A individualização da espiritualidade como fruto da desfiliação religiosa: os sem religião.

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A individualização da espiritualidade como fruto da
desfiliação religiosa: os sem religião

GODINHO, Jones. A individualização da espiritualidade como fruto da
desfiliação religiosa: os sem religião. Trabalho de Conclusão de Curso de
Pós-graduação em Ciências da Religião. Universidade Cândido Mendes – UCAM,
2015.


RESUMO


Nos últimos anos, percebe-se que uma parcela significativa da população
brasileira se declara não pertencer a qualquer tipo de religião, preferindo
manifestar sua fé ou espiritualidade de forma individual e subjetiva, não
comunitária, isolando-se das instituições religiosas. Esses indivíduos são
chamados pelo IBGE de os 'sem religião', objeto de nosso estudo. Quais as
motivações para esta desfiliação religiosa? Seria resultado de um
descontentamento com suas religiões, ou talvez falta de sentido? Quem são
os atores desse fenômeno: jovens, adultos, idosos? No que acreditam? Esses
questionamentos nortearam a realização desse estudo, bem como tornam-se
nosso problema de pesquisa. Nosso objetivo foi investigar a categoria dos
'sem religião', de forma a articular dados qualitativos que nos permitam
compreender o sentido da crescente falta de identidade religiosa, bem como
as motivações e os impactos causados pela pós-modernidade no comportamento
social e religioso do brasileiro. Para tanto, analisamos os trabalhos de
pesquisadores na área, artigos, livros, ensaios, relatórios, o que
caracteriza nossa pesquisa como bibliográfica. Com nosso trabalho
concluímos que o fenômeno dos sem religião não indica, necessariamente, o
crescimento do ateísmo, antes o rompimento crescente de indivíduos quer com
as instituições religiosas, quer com a religião (doutrina/crenças). Além
disso, a crença em algo transcendente permite que os que creem cultivem
essa crença desligados das instituições religiosas e independentes das
prescrições da religião, o que, entre os vários valores, implícitos ou
evidentes, o amor ao próximo é o primordial e, em grau de importância, está
acima de qualquer religião.


Palavras-chave: Religião, religiosidade, fé, sem religião, modernidade.

INTRODUÇÃO

Atualmente, segundo dados do Censo Demográfico realizado pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), uma parcela
significativa da população brasileira declara não pertencer a qualquer tipo
de religião, preferindo manifestar sua fé ou espiritualidade de forma
individual e subjetiva, não comunitária, isolando-se das instituições
religiosas. Esses indivíduos são chamados pelo IBGE de os 'sem religião',
objeto de nosso estudo.
Nosso objetivo é investigar e analisar a categoria dos 'sem
religião', de forma a articular dados qualitativos que nos permitam
compreender o sentido da crescente falta de identidade religiosa, bem como
os impactos causados pela pós-modernidade no comportamento social e
religioso do brasileiro, além das motivações para a individualização e a
desinstitucionalização da fé.
Aqui preferimos falar, não do processo dito de laicização ou de
secularização do mundo, já abordado por outros autores, mas de um processo
de saída da religião, onde os indivíduos passam a encarar o mundo e suas
próprias vidas sem o recurso às interpretações religiosas.
De acordo com Fernandes (2012), no Brasil encontramos quatro tipos de
indivíduos sem religião: os que possuem uma religiosidade própria, os que
estão desvinculados de suas religiões de origem, os que se consideram
descrentes, e os críticos das religiões e/ou ateus.
Para Pierucci (2004), esse fenômeno é chamado de desfiliação
religiosa, pois, nesse processo,


[...] os indivíduos tendem a se desencaixar de seus
antigos laços, por mais confortáveis que antes pudessem
parecer. Desencadeia-se nelas um processo de desfiliação
em que as pertenças sociais e culturais dos indivíduos,
inclusive as religiosas, tornam-se opcionais e, mais que
isso revisáveis, e os vínculos, quase só experimentais, de
baixa consistência. Sofrem, fatalmente, com isso, claro,
as religiões tradicionais (PIERUCCI, 2004, p. 19).


