A inflexão quotidiana do serviço público de media Autor(es):
Mateus, Samuel
Publicado por:
Imprensa da Universidade de Coimbra
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URI:http://hdl.handle.net/10316.2/39190
DOI:
DOI:http//dx.doi.org/10.14195/2183-6019_2_8
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21-Sep-2016 14:43:02
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revista de comunicação, jornalismo e espaço público
2
mediapolis
Periodicidade Semestral
tema os desafios dos media de serviço público
Imprensa da Universidade de Coimbra
© Pedro Medeiros
Coimbra University Press
1
99
Samuel Mateus Bolseiro Pós-Doutoramento FCT e Investigador do CECL/UNL
[email protected]
A inflexão quotidiana do serviço público de media The daily inflection of the public service media http://dx.doi.org/10.14195/2183-6019_2_8
Resumo:
própria programação. O que está em causa
A third equally important dimension is
Historicamente, o Serviço Público de Me-
nesta enfatização da mundanidade é que o
the social integration dimension of Public
dia tem sido associado a duas dimensões
interesse geral parece agora moldado por
Service Broadcasting and the relationship
interrelacionadas: a dimensão político-
uma motivação em ver representado no
between society and publicity, and their
-democrática e a dimensão educativa. Por
Serviço Público de Media a própria vida
interaction with Media.
um lado, ele subentende um papel pre-
quotidiana das próprias pessoas a quem se
This paper seeks to ponder on the conver-
ponderante de formação de uma opinião
dirige. É um discurso não apenas voltado
gent dimension of Public Service Broad-
pública esclarecida como parte essencial
para a objetividade e atualidade informa-
casting highlighting its everyday sociabili-
do processo político. E, ao contribuir para
tiva, como também para a subjetividade
ty, both in terms of the topics, and in terms
o fortalecimento democrático, enquanto
e autenticidade dos próprios indivíduos.
of its structure. What is important in this
instância simultaneamente separada do
everydayness is that the general interest
Estado e do Mercado, o Serviço Público
Palavras-chave: Serviço público de
now seems framed by a motivation to see
de Media está igualmente a desempenhar
media, publicidade, quotidiano, autenti-
represented in the Public Service Media
um papel educacional. Para além da infor-
cidade, subjetividade.
the daily lives of the very people to whom
© Pedro Medeiros, #1 - Coimbra, FEUC [Autorretrato]
mação e do entretenimento, ele possui a
it is addressed. It is a discourse not only
obrigação de garantir e preservar elevados
Abstract:
facing the objectivity and information, as
padrões de qualidade na sua programação
The Public Service Broadcasting has
well as to the subjectivity and authenticity
que correspondam ao modelo moral das
historically been associated with two
of the individuals.
sociedades.
interrelated dimensions: a political and
Uma terceira dimensão igualmente impor-
democratic dimension, and an educational
Keywords: Public service
tante é a dimensão integradora do Serviço
dimension. It has an important role for
broadcasting, publicity, everyday life,
Público de Media, ou se quisermos, a re-
forming an enlightened public opinion as
suthenticity, subjectivity.
lação que se estabelece entre sociedade
an essential part of the political process.
e publicidade na sua articulação com os
While contributing to the strengthening of
dispositivos tecnológicos de mediação
democracy (apart from State and Market),
simbólica.
the Public Service Broadcasting is also
Este artigo procura refletir sobre a di-
playing an educational role. In addition
mensão convergente do Serviço Público
to information and entertainment, its duty
de Media através do destaque concedido à
is to protect and uphold high standards
sociabilidade mundana, quer ao nível das
of quality in its programming that cor-
temáticas, quer ao nível da organização da
respond to the moral model of societies.
101
Introdução
democrática incontornável face ao
elemento unificador (política, lin-
seu enorme potencial de criação de
guística e culturalmente), o Serviço
Um dos traços marcantes do fun-
uma cidadania esclarecida e informa-
Público de Media procura manter
cionamento do Serviço Público de Me-
da. Permite a um vasto conjunto de
um distinto padrão moral que eleve
dia é a sua – ainda que maior ou menor
pessoas tomar conhecimento e obter
a erudição e conduza o gosto. Deste
– associação ao Estado. No início do
informação relevante que ajudem a
modo, muitos programas de televisão
séc. xx, e tomando como modelo a Bri-
formar a sua própria compreensão dos
e rádio dignificam as tradições nacio-
tish Broadcasting Corporation (BBC),
acontecimentos. A ideia de Serviço
nais e regionais (Portugal em Direto,
o Serviço Público de Comunicação foi
Público de Media incarna, então, a
RTP1) histórias e lendas (Horizontes
assumido como um operador sob con-
constituição de uma Opinião Pública
da Memória, RTP2; Histórias assim
trolo estatal a quem era reconhecido
elucidada e razoável como elemento
mesmo, Antena 1), educam a expressão
o estatuto de instituição do domínio
fundamental do processo político das
linguística (Cuidado com a Língua,
público (Sondergaard, 1999: 22). O
sociedades democráticas. Ele baseia-
RTP1) ou utilizam a televisão como
Serviço Público de Media não pode ser
-se no pressuposto de que o fomento
meio de difusão do conhecimento
completamente dissociado do contro-
da autonomia de decisão dos grupos
(Universidade Aberta, RTP2). O Ser-
lo estatal, tanto em termos políticos,
sociais prevenirá uma sociedade buro-
viço Público de Media adquiriria a sua
como em termos tecnológicos. Afinal,
crática e centralizada, encontrando na
qualidade propriamente publicitária
cabe ao Estado a gestão pública de um
participação dos cidadãos a sua maior
enquanto vetor cultural e ético das
bem escasso como é o caso do espectro
valia (Masuda, 1980: 81). Pinto (2005:
sociedades, funcionando de acordo
radioelétrico; além de que tem como
43) considera que uma das condições
com uma orientação baseada na pe-
missão, não apenas garantir que uma
de democratização e qualificação do
dagogia política, cultural e social da
multiplicidade de bens e serviços se-
serviço público é precisamente pen-
sua programação.
