A influência da internet no telejornalismo brasileiro

June 6, 2017 | Autor: Julherme Pires | Categoria: Internet Studies, Estética, Linguagem, Telejornalismo
Share Embed


Descrição do Produto

1

UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA REGIONAL DE CHAPECÓ

A INFLUÊNCIA DA INTERNET NO TELEJORNALISMO BRASILEIRO

Julherme José Pires

Chapecó, 2009

2

JULHERME JOSÉ PIRES

A INFLUÊNCIA DA INTERNET NO TELEJORNALISMO BRASILEIRO

Relatório de pesquisa apresentado no Curso de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo da Universidade Comunitária Regional de Chapecó, para a disciplina de Teoria e Metodologia da Pesquisa.

Orientadora: Goldschmidt

Profª

Ilka

Universidade Comunitária Regional de Chapecó Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo Chapecó, 2009

Margot

3

SUMÁRIO Introdução .........................................................4 Revisão bibliográfica ........................................7 Relatório de análise de dados ...........................14 Considerações finais .........................................26 Referencias bibliográficas ................................28 Anexos ..............................................................29

4

INTRODUÇÃO A partir de 2005, a queda nos preços de microcomputadores e de acesso à rede mundial de computadores, aliada à evolução no conteúdo na Internet, fez com que a população brasileira entrasse na briga pela liderança no ranking mundial de número de usuários. Hoje em dia, de acordo com pesquisa realizada pela NetRatings do IBOPE Nielsen Online, o internauta brasileiro está no topo do ranking de “Tempo de navegação por pessoa e páginas vistas por pessoa” (Internet domiciliar março/2009). O que significa que cada vez mais os brasileiros deixam os meios de comunicação (e mídias) tradicionais para dedicar seu tempo à Internet. Esta pesquisa se propõe a analisar as principais mudanças no telejornalismo brasileiro provocadas por esta alteração de comportamento da população. Terá como base dois telejornais e uma revista eletrônica – todos da Rede Globo: o Jornal Hoje (exibido das 13h15 às 13h45 de segunda a sábado), o Jornal Nacional (exibido das 20h15 às 20h50 de segunda a sábado) e o Fantástico (exibido aos domingos das 20h45 ás 23h05). A pesquisa pretende localizar quais elementos da internet estão sendo utilizados nestes programas jornalísticos que são próprios da linguagem de Internet, ou originados dela. A questão principal deste projeto de pesquisa é: quais as estratégias que o telejornalismo brasileiro tem adotado para se tornar atrativo na era da internet? A partir desta “pergunta mãe”, a proposta é abordar ângulos diversos – fotografia, montagem, trilha, conteúdo, tempo, entre outros – ao analisar uma edição de cada um dos programas de notícia citados anteriormente. Os objetivos gerais desta pesquisa são: – Analisar a influência da Internet na linguagem, formato e conteúdo dos principais telejornais da Rede Globo. – Compreender como é estabelecida a reação entre conteúdo e formato nos telejornais deliberando a utilização de recursos semelhantes aos da Internet. – Perceber se Televisão e Internet podem se complementar enquanto fontes de informação ou se há coerência entre os veículos de comunicação. O objetivo específico da pesquisa é:

5

– Identificar elementos da linguagem da Internet que podem ser incorporados ao telejornalismo brasileiro. É fundamental que em tempo de mudança ou iniciativas seja feito um projeto (planejamento) com cuidado para que haja pleno desenvolvimento, em qualquer área, de economia e negócios a meio ambiente. Hoje em dia, o aumento de acessos à Internet por parte crescente da população, ou do público, criou uma crise nos meios de comunicação tradicionais, entre eles a televisão. Esta, por sua vez, utiliza mecanismos com o objetivo de reduzir a perda iminente da audiência. É necessário, portanto, compreender como o telejornalismo brasileiro está reagindo nestas condições desfavoráveis e ainda levantar alternativas sólidas neste sentido. A ideia é fazer de uma pesquisa base de conhecimento aplicado. De que maneira? Começando pela análise do conteúdo. Depois pela interferência de outros modelos que poderiam ser incorporados ao telejornalismo. O papel das pesquisas acadêmicas é esse, o de estudar e também apontar alternativas. Não apenas fazer críticas ao modelo atual, mas sim construir novas maneiras de se fazer Jornalismo de qualidade na televisão. É inteiramente válido apostar em estudos que visam o reconhecimento de falhas, e que apontem possíveis soluções, além disso, inovações. Fazer o contraste com o que dá certo em outros lugares também pode ser o caminho. Para que o estudo não analise apenas o telejornalismo em si, a proposta fica além da telinha. Não se pode estudar um produto televisivo em crise sem confrontar com o outro lado: a Internet, a convergência das mídias. Que tipo de estrutura o telejornalismo pode utilizar para crescer sua audiência sem precisar apelar com coberturas de fatos medíocres que ficam aquém do interesse público, mas chamam atenção do público. A criatividade é uma aposta que sempre dá certo, quando é usada com bom senso e conhecimento de causa. Esta pesquisa irá promover um estudo completo, analisando quadro por quadro e transformando num geral. O método de pesquisa escolhido é Análise de Conteúdo. Será gravada uma edição de cada um dos programas de notícia escolhidos: os dois principais telejornais, e mais populares, e a revista eletrônica semanal da Rede Globo foram escolhidos pelo seu papel social e estético, e sua influência na televisão brasileira. Jornal Hoje, Jornal Nacional e Fantástico são reconhecidos como modelos na TV aberta pela sua audiência majoritária em seus horários, além de estarem na programação do canal número um da quarta maior empresa de televisão do mundo: a brasileira Rede Globo.

6

A partir da gravação (recolhimento dos dados) de cada edição, será feita a análise do conteúdo (análise dos dados). Cada resultado extraído de cada programa de notícia será analisado de forma a respeitar o modelo e a natureza, propriamente distintos, além de reconhecer o público alvo e o formato, respectivo de cada um. Os vídeos serão gravados levando-se em conta também os intervalos comerciais, técnicas de imagem, ação dos repórteres, velocidade das reportagens, interferências dos telespectadores, passagens ao vivo, coberturas especiais, entre outras características próprias de cada programa. Enfim, tudo isso para selecionar e identificar novos estilos, e recursos estéticos que foram extraídos da linguagem da Internet, na programação destes programas.

