A INDC brasileira: avanço importante, mas modesto, do Brasil no regime climático

June 8, 2017 | Autor: Larissa Basso | Categoria: Climate Change, Environmental Studies, Brazil
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A INDC brasileira: avanço importante, mas modesto, do Brasil no regime climático, por Larissa Basso

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A INDC brasileira: avanço importante, mas modesto, do Brasil no regime climático, por Larissa Basso ' 10/11/2015

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Internacional, Política Externa, Política Internacional, Temas da Nossa Agenda

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Destruction in Brazil: How to downgrade an

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less than four

Desde a ratificação e entrada em vigor da

years, by Paulo

Convenção Quadro das Nações Unidas sobre

Roberto de

Mudança do Clima, as partes reúnem-se em

Almeida

Conferências

Boletim Mundorama – No. 101 – Janeiro/2016

anuais

implementação

dos

para

negociar

compromissos.

a

Essas

reuniões são chamadas de Conferência das Partes (COP, em inglês). Previamente à COP 21, em Paris no final deste ano, os países concordaram em apresentar

suas

Contribuições

Moçambique:

Determinadas

Um Estranho

detalham as intenções de esforços a serem

Silêncio, José

empreendidos

Alejandro

emissões de gases de efeito estufa (GEE). O Brasil

Sebastian

apresentou sua INDC no último 27 de setembro,

Barrios Díaz

na ocasião da Cúpula das Nações Unidas sobre os

Notícias de Angola: as relações políticas entre Angola e Portugal segundo a imprensa portuguesa, por Samuel de Jesus

(INDCs, até

em

2030

inglês),

Nacionais

para

em

reduzir

que suas

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. A INDC brasileira é um avanço em relação aos compromissos e discursos que vinham sendo apresentados pelo país, mas, ao contrário do que diz em seu texto, não é “claramente muito ambiciosa” (Brasil, 2015, p. 02). Na INDC, o Brasil compromete-se a reduzir suas emissões de GEE, em relação aos níveis de 2005, em 37% até 2025 e 43% até 2030, esclarecendo que os valores para 2030 são indicativos. No

Concurso de

esforço de redução estão contemplados todos os

Monografias da

setores econômicos e todo o território nacional, e

União Europeia

entre os GEE cujas emissões devem ser reduzidas

As cidades no coração da governança climática global, por Alberto Luiz Teixeira da Silva e Mercedes Pardo Buendía

estão o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), óxido nitroso (N2O), os perfluorcarbonos (PFCs), hidrofluorcarbonos (HFCs) e o hexafluoreto de enxofre (SF6). O Brasil também esclarece que a implementação de medidas para a redução com a qual se compromete independe da obtenção de ajuda financeira internacional, mas que poderá fazer uso de mecanismos de mercado ou de financiamentos previstos na Convenção para

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A política

alcançar seus objetivos, e que ajuda de países

externa

desenvolvidos, com o intuito de gerar benefícios

independente e

globais, será bem-vinda.

algumas interpretações

Ao detalhar objetivos para setores específicos,

sociológicas

reiterando que o faz com o objetivo de esclarecer

sobre o Brasil:

o compromisso brasileiro apenas, a INDC cita seis:

ecos na

(a)

atualidade, por

biocombustíveis no mix energético brasileiro para

Ana Carolina

aproximadamente 18% do total; (b) alcançar o

Canellas

desmatamento

Brazil-Iran Relations: What to Expect from a Post-Sanctions Era, by Cristine K. Zanella

o

objetivo

de

ilegal

aumentar

zero,

a

parcela

assim

como

de

a

compensação pela supressão legal de vegetação, até 2030; (c) alcançar 45% de energia renovável na matriz brasileira, expandindo as novas fontes renováveis (eólica, solar e biomassa) para entre 28% e 33% do total da matriz energética, a parcela de geração de eletricidade pelas mesmas novas renováveis para pelo menos 23% do total e

Nova geração

obtendo 10% de ganhos de eficiência no setor

de operações de

elétrico; (d) restaurar 15 milhões de hectares de

paz da ONU?,

pastos degradados e integrar pelo menos 5

por Vanessa

milhões de hectares ao sistema lavoura-pecuária-

Braga Matijascic

floresta; (e) implementar novos standards de

Violência e tecnologia: é possível pensar a paz a partir de uma sociologia dos armamentos?, por Alcides E. Peron Opinião Pública e Política Externa no Governo Goulart (1961-

tecnologia limpa e eficiência energética para a indústria, assim como infraestrutura de baixo carbono; (f) aumentar os ganhos de eficiência nos transportes, melhorar a infraestrutura do setor e o transporte público nas áreas urbanas. Em relação aos avanços, é um alento ver o Brasil apresenta uma INDC muito mais de acordo com sua posição no ciclo global de carbono do que o que apresentava desde 2011. Depois de décadas de intransigência em aceitar compromisso de redução de emissões, fundada na posição da heterogênea coalizão G77+China e seu argumento das responsabilidades históricas[1], o Brasil havia avançado em 2009-2010 ao apresentar sua meta voluntária de redução de GEE de 36.1% a 38.9%

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64) – uma

até 2020, em relação aos níveis da projetada curva

entrevista com

de crescimento de emissões (business as usual)[2].

os autores, por

Apesar de ter mantido o compromisso de 2009-

Daniel C. Gomes

2010, nos últimos anos o discurso brasileiro tinha

Interesses e valores na política externa de Obama– uma entrevista com Maria Helena de Castro Santos e Ulysses Teixeira, por Daniel C. Gomes

voltado

a

citar

o

argumento

das

responsabilidades históricas. Com a INDC, o Brasil esclarece que continua a defender o princípio das responsabilidades comuns porém diferenciadas, mas

abandona

a

defensiva

do

argumento

histórico e adota uma postura colaborativa. O estabelecimento da meta em relação a um ano base, 2005, é também positivo, porque dá parâmetros reais para cálculo da redução. Em relação aos compromissos específicos, porém,

How Coherent

há falta de ambição em grande parte deles.

