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A INFLUÊNCIA DA BLOGOSFERA NOS PORTAIS DE NOTÍCIAS Um estudo do portal Brasil Post Giovanni Ricardo Ramos1 Isabele Schlossmacher2 Resumo Este trabalho tem como objetivo analisar a influência dos blogs nos portais de notícias a partir de um estudo do site Brasil Post. Primeiramente, buscouse o conceito de blog desde o seu surgimento, as características de linguagem e as relações com a sociedade predominantes nestes espaços. Com o conceito de blog formado, foi analisado o portal de notícias Brasil Post, sua linha editorial e 12 matérias de grande repercussão selecionadas pelo portal no primeiro ano de existência do site. Buscouse entender quais características dos blogosfera são encontradas nas matérias do portal que surgiu há 10 anos como um agregador de blogs. Palavraschave: Webjornalismo, blogs, linha editorial, linguagem 1 INTRODUÇÃO Segundo o site Blogger Brasil (2015), um blog é “página web atualizada freqüentemente, composta por pequenos parágrafos apresentados de forma cronológica”. Segundo reportagem da Revista Época (Michelsohn, Fagundes, 2011), no final de 2010, a Pingdom, empresa sueca de monitoramento de sites calculou que existiam mais de 152 milhões de blogs no mundo. Uma reportagem de O Globo (Godoy, 2010) afirma que em 2005, a escritora e economista americana Arianna Huffington entrou para o jornalismo online criando o Huffington Post, um site de notícias que mesclava notícias e opinião através de diversos blogueiros que tinham seus blogs anexados ao portal. Em cinco anos, ela já reunia 6 mil blogs, tornandose um gigante do jornalismo online . Em uma entrevista ao O Globo (Godoy, 2010), Ariana afirmou: “A maneira como as pessoas consomem notícias é muito diferente hoje. Elas não querem só ler, querem se engajar, colaborar. Somos parte disso, do mundo do Facebook, do Twitter”. O objetivo deste artigo é estudar a ligação entre o jornalismo online e a blogosfera, buscando saber as influências dos blogs nos portais de notícias a partir do Brasil Post, filial brasileira do Huffington Post. Buscase saber quais características que compreendem a linguagem dos blogs podem ser encontradas na linha editorial e nas reportagens publicadas pelo Brasil Post. 1
Jornalista, acadêmico de pós gradução em Marketing Digital. Uniasselvi. Email:
[email protected] Mestre em Engenharia de Produção (UFSC). Docente Uniasselvi Fameblu. Email:
[email protected]
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2 2 METODOLOGIA A metodologia para este estudo de caso partiu de uma pesquisa bibliográfica sobre as características da linguagem dos blogs. Uma pesquisa documental em portais de notícias da história da ferramenta na internet foi acrescentada para fundamentação teórica. A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico iniciase com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto (FONSECA, 2002, apud GERHARDT, SILVEIRA, 2009, p.37)
Foram selecionadas quatro características dos blogs da pesquisa bibliográfrica. Com os dados, foi feito um levantamento com a seleção de 12 matérias do Brasil Post. Os textos foram escolhidos pelo portal como os “12 casos onde o Brasil Post fez a diferença” (Iraheta, 2015). Após o levantamento, foi feita uma análise dos dados qualitativa buscando nos textos selecionados, as características dos blogs definidas na pesquisa bibliográfica. 3 OS BLOGS 3.1 O conceito de blog Segundo Clemente (2009), a palavra blog é uma abreviação de weblog, uma junção das palavras web e log, cuja tradução literal é diário de rede. O termo foi inventado pelo americano Jorn Barger, que criou um site com este nome em 1998 como uma página que divulgava outros endereços na internet. O conceito de blogs atual consiste em páginas na internet que possuem um conjunto de características que se associam a um diário pessoal. Clemente (2009, p. 2) conceitua: Weblog, portanto, é uma espécie de diário ou página pessoal mantido na Internet, que pode ter um ou mais autores. É um tipo de site que possui características próprias. Normalmente, apenas com um autor, mas, em alguns casos, com dois ou mais. E em pequeno número, os blogs coletivos (ou grupais), formados por profissionais de uma determinada área em comum ou que tenham intenções correlatas por determinado assunto e utilizam o blog para discutir e divulgar seus interesses e opiniões.