jam assegurados aos cidadãos, como
sá-lo e realizá-lo em harmonia com
Uma terceira dimensão, tão impor-
também deve assumir, ele próprio, o
o sentir geral da sociedade e propõe
tante quanto a político-democrática
fornecimento de serviços fundamen-
que o serviço público o seja de uma
e a educativa – mas a que tem sido
tais (de acordo com os princípios do
cidadania e para a cidadania.
dedicada menos atenção –, é aquela
Paralelamente ao papel políti-
que tem a ver com a integração social
O Serviço Público de Media,
co-democrático do Serviço Público
e a reprodução de padrões de socia-
enquanto utilidade pública e bem
de Comunicação, encontramos nele
bilidade que encontramos na vida de
coletivo em prol do interesse cole-
um papel concomitante: o educati-
todos os dias. Muitos talk-shows (Por-
tivo, reveste-se de uma dimensão
vo. Significa que, com vista a ser um
tugal no Coração, RTP1) dedicam-se
Estado-Providência).
O Serviço Público de Media significa um espaço simbólico de congregação e de unificação das sociedades
principalmente a reencenar as peque-
É, pois, na medida em que articula
nas conversas do quotidiano, as in-
e agiliza o processo publicitário que
certezas e curiosidades ou o diálogo
o Serviço Público de Media significa
ameno como forma de atenuar o efeito
um espaço simbólico de congrega-
de solidão de muitas das pessoas que
ção e de unificação das sociedades.
diariamente assistem a esses progra-
O espectador, ouvinte ou leitor não
mas. A dimensão propriamente social
é apenas considerado enquanto con-
do Serviço Público de Comunicação
sumidor ou audiência, mas também
inscreve-se na sua missão ecuménica,
enquanto membro de uma sociedade
isto é, a de fornecer um espaço de me-
que converge para os Media.
diação simbólica onde a transmissão
Podem ser distinguidos dois ti-
pública de acontecimentos (desporti-
pos de convergência publicitária: a
vos, políticos ou culturais) de eleva-
convergência dos olhares em que a
da relevância coletiva funciona como
atenção pública se volta para determi-
uma espécie de cimento aglutinador
nado acontecimento – a convergência
(Scannell, 1989: 14).
implicada pela televisão cerimonial
O Serviço Público de Media, e
(Dayan & Katz, 1999); e a convergên-
em especial nesta segunda década do
cia pública do indivíduo comum sobre
séc. xxi, parece procurar ser popular
os Media. É este indivíduo vulgar, pre-
e universal, evitando que se transfor-
sente no chamado “Grande Público”
me num gueto cultural e social. Há,
(Wolton, 1994), nessa heterogeneidade
assim, uma abertura em direção ao
e pluralidade social, que aflora no ecrã
exterior, às pessoas, à vida e ao tri-
televisivo ou nas ondas hertzianas da
vial. Ele concentra-se, sobretudo, em
rádio dos Media Públicos.
ser um serviço que opera o próprio
O Serviço Público de Media ope-
princípio de publicidade: é nessa me-
ra ambos os tipos de convergência: a
dida que o Serviço Público de Media
convergência da atenção da sociedade
interpela não apenas o cidadão, mas
sobre determinados eventos de rele-
o indivíduo comum, a pessoa vulgar,
vância pública incontornável; e, ao
o público indiscriminado, tornando
mesmo tempo, opera a convergência
os acontecimentos acessíveis a todos.
da sociedade sobre si própria, sobre os 103
próprios indivíduos que a constituem.
