A influência da Escola do Recife na produção residencial

October 2, 2017 | Autor: Nelcia Beatriz | Categoria: Architecture, Brazilian Architecture
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A influência da Escola do Recife na produção residencial arquitetônica do arquiteto Ricardo Roque em Teresina O conteúdo deste trabalho diz respeito ao estudo de dois projetos de habitação coletiva/multifamiliar produzidos pelo arquiteto pernambucano Ricardo Roque na cidade de Teresina-PI. A análise dessas obras mostra como a participação do arquiteto contribuiu no processo de transformação e modernização do cenário urbano da cidade nas décadas de 1970 e 1980. Além disso, esse estudo, afirma a difusão e a concretização de projetos influenciados pela modernidade da Escola do Recife na capital do Piauí, expondo projetos pioneiros que fizeram parte do início da verticalização na cidade. O material de pesquisa foi coletado em arquivo privado do arquiteto. Foram realizadas entrevistas, visitas aos locais e levantamento de material fotográfico. Projetos estudados: Ed. Marquês de Paranaguá (1° edifício residencial de Teresina) e Ed. Ville de France (3° edifício residencial de Teresina). Nelcia Fortes, Henrique Gomes, Arianna Hidd, Lara Eulálio Teresina, março 2010

A influência da Escola do Recife na produção residencial arquitetônica do arquiteto Ricardo Roque em Teresina 1. O ARQUITETO RICARDO ROQUE E SUA PRODUÇÃO EM TERESINA Ricardo José Roque Baracho (09/03/1948, Goiana, Pernambuco) concluiu seu curso de Arquitetura em 1974, na Universidade Federal de Pernambuco-UFPE. Tornou-se responsável por uma grande revolução em Teresina na década de 70, com a construção do primeiro edifício de apartamentos, “Marquês de Paranaguá”. Logo em seguida, o edifício “Raimundo Portela” e ,então, o “Ville de France”. Professores e mestres: Acácio Gil Borsoi, Delfim Amorim Reginaldo, Esteves, Frank Svenson, Glauco Campelo, Armando Holanda. Edifício Raimundo Portela

Nelcia Fortes, Henrique Gomes, Arianna Hidd, Lara Eulálio Teresina, março 2010

A influência da Escola do Recife na produção residencial arquitetônica do arquiteto Ricardo Roque em Teresina 2. ANÁLISE DA OBRA: EDIFÍCIO MARQUÊS DE PARANAGUÁ  Endereço: Rua Coelho Rodrigues, 2149. Centro.  Cidade e Estado: Teresina, Piauí  Tipologia: Residencial  Estado de proteção: Não protegido

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2.1 Contexto

 O edifício se encontra no centro da cidade, próximo à Avenida Frei Serafim (principal via de acesso ao centro da cidade). Inicialmente, o entorno era composto, em sua maior parte, por residências. Atualmente, seu entorno é basicamente comercial.

Localização

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2.2 Descrição  Data do projeto: 1976  Autor: Ricardo Roque

 Partido: Emprego de características marcantes difundidas pelos mestres da “Escola de Recife”, como: edificação centralizada no lote, bloco único sobre pilotis, com volume compacto, aplicação de elementos construtivos que contribuem para o conforto térmico.  Ocupa um terreno plano de 750m², sendo guarita, acesso à circulação vertical e garagem, no térreo mais seis pavimentos tipo e caixa de circulação central.

Programa de necessidades: 03 quartos (02 suítes, sendo 01 reversível), sala ampla com varanda, cozinha, área de serviço, garagem (01 carro).

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A influência da Escola do Recife na produção residencial arquitetônica do arquiteto Ricardo Roque em Teresina 2.2 Descrição  A solução racional adotada (malha estrutural), tipicamente moderna, resultou em um volume prismático que permitiu a distribuição de 4 apartamentos de 145m² por andar.  Volumetricamente moderno, possui ritmo, traçado regular, proporção e rigor geométrico.  As fachadas com maior insolação apresentam pequenas aberturas dos banheiros e proteção das janelas maxim-ar de um dos quartos com brises verticais.