7

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Ao longo dos anos, todas as mídias em algum momento precisaram se habituar às perdas de audiência para concorrentes em potencial. Foi assim com a mídia impressa quando surgiu o rádio. E aconteceu com o rádio quando a televisão apareceu. Agora, é a televisão que está perdendo espaço para a convergência das mídias em um único espaço: a rede mundial de computadores – Internet. A partir disso, o telejornalismo brasileiro, em crise, está reagindo de variadas formas; entre elas, se apropriando da linguagem da Internet.

Hoje mais de um bilhão de pessoas acessa a Internet no mundo. Só no Brasil, 37 milhões de usuários já não dependem da TV, do rádio e dos jornais para trocar informações, formar comunidades e produzir entretenimento e cultura. (SPYER,

2007)

Entende-se, a partir deste dado, somado a de quedas de audiência vertiginosas na programação televisiva nos últimos quatro anos, que todos esses milhões de pessoas vêem TV menos do que viam antes, ou nem tocam mais no controle remoto. Segundo o IBOPE//NetRatings, no 1º trimestre de 2008, 41,5 milhões de pessoas declararam ter acesso à rede em qualquer ambiente. Ou seja, um crescimento alto em um país onde as desigualdades sociais ainda são enormes. Chega-se ao ponto aproximado de 25% da população do Brasil com acesso a Internet em casa ou no trabalho. Em março deste ano, o IBOPE/NetRatings, segundo o site Teleco (http://www.teleco.com.br/internet.asp), mostra que 25 milhões de usuários tem acesso à Internet em casa. Isto quer dizer que o público já começa a se familiarizar com a linguagem da rede mundial de computadores. A televisão em alguns anos, certamente, deixará de ser o grande meio de propagação de informação para o grande público, embora hoje os veículos televisivos pensem nessa virada. Para que a queda de audiência seja revertida, a televisão toma uma postura inovadora. A Rede Globo, veículo de comunicação mais influente do país, entrou na rede e conseguiu o lugar de maior portal de notícias e entretenimento do país. O Globo.com dá o prestigio e os acessos que a TV e os Jornais estão perdendo.

8

Pesquisa encomendada pela Folha à Research International mostra que a Internet passou a frente da TV na preferência dos consumidores à procura de informações. A maioria dos entrevistados (37%) disseram que preferem ler notícias através da web. A TV aberta ficou em segundo lugar, com 34%. (Redação Comunique-

se, 18 de maio)

A televisão perde espaço pela sua natureza. De acordo com o Juliano Spyer, a televisão era a toda poderosa por que não havia outra opção. “A TV e outros meios de difusão alcançam milhares de espectadores, mas a transmissão tem apenas uma via, o transmissor ‘fala’, os receptores ‘escutam’” (2007, p.21). Sendo assim, o usuário não pode fazer nada além de parar e ouvir, além do que não tem muitas escolhas de conteúdo para ver. Com a TV Digital, é permitido que um usuário faça a própria programação e assista o que quiser na hora que optar, mas ela ainda é um charme nas mentes dos pesquisadores. Por outro lado, a Internet faz a ligação entre o modelo de comunicação do telefone (chat, fóruns) em conjunto com o da televisão (Globo.com). E ainda implementa seu próprio, o modelo de transferências de dados – compartilhamento em tempo real –, o que seria uma espécie de correspondência virtual (P2P). Para que se sujeitar à televisão como única forma de receber informação e entretenimento? Muitas pessoas devem ter se perguntado a mesma coisa assim que descobriram a rede mundial de computadores. Apesar de a Internet do Brasil ser uma das piores do mundo, o público tem feito a escolha por ela sem pensar duas vezes pelas inúmeras vantagens. Veja a tabela que mostra o crescimento do número de usuários da Internet no Brasil nos últimos anos. Milhões Usuários Internet* Fonte

de

2005

2006

2007

2008

32,1

35,3

44,9

53,9

Suplemento PNAD

TIC Domicílios

TIC Domicílios

TIC Domicílios

População de 10 anos ou mais de idade que acessou a Internet, pelo menos uma vez, por meio de computador, em algum local (domicílio, local de trabalho, escola, centro de acesso gratuito ou pago, domicílio de outras pessoas ou qualquer outro local) nos 90 dias que antecederam à entrevista.

O brasileiro, segundo pesquisa da IBOPE Nielsen Online, é o usuário que mais passa o tempo na Internet no mundo. No Reino Unido, segundo colocado, os usuários passaram exatas 25 horas navegando na Internet em março. “Crescimento do uso da banda larga

9

contribuiu para a elevação do tempo on-line do internauta residencial para a marca inédita de 26 horas e 15 minutos” (IBOPE Nielsen Online).

Em março de 2009, o número de usuários ativos da internet residencial chegou a 25,5 milhões, segundo o IBOPE Nielsen Online, o que representa um crescimento de 2,6% sobre o mês de fevereiro de 2009 e de 12% sobre março de 2008. Pessoas que moram em residências em que há computador com internet somaram 38,2 milhões. (IBOPE, 2009)

Há uma diferença básica entre a linguagem texto-visual, em meio a muitas outras, da Internet para a Televisão: linearidade. Enquanto na televisão, o telespectador aguarda pela ingestão do conteúdo em apenas um canal, na Internet, produziu-se efeito contrário. Ou seja, o texto e o conteúdo da Internet são “não lineares”. O que os especialistas chamam de hipertexto. Por exemplo, uma pessoa está lendo uma notícia sobre punição de cantora por plágio musical no G1, portal de notícias da Rede Globo na Internet. No meio do texto, há um link sincronizado com um vídeo no Youtube em que se pode ouvir a música original e a plagiada. Do texto do portal de notícias, o usuário foi para o site de vídeos para receber uma informação complementar. O hipertexto dá outro caráter à comunicação. Há, a partir disso, convergência entre os veículos, sites e hosts e entre as mídias – como no exemplo: do texto jornalístico para a televisão. Para Juliano Spyer, essa linguagem gera a delineação de duas tendências para a utilização do computador na comunicação.