Destacase ainda como característica que diferencia os blogs das demais páginas de conteúdo na internet, a agilidade na produção do material publicado. Komesu (2004, p. 1) afirma que “a facilidade para a edição, atualização e manutenção dos textos em rede foram – e
3 são – os principais atributos para o sucesso e a difusão dessa chamada ferramenta de autoexpressão”. 3. 1.1 História O termo weblog, utilizado pelo americano Jorn Barger (Clemente, 2009), deu a origem a palavra blog, porém, o conceito deste tipo de publicação vem do início da década de 90. Segundo Orduña et al (2007), o weblog precursor foi o What´s new in ´92, criado por TimBerners Lee em 1992, que tinha como finalidade divulgar as novidades sobre as pesquisas do projeto World Wide Web, que mais tarde daria espaço para o que conhecemos hoje como Internet (CLEMENTE, 2009, p. 2).
A primeira plataforma para a publicação dos blogs como conhecemos hoje foi o Blogger, criado pela Pyra Labs em 1999 (Blogger, 2015). A ferramenta, de uso gratuito pelos usuários, foi apresentada como uma forma popular para publicação de textos na internet, pois a criação de um site próprio exigia hospedagem e conhecimento técnico em criação de páginas. A Pyra Labs foi incorporada ao Google em 2003. Em 2003, a americana B2 deu origem ao Wordpress (Codex Wordpress, 2015), plataforma utilizada no mundo inteiro, cuja principal característica é a liberação do códigofonte, permitindo que programadores do mundo inteiro pudessem alterar o sistema, aperfeiçoando a ferramenta. 3. 1.2 A blogosfera no Brasil As plataformas chegaram ao Brasil em 2001, através do Weblogger, um serviço incorporado ao Portal Terra dois anos depois. Em 2002, surge o Blogger Brasil, uma parceria das Organizações Globo com a Pyra Labs (Revista Época, 2006). O portal UOL lançou seu primeiro blog em 2003, com o comunicador Marcelo Tas. No início de 2004, a empresa criou sua plataforma para que seus assinantes pudessem também montar seus blogs (Revista Época, 2006). Em 2010, a empresa de análise de tráfego online Sysomos apontou o Brasil como o quarto país do mundo em número de blogueiros (Felitti, 2010), a frente de países como Canadá, Alemanha e França. Com 4,88% do total, o país ficou atrás apenas dos Estados Unidos, Reino Unido e Japão. Já a ConScore, que também analisa a audiência da internet, colocou o Brasil em segundo lugar mundial no alcance dos blogs, ficando atrás apenas do Japão (Rosário, 2014).
4 Ainda segundo o Sysomos, 53% dos blogueiros brasileiros possui idade entre 21 e 35 anos e as mulheres possuem uma pequena maioria entre os usuários, com 50,9%. 3. 2 Linguagem A facilidade de produção e atualização e a gratuidade das plataformas de blogs democratizaram a comunicação, permitindo que qualquer pessoa possa ter uma página na internet e assim, ser um emissor de conteúdo (Aguiar, 2006). Essa possibilidade dá surgimento aos selfmedia (Catarina, 2006), que são meios de comunicação feitos por uma pessoa ou um pequeno grupo sem uma organização de veículo de comunicação tradicional. A proliferação de blogs rompeu com o tradicional modelo emissorreceptor. Os meios de comunicação social deixaram de ter exclusividade de publicação e a audiência passou a ter também esse poder. Com o aparecimento dos blogs apareceram novos vigilantes, os vigilantes dos próprios media (CATARINA, 2006, p. 59).