interpela os indivíduos, se lhes diri-
horários, emite em sincronia com a hora
A dimensão englobante do Serviço Pú-
ge, e os coloca como instâncias enun-
do almoço e do jantar. Ocorrem, assim,
blico de Media manifesta-se, na con-
ciativas fazendo-os pivots do acesso
interações ritualizadas (Lopes, 2005:
temporaneidade, pela sua incidência
à experiência social. É um aparelho
83), refletindo os espaços exteriores
sobre o indivíduo anónimo. Agora são
“público” que ausculta em discurso
(Praça da Alegria, RTP1), por vezes
os próprios espectadores a serem os
direto, na primeira pessoa e em pri-
mesmo invadindo o Espaço Público
objetos privilegiados de atenção do
meira mão, um serviço público que
(Aqui Portugal, RTP1; Brasileiros pelo
Serviço Público.
se centra na universalidade de todos
Mundo, TV Brasil Internacional), in-
O presente artigo procura apro-
sem obliterar as particularidades de
corporando os hábitos rotineiros como
fundar esta dimensão convergente
cada um. Eis o Serviço Público como
o café matinal (Quem Tu Pensas que
e interpeladora do Serviço Público
plataforma coletiva acessível a qual-
És1, RPT1), ou mesmo constituindo-se
de Media. Na atualidade – é argu-
quer um.
como réplicas de sociabilidade (Clube
mentado – observa-se uma tendência
Entre Serviço Público de Media e
em espelhar a realidade. Contudo,
indivíduos a distância esboroa-se. Já
A saliência da trivialidade bem
a representação da sociedade não é
não é o intervalo de um “eu” e “tu”, mas
como o protagonismo concedido ao
operada apenas em termos objetivos e
a coincidência de um “nós” enquanto
lado mais humano, emocional e ínti-
factuais; é sobretudo operada de modo
expressão convergente. Face à peda-
mo das pessoas não constituem uma
subjetivo, através dos olhos dos pró-
gogia do papel educativo dos Media
disrupção do normal funcionamento
prios indivíduos que a experienciam.
Públicos, interpõe-se agora um papel
do Serviço Público. A ênfase na di-
Recorrendo a exemplos retirados do
“amigável”, um companheirismo me-
mensão social e publicitária face à
Serviço Público de Televisão e de Rá-
diático baseado numa relação de convi-
dio, serão analisadas três dimensões
vialidade que acompanha o espectador/
deste processo: “quotidianização”,
ouvinte ao longo do dia de acordo com
autenticidade e subjetividade.
os ritmos da vida quotidiana. Pense-se, por exemplo, na distribuição estratégica de alguns programas de rádio pelo
Serviço “Público”:
dia de modo a que coincidam com as
diversidade e universalidade
horas de maior tráfego automóvel. O Serviço Público de Media mar-
O Serviço Público de Media dis-
ca encontro com a própria sociedade,
tingue-se, hoje, pela forma como
simula-lhe os ritmos, repete os ciclos
da Amizade2, RDP Internacional).
1 Na descrição do programa feita pela RTP pode-se ler: “Programa factual em registo de documentário que procura responder à pergunta – sabe realmente quem é? – através da descoberta da árvore genealógica e de histórias reais sobre os antepassados do convidado de cada programa”. 2 A RDP caracteriza-o do seguinte modo: “O convívio de sábado. Programa aberto à participação dos ouvintes; lança temas para discussão, relata experiências pessoais e associativas, confronta diferentes modos de vida e serve de ponte entre as diferentes comunidades”.
dimensão político-democrática e edu-
programação que o serviço públi-
Comunicação indicam uma tentativa
cativa corresponde até a uma perfeita
co se aproxima das necessidades
de levar aqueles que assistem (os es-
interpretação do princípio de muta-
específicas das pessoas (UNES-
pectadores e os ouvintes) a identifi-
bilidade consignado no Relatório do
CO, 2001: 18).
carem-se com os que aí participam. O Serviço Público de Media apre-
Grupo de Trabalho para a Definição do Conceito de Serviço Público de Co-
Estamos, pois, a enfatizar, a pala-
senta duas relações com o quotidiano.
municação Social (Duque et al., 2011)
vra publicitária do serviço de Media
Por um lado, uma relação de emulação,
e que impõe ao Serviço Público de
sublinhando as ligações afetivas que
reproduzindo o quotidiano no cenário
Comunicação uma constante adapta-
estabelece com a sociedade, ligações
dos seus programas. Ele procura ins-
ção e apropriação à sociedade. Se o
essas tão mais importantes quanto
tituir uma cópia perfeita, não apenas
interesse público se encontra em de-
mais se regista a tendência de frag-
das preocupações do indivíduo comum,
vir, então, cabe ao Serviço Público
mentação e individualismo. Um Ser-
mas também aspetos do dia-a-dia. Um
de Media reconhecer esses interes-
viço Público de Media que se invente
exemplo paradigmático no caso do Ser-
ses e acomodá-los nas suas práticas.