A cooperação é por natureza estática, propicia a discussão a respeito de um problema definido e compartilha as tarefas relacionadas à solução do mesmo. Colaboração é um processo dinâmico cuja meta é chegar a um resultado a partir das competências diferenciadas dos indivíduos ou grupos envolvidos. Na cooperação, os participantes são unidades de produção subordinadas ao resultado; na colaboração, existe uma relação de interdependência do individuo e grupo, entre metas pessoais e coletivas, o ganho de um ao mesmo tempo depende e influencia o resultado do conjunto. (2007, p. 23)

As diferenças entre se comunicar pela internet ou pela televisão são imensuráveis. Mesmo com o modelo completo de alternativas da TV Digital, nada é capaz de ultrapassar o modelo democrático do hipertexto da Internet e da relação entre usuários. Mesmo com todas

10

as facilidades sugeridas pela TV Digital, a comunicação interativa, artesanal e multimídia entre os usuários é impensada como a da Internet. Apesar de a Internet levar vantagem em inúmeros elementos, que vão desde tecnológicos até interativos, em um ela ainda sofre de preconceito: a credibilidade. Mesmo assim, Dominique Wolton classifica a força ideológica da televisão como extremamente superior a qualquer outra, pela sua maturidade na vida das pessoas e pela força da imagem transmitida por um veículo de comunicação de expressão nacional – não segmentado. “De todas as maneiras a televisão fascina, pois ela ajuda milhões de indivíduos a viver, se distrair e compreender o mundo” (2003, p. 64). O mais próximo da linguagem de Internet introduzido nos meios de comunicação é o Jornalismo Colaborativo. A partir das perspectivas de colaboração que se infiltraram na Internet no início deste século na Coréia do Sul, vários veículos de comunicação tradicionais se apropriaram do conceito.

“Every citizen is a reporter.” Com esse slogan, o noticiário sul-coreano OhmyNews foi concebido em fevereiro de 2000 como um divisor de águas no jornalismo digital. A quebra do paradigma do jornalista como “detentor do lugar de fala” ofereceu ao cidadão leigo (sem conhecimentos de jornalismo) toda a engrenagem jornalística para dar aval à sua história: redação com editores em Seul para apurar informações vindas do mundo todo e o aval de uma marca de imprensa transformariam um simples relato do acidente da esquina em fato jornalístico.

(SPYER apud BRAMBILLA, 2009, p.43)

Este tipo de produção jornalística não tem por objetivo maior aprofundamento analítico, ou formação de opinião, e sim simplesmente noticiar um fato ou acontecimento em que um cidadão participou ou presenciou – e que jornalistas não o fizeram – que vão desde um casamento a uma tragédia. “No Brasil, veículos que se consolidaram no modelo de mídia de massa (...) lançam seus ‘braços colaborativos’, a exemplo do Eu Repórter (O Globo)”, explica Ana Brambilla (SPYER, 2009, p.43). Mesmo com todo o aparato preparado pelos meios de comunicação tradicionais, nada foi o suficiente para segurar a explosão dos blogs e dos mais recentes microblogs, como o Twitter. Segundo o Ibope/Netratings em dezembro de 2008, 11,6 milhões de pessoas acessaram blogs contra 9,5 milhões de brasileiros de dezembro de 2007, um crescimento de 22,1%. É um terreno fértil para o crescimento contínuo de informações na web. O grande problema ainda é a credibilidade. Ao contrário dos meios de comunicação tradicionais, a maioria dos blogs não conta com jornalistas formados e com responsabilidade sob seu

11

conteúdo. Outra grande parte dos blogs só faz cópias entre si. E mesmo nos veículos conceituados, o Jornalismo Colaborativo prova não ser um campo totalmente inerente a falsidade.

(...) No auge da cobertura do desastre aéreo com o vôo JJ 3054 da TAM, no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, o UOL publica a imagem de uma pessoa se jogando do alto do hangar da companhia aérea em meio às chamas. O conteúdo teria sido enviado por um internauta que atendia ao chamado do portal: "Você manda: a tragédia em Congonhas". Vinte e oito minutos mais tarde, outro internauta alerta o UOL de que se tratava apenas de uma montagem (...). O portal admitiu o erro publicamente e retirou a imagem do ar (...) (BRAMBILLA,

2007)

Há uma grande diferença entre o Jornalismo Colaborativo aplicado nos veículos de comunicação e os feitos em blogs. No G1, por exemplo, entra notícias de todo âmbito, ou seja, de conteúdo geral. As notícias neste caso são apuradas pelos jornalistas profissionais da Rede Globo e também entram no filtro de critérios de noticiabilidade jornalística. Já nos blogs, o conteúdo é extremamente segmentado. E também, a maioria deles não é feito por jornalistas e não recebem o tratamento de notícia dentro das normas da prática jornalística. São reconhecidos, no entanto, pelo seu caráter informativo em troca de nada. Poucos são os blogs que conseguem se sustentar como veículo. O jornalismo da TV brasileira se expressa de duas formas por natureza própria: é regional – trabalha com conteúdo próximo e com dimensão pequena – ou nacional – que informa o país inteiro e trabalha com conteúdo amplo, inclusive internacional. O objetivo aqui é estudar o telejornalismo de rede, ou seja, o nacional. O modelo implantado pelos telejornais de rede no Brasil é essencialmente estadunidense. “O estilo de linguagem e narrativa e a figura do repórter de vídeo tinham os telejornais americano como modelo”, contextualiza Vera Íris Paternostro (1999, p. 36). Assim como em outras áreas de tecnologia e telecomunicações, os Estados Unidos saíram na frente, e o primeiro sempre impõe certa cultura aos demais que acabam sendo desenvolvidos depois. Para expressar melhor essa ideia, é utilizado o exemplo maior do modelo do telejornalismo do país: o Jornal Nacional da Rede (TV) Globo. “(...) o primeiro (telejornal do país) a mostrar imagens, via satélite, de acontecimentos internacionais no mesmo instante em que eles ocorriam”, explica Paternostro (1999, p. 36). Para a autora, o Jornal Nacional foi

12

quem mais intensamente permaneceu “implantando avanços tecnológicos e modificando sua linha editorial de acordo com as circunstâncias (...)” (1999, p. 36).