A inversão de papeis que torna o receptor um emissor da informação altera também, o conceito de popularidade e audiência de um veículo de comunicação. Para Marlow (2004, apud AMARAL, RECUERO, MONTARDO, 2008, p. 2), “Weblogs constituem uma conversação massivamente descentralizada onde milhões de autores escrevem para a sua própria audiência”. A liberdade de expressão, até então restrita as seções de cartas nos jornais, ligações em programas ao vivo de rádio e enquetes na televisão, tornouse mais expressiva na internet e os blogs foram as primeiras ferramentas disponíveis. O aumento dos espaços para o público nas demais mídias não são suficientes para atender uma sociedade que deseja se expressar. “No fundo, estas páginas oferecem espaços de opinião impossíveis de concretizar nos media tradicionais” (CATARINA, 2006, p. 22). 3. 2.1 Subjetividade opinativa A blogosfera é um universo de pequenos veículos de comunicação que não precisam da estrutura tradicional de uma empresa do ramo para exercer a atividade (Catarina, 2006). A liberdade de expressão leva o emissor a produzir mensagens opinativas, sobre determinados assuntos, sem a formatação textual utilizadas nos jornais impressos. Os blogs são também um bom exemplo de recuperação de uma subjectividade opinativa, muito presente no jornalismo antes da industrialização e que entretanto se havia perdido...Os blogs são, em muitos casos, simples formas de contar histórias do diaadia. Representam alguns blogs uma recuperação de características do jornalismo, antes da industrialização, quando este ainda mantinha relações estreitas
5 com a literatura popular? Recordese que, nessa altura, o jornalismo dava grande importância ao contar de “estórias” bizarras, polémicas, sátiras, etc (CATARINA, 2006, p. 25).
Quando lançadas no Brasil, as plataformas de blogs se apresentavam como diários íntimos virtuais, cuja características de linguagem se aproximam, apesar de terem propósitos diferentes (Komesu, 2007). Se os diários narravam a vida pessoal de uma pessoa, os blogs ganharam força por usar as técnicas parecidas para narrar fatos externos, tornando os blogueiros observadores do diadia. 3. 2.2 Segmentação As plataformas de blogs permitiram uma segmentação de conteúdo impraticável em outras mídias e com restrições no jornalismo online (Simão, 2008). O baixo custo e a fácil manutenção possibilitaram que qualquer área da sociedade pudesse ter sua voz de expressão através de um blog. A segmentação permitida na blogosfera aproximou ainda mais a ferramenta do jornalismo. As plataformas passaram a ser usadas por jornalistas especialistas em determinados assuntos, que puderam se aprofundar em temas deixados de lado nos grandes veículos. Simão (2008), explica que a variedade fez com que a blogosfera tornasse referência para diversos assuntos. Podese dizer que há blogs sobre tudo, desde os “baby blogs”, ou blogs de bebés em que os pais partilham o crescimento dos filhos dia a dia no blog, até blogs especializados em medicina, em tecnologia, em humor ou simplesmente blogs de pensamentos individuais ou colectivos, passando também por blogs eróticopornográficos, de “watch dog”, regionais, institucionais, educacionais, etc. é pois fácil de compreender que os blogs acabam sempre por ser uma importante fonte de informação que se especializa em certos temas (SIMÃO, 2008, p. 6).
3. 2.3 Interatividade Duas características em comum em todas as plataformas para criação de blogs existentes são os espaços para comentários e uma área para publicação de links para outras páginas. Correia (2008) explica que o uso dessas duas ferramentas permite a interação dos blogueiros com seus leitores e com outros blogs, possibilidades que se tornaram usuais na blogosfera. O receptor opta. O receptor selecciona. O receptor define quase tudo (se não mesmo tudo). Com a sua maneira de pensar, sua maneira característica de ver o mundo, ele tem a última palavra quanto ao tipo de informação que quer receber e quando a pretende receber. Assim, o receptor, pode assumir diversos papéis (CORREIA, 2008, p. 7) .
6 Para Amaral, Recuero e Montardo (2008), a interação dos blogueiros com leitores e outros produtores auxilia na criação de estruturas sociais que afetam diretamente a produção de conteúdo do blog. “Weblogs, assim, são ferramentas de publicação que possuem, também, um impacto social auxiliando na construção de estruturas sociais, através das trocas de comentários (Mishne e Glance, 2006) e conversações (Efimova e de Moor, 2005). Essas trocas de links entre blogueiros, que podem acontecer nos comentários, nos blogrolls e mesmo nos textos das postagens, são frequentemente também analisadas como conversação (Efimova e De Moor, 2005; Primo e Smaniotto, 2005)” (AMARAL, RECUERO E MONTARDO, 2008, p. 7) .
. 3. 3 Jornalismo e a blogosfera Segundo Aguiar (2009), a blogosfera tornouse comum no jornalismo, funcionando tanto como uma coluna virtual hospedada em um grande portal ou como um espaço para a prática do jornalismo de linha editorial independente. Os principais sites noticiosos brasileiros como O Globo, O Estado de São Paulo, Último Segundo e Folha de São Paulo, por exemplo, criam blogs para seus colunistas e mantém uma comunicação paralela com seu público através deles, inclusive utilizando chamadas nas suas páginas principais para textos desses blogs (Aguiar, 2006, p. 6).