em termos de programas de interesse
viço Público português de Televisão é
O recente advento do indivíduo comum
geral é um Serviço Público capaz de se
o programa Praça da Alegria (RTP1).
na televisão e na rádio públicas ins-
adaptar à realidade social, económica
Emitido ininterruptamente desde 1995,
creve-se nesse processo. Como lembra
e política colocando-se ao serviço da
o talk-show simula em estúdio um es-
o relatório da UNESCO sobre “Serviço
comunidade que serve.
paço público (uma praça) e uma espla-
Público”:
nada. A plateia integra o cenário em volta da “praça” não sendo, portanto,
No serviço público de media, a
Em direção ao quotidiano
mera observadora. Nos anos 1990, o apresentador deambulava de mesa em
informação não se restringe a boletins noticiosos ou programas
A dimensão sociológica e conver-
mesa, por entre os indivíduos anónimos
de assuntos públicos; estende-se a
gente do Serviço Público de Media
da plateia, consoante a colocação do
todos os programas que permitam
pode ser mais bem compreendida
entrevistado. A emulação do quotidiano
os cidadãos tomar conhecimento
enquanto viragem rumo a uma enfa-
por intermédio da reprodução do espaço
de diferentes tópicos de interes-
tização da vida quotidiana do indi-
público atingia, nessa época, laivos de
se e todos aqueles programas de
víduo comum. A atenção prestada à
perfeita sincronia com uma qualquer e
interesse geral que tratam assun-
banalidade e ao desenrolar das roti-
trivial esplanada. Havia empregados de
tos de interesse prático ou mun-
nas diárias por muitos dos programas
mesa a servir café e água, não apenas
dano (…). É através deste tipo de
que compõem o Serviço Público de
aos convidados do programa como a 105
toda a plateia. O chão imitava a calçada
O que se nota nestes programas
portuguesa e, a rodear a “praça”, largas
de Serviço Público é que o seu estilo
arcadas donde pendiam grandes can-
de comunicação não é o do discurso
deeiros completavam o cenário inspi-
público, da comunicação política ou
rado numa qualquer paisagem urbana.
da deliberação; o seu estilo discur-
Por outro lado, o Serviço Público
sivo recorda-nos, pelo contrário, um
de Media contemporâneo parece re-
estilo aparentado com a conversa
criar o próprio quotidiano, trazendo
íntima, mundana e familiar, assente
tópicos da vida prática para a cena
nos contextos da vida diária. Aliás,
pública. Praça da Alegria serve-nos,
Scannell (1991: 9) atribui o desenvol-
de novo, como exemplo pelo modo
vimento da rádio e da televisão a este
como integra aspetos da vida mun-
estilo de comunicação, semelhante
dana na sua organização temática.
aos contextos interativos da vida de
Até inícios do séc.
a rubrica de
todos os dias. Aproveitando este pa-
culinária era indispensável no pro-
drão discursivo de feição coloquial
grama e continua esporadicamente a
e quotidiana, os diferentes Serviços
aparecer. Além disso, temas do foro
Públicos de Media têm assegurado
privado relacionados com a vida prá-
na sua programação – e de acordo
tica são recorrentes. Recentemente,
com graus diversos – uma dimensão
ensinava-se ao público feminino como
banal que aproxima os indivíduos e
colocar um soutien corretamente. Mas
onde eles se reconhecem (modos de
o que sobressai em Praça da Ale-
vestir, hábitos de comportamento, ex-
gria da RTP1 – mas também noutros
pressões linguísticas frequentemente
programas como Bom para Todos da
associadas a gírias, etc.).
xxi ,
TV Brasil, se quisermos estender este
O Serviço Público está, deste modo,
atributo do Serviço Público de Media
não apenas a difundir comportamentos
a outros países – são as transforma-
quotidianos como também utiliza um
ções ao nível da enunciação que se
registo informal para se dirigir aos ci-
aproximam da coloquialidade infor-
dadãos. Isto é, ele não apenas incorpora
mal, adquirindo mesmo, por vezes,
pessoas banais anónimas e comuns,
um tom intimista e confidente.
como repete padrões de discurso e de
Mais do que observar, o indivíduo parece hoje desejar participar (ex: apps interativas da RTP e da TVI) – mesmo que à distância – nas próprias emissões e assistir a eventos genuínos
interação que reiteram a dimensão tri-
dificuldades enfrenta na adaptação
Ao mesmo tempo, haverá lugar para
vial das suas emissões.