A afirmação do autor, aliada aos dados do Censo de 2010 nos revelam
um crescimento do número de pessoas que se declaram sem religião e, no
entanto, mostram o declínio das religiões tradicionais. Quais as motivações
para esta desfiliação religiosa? Seria resultado de um descontentamento com
suas religiões, ou talvez falta de sentido? Quem são os atores desse
fenômeno, jovens, adultos, idosos? No que acreditam? Esses questionamentos
nortearam a realização desse estudo, bem como tornaram-se nosso problema de
pesquisa.
Para o desenvolvimento desse artigo buscou-se analisar as teorias e
trabalhos existentes sobre o tema, num breve estado da arte, partindo de um
levantamento bibliográfico no qual buscou-se destacar as variáveis e
justificativas dos indivíduos que se declaram sem religião.

DESENVOLVIMENTO

Uma mudança fundamental ocorre no panorama religioso brasileiro: uma
parcela significativa da população declara não pertencer a qualquer tipo de
religião.
Segundo os resultados dos recenseamentos demográficos realizados
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), desde 1950,
percebem-se transformações acentuadas na declaração de identidade religiosa
do cidadão brasileiro, salientando-se o declínio do número de Católicos, o
aumento do número de Evangélicos e o surgimento da categoria de pessoas que
se declararam "sem religião". Até a década de 1960, a categoria dos sem
religião estava implícita naquela que contabilizava os que não tinham
respondido a questão sobre a identidade religiosa, sendo que, nesta época,
os sem religião representavam 0,5% da população. Percebeu-se, com o passar
do tempo, que houve um aumento acentuado desse grupo, que os levou dos 0,8%
em 1970, passando para 7,3% da população nacional em 2000 e em 2010 para
8,04% dos brasileiros (IBGE, 2010).
Partindo de nossas experiências e de nosso círculo de convivência,
algumas pessoas com os quais tivemos a oportunidade de conversar mais
profundamente sobre sua religiosidade, afirmavam não ter religião, mas
diziam possuir uma espiritualidade, estavam desligados das instituições
religiosas, as quais consideravam desnecessárias. Outros, que se diziam
católicos não-praticantes, davam a entender que, como o catolicismo não
impõe aparentemente uma participação efetiva para manter a filiação
(RODRIGUES, 2007), sentiam-se mais livres para transitar por grupos
diferentes, consumir novos bens religiosos, exercer sua espiritualidade de
forma particular, preservando a identidade religiosa herdada de suas
famílias.
Dessa forma, percebe-se que o vínculo estabelecido pelo batismo não
impede que um católico experimente esporadicamente outras práticas e
rituais religiosos, sentindo-se a vontade para assistir a cultos
evangélicos, participar de uma cerimônia budista ou de um ritual afro-
brasileiro, e posteriormente participar de uma missa em sua igreja.
Trânsitos religiosos à parte, percebemos em nossa pesquisa junto aos
trabalhos realizados que, aqueles que se diziam sem religião, informaram
terem percorrido um vasto circuito de experiências religiosas em busca de
uma crença com a qual se identificar, e enquanto não encontravam a "sua
religião", definiam-se como sem religião, como "buscadores". Nesse sentido,
é preciso enfatizar que a ausência de pertencimento religioso pode ser
transitória, percebida num período de desencantamento, ou até mesmo de
experimentação, ou ainda uma escolha permanente, embasada numa concepção
alternativa de espiritualidade, uma cosmovisão que parece marcar o mundo
atual.
Nesse sentido, para compreendermos esses atores sociais, traçamos um
caminho metodológico que partiu de uma revisão bibliográfica sobre o tema
da desfiliação religiosa e dos sem religião, com o qual não se quis apenas
números, como a exemplo do Censo, mas sim com a diversidade que se pode
encontrar através dos trabalhos existentes sobre o assunto, desvendar as
nuances, as motivações que nos permitiram conhecer qualitativamente os sem
religião.
Apesar de serem poucos os trabalhos sobre o assunto, há alguns que
enfatizam que os classificados como sem religião, "... não podem e não
devem ser confundidos com ateus ou descrentes da existência de Deus"
(MARIZ; MACHADO, 1998, p. 36), mas como indivíduos que não aderem mais a
uma religião institucionalizada, formal, reduzindo a experiência religiosa
a um sentimento pessoal, íntimo, compondo um repertório particular e
subjetivo de crenças, símbolos e práticas variadas. Esses indivíduos,
segundo as autoras, não se identificam com nenhuma religião específica, no
entanto, a não filiação não significa necessariamente ausência de
espiritualidade ou ausência do sagrado.
Um dos exemplos contemporâneos mais significativos dessas formas
particulares de espiritualidade é formado pelo círculo neo-esotérico, no
qual a vivência da espiritualidade não se expressa prioritariamente pela
filiação a uma instituição, mas é definida por um estilo de vida, fenômeno
bastante presente nas classes média e alta dos grandes centros urbanos
(MAGNANI, 1999).
Para compreendermos conceitualmente os termos usados nesse trabalho,
faz-se necessário discutirmos sobre seus significados, principalmente no
que diz respeito à fé, à espiritualidade, à religião e à religiosidade.