O uso dos blogs nos jornais gerou um debate no jornalismo, Aguiar (2006) lembra que a neutralidade e objetividade, características do jornalismo, entram em conflito com a subjetividade opinativa dos blogs. Mas para Palacios e Munhoz (2010), a simples publicação contínua de artigos de um formado de opinião não poderia ser classificada de blog, por estarem dentro de um espaço fechado e não conectado à blogosfera. Na medida em que o Blog tem como uma de suas características justamente a ligação com outros congêneres, no contexto da Blogosfera, é de se questionar até mesmo se não seria abusivo denominarse como Blogs esses produtos jornalísticos da grande imprensa, que mais se assemelham a colunas jornalísticas autorais, funcionando online e num regime de atualização contínua. A não inserção na Blogosfera faz de um Blog nada mais que uma página pessoal, apenas com maior facilidade de atualização (PALACIOS, MUNHOZ, 2010, p. 2).
3.4 Jornalismo cidadão O jornalista cidadão é um nãoprofissional de comunicação que presta serviços a sociedade através de notícias e registros em seu blog (Correia, 2008). O blogueiro acompanha os fatos de sua cidaderegião e reporta as informações em seu blog assim como um
7 profissional de jornalismo faz em um veículo tradicional. No entanto, ele apenas cobre o fato e publica, com fotos, vídeos e relatos. Para Simão (2007), os blogs “são o primeiro passo para o ‘jornalismo do cidadão’”, ainda que outros tipos de blogueiros também atuem na opinião. A agilidade desses jornalistascidadãos mudou a forma de fazer as notícias nos grandes veículos, já que o cidadão costuma chegar antes que o profissional no local do acontecimento, registrando e publicando antes através de smartphones e tablets. Já Palacios e Munhoz (2010) entende que o fenômeno obriga os veículos de comunicação tradicionais a repensarem a forma de fazer o jornalismo, obrigando em muitos casos, a fazer parcerias com esses cidadãos, através de ferramentas de interação. O jornalismo cidadão abre uma nova e dinâmica fonte de informação. A grande mídia, ao mesmo tempo em que busca preservar seus espaços de funcionamento e hegemonia, vêse forçada a estabelecer simbioses com os novos circuitos de informação. As relações contraditórias de complementação, apropriação e oposição entre a midiasfera e a blogosfera começam a ficar evidentes nos jornais online de todo o mundo (PALACIOS, MUNHOZ, 2010, p. 77).
3. 5 O projeto de Arianna Huffington O Brasil Post é um portal de notícias e agregador de blogs lançado no dia 28 de janeiro de 2014 a partir de uma associação do Huffigton Post, portal de notícias americano com a Editora Abril. O Huffington Post foi criado em 2005 pela jornalista Arianna Huffigton, com o objetivo de agregar diversos blogs americanos em um site de notícias nacional (Brasil Post, 2015). Além dos Estados Unidos e do Brasil, o Huffigton está em outros 11 países. 3. 5.1 Linha editorial Em um especial de um ano do site no país publicado no fim de janeiro de 2014, o Brasil Post apresentou em linhas gerais, o projeto editorial do grupo. Entre os pontos apresentados está o posicionamento sobre determinados assuntos (Brasil Post, 2015). O Huffington Post não tem partido político, mas todas as suas edições ao redor do mundo se posicionam favoravelmente a bandeiras progressistas como o respeito pleno aos direitos humanos, descriminalização da maconha, a preservação do meio ambiente, os direitos LGBT, o combate ao racismo, o empoderamento das mulheres e a transparência na gestão pública (Brasil Post, 2015).
Segundo a reportagem (2015), o Brasil Post possui 600 blogueiros, com espaço para receber novos colaboradores. A respeito da linguagem dos textos, o site afirma não seguir a a linguagem utilizada no jornalismo impresso.
8 Procuramos escrever como falamos com nossos amigos. Não seguimos a fórmula da pirâmide invertida. Usamos emoticons, GIFs e ~gírias da internet~ se isso fizer sentido no contexto da notícia. Nossos títulos não obedecem às fórmulas do jornal impresso...
