e da silabação e a escrita se dava por meio da FySLDGLWDGRIRUPDomRGHIUDVHV GHVHQKRFDOLJUD¿DRUWRJUD¿D  dado como a tríade da escrita. O segundo momento se deu com D LQVWLWXFLRQDOL]DomR GR PpWRGR DQDOtWLFR QRUWHDPHULFDQR  princípios didáticos de uma nova concepção de criança – início pelo “todo” para analisar as partes constitutivas, teve como mo GHORD(VFRODPRGHORGD(VFROD1RUPDOGD3UDoDHP6mR3DXOR O terceiro momento se deu com a discussão psicológica sobre a alfabetização. Tendo como culminância os testes ABC, que determinavam o nível de maturidade da criança para agrupamento em classes homogêneas para alfabetização. O TXDUWRPRPHQWRTXHVHLQLFLRXQDGpFDGDGHHYLYHQFLD mos atualmente é o do construtivismo e desmetodização, no qual partimos dos traços da psicogênese da leitura e escrita SDUD)HUUHLUR 7HEHURVN\ 'HVWDIRUPDSHUFHEHVHTXHDDOIDEHWL]DomRQDFXOPL QkQFLDGRV7HVWHV$%&SURMHWRXVHQRSDtVFRPRXPDKDELOL dade em que a maturidade da criança seria levada em conta mais do que a idade cronológica tão somente, como o era no LQtFLRGDGpFDGDGH$OpPGLVVRRVWHVWHVPRWLYDUDPQR vas pesquisas às ideias de Lourenço Filho. Lourenço Filho (apud6*$1'(5/$H&DUYDOKR  S GHVWDFDTXHVHXVWHVWHVGHUDPVXEVtGLRVDQRYRVHVWXGRV e que estes se dividiam em quatro categorias:

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[...] os que apenas mencionam os Testes ABC como úteis, ou divulgam os resultados de sua aplicação, dis cutindo questões de aferição e validade de seu teste por RXWUDVSHVVRDVRVTXHWrPXWLOL]DGRRV7HVWHV$%&GH base para investigações relativas a condições de saúde HVXEQXWULomRSHUWXUEDGRUDVGDDSUHQGL]DJHPRVTXH consideram os testes como instrumento propedêutico em psicologia clínica, isto é, útil à caracterização pre liminar de casos de crianças com maiores problemas GH DMXQWDPHQWR H SRU ¿P HVWXGRV TXH DQDOLVDP RV fundamentos teóricos gerais da hipótese que os Testes ABC propuseram.

Dessa forma, podemos atribuir aos Testes ABC uma importância sem igual ao que se pretendia como aluno quali ¿FDGRSDUDRVLVWHPDVRFLDOHHFRQ{PLFRDWpHQWmRGHVHQYRO YLGR'HWHUPLQiORVFRPRSRVLWLYRVRXQHJDWLYRVLQIHUHXPD critica sem fundamentação de tempo e espaço, pois há que se considerar tudo o que até agora o fora em detrimento ao contexto histórico, social e econômico que se tinha e precisa va responder. As ideias de Lourenço Filho subsidiaram pes TXLVDVTXHHGL¿FDUDPRVFRQFHLWRVGHDYDOLDomRHGXFDFLRQDOH suas técnicas desde os anos 1930. Apesar de o seu crescimento ter sido mais bem observado nos anos 1990 quando agências de fomentos internacionais viabilizaram as avaliações como instrumentos de medida aos resultados obtidos. 3DUD D VXD pSRFD /RXUHQoR )LOKR  S  UHWUDWD vários e inúmeros benefícios sociais gerados pelos testes: 3ULPHLURHPUHODomRjPDLRUFRQ¿DQoDQDHVFRODS~EOL ca, por parte dos pais: as escolas puderam ensinar mais, em menor prazo. Depois, em relação a melhor critério de julgamento do trabalho docente, por parte da admi nistração: sabendo que material humano recebeu cada mestre, pôde a administração avaliar com mais justiça do esforço real de cada docente. Ainda depois em relação

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ao estudo objetivo das crianças: a seleção dos alunos veio permitir melhor compreensão das capacidades de aprendizagem dos alunos e tratamento menos empírico de cada grupo homogêneo.

A credibilidade da escola pública estava em baixa, pois as taxas de reprovação eram altas, com a aplicação dos testes H UHRUJDQL]DomR GDV WXUPDV QRWRXVH TXH DV WD[DV GH UHSUR vação diminuíram consideravelmente. O estado em que mais Lourenço Filho teve acesso à aplicabilidade e reorganização GDVWXUPDVIRLRGH6mR3DXORRQGHHUDGLUHWRUJHUDOGRHQVL QRQR(VWDGRHP /285(1d2),/+2S 0DV conseguiu que os testes chegassem a Belo Horizonte e Distrito Federal. Com a boa repercussão que tiveram suas ideias, pesqui VDVHWUDEDOKRV/RXUHQoR)LOKR¿]HUDWDPEpPXPWUDEDOKRGH restauração na educação do Estado do Ceará em 1922. Os tes tes ABC foram utilizados, mas não foram os indicadores mais bem assistidos. A reforma educacional contou mais além, da legislação ao processo seletivo e formação que os professo res primários tiveram de realizar. Segundo Cavalcante apud 5LEHLUR  /RXUHQoR)LOKRDVVXPLXDGLUHomRGD,QVWUX omR 3~EOLFD HP  QR &HDUi H HGL¿FRX HVFRODV DXPHQWRX o número de matrículas, instituiu concurso para professores, DGTXLULXPDWHULDOHVFRODUHFULRXDLQVSHomRPpGLFRHVFRODU Os Testes ABC trouxeram repercussões fundamentais à Psicologia Aplicada relacionada à Educação bem como das ideias propostas pela Escola Nova em face das teorias e au tores estrangeiros. É preciso relembrar que o ensino público começa a se levar em consideração como parte do processo HFRQ{PLFR D SURGXomR UiSLGD H H¿FD] HUDP FRQFHLWRV HP voga. As ideias de Lourenço Filho foram primordiais a esta