Fé, espiritualidade, religião, religiosidade e os sem religião

Georg Simmel (1997) apregoa que a fé (em Deus ou em outros seres
espirituais) se concretiza como uma relação com alguém exterior ao eu,
oferecendo um senso de confiança no futuro. A predisposição do ser humano
para ter fé, em um deus ou em fatos concretos da vida e acontecimentos
futuros, mostra que a mesma é um estado de alma íntimo, anterior aos
conteúdos dogmáticos, oriundos do ambiente externo, onde crer já é
suficiente, podendo gerar, ou não, um objeto formalmente religioso.
Assim sendo, a fé é o elemento essencial, e seu conteúdo passa a ter
significado secundário, embora uma pessoa possa sacrificar sua vida pela
verdade desse conteúdo. A fé introduz conteúdo na solidez do ser, onde o
intelecto e a imaginação não conseguem cercar com suas definições (SIMMEL,
1997, p. 32).
Já a religião diz respeito aos sistemas articulados de crenças e
ritos, de explicação do mundo, de modos de ação determinados, que podem se
manifestar, nos casos mais fechados, em forma de dogmas ou, em casos mais
abertos, em forma de representações coletivas. Durkheim (1989) defende que
a ideia de religião está diretamente ligada à noção de comunidade em torno
de uma igreja/templo, a um fenômeno institucional e coletivo, formando-se
uma comunidade moral instituída pela mesma crença, mesma fé, com fiéis e
sacerdotes, tendo a religião como algo eminentemente social, produto do
pensamento coletivo.
Do conceito de religião, por extensão, a religiosidade é a forma
pela qual o indivíduo acredita, segue e pratica uma religião, o fiel
religioso. Sendo assim, "muitas pessoas profundamente religiosas são
indiferentes a qualquer tipo de dogma, produto fortuito da história – a
religiosidade delas é inquestionavelmente a mesma na essência, mesmo que o
seu conteúdo seja diverso" (SIMMEL, 1997, p.45).
Quanto à espiritualidade, esta pode ser percebida como a maneira com
que um determinado indivíduo internaliza, desenvolve, de um modo sempre
idiossincrático, aquela particular via ou modelo de união (ou de re-
ligação, para lembrarmos a origem do termo) proposto pela religião a que
adere. Nesse sentido, espiritualidade implica uma dimensão de subjetividade
trabalhada, de experiência que transcende a norma ou a expectativa formal
da comunidade. Enfim, pode-se ser religioso, no sentido de assiduidade e
participação, sem que se tenha uma espiritualidade muito desenvolvida
(CARVALHO, 1992).
Embora haja uma considerável sobreposição entre as noções de
espiritualidade e religiosidade, esta difere da outra pela clara sugestão
de um sistema de adoração e doutrina específica que é partilhada com o
grupo.
Para o demógrafo René Decol (2001), um dos fatores que levam à
privatização da fé, deve-se a estrutura social tradicional, onde valores,
normas e preceitos são transmitidos de forma vertical, ou seja, de geração
em geração, passa a ser afetada cada vez mais por processos culturais,
atuando em planos horizontais, agindo sobre os grupos populacionais de
forma diferenciada. Em sua análise, Decol enfatiza os ventos secularizantes
que têm soprado sobre a sociedade.
Sobre secularização, Berger (1985, p. 119) a define como "o processo
pelo qual setores da sociedade e da cultura são subtraídos à dominação das
instituições e símbolos religiosos", sem trazer consigo o declínio das
religiões. Aqui preferimos falar não do processo dito de laicização ou de
secularização do mundo, já abordado por outros autores, mas de um processo
de saída da religião, onde os indivíduos passam a encarar o mundo e suas
próprias vidas sem o recurso às interpretações religiosas, onde
o campo religioso é hoje, cada vez menos, o campo das
religiões, pois o homem religioso, na sua ânsia de compor
um universo-para-si, sem dúvida cheio de sentido, mas de
sentido-para-si, tende a não se sujeitar às definições que
as instituições lhe propõem dos elementos de sua própria
experiência (SANCHIS, 1997, p. 35).