à cultura. Este tipo de programa-
que os entrevistados mostrem, na
Estamos, pois, perante dois níveis
ção, presente quer na Rádio, quer
primeira pessoa, os costumes do
de análise: i) o modo como o indivíduo
na Televisão (Portugueses pelo Mun-
lugar visitado, em muitos casos
comum e as preocupações quotidianas
do, RTP1) não apenas do Serviço
curiosos ou ousados, alguns ini-
se apossam das emissões do Serviço
Público de Media português, como
magináveis para a mente ocidental
Público; ii) o modo como o próprio
também brasileiro (Brasileiros pelo
ou, simplesmente, portuguesa. Par-
Serviço Público de Media replica uma
Mundo, TV Brasil Internacional),
tilhar um passeio por um mercado
certa sociabilidade e dimensão conver-
transpira o quotidiano.
cheio de gente e produtos; praticar
sacional associada à vida quotidiana
No caso do programa televisivo,
um ritual pagão rodeado de pes-
através da temática mundana e do estilo
os indivíduos são acompanhados pela
soas pouco amigáveis; assistir a um
de apresentação (Bonner, 2003: 44).
equipa de reportagem desde que se
casamento onde os noivos não se
Arguimos uma quotidianização
levantam, passando pelo emprego
conhecem um ao outro; provar e
do Serviço Público, tendo citado dois
ou pelo almoço com os colegas num
comer um estranho prato típico com
talk-shows. Esta tendência, porém,
restaurante famoso da cidade, até às
ingredientes que nunca pensámos
repercute-se noutros géneros tele-
saídas noturnas pelos bairros típicos
que poderíamos vir a comer, são
visivos. Por exemplo, no género in-
com os amigos locais. O espetador
apenas algumas das múltiplas e
formativo. Portugueses no Mundo 3 ,
imerge, assim, na mundanidade, tal
variadas situações que irão suce-
emitido diariamente pela Antena
como vivida e experienciada pelo
der-se em cada uma das emissões.
1, espelha as realidades sociais,
emigrante. Constata a vida quotidiana
Assim, os nossos protagonistas
profissionais e afetivas enfrenta-
de uma cidade estrangeira tornando-
serão sempre os melhores guias
das pelos emigrantes portugueses.
-se, não tanto um observador, mas
para conhecer a vida quotidiana
Aí se conta, na primeira pessoa, o
sobretudo uma testemunha: senta-se
do lugar onde estamos.
dia-a-dia do cidadão português no
à mesa do café, entra no laborató-
estrangeiro, seja em Macau ou em
rio, percorre as ruas de uma cidade
A inflexão registada pelo Serviço
Goa, seja em Boston ou Amesterdão.
mundial presenciando à distância
Público de Media acompanha, pois,
Como estudou, onde trabalhou, que
o bulício de que o emigrante todos
esta tendência de dar visibilidade ao
os dias toma parte. Na descrição de
quotidiano trivial, tanto nas pessoas
Portugueses pelo Mundo, no site ofi-
que aparecem representadas, como na
cial da RTP, é flagrante a insistência
própria expressão dessa representa-
sobre a mundanidade:
ção, como veremos de seguida.
3 Com apresentação de Alice Vilaça, o programa surge no site da RTP como “uma conversa com os portugueses espalhados pelos quatro cantos do mundo”.
107
Em direção à autenticidade
(RTP1, 2013) – é, talvez, justificada
da posição de espetador para a de ator,
por uma busca de autenticidade exigi-
tornando-se duplamente agente: agen-
A participação dos indivíduos no
da pelo cidadão. Mais do que observar,
te de uma sociedade em movimento e
Serviço Público de Comunicação não
o indivíduo parece hoje desejar parti-
simultaneamente agente de uma televi-
é apenas garantida pela emergência do
cipar (ex: apps interativas da RTP e da
são que se aproxima progressivamente
quotidiano nos programas de rádio e
TVI) – mesmo que à distância – nas
da mundanidade. O indivíduo comum
televisão; é também, como afirmámos,
próprias emissões e assistir a eventos
é testemunha da realidade e delator
marcada pela sua própria emergência
genuínos. Porém, este imperativo de
dessa realidade, descreve-a, relata-
enquanto sujeitos.
autenticidade não responde apenas a
-a, torna-a partilhada. O que está em
Abraçando uma tendência presente
uma exigência por parte dos cidadãos
causa nestes programas é a “exibição
na rádio e televisão mainstream (priva-
que assistem, ele é também desejado
do relacional” (Mehl, 2006: 172), é a
das e de pendor comercial) (Jost, 2003:
pelos próprios operadores do Serviço
contemplação da autenticidade dos in-
62), o Serviço Público tem, em graus
Público de Media, na medida em que,
divíduos através das relações interpes-
diversos de acordo com especificidades
ao conceder a palavra ao indivíduo
soais, dos acontecimentos e das suas
impostas pelo seu próprio modelo de
comum, isto é, ao secularizar o acesso
próprias experiências. O discurso sobre
financiamento, também ele, preferido a
aos media, eles espelham, de forma
violência doméstica passa a ter um ros-
palavra do indivíduo anónimo, da pessoa
direta, a própria sociedade para a qual
to; o pesadelo do desemprego passa a
comum e vulgar. Ele associa, de forma
trabalham.