Dos EUA a emissora carioca importou a receita do “padrão globo de jornalismo”, expressão que se traduz em qualidade técnica, cenários elaborados, imagens apuradas dos telejornais e programas globais. Fórmula que atrai críticas por buscar incansavelmente a estética, mas que, é preciso reconhecer, deu cara, rumo e fama às produções da televisão brasileira. (BISTANE

e BACELLAR, 2005, p. 108)

Depois da criação do Jornal Nacional, em 1969, vários outros surgiram com a mesma fórmula. Mesmo assim, o JN, que é transmitido em horário nobre na TV Globo, ainda é o de maior audiência no Brasil. Este tem sido ao longo de décadas o programa de maior credibilidade da Rede Globo. Hoje, para comprovar a tese, “um comercial com duração de 30 segundos para todo o Brasil no ‘JN’ custa R$ 367 mil. Na novela das oito, que tem mais audiência, sai por R$ 365 mil (CASTRO, 2009). Mas nem tudo são flores. A audiência do JN “registrou queda de 28% no share de audiência na última década. (...) Na análise de 2009, entre os meses de janeiro e fevereiro, a perda ficou na casa dos 6%, segundo levantamento do jornal O Estado de S.Paulo” (C.K, 2009). Diante desta crise no modelo, os veículos de comunicação se vêem obrigados em investir em pesquisas de novos modelos. A “especialidade” do jornalismo de TV são as coberturas especiais – ou grandes acontecimentos – pelo seu potencial de exibir de imagens ao vivo e pelo crescimento de sua audiência instantânea. A exemplo disso está a cobertura do “Caso Isabela”, em que a audiência dos telejornais e programas de notícia cresceram até 46% segundo o Ibope. “No ‘Jornal Nacional’, a cobertura chegou a ocupar 15 minutos e 20 segundos na edição da última terça-feira (15), o equivalente a 37% do telejornal. A Globo mobilizou 18 repórteres, oito produtores e 20 cinegrafistas para cobrir o caso” (CASTRO, 2008) . Em coberturas deste tipo, a televisão se destaca por expor imagens do acontecimento além de trazer informação na hora, com reportagens apuradas e com grande aparato de repórteres e equipamentos. “(11 de) Setembro (de 2001) – Transmissão ao vivo do atentado terrorista ao World Trade Center e ao Pentágono, Nos Estados Unidos, registra os mais altos índices de audiência da história da televisão” (BISTANE e BACELLAR, 2005, p. 128). Esta foi uma das maiores coberturas internacionais da história, só não seria a última por causa da Guerra do Iraque dois

13

anos depois. Naquela época a Internet ainda não era o meio de comunicação evoluído que é hoje, e a televisão mostrou toda sua força. Carlos Nascimento, por exemplo, repórter da TV Globo de São Paulo ficou 5 horas ao vivo transmitindo informações desde o impacto do primeiro avião ao WTC em Nova Iorque. E edição do Jornal Hoje daquele dia e todo o resto da programação no meio tempo foi atropelada por “uma sucessão de imagens apocalípticas”. E a audiência explodiu, como nunca antes e depois. Neste tipo de cobertura a televisão é imbatível, porque em grandes acontecimentos não há colaboração que supra o trabalho de uma equipe inteira de jornalistas executando a apuração dos fatos. Além disso, há o fator “tudo está ali”, ou seja, o telespectador fica com a consciência de que vendo a televisão não irá perder nenhum dado solto, o que na Internet poderia ocorrer. Outra coisa, é que é improvável que o sinal da televisão caia, enquanto o da Internet (a brasileira é uma das piores do mundo) é relativamente possível, principalmente quando há aumento de fluxo e os sites ficam “cheios”. Mas como é televisão, e nela o tempo é precioso, as notícias não podem rodar no dia todo – a não ser nos canais de notícias 24h, como a Globo News. A partir daí, a Internet se torna a principal alternativa. “Não se paga para ver a televisão aberta e não é necessário ter o domínio da língua (...). Tais características tornam a TV acessível aos ricos e aos pobres, aos cultos e aos analfabetos” (BISTANE e BACELLAR, 2005, p. 79). Isso é a televisão de rede no Brasil, feita para a “massa”. Toda a programação visa atingir o público e com o Jornalismo não é diferente – dentro de sua respectiva natureza. O Jornalismo de TV é o mais entrelaçado com o seu meio.

14

RELATÓRIO E ANÁLISE DE DADOS A partir de uma pesquisa ampla que procurou estabelecer conceitos de linguagem de Internet e Televisão, bem como o webjornalismo e o telejornalismo, produziu-se conhecimento sobre a base que relaciona os dois meios e o que os separa. Agora, iniciamos a transcrição e a análise dos dados, que foram coletados nos três principais programas jornalísticos da Rede Globo, que se revela como modelo nacional de jornalismo. Primeiro, o Jornal Hoje, que é exibido de segunda-feira a sábado, entre 13h15 e 13h45. Em segundo, o Jornal Nacional, que também é exibido de segunda-feira a sábado, entre 20h15 e 20h50. E por último, a revista eletrônica Fantástico, que é exibida aos domingos das 20h45 ás 23h05. Para sacramentar o conhecimento jornalístico neste estudo, será cobrada no decorrer deste texto uma relação entre o conteúdo teórico e dos dados coletados – uma edição completa de cada programa de notícia. Para apoiar praticidade neste estudo, estabelece-se o “selopadrão” a cada partícula (reportagem, chamada, etc...) seguinte: (i) Nulo – Conteúdo que é exposto no telejornalismo sem nenhuma característica da linguagem de Internet e nem apresenta qualquer relação com a mesma. (ii) Baixo – Contempla pouquíssimos elementos, que nem são visíveis claramente ou que são misturados a outros elementos que não provêm da Internet. (iii) Médio – Possui característica clara de linguagem da Internet, mas ainda se confunde com o modo televisivo nada interpessoal. Também pode apresentar conteúdo proveniente da Internet. (iv) Alto – Apresenta objeto de linguagem da Internet claramente. Utiliza desta linguagem para aplicar exibição ao conteúdo, que também tem relação com conteúdo e linguagem da Internet. Jornal Hoje – edição de sexta-feira, 29 de maio de 2009

A chamada, apresentada pelos apresentadores do telejornal, anuncia sete manchetes, que se seguem em ordem, alternando de um apresentador para o outro: violência nas duas maiores universidades públicas da cidade do Rio de Janeiro; imagens da destruição e novas