Nesse sentido, não ter uma religião não significa necessariamente a
perda da fé. De acordo com o antropólogo Rodrigo Toniol (2014), a crença no
sagrado existe, mas não precisa de mediadores. Ela está dentro de cada um
na forma de energia e espiritualidade. Ainda segundo Toniol (idem) quem se
declara como sem religião é, sobretudo, jovem, com idade média de 25 a 30
anos, os quais não rejeitam valores religiosos, mas sim a
institucionalidade ou até mesmo a mediação de sacerdotes os de uma igreja,
por exemplo.
Muitos há que justificam seu não pertencimento às instituições
religiosas acusando as mesmas de mercenarismo, excesso de normas,
manipulação, hipocrisia, falsidade, incoerência e fanatismo. Alguns dizem
que, normalmente, a religião leva à intolerância e a não aceitação das
diferenças entre os seres humanos e, que a racionalidade moderna centrada
na autonomia do sujeito, rompe com os "finalismos religiosos" (RODRIGUES,
2007, p. 43).
Alguns pensam que sem religião não há moral, entretanto, havia moral
muito antes de haver religião. A moral se relaciona às ações, isto é, à
conduta real, fundada sobre princípios humanos. Epicuro, que viveu 400 anos
antes de Cristo e fundou uma escola que durou mil anos, ensinava a ter
hábitos moderados, a selecionar os desejos, preferindo atender aos desejos
naturais e necessários, a manter e a cultivar a amizade, a evitar o temor
dos deuses e a aceitar a realidade da morte. O inglês Thomas Hobbes (1998)
defende que o homem precisa se conduzir bem, não por medo do inferno, mas
por medo da repressão social, no interesse de sua reputação e da paz da sua
consciência. Necessita viver em sociedade e a sociedade, para subsistir,
precisa de paz e respeito entre os homens. O governo garantiria este pacto.
A boa conduta garantiria este pacto, onde cada cidadão colocaria em comum
sua pessoa e todo o seu poder sob a suprema direção da vontade geral,
comum, e receberíamos enquanto corpo, cada membro como parte indivisível do
todo (ROUSSEAU, 2005). A violação do pacto leva à perda da liberdade, além
disso, quem se conduz bem é respeitado e amado.
Ser bom não é característica apenas do religioso. Como se bondade,
justiça, integridade e verdade, fossem sinônimos de religiosidade, ou se
dependesse apenas de crenças e princípios religiosos, o que a história nos
comprova, muitas vezes, o contrário.
Não é preciso ter religião para ser bom. Diversos filósofos
explicaram porque é bom ser bom. Sócrates foi condenado por impiedade, ou
seja, duvidava dos deuses do seu tempo. Hoje ninguém acredita nos deuses
daquele tempo!
Quais as motivações para esta privatização da fé? Até onde este
processo de desfiliação religiosa nos leva? Quais são suas consequências
últimas?
Luc Ferry (1996), filósofo e ex-ministro da Educação na França,
defende, que a necessidade religiosa não é – ou, em todo o caso, nada
permite afirmá-lo com certeza – algo como uma dessas categorias
transcendentais da experiência humana, como se a religião estivesse
inscrita desde sempre e para sempre na configuração essencial do ser
humano. Segundo ele, a religião pertenceria a um período passado e
ultrapassado da história. Ela teria um começo e um fim, onde se poderia
imaginar uma organização social dos seres humanos definitivamente sem
religião, sem que com isso as velhas ameaças das igrejas nos caiam sobre a
cabeça e sem que, forçosamente, essas sociedades sem religião, puramente
humanas, estejam fadadas ao totalitarismo ou, quem sabe, a alguma
catástrofe qualquer, ao imoralismo, ao materialismo, etc. Conclui, ainda,
que "a religião não aparece mais como uma disposição metafísica, essencial
à humanidade, mas como um momento histórico ligado a uma organização social
e política particular" (FERRY, 1996, p. 18).
Nesse sentido, Camargo (2012) salienta que para muitos indivíduos
que se declaram sem religião, Deus existe e é visto como algo natural,
inquestionável e que se manifesta independentemente das religiões e/ou das
igrejas. Aliás, para se crer não precisa ser religioso. Outro dado
relevante trazido por Camargo (idem): esses sem religião, não-ateus, não
apenas acreditam, mas também buscam a Deus, pela via da oração e da
meditação. E fazem isso fora das fronteiras das igrejas e das religiões,
porque essas, segundo eles, deformam Deus. A crença em Deus parece incutir
nos sem religião uma responsabilidade para com a vida como algo natural e
sui generis. No parecer de um sem religião ateu, os homens só subsistem
crendo em algo para preencher um vazio que lhes é inerente. E se essa
crença não for cultivada, o vazio persistirá no homem. Para esse vácuo ser
preenchido, uns criam Deus, outros criam ou se apegam a outra coisa.
Será que podemos afirmar com Touraine (1998, p.18), que "a ideia de
modernidade substitui Deus no centro da sociedade pela ciência, deixando as
crenças religiosas para a vida privada"? Talvez para respondermos à essa
pergunta necessitaríamos de outro trabalho bem mais aprofundado.