Was Brazil’s

Aumentar a parcela de biocombustíveis no mix

Public Opinion

energético brasileiro para aproximadamente 18%

during the

do total não é ambicioso quando, em 2014, a

Administration

participação da bioenergia (etanol e biodiesel) na

of President

matriz ficou em 17,6% (MME, 2015, p. 25).

João Goulart

Alcançar 45% de energia renovável na matriz

(1961-1964)?, by

brasileira não é desafiador quando a parcela das

Felipe Loureiro,

renováveis foi em média 43,64% entre 2004 e

Adriana Schor &

2014 e em média 45,32% entre 2004 e 2009 (EPE,

Feliciano

2015, p. 24) – tendo diminuído em razão do uso

Guimarães

de preços de derivados de petróleo como medida

As especificidades da Segunda Guerra Mundial e o Japão de Shinzo Abe, por Fernando Horta

econômica

heterodoxa

para

manter

um

crescimento artificial do PIB brasileiro. A produção de energia por meio das fontes eólica, solar e biomassa alcançou 27,9% do total da matriz energética brasileira em 2014 (MME, 2015, p. 20; EPE,

2015,

p.

24),

portanto

aumentar

sua

proporção para entre 28% e 33% do total da matriz energética ou 23% do total de produção de

Revista Austral

eletricidade até 2030 é bastante conservador.

apresenta

Depois de uma década de lutas contra o

chamada de

desmatamento e de retrocessos relevantes em 2013 e 2014, falar em 2030 como marco para

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artigos Émeric Crucé and The 1623 Plan for Global Governance: The Obscure History of Its Reception – an interview with Germán de la Reza, by Leonardo Bandarra

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zerar o desmatamento ilegal ou para compensar pela

supressão

autorizada

de

vegetação

é

lamentável. A meta para agropecuária é boa, e os objetivos para a indústrias e os transportes são positivos, ainda que muito vagos. A INDC não cita as emissões do setor de resíduos, que tendem a aumentar. Não se trata de diminuir a importância da INDC brasileira. A INDC representa uma postura mais engajada do Brasil, um país que tem um papel chave dentro do regime, em relação às mudanças do clima, e é um avanço. Não se pode, porém, exagerar: as metas poderiam ter sido muito

Os 40 anos da

melhores, conforme já apontado em propostas da

Resolução sobre

sociedade civil, como a do Observatório do Clima

Sionismo e

(OC,

Racismo da

concordar com a aceitação do claro retrocesso em

ONU –

relação ao desmatamento, questão em que

entrevista com

havíamos avançado com grande esforço. Com a

os autores, por

INDC avançamos, mas não o suficiente. Seguimos

Leonardo C.

em frente.

Bandarra Why did Brazil vote to brand Zionism a form of Racism?, by Norma Breda dos Santos & Eduardo Uziel Pope Francis and the Challenges of Inter-Civilization Diplomacy – an interview with Boris Vukićević,

2015).

Principalmente,

não

se

pode

Notas: [1] O argumento das responsabilidades históricas coloca

a

responsabilidade

emissões

sobre

os

de

países

redução

de

chamados

desenvolvidos, pois eles teria emitido a maior parte dos GEE hoje concentrados na atmosfera em razão de seu processo de industrialização. A argumento

é

uma

interpretação

radical

do

princípio da responsabilidade comum porém diferenciada. [2] O compromisso de 2009-2010 foi calculado em relação à projetada curva de crescimento de emissões brasileiras. Nesse sentido, foi calculado quanto somariam as emissões brasileiras em

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by Leonardo C.

2020, tendo por base o aumento do PIB. Ocorre

Bandarra

que esse aumento do PIB foi colocado em patamares altos, ou seja, a meta foi “inflacionada” de início. Por isso, se calculada em relação às reais emissões de 2009-2010, a meta de redução representava, na verdade, um aumento. Referências: Brasil

(2015):

Intended

Nationally

Determined

Contribution towards achieving the objective of the United Nations Framework Convention on Climate Change.

Disponível

em

, acesso 29 Set 2015. MME – Ministério de Minas e Energia (2015): Resenha energética brasileira – exercício de 2014. Disponível

em

, acesso 29 Set 2015. EPE – Empresa de Pesquisa Energética (2015): Balanço energético nacional 2015, ano base 2014. Disponível

em

, acesso 29 Set 2015. OC – Observatório do Clima (2015): Proposta para INDC

brasileira.

Disponível

em

, acesso 29 Set 2015.

Larissa Basso –

Instituto de Relações

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Internacionais da Universidade de Brasília. Membro da rede de pesquisa Sistema Internacional no Antropoceno e Mudança Global do Clima ([email protected]).

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