15

informações da ruptura de uma barragem no Piauí; Mudanças climáticas, suas conseqüências e sua principal origem; Endividamento, bancos e comércio criam cartilha contra o crescimento das dívidas; quadro “Tô de folga”, esportes radicais e outras especiarias na região serrana do Rio de Janeiro; e a crise de Susan Boyle, que ameaça a abandonar a disputa no mais famoso concurso musical de calouros do Reino Unido – (i). A primeira reportagem se trata do alto índice de violência que aterroriza os alunos das maiores universidade do Rio de Janeiro – Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UEJR) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Imagens de circuito interno de TV, de origem omissa, mostram flanelinhas e outras pessoas estranhas, que circulam nos campus, assaltando estudantes nos estacionamentos e nos pontos de ônibus. Assim como a maioria das reportagens dos dois telejornais diários analisados nesta pesquisa, a fotografia – o enquadramento, luz, velocidade da transação dos frames de vídeo, som – se mantém no parâmetro tradicional do “padrão globo de jornalismo”, a que Luciana Bistane e Luciane Bacellar se referem (2005, p. 108) – (i). Chuva no Piauí causa rompimento em uma barragem e a água invade regiões habitadas e arrasta tudo que aparece pela frente. A segunda reportagem complementa outra feita no dia anterior, em que imagens mostram o momento do rompimento da barragem. Há aí, um mero vestígio de não-linearidade, só que é entre o mesmo noticiário. Mesmo assim, isso já fazia parte da característica do telejornalismo – (i). Sem tempo para outras coisas, o gancho pede o espaço da metrologia do Jornal Hoje. Há um gráfico animado no fundo, costumeiro, e uma conversa “informal” entre a apresentadora da previsão do tempo e a âncora do telejornal – (i). Em seguida, mais espaço para a natureza e sua destruição (provocada nela e provocada por ela). A frase da vez é “mudanças climáticas”, que abre reportagem sobre, com imagens de pessoas doentes na África e florestas desmatadas. Tem também passagem do repórter, explicando o que a imagem não consegue transmitir – (i). “Consumidores endividados”: cresce o número deles. Bancos e comércio criam uma cartilha que explica como sair ou não entrar nessa é o tema da reportagem que segue. O diferencial desta reportagem é o número exaustivo de entrevistas. Encontra-se, no fim da reportagem, o primeiro elemento de não-linearidade específico da linguagem da Internet. O apresentador explica: “em nossa página na Internet, você encontra planilhas para controlar os seus gastos mensais”. O endereço do site do Jornal Hoje (www.g1.com.br/jornalhoje) aparece na tela enquanto ele fala – (iii).

16

Para terminar o primeiro bloco os apresentadores informam a cotação do dólar e a situação das principais bolsas de valores do mundo, inclusive a Bovespa. “A seguir”, diz a apresentadora. Após isso, é feita duas chamadas que serão apresentadas depois do intervalo comercial. Sai o telejornal, entram as propagandas no ar. Elas são curtas, e o intervalo dura aproximadamente três minutos – (i). O segundo bloco começa com uma reportagem sobre empreendedorismo. A partir de agora, o governo passa a liberar para que trabalhadores autônomos se tornem empresários, explica o repórter. Quando a imagem volta para o estúdio, a apresentadora explica, “na nossa página Iná Internet, você encontra outras informações para não perder dinheiro, sobre como se tornar um empreendedor individual”. Enquanto isso, na tela, aparece o endereço do site do site do Jornal Hoje (www.g1.com.br/jornalhoje). O elemento, assim como constatado em uma reportagem anterior a essa, apresenta não-linearidade com o meio, ou seja, linguagem de Internet – (iii). Na reportagem seguinte, a atenção do telejornal se volta para conteúdo proveniente da Internet. O sucesso de Susan Boyle, participante de um programa musical de calouros do Reino Unido é a notícia. Ela virou um fenômeno quando o vídeo dela cantando pela primeira vez no palco do programa foi publicado no Youtube. O vídeo teve nº acessos. Ela, em meio a tanta pressão da mídia e de seu próprio sucesso inicial, ameaça abandonar a disputa na final. Desta vez não é a linguagem, mas sim o conteúdo. Variavelmente a televisão se volta para o conteúdo da rede – (iii). Os apresentadores anunciam uma breve propaganda do Globo Repórter daquele dia. Depois disso, fazem algumas chamadas para o próximo bloco. Novamente intervalo comercial. No terceiro e último bloco, é apresentado o quadro “Tô de folga”, em que são retratadas as principais atrações turísticas da região serrana do Rio de Janeiro. A reportagem especial conta com música de fundo, e muda conforme o conteúdo. É a única que possui créditos próprios. Ela dura aproximadamente sete minutos – (i). Antes do término da edição, a apresentadora elege a “notícia de hoje”: insegurança nas universidades públicas da cidade do Rio de Janeiro. Em seguida, os apresentadores falam do Jornal Nacional e do Jornal Hoje de sábado, mas não há qualquer vestígio de ligação com a Internet, pois isso é da televisão. Fim da edição – (i).