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A influência da Escola do Recife na produção residencial arquitetônica do arquiteto Ricardo Roque em Teresina 2.3 Construção  As aberturas dos quartos e das salas localizam-se nas fachadas que recebem menor insolação e maior ventilação em favor do conforto.  A fachada sudoeste (Rua Coelho de Rezende) tem a área de pilotis protegida da insolação por um pequeno jardim de convivência, que oferece privacidade aos moradores.

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A influência da Escola do Recife na produção residencial arquitetônica do arquiteto Ricardo Roque em Teresina 2.3 Construção  Estrutura em concreto armado.  Externamente, é revestido com massa e pintura para exteriores, indicando a mudança de material: a tonalidade mais clara marca o fechamento em alvenaria e a mais escura destaca as vigas, evidenciando a modulação na fachada.  Outra influência da escola recifense são as esquadrias do tipo maxim-ar, com venezianas, que permitem o controle da circulação de ar e da luminosidade.

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A influência da Escola do Recife na produção residencial arquitetônica do arquiteto Ricardo Roque em Teresina 2.4 Avaliação  Técnica: assim como em Recife, essa arquitetura possibilitou um caráter inovador, com o emprego inédito de elevadores em edifício residencial e o uso de um sistema de portas e janelas, estruturadas em alumínio, com folhas em vidro, e bandeira com persianas móveis.  Emprego de parapeito ventilado nas varandas, caracteristico dos edificios projetos pelos mestres recifenses.  Cultural e estética: marca a arquitetura produzida no período de urbanização e crescimento da cidade nas décadas de 1970 e 1980. Nelcia Fortes, Henrique Gomes, Arianna Hidd, Lara Eulálio Teresina, março 2010

A influência da Escola do Recife na produção residencial arquitetônica do arquiteto Ricardo Roque em Teresina 2.4 Avaliação  Valor de referência: Segundo seus construtores, esse foi o primeiro edifício residencial da cidade, encontrando-se próximo aos primeiros edifícios comerciais construídos. Tem como referência os ensinamentos da Escola do Recife: uso de trama ordenadora como solução de projeto, preocupação com a orientação solar, emprego de materiais compatíveis à região e ao clima, elevação do solo e controle da ventilação.

Pilotis

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A influência da Escola do Recife na produção residencial arquitetônica do arquiteto Ricardo Roque em Teresina 3. ANÁLISE DA OBRA: EDIFÍCIO VILLE DE FRANCE  Endereço: Rua Primeiro de Maio. Praça Marechal Floriano Peixoto, Centro.  Cidade e Estado: Teresina, Piauí  Tipologia: Residencial  Estado de proteção: Não protegido

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3.1 Contexto

 O edifício se encontra no centro da cidade, próximo à Avenida Miguel Rosa (principal via de ligação entre zona sul e zona norte da cidade). Anteriormente, o entorno era composto por residências. A partir da década de 1980, com a transferência da região nobre para a zona leste da cidade, seu entorno passou a se configurar numa área de uso misto. . Nelcia Fortes, Henrique Gomes, Arianna Hidd, Lara Eulálio Teresina, março 2010

A influência da Escola do Recife na produção residencial arquitetônica do arquiteto Ricardo Roque em Teresina N

3.2 Descrição  Data do projeto: 1976  Autor: Ricardo Roque

 Partido : Emprego de características da “Escola de Recife”, adaptadas à realidade sócio-cultural da cidade e do empreendimento. Por exemplo, houve a substituição de cobogós de cerâmica (elemento largamente utilizado pelo arquitetos do Movimento Moderno em Recife) por cobogós de vidro.  Ocupa um terreno plano de 510m². Possuindo no térreo (guarita, circulação vertical, serviços e garagem) mais 12 pavimentos, sendo um apartamento por andar e o último duplex. Há ainda uma área comum com mezanino e piscina.