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concretização, no entanto, não deixaram de marcar atos e cos tumes pedagógicos. As salas homogêneas foram necessárias para atender ao objetivo de Lourenço Filho naquela determinada ação, tanto é que hoje elas são criticadas e desvirtuadas do mundo pedagó gico, pois as ideias posteriores que foram sendo discutidas atri buíam às salas homogêneas segregação e preconceito. Segundo &URFKLNH&URFKLN  DVFODVVHVKRPRJrQHDVGLVWDQFLDPR convívio entre alunos de desempenhos diferentes, atenuando o preconceito através das ideias imaginárias e do tratamento do docente com relação àqueles que são mais capacitados e àque les que de nenhuma forma conseguirão aprender. É de fundamental importância que entendamos que as classes homogêneas foram nos anos 1920 alvo de triunfos para os objetivos educacionais que se queriam, atualmente es sas classes já não favorecem aos objetivos que se pretendem. A atual intervenção de programas de políticas públicas que atendam o desenvolvimento da criança na leitura e escrita não GHYHHVWUXWXUDUVHHPQtYHLVGHGLVFULPLQDomRRXVHJUHJDomR O desenvolvimento na leitura e escrita são habilidades que sugerem bem mais do que as adequações individuais, requer trato social e interação com os indivíduos e o meio.

Referências &52&+,.-/&52&+,.13HVTXLVDHFRWLGLDQRHVFRODU preconceito e desempenho nas classes homogêneas (escola res)5HYLVWD&LHQWt¿FD6mR3DXORYQS±-XO 'H]  'LVSRQtYHO HP KWWSZZZXQLQRYHEU3')V 3XEOLFDFRHVHFFRVHFFRVBYQHFFRVYQBGSGI! $FHV VRHPMDQ

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/285(1d2),/+20%Testes ABC. HG6mR3DXOR0H OKRUDPHQWRVS

A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NA REDE FEDERAL DE ENSINO: O PROEJA EM SEUS AVANÇOS E RETROCESSOS

MELLO, T. D. de. Os testes ABC: avaliação da aprendizagem escolar nas décadas de 1930 a 1950. Revista Roteiro, Joaçaba, YQSMXOGH]'LVSRQtYHOHPKWWS HGLWRUDXQRHVFHGXEULQGH[SKSURWHLURDUWLFOHYLHZ! Acessado em 21 de janeiro de 2013. MONARCHA, C. Lourenço Filho e a organização da psicologia aplicada à educação. %UDVtOLD,QHS0(& RIBEIRO, A. P. de M. 2VUHÀH[RVGDPHGLFDOL]DomRHSVLFRORgização da educação no currículo e nas formas de avaliar a aprendizagem. Anais do 2o Congresso Internacional de Ava OLDomR (GXFDFLRQDO UHDOL]DGR HP )RUWDOH]D QR DQR GH  ±)RUWDOH]D(G8)&&'URP SAVIANI, D. História das Ideias Pedagógicas no Brasil. 3. Ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2011. 6*$1'(5/$ $ 3 &$59$/+2 ' & GH Testes ABC: D GHIHVD GH XPD EDVH FLHQWt¿FD GD RUJDQL]DomR HVFRODU  'LVSRQtYHO HP  KWWSZZZSRUWDODQSHGVXOFRP EUDGPLQ XSORDGV3VLFRORJLDBGDB(GXFDFDR7UDED OKRBBB7HVWHVB$%&BDBGHIHVDBGHBXPDBEDVHBFLHQ WL¿FDBGDBRUJDQL]DFDRBHVFRODU3')!$FHVVDGRHPGHMD neiro de 2013.

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Alles Lopes de Aquino Lilianne Moreira Dantas Eliane Dayse Pontes Furtado

Introdução Este artigo foi construído em um momento de muitas indagações, buscas de respostas e está circunscrito ao período que vai de janeiro de 2011, ano em que atuei como profes VRU YROXQWiULR QD GLVFLSOLQD GH *HRJUD¿D QR VH[WR VHPHVWUH do curso de Telecomunicações do Programa Nacional de In WHJUDomRGD(GXFDomR3UR¿VVLRQDOFRPD(GXFDomR%iVLFDQD Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA) no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, Campus Fortaleza, até abril de 2013, data que marca o início de minha pesquisa de campo para a consecução do curso de Mestrado em Educação Brasileira da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará – FACED/UFC. Devido às circunstâncias de sua escrita, ele não traz em si a proposição GHUHVSRVWDVWHQGRFRPR¿QDOLGDGHSULQFLSDOWHFHUDOJXPDV considerações colhidas na experiência relatada bem como no confronto com as leituras de alguns trabalhos que versam so bre o tema, sobretudo, da proposta de inclusão da Educação de Jovens e Adultos no âmbito da Rede Federal de Ensino, particularmente na unidade escolar mencionada. &ULDGRSHOR'HFUHWR)HGHUDOGHGHMXQKRGH R3URJUDPD1DFLRQDOGH,QWHJUDomRGD(GXFDomR3UR ¿VVLRQDOFRPD(GXFDomR%iVLFDQD0RGDOLGDGHGH(GXFDomR

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