ter uma voz; ou a rejeição profissional
cada vez mais estreita, o espectador à
Programas do Serviço Público de
conceção, desenvolvimento e orientação
Televisão como Inesquecível (RTP Me-
dos seus programas. O maior exemplo
mória), em Portugal, Toute une Histoi-
serão os programas televisivos de reali-
re (France 2), em França, ou Vivo en
A importância que a televisão as-
dade, os quais constituem o culminar do
Argentina (Tv Publica), na Argentina,
sume na encenação pública con-
envolvimento do público na dramaturgia
ilustram – com as devidas diferenças –
temporânea impede que se reduza
televisiva (Mehl, 2006: 169).
o lugar concedido à palavra autêntica,
o espaço público a um fórum de
Esta preferência – que encontra-
às histórias contadas na primeira pes-
ideias ou a um palco de debates.
mos, por exemplo, em Chef ’s Academy
soa do singular, à experiência vivida. O
A dimensão de comparência, da
indivíduo comum desliza subtilmente
visibilidade, torna-se central em
4
4 Descrito de acordo com o slogan: “Aprenda a cozinhar na maior escola de cozinha do país. Este é um formato de cozinha que, além da componente de concurso, pretende ensinar
passa a ser enunciada por alguém que a viveu por dentro.
qualquer processo de coletivização verdadeiramente a cozinha (…). Esta é a verdadeira oportunidade de mudar de vida e de profissão”.
de uma ideia, de uma proposta ou de uma ação (Mehl, 2006: 185).
A autenticidade é um aspeto fun-
Por conseguinte, o Serviço Públi-
da comemoração das bodas de prata
5
co de Media tem dado oportunidades
ou de ouro. Era toda a família da
(TVE) ou Começar de Novo 6 (Antena
para a publicização da autobiografia,
pessoa entrevistada que vinha ao
1). Neles, as gentes aparecem com
isto é, para o retrato de uma época
estúdio como gesto de homenagem
dignidade própria, surgem imbuídas
feito pelas gentes que a viveram. Este
perante o patriarca ou matriarca. Se
do seu discurso e dissertam, com mais
mesmo objetivo integra o horizonte de
é verdade que o tema familiar desde
ou menos emoção, sobre os desafios
Retratos (RTP1), série documental
sempre esteve presente na Televisão
que ultrapassaram. Por exemplo, Co-
onde diferentes personalidades, num
Pública (novelas, boletins informa-
meçar de Novo implica a Rádio Pú-
registo intimista e confessional, teste-
tivos, séries de ficção), não é menos
blica portuguesa (Antena 1) na missão
munham os acontecimentos mais mar-
verdade que esse mesmo tema tende
de dar voz aos testemunhos pessoais
cantes de uma dada época, a partir
agora a ser acompanhado do ponto
das pessoas que viveram nas antigas
precisamente das suas próprias ex-
de vista de pessoas anónimas, as
colónias portuguesas, antes e após a
pectativas e da sua perspetiva. Ocorre,
quais acedem ao palco televisivo,
Revolução dos Cravos. É o relato emo-
assim, com a publicização autobiográ-
para fazer partilhar a sua própria
cionado de quem chegou à metrópole
fica, um deslocamento das fronteiras
ideia de família.
vindo do Portugal Ultramarino e teve
da vida privada.
damental de programas como Babel
7
Em suma, a autenticidade implica,
justamente de começar de novo. Aí
Muitas vezes é esta busca da
em muitos casos do atual Serviço Pú-
ouvimos as vivências, contadas muitas
autenticidade que impele o privado
blico de Media, o recurso à experiên-
vezes com profundas saudades, de um
a tornar-se público e onde a vida
cia vivida ou à história autobiográfica.
tempo em que a rádio suplantava a
familiar é compartilhada no e pelo
Ao fazê-lo, arrasta consigo novas con-
televisão.
Serviço Público de Media. Referimo-
figurações de como as categorias de
-nos particularmente a uma rúbrica
privado e público convivem na Rádio
de Praça da Alegria (RTP1, 2003)
e Televisão contemporâneas.
5 “Babel en TVE es la revista de la diversidad de TVE. Una mirada plural y cómplice a un fenómeno social, la inmigración, que día a día contribuye de manera crucial a conformar la España del siglo xxi . Es una ventana abierta a la vida cotidiana española que muestra cómo viven aquí los inmigrantes; su trabajo, sus formas de ocio, su cultura”. 6 “O regresso a 1975/76. A chegada a Portugal em discurso direto. Testemunhos de quem saiu das ex-colónias para «Começar de Novo» ”.
onde semanalmente casais vinham revelar a sua intimidade sob pretexto Em direção à subjetividade 7 Segundo o site oficial do programa, “«Retratos» é uma série documental de cariz parcialmente autobiográfico. Pretende-se mostrar como de facto é uma determinada personalidade, o que ela pensa da sua própria vida, e como justifica a sua intervenção pessoal nos principais acontecimentos que viveu”.