A linha editorial aponta também a participação do leitor. Segundo a matéria especial de aniversário (Brasil Post, 2015), a equipe de jornalistas lê e procura responder todos os comentários recebidos, usando como pauta, além de acompanhar publicações externas, republicando assuntos interessantes no site, com link para o endereço de origem.
3.5.2 Matérias selecionadas O Brasil Post selecionou 12 matérias de grande repercussão e audiência no primeiro ano de existência que, segundo os editores, são exemplos do tipo de jornalismo que desejam praticar (Iraheta, 2015). Em todas as reportagens, a publicação toma posição sobre os fatos reportados. Na reportagem “Protesto online motivado por pesquisa do Ipea convoca selfies de topless contra o estupro” (Loureiro, 2014), a subjetividade opinativa é evidenciada não apenas no parcialidade a autora da reportagem defende o protesto mas também a linguagem informal comum entre os blogs, como no primeiro parágrafo. Na quintafeira (27), minha timeline do Facebook foi inundada por comentários de amigos chocados com os resultados da pesquisa do Ipea sobre a percepção do brasileiro acerca da mulher. Os dados realmente mostram uma realidade absurda: 65% dos entrevistados acreditam que mulher que usa roupa curta merece ser atacada. Pior: 66% dos entrevistados eram... Mulheres. Oi? (LOUREIRO, 2014).
A interatividade, outra característica dos blogs, também fica evidente na reportagem “Após movimentação popular, Itamaraty confirma que vai negar entrada de Julien Blanc no Brasil” (Martinelli, 2014). A reportagem toma novamente posição ao apoiar as campanhas contra a vinda de um americano para o país, sob acusação de incitar a violência contra as mulheres . A jornalista Andréa Martinelli, autora da reportagem, interage com o público e as redes sociais, citando o depoimento de um diplomata brasileiro sobre o assunto publicado na rede social Facebook e uma petição pública criada no site Avaaz pedindo a Polícia Federal que negue o visto ao americano. Para barrar a vinda dele, uma petição pública endereçada à Polícia Federal foi criada no Avaaz . Mais de 288 mil pessoas já assinaram o documento até o presente momento. Um evento no Facebook também foi criado para divulgar a petição. O texto divulgado na petição diz que…(MARTINELLI, 2014).
A publicação “Não, não somos macacos. Somos humanos!”, de autoria de Dojival Vieira, advogado, jornalista e criador da Afropress (Vieira, 2014) traz a segmentação, outra
9 característica dos blogs, ao Brasil Post. Dos 12 textos selecionados, é o único que não faz parte da equipe de redação do portal, mas ganhou destaque por trazer uma opinião especializada, segmentada, sobre o assunto em questão. Vieira é um dos 600 blogueiros anexados ao portal, que escreve especificamente sobre os direitos dos afrodescendentes. . 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Das quatro características dos blogs encontradas na pesquisa bibiográfica subjetividade opinativa, interatividade, segmentação e participação popular (jornalismo cidadão), a subjetividade opinativa foi encontrada nos 12 textos selecionados, evidenciando esta semelhança entre a linguagem dos blogs e a proposta pelo portal. O Brasil Post também se mostra um portal com influência da blogosfera no que se refere a interatividade e segmentação. A empresa afirma possuir 600 blogueiros anexados e no caso da repercussão sobre o racismo, a direção editorial escolheu um dos blogs, de propriedade de do criador de um site segmentado Afropress (www.afropress.com), para explanar sobre o assunto e demarcar o posicionamento do portal. A interatividade com o público vai além do espaço para comentários no final das matérias. Como visto no caso da reportagem sobre a campanha contra a vinda de um americano acusado de incitar a violência contra as mulheres, a repórter acompanhou o assunto pelas rede sociais, e interagiu, publicando as campanhas online e também a primeira resposta dada por um embaixador brasileiro. Já as características do jornalismo cidadão não foram encontradas no portal. Todos os textos selecionados tinham foco na repercussão e opinião sobre os assuntos, nenhum deles na notícia. Na matéria em que a linha editorial é apresentada, o Brasil post afirma que “ acreditamos que a repercussão de um fato é tão relevante quanto o fato por si próprio” (Iraheta, 2014), evidenciando o não interesse pelo foco na notícia. REFERÊNCIAS
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