Jornal Nacional - sexta-feira, 05 de junho de 2009

17

Willian Bonner e Fátima Bernardes, ícones do telejornalismo brasileiro, fazem sete chamadas que iniciam o telejornal mais glamoroso do jornalismo brasileiro. Está no ar o Jornal Nacional, e estes são os destaques da edição: informações sobre a queda do avião Airbus da Air-France no oceano Atlântico; “estupidez de um criminoso”, vídeo encontrado pela Polícia mostra criminoso ensinando crianças da própria família a assaltar; caem mais quatro ministros do parlamento britânico por conta de gastos excessivos; Fórmula 1, pilotos se preparam para mais um Grande Prêmio; Seleção brasileira de futebol se treina em Montevidéu para o jogo contra o Uruguai pelas Eliminatórias da Copa do Mundo; e a mais um capítulo da série especial sobre como o Brasil se prepara para a Copa de 2014, em que será sede – (i). “O mal tempo na região da queda dificultou as buscas de corpos e objetos do avião”, explica a primeira reportagem da noite, sobre a queda do avião da Air-France no vôo 447. Em seguida, os apresentadores fazem uma espécie de entrevista ao vivo com a repórter que fala direto da ilha de Fernando de Noronha, o lugar em terra mais próximo do local do acidente – (i). Falando em chuva, a circunstância pede informações do tempo em todo Brasil. É hora da metrologia. Um aspecto que chama atenção são os gráficos animados que aparecem atrás da “mulher do tempo”. Neste, diferentemente do Jornal Hoje, a apresentadora move os símbolos e faz escolhas na animação, o que é uma espécie de interação. Esse tipo de autonomia só é possível diante de um computador, ou seja, é linguagem de Internet. Mesmo assim, está misturada a tanta informação – (ii). “Hoje é o dia mundial do meio-ambiente”, afirma a apresentadora. Segue reportagem produzida em São Paulo, com o tema “cidadãos utilizam a data para valorizar ações que ajudam a melhorar o planeta”. Muitas entrevistas e um clima positivo mostram uma reportagem completamente normal – (i). Agora, o telejornal exibe uma rápida matéria sobre ações que aconteceram durante o dia em escolas públicas na maioria dos Estados do país, que fazem parte do programa, criado pela Rede Globo, “Amigos da Escola”. Tem a narração do apresentador e uma veloz e sucessiva troca de imagens – (i). Mercado financeiro. A apresentadora informa como está a cotação do dólar e o andamento das principais bolsas de valores do mundo. Em seguida, são feitas chamadas para o próximo bloco e entra o intervalo comercial – (i). Aulas de bandidagem, no início do segundo bloco da edição. Polícia encontra vídeo (que o telejornal exibe), não se sabe onde, em que um seqüestrador, assaltante e traficante ensina o filho e a sobrinha a assaltar uma boneca com arma de brinquedo. Segue entrevistas

18

com especialistas em educação e a informação que a mulher dele havia feito as imagens. O vídeo por si só não é conteúdo da Internet, a não ser que ele tenha sido encontrado online – (i). Nota sobre o laudo que mostra os resultados da investigação que revela o que realmente aconteceu na explosão da sede da Polícia Federal em Manaus em Fevereiro. Parte dela é lida com as imagens do estúdio. A outra parte mostra imagens do prédio arruinado, dos peritos e das bombas que explodiram enquanto estavam sendo desarmadas por policiais – (i). É vez da reportagem sobre o lançamento da sexta edição do “Prêmio Inovare”, que apóia atitudes de advogados, juízes e promotores que ajudam a tornar a justiça brasileira a ficar cada vez mais rápida. A reportagem exibe imagens do lançamento do prêmio em São Paulo e informações como das inscrições – (i). Barack Obama visita campo de concentração nazista na Alemanha, junto da primeira ministra alemã, um dia após um discurso histórico no Egito. Reportagem mostra imagens dele lá e mostra o objetivo de sua viagem. Além disso, uma passagem do repórter informa os pensamentos do presidente americano em relação à paz e à diplomacia. Em seguida o repórter dubla a fala de Obama – (i). Oito ministros renunciaram de seus cargos em apenas três dias por conta de uma investigação que revelou gastos excessivos por parte do parlamento inglês. É mais uma reportagem comum. Assim como a seguinte, em que o primeiro ministro italiano, Silvio Bersluconi, ameaça o jornal espanhol El País, que publicou fotos de mulheres seminuas em sua casa, na ilha da Sardenha – (i). Segue rápida propaganda do Globo Repórter. O Jornal Nacional está completando 40 anos em 2009. Para comemorar a data, a cada edição é mostrada uma filial da Rede Globo no Brasil. A filial mostrada desta vez é a de Caxias do Sul. São exibidas imagens e informações da filial gaúcha. “Daqui a pouco”, apresentadores fazem chamada para o próximo bloco. Entra no ar o intervalo comercial – (i). Matéria sobre o treino da seleção brasileira de futebol inicia o terceiro bloco. Enquanto a apresentadora apresenta informações, imagens dos jogadores em movimento no campo fazem transição em tempo normal. Logo após, Galvão Bueno comenta o treino e as dificuldades que o time do Brasil iria enfrentar no jogo. Em seguida, a imagem volta ao estúdio, e a apresentadora anuncia que o jogo irá ser transmitido pela Rede Globo no dia seguinte – (i). “Os lugares do Brasil onde a Copa já começou” é o tema da edição no quadro “Brasil 2014”. A reportagem conta com música de fundo e efeitos de câmera. Um dos efeitos é de a

19

imagem girar dentro de um estádio de futebol várias vezes até o repórter aparecer. Este efeito é conhecido através do site Google Maps, que exibe imagens em três dimensões de ruas famosas em redor do mundo. Logo após a reportagem, os apresentadores fazem chamadas e entra o intervalo – (ii). No último bloco do telejornal, entra no ar mais uma reportagem sobre as buscas de corpos e destroços do avião Airbus que caiu no Atlântico. Trata-se de uma reportagem comum sem nenhum diferencial, assim como a maioria absoluta das reportagens dos dois telejornais já analisados – (i). Após a exibição da reportagem, os apresentadores comentam a reação da imprensa francesa diante da “precipitação” do ministro da defesa, Nelson Jobim, que anunciou uma informação que se provou falsa ao longo do tempo, de que os aviões da Força Área Brasileira (FAB) avistaram, no primeiro dia de buscas, destroços no avião no mar. Entra reportagem sobre o fato. Nela, imagens de sites da Internet dos principais jornais e redes de TV da França com as notas contra as autoridades brasileiras. Ainda mostra outras informações do vôo e exibiu uma animação em que o avião entrava em turbulência em meio às nuvens – (ii). Reportagem sobre a situação atual da Fórmula 1 é a penúltima da noite. Rubens Barrichello está em segundo lugar no campeonato em que sua equipe domina. Já Felipe Massa está longe do pódio. Reportagem termina com o horário em que os treinos livres para o próximo GP seria exibido na TV Globo – (i). Espetáculos musicais, artísticos e teatrais viram notícia no “Viradão Carioca”, criado pela Prefeitura do Rio de Janeiro e a Rede Globo. “Serão mais de 300 shows espalhados por 78 pontos na cidade”, explica a repórter sobre um evento cultural que iria começar naquela noite de sexta na capital do Rio de Janeiro. “O Jornal nacional termina aqui, outras notícias no Jornal da Globo, uma boa noite para você”, diz a apresentadora – (i). Fantástico – domingo, 14 de junho de 2009

A revista eletrônica semanal da Rede Globo começa no horário previsto e conta com a apresentação dos jornalistas Zeca Camargo e Patrícia Poeta. No estúdio, é chamada Regina Casé, que estréia novo quadro no Fantástico: “Vem com tudo!”. Em seguida, dois atores, que interpretam personagens de “A Grande Família”, entram no estúdio para falar sobre um episódio especial do seriado da TV Globo feito para o Fantástico. Os cincos conversam informalmente no estúdio ao vivo – (i).