O Serviço Público de Comunicação, de forma global, apresenta outra tendência na sua programação relacionada com a quotidianização e 109
o trabalho de autenticidade: o dispo-
sua presença no Serviço Público de
2013) é o olhar subjetivo, são os afe-
sitivo de personalização.
Comunicação: o pessoal, o subjetivo
tos que deixam de ser incógnitos para
Enquanto num dispositivo im-
e o relacional não integram somente
se personalizarem em olhares, gestos
pessoal, as representações sociais
a esfera privada, como entram hoje no
ou lágrimas. As Televisões do Serviço
são abordadas de forma abstrata,
domínio das paixões públicas, isto é,
Público, sem deixarem de privilegiar a
factual e analítica, num dispositivo
entram no espaço de publicidade das
palavra, fazem-se hoje lugares confes-
de personalização a realidade social
sociedades ocidentais. É toda uma ou-
sionais onde as subjetividades emergem
é compreendida a partir da própria
tra maneira de comunicar que se erige:
em conversas íntimas de tom confi-
perspetiva do sujeito (Sennett, 1992:
em vez da neutralidade, a motivação
dente. Nada a Esconder, por exemplo,
193). Construídas em volta do senti-
pessoal; em vez da dedução lógica,
busca o indivíduo por detrás do líder, a
mento e da comoção, as representa-
a intuição; em vez do geral, o par-
pessoa por detrás do empresário, o pai
ções dependem de um indivíduo “em
ticular e situado. As representações
ou mãe de família que se esconde sob
carne e osso”. A sociedade é descrita
veiculadas por alguns dos programas
a capa de gestor de sucesso. Procura
pelos olhos de um “eu” através das
apoiam-se em contextos práticos, fun-
que sejam os próprios a contar a sua
relações pessoais que empreende com
dados nas vivências do indivíduo co-
história de vida, fazendo sobressair o
outros sujeitos. O que conta na per-
mum, preferindo o discurso vulgar ao
lado humano ocultado pelo empreen-
sonalização é a manifestação de uma
discurso profissional do especialista.
dedorismo. A descrição do programa é
subjetividade e da sua “psicologia”,
O que se nos depara em programas
clara: “Na companhia de Sílvia Alber-
à medida que se elabora em relações
como Comment ça va Bien (France 2,
to, o protagonista (…) conversará com
intersubjetivas.
2013) ou Nada a Esconder (RTP1,
a apresentadora sobre si próprio, sobre
8
Esta dimensão pessoal, que facilmente se transforma numa invocação subjetiva, não é obviamente recente. Porém, no séc. xxi, adquiriu um maior destaque no conjunto da programação dos Media Públicos, os quais apresentam exemplos deste dispositivo de personalização centrado sobre a enunciação subjetiva do indivíduo. A importância maior desta subjetividade tem a ver com as consequências da
a imagem que tem de si e a que lhe é 8 Eis a descrição do programa no site da RTP: «Nada a Esconder» é um programa de entretenimento que procura revelar o lado humano do mundo empresarial (…). Mas «Nada a Esconder» não se limita a contar as histórias de sucesso do ponto de vista dos próprios. Cada programa oferece ao seu protagonista a possibilidade de analisar o seu êxito pessoal a partir do olhar daqueles que o conhecem melhor, tanto no âmbito profissional como pessoal. Quais as características que melhor o definem? O que faz dele uma pessoa tão especial? Em que é que se revela a sua capacidade de liderança?”.
devolvida por aqueles que trabalham e convivem com ele diariamente”. Um programa semelhante mas de pendor ainda mais subjetivo é Quem é que tu pensas que és?9 (RTP1, 2013). 9 Caracterizado como um “Programa factual em registo de documentário que procura responder à pergunta - sabes realmente quem é? - Através da descoberta da árvore genealógica e de histórias reais sobre os antepassados do convidado de cada programa.
Personalidades de perfil mediático empreendem uma jornada pessoal de descoberta das suas origens. Investigando a sua ascendência, partem em busca de familiares que nunca conheceram ou de quem perderam o contacto. Na página da RTP está escrito sobre o programa: Em cada episódio, uma celebridade diferente irá encetar uma intensa pesquisa sobre as suas origens e história familiar. Após a análise da árvore genealógica, seguem-se encontros profundamente emocionais e, aos poucos, serão revelados acontecimentos incrivelmente inspiradores. São histórias de heroísmo, amor, traição, intriga e, por vezes tragédia. À medida que cada celebridade é
Aqui o
O que o programa faz, no fundo, é percorrer diversos marcos da
entretenimento não
história recente de Portugal. Fá-lo, todavia, recorrendo a um dispositivo
visa apenas fazer
enunciativo baseado na personalização, onde as origens familiares
a ocupação do
do indivíduo são o pretexto para acompanharmos, de forma emoti-
ócio mas, também,
va, o desenvolvimento da sociedade portuguesa. Pelos olhos da persona-
a replicação
lidade, o espectador revive alguns momentos da história social dos
de padrões de
dois últimos séculos: a emigração dos avós, a mudança de país ainda
sociabilidade
criança ou o crescimento no seio de famílias desavindas, etc.