CONCLUSÃO


A partir do discutido e apresentado em nosso trabalho, o qual não
tem o objetivo de extinguir o assunto, antes, pelo contrário, suscitar mais
discussão sobre o mesmo, concluímos que o fenômeno dos sem religião não
indica, necessariamente, o crescimento do ateísmo, antes o rompimento
crescente de indivíduos quer com as instituições religiosas, quer com a
religião (doutrina/crenças). Além disso, a crença em algo transcendente,
que para a maioria é Deus, é o elemento divisor do grupo dos sem religiões.
Os que creem cultivam essa crença desligados das instituições religiosas e
independentes das prescrições da religião, o que, entre os vários valores,
implícitos ou evidentes, o amor ao próximo é o primordial e, em grau de
importância, está acima de qualquer religião.
Assim, para os sem religião é claro que os valores que devem nortear
a nossa vida na atualidade podem ser cultivados fora da religião, porque,
afinal de contas, uma pessoa pode ser boa independentemente de ser ou não
religiosa.
Podemos afirmar que no fenômeno dos sem religião se apresenta a
formação de uma espiritualidade não religiosa, ou sem religião, na
atualidade. Além disso, é plausível pensar que as transformações profundas
e contínuas que acontecem atualmente são favoráveis ao seguimento do
crescimento e da disseminação do fenômeno dos sem religião. Não obstante,
tudo isso demanda o desenvolvimento da reflexão acerca dos sem religião
para uma compreensão mais profunda do fenômeno.
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