20

Embora as “chamadas” iniciais tenham sido estas, a reportagem que começa o Fantástico é sobre o casal Francine e Max, que se formou durante a última edição do Big Brother Brasil. Eles aproveitam o dia dos namorados para comprar um presente para o cônjuge. Primeiro, Max vai ao estúdio e vê matéria em que Francine escolhe um presente para ele em Salvador. No ar, ele tenta adivinhar qual foi definitivamente o presente que ela comprou para ele. Ela chega ao estúdio e presenteia-o. Em seguida, é a vez dela de assisti-lo escolhendo seu presente. Ele presenteia-a. No final os dois desejam feliz dia dos namorados para todos. Há algum vestígio de não-linearidade, porque há o elemento vivo e gravado, que pode ser explicado pela teoria da Internet, mas ainda se confunde muito com elementos da televisão – (i). As primeiras manchetes da noite são apresentadas pelos dois jornalistas no estúdio – é ali que eles ficam, de pé, praticamente durante todo o programa: vôo 447, imagens mostram destroços do avião da Air France; A força das correntes marinhas e a importância delas na vida do planeta; O maior mistéria da aviação brasileira, o Boing que sumiu há 30 anos no meio de um vôo e nunca foi encontrado; Mulher conhece a filha três meses após o parto; A verdadeira história de Susan Boyle; O menor hotel do mundo e o restaurante que arremessa comida; Como será o novo programa da Rede Globo, “Jogo Duro”; E o último episódio da Família Meneguini – (i). É este último assunto citado anteriormente que o programa passa a exibir. Depois de um mês de acompanhamento da equipe do Fantástico, filmando a casa 24 horas por dia, e com acompanhamento de especialistas em alimentação, exercícios físicos, reciclagem, energia e dinheiro, chega ao último capítulo da série “Mudança geral”. Segundo a reportagem, a família está muito diferente de quando o quadro começou. Significa que é um quadro com muito entretenimento, mas que é recheado de informações. Tem elementos de participação porque a família é comum, portanto não é fictício – (i). As imagens ao vivo voltam ao estúdio, em que os atores de “A Grande Família” retornam para apresentarem o episódio especial da série feito para o Fantástico. De nome “Mudança geral”, agora sim fictício, também traz informações e concepções de moral e ética com alimentos e afins, ou seja, informação. Assim como na primeira matéria, de Max e Fran, há uma não-linearidade à moda televisiva. Trata-se de uma criação própria do Fantástico. Elementos fortes de não-linearidade de Internet são encontrados quando a imagem volta ao estúdio, depois dos atores saírem, a apresentadora fala: “E no site do Fantástico você confere o que toda grande família faz pela saúde dela e também do planeta”. O endereço do site (g1.com.br/fantástico) do programa aparece na tela – (iii).

21

Agora, um sucesso da Internet é o conteúdo. “A verdadeira e triste história de Susan Boyle” é a próxima reportagem do Fantástico. Ela perdeu o concurso musical de calouros, no qual ela ficou famosa e ficou abalada com a derrota. Foi internada numa clínica psiquiátrica por cinco dias. Segundo a reportagem ela sofre de atraso mental. Novamente, é no estúdio em que o objeto de não-linearidade aparece. “Se você acha que canta que nem a Susan Boyle, sua chance é agora. Mande um vídeo que a gente mostra ainda hoje aqui no Fantástico, ou se quiser mande um recado pro seu time do coração. Pode ser um elogio, uma reclamação, ou qualquer comentário sobre as atrações do programa”, explicam os apresentadores – (iv). Aeronáutica e Marinha informam em que pé estão as buscas de destroços do avião e corpos dos passageiros e tripulantes do vôo na reportagem seguinte. Imagens mostram objetos do avião no mar. Quando a imagem volta ao estúdio, os apresentadores anunciam outra reportagem sobre o mesmo tema. Desta vez, é feita a avaliação de possíveis causas para a queda do Airbus. Mostra também que uma equipe especializada está investigando o caso para evitar futuros acidentes. Na mesma reportagem, a direção da Air France faz um pronunciamento – (i). Seguindo na programação, a reportagem da vez é feita por uma repórter, que vai a um simulador de avião acompanhada por um especialista de aviação para ser feita um cronograma com os eventos que levaram a queda do avião que fazia a rota 447, Rio-Paris. Logo no início da reportagem, um vídeo amador de um avião em tremendo no ar é exibido. “O que teria levado à queda do avião?”, pergunta a repórter. No desenrolar da reportagem, aparecem gráficos animados, mapas metrológicos digitais e a repórter na cabine do piloto no simulacro – (i). Os apresentadores fazem as chamas e anunciam o intervalo comercial. Antes disso, Regina Casé volta ao estúdio acompanhada por sua bancada móvel, em que está escrito “VAI COM TUDO”. Na volta do intervalo, Regina fala com os apresentadores e inicia o quadro “Vai com tudo” no Fantástico – (i). Tendências de cabelo é o primeiro tema do “Vai com tudo”, apresentado na rua por Regina Casé. É o popular “programa do povão”, em que muita gente participa, mesmo que não tenha relevância no que diz. A música de fundo, que é tema do quadro, já é bem sugestiva: funk. Partes do quadro são apresentadas por Regina em um estúdio de croquete, em que desenhos animados aparecem interagindo com a imagem dela. Várias entrevistas e cenas que misturam ficção à realidade são apresentadas em tamanho reduzido para caber numa “caixinha de vídeo” muito semelhante a do Youtube, maior site de vídeos da Internet. Em um