Programa de necessidades funcional e bem zoneado: 03 quartos sendo 02 suítes, 01 closet, escritório, sala estar/jantar, w.c social, varanda, cozinha, área de serviço, D. C.E, 02 vagas de garagem.

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A influência da Escola do Recife na produção residencial arquitetônica do arquiteto Ricardo Roque em Teresina 3.2 Descrição  O traçado do projeto é marcado pela horizontalidade, proporcionada pelos frisos e jardineiras. O emprego de trama ordenadora na fachada evidencia a adoção da solução racional. As aberturas das esquadrias corridas estão recuadas e orientadas para leste (garantindo o conforto térmico) o que permitiu à fachada ter um traçado regular, caracterizando o ritmo e rigor geométrico dos ensinamentos recifenses.

Fachada Leste

 Predominância da função sobre a forma permitiu uma distribuição funcional em planta. Nelcia Fortes, Henrique Gomes, Arianna Hidd, Lara Eulálio Teresina, março 2010

A influência da Escola do Recife na produção residencial arquitetônica do arquiteto Ricardo Roque em Teresina 3.3 Construção  Estrutura em concreto armado permite o emprego de volumes em balanço das varandas das salas.  Revestimento: alvenaria revestida com massa e pintura para exteriores. O volume da escada é revestido com pastilhas cerâmicas na cor verde musgo.  As varandas são em concreto aparente, com efeito liso e texturado criado pelo seixo na parte frontal. Há um segundo detalhe em concreto liso no parapeito das janelas dos quartos.  Cobogós de vidro formam planos de fechamentos (áreas de serviço e áreas comuns no térreo) independentes da estrutura. Nelcia Fortes, Henrique Gomes, Arianna Hidd, Lara Eulálio

Teresina, março 2010

A influência da Escola do Recife na produção residencial arquitetônica do arquiteto Ricardo Roque em Teresina 3.4 Avaliação  Foi o terceiro edifício residencial de Teresina.

 Destacou-se em seu entorno, composto por casas, uma praça e o 25 °Batalhão de Caçadores do Exército, que possui uma arquitetura eclética. O jogo de volumes prismáticos, dá dinamicidade ao volume e protege as esquadrias da insolação. Inovação no programa: cobertura com piscina e área de lazer.  Uso dos ensinamentos da Escola do Recife abordando uma linguagem mais contemporânea. Nelcia Fortes, Henrique Gomes, Arianna Hidd, Lara Eulálio Teresina, março 2010

A influência da Escola do Recife na produção residencial arquitetônica do arquiteto Ricardo Roque em Teresina 4. Referências Bibliográficas AFONSO, Alcília. La consolidación de la arquitectura moderna en Recife en los años 50.Barcelona: tese doutoral apresentada para o departamento de projetos arquitetônicos da ETSAB/ UPC, 2006. AFONSO, Alcília. Arquitetura em Teresina: 150 anos; da origem à contemporaneidade. Teresina: Halley, 2002. AMORIM, Luiz Manuel Eirado. Modernismo recifense: uma escola de arquitetura, três paradigmas, e alguns paradoxos. São Paulo: Vitruvius, 2001b. Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq012/arq012_03.asp. Acesso em 01 mar. 2010.

BENEVOLO, Leonardo. História da Arquitetura Moderna. São Paulo: Perspectiva. 4ª edição.2006. BRUAND, Yves. Arquitetura contemporânea no Brasil. São Paulo: Ed. Perspectiva.1979. GLANCEY, Jonathan. A História da Arquitetura. Tradução de Luís Carlos Borges; Marcos Marcionilo. São Paulo: Edições Loyola, 2001. Vistas aéreas: Google Earth, 2010. Fotos: Nelcia Beatriz Fortes da Costa, 2010. Redesenho dos projetos: Henrique Gomes, 2010.

Nelcia Fortes, Henrique Gomes, Arianna Hidd, Lara Eulálio Teresina, março 2010

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