sem esquecer o
O que é interessante é o paralelismo que o programa do Serviço
património cultural
Público português de Televisão faz entre a ancestralidade da persona-
das sociedades
lidade convidada e a ancestralidade
surpreendida com a descoberta de
da história coletiva dos portugueses.
novos e inesperados familiares, o
É como se, por intermédio das raí-
telespectador será encaminhado
zes e origens do convidado, Quem é
para uma arrebatadora viagem
que tu Pensas que És indagasse as
através da nossa história.
próprias origens da sociedade portuguesa num curioso exercício que
Os convidados são celebridades das mais variadas áreas da sociedade que acompanhamos, descobrindo a sua história e a dos seus antepassados ao mesmo tempo em que conhecemos e caracterizamos a época em que viveram e o nosso próprio passado”.
faz coincidir indivíduo e sociedade, singular e coletivo, histórias e História, Serviço Público de Media e Sociedade. 111
Conclusão
televisão do vulgar (ordinary television)
não visa apenas fazer a ocupação do
ou, na expressão de Jost (2003) numa
ócio mas, também, a replicação de pa-
Concentrando-nos especialmente
televisão do quotidiano (télévision du
drões de sociabilidade sem esquecer
sobre o caso português, mas sem deixar
quotidien). Mas o que tentámos foi
o património cultural das sociedades.
de referir outros países, procurámos
salientar o carácter distinto com que
Assim, o conceito de “público”
refletir sobre a dimensão integradora
o Serviço Público de Media articula
dentro da expressão “Serviço Públi-
do Serviço Público de Comunicação.
essas três categorias de acordo com
co de Media” sofre uma importante
A par da dimensão político-democrá-
um princípio de sociabilidade (Clube
ampliação: não apenas “Público” num
tica e da dimensão educativa, a di-
da Amizade, RDP internacional) que
sentido relacionado com a propriedade
mensão sociológica sublinha práticas
busca inspiração nos ritmos quotidianos
detida pelo Estado, mas igualmente
de inclusão do indivíduo comum no
(Praça da Alegria, RTP1). Essa articu-
“público” no sentido em que se opera
discurso de televisão e rádio. Estas
lação distinta reside, pois, em trabalhar
a partilha simbólica das sociedades.
práticas de inclusão assumem uma
a identificação coletiva (Portugueses no
“Público” no seu caráter mais univer-
feição convergente num duplo sentido:
Mundo, Antena 1), a herança cultural
sal e acessível. A inflexão quotidia-
convergência enquanto publicidade,
de um país e a história nacional (Quem
na, ao enfatizar a mundanidade, mas
enquanto reunião da atenção coletiva;
tu pensas que és, RTP1) através de uma
também a autenticidade e a subjetivi-
e convergência enquanto emergência
perspetiva mais humilde centrada em
dade de indivíduos comuns, procede
do indivíduo vulgar e da mundanida-
torno das ideias de autenticidade e
à operacionalização desta ampliação
de na Televisão e Rádio Públicas. O
subjetividade. Não estamos já perante
publicitária do Serviço Público de Me-
que está em causa nessa dupla con-
uma identidade coletiva enfática, cla-
dia. Serviço público porque congre-
vergência continua a ser o horizonte
mada com orgulho sóbrio, mas uma
gação, porque convergência mediática
comunitário e coletivo das sociedades.
que se constrói de olhar em olhar, de
do indivíduo anónimo, serviço públi-
Todavia, esse plano comum distingue-
individualidade em individualidade, de
co porque representa um exercício de
-se do trabalho político-democrático
quotidiano em quotidiano.
reunião coletiva (sendo, como sabe-
e educativo e recorre a três exercícios
A sensibilização e educação de
principais: o do quotidiano, a da au-
uma sociedade (duas das mais fortes
tenticidade e o da subjetividade do
matrizes do Serviço Público de Media)
indivíduo.
desaguam, na atualidade, nessa ma-
Estes três exercícios repetem-se nos
triz (por vezes reprimida, outras vezes
media privados. Pode-se inclusivamente
completamente assumida) de entreteni-
falar, como o faz Bonner (2003), numa
mento. Todavia, aqui o entretenimento
mos, a televisão e rádio dois dos mais abrangentes e inclusivos Media10). 10 Com efeito, embora ambos requeiram um certo grau de literacia, esse grau é menos exigente do que a literacia da Internet, por exemplo, onde é exigido um conhecimento técnico mínimo para utilização do hardware informático.
Daí a réplica do quotidiano e de
televisão e cidadania – contribu-
Raboy, M. (Ed.) (1996). Public Broadcas-
autenticidade, mas igualmente de
tos para o debate sobre o serviço
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