22

destes vídeos, Regina está vestida de “vovó”. Dá a entender que o neto dela está filmando-a para depois colocar a imagem na Internet. Em seguida, novidades são exibidas em vídeos enviados por gente comum ao site do Fantástico. Para reforçar a interatividade, Regina anuncia, no final do quadro: “agora eu quero que você me diga o que vem com tudo. Vire um caçador de tendências você também, é só mandar um vídeo apresentando aquilo que você acha que vem com tudo. Se o seu vídeo for realmente legal, se for engraçado, você vai aparecer aqui com tudo no Fantástico comigo”. No estúdio, Regina conversa com os apresentadores e comenta que “domingo que vem tem mais”. Depois disso, os apresentadores perguntam a ela qual será o tema da próxima edição. Ela anuncia então o blog do quadro, que fica no site do Fantástico, e pede para o pessoal mandar qual é a comida “que ta na moda, que a gente não agüenta mais, e que a gente quer que vá com tudo, e o que vem com tudo por aí” – (iv). “Desafio no ar”, a apresentadora informa que o Circ de Soley está em turnê pelo Brasil, e “estréia segunda-feira em Fortaleza”. “O Fantástico mostra agora um dos momentos mais eletrizantes do show: ‘Por um triz’”. A partir daí, são exibidas as imagens da apresentação – (i). O apresentador, Zeca Camargo, vai ao cenário do novo programa da Rede Globo: “Jogo duro”. Ele entrevista o apresentador do programa que iria estrear logo após aquela edição do Fantástico. Os dois mostram elementos que irão diferenciar “Jogo duro” de outros programas. No final, o apresentador entrevistado convida os telespectadores a assistirem “Jogo duro” – (i). Começa o quadro “Os animais mais espertos do mundo”. Neste episódio, a reportagem mostra um elefante que pinta quadros na Tailândia. A produção é da BBC, rede de TV inglesa. Os quadros do elefante são enviados a uma galeria de Londres para serem expostos. As pessoas vêem as obras e jamais imaginam que teria sido desenhado por um elefante. Ao final, a verdade é dita e vem a surpresa – (i). Imagens do estúdio, a apresentadora anuncia que “já apareceram os primeiros candidatos à Susan Boyle”. São exibidos três vídeos que foram enviados pela Internet. Depois do show das pessoas comuns, Patrícia Poeta retorna ao vivo dizendo: “daqui a pouquinho a gente mostra mais vídeos”. Então, faz chamadas de reportagens relacionadas à queda do vôo 447 – (iv). Parentes recebem notícias dos resgates do hotéis no Rio de Janeiro, informa a reportagem que inicia o terceiro bloco do programa. Informa também que parentes dos passageiros do acidente do avião Legacy da Gol Linhas Aéreas, que caiu em 2006, visitaram

23

os parentes das vítimas do acidente atual para prestar ajuda emocional. A última nota afirma que a companhia de vôos francesa, a Air France, mudou o número da rota 447 para 445. A reportagem seguinte mostra três vítimas, italianos, do vôo 447. Eles ajudaram brasileiros em vida e foram lembrados em missas na região de Nova Trento, Santa Catarina, e na região onde moravam na Itália – (i). Buscas de corpos e destroços do Airbus ficam complicadas diante do clima tenso do Oceano Atlântico. Este é o tema da edição do quadro “Forças da natureza”. Também de produção da BBC, as imagens mostram como funcionam as correntes marinhas, que segundo a reportagem são de suma importância para a vida na terra. Uma reconstituição do passado mostra como a parada dos oceanos causou um aquecimento global “extremo” há 250 milhões de anos, que causou a extinção de 90% da vida na Terra. Também mostrou como funciona um dos fenômenos mais arrasadores que acontecem no oceano e que resultam em desastres no continente: o El Niño – (i). O maior mistério da história da aviação brasileira é tema da reportagem seguinte. Ela retrata a queda do avião que fazia a rota 707, da Varig, em 1979, que saiu de Tóquio, que tinha o destino do Rio de Janeiro, e que carregava apenas seis tripulantes. A hipótese mais aceita, diz um especialista, é de que ele caiu numa brecha profunda do oceano Atlântico. Um amigo do piloto que sumiu junto com avião acredita que ele foi abatido pela União Soviética (URSS) – (i). Apresentadores fazem três chamadas no estúdio: Menor restaurante do mundo; Restaurante que arremessa a comida; E a mulher que quase morreu no parto e vê a filha três meses depois. Reinicia o intervalo comercial – (i). Bruna de apenas três meses, no colo do pai Alexandre, vai em direção da mãe que ainda não conhece. A reportagem que abre o quarto bloco, depois de chamada no estúdio, mostra “o fim de um pesadelo que quase destruiu a família” de Amanda. Ela quase morreu antes no parto e teve complicações de saúde que a deixaram em coma por quase dois meses. Somente após três, ela pôde ver a filha. O Fantástico acompanha encontro emocionante. Como problema dela é raro, virou objeto de interesse da medicina. O caso dela será estudado na mais famosa universidade dos Estados Unidos da América: Harvard – (i). “Você no Fantástico” entra no ar novamente. Mais quatro vídeos de cantorias são exibidos. Este quadro tem influência total da Internet por possuir linguagem e conteúdo proposto pela mesma – (iv) Um pequeno quadro de reportagem é anunciado no estúdio pelos apresentadores: “viagem pelo mundo em que vivemos”. Na primeira reportagem, é mostrado um hotel de um

24

quarto só, ou seja, o menor hotel do mundo, que está registrado no livro dos recordes, o Guines. O hotel, que fica em Amberg na Alemanha, tem reservas até 2014. Na segunda reportagem, o repórter vai a um restaurante em que a comida é servida de uma forma nada casual. Ela é arremessada pelos cozinheiros que ficam próximos às mesas coletivas. O restaurante japonês fica no bairro chinês de Sidney na Austrália – (i). O apresentador esportivo entra no estúdio e anuncia: “daqui a pouco o show do futebol”. Mostra também reportagem sobre a atual situação da Fórmula 1, em que Jason Button venceu mais uma corrida, do Grande Prêmio da Turquia, e se isola na liderança do campeonato – (i) “Exclusivo!”, anuncia a apresentadora. Uma menina que assistiu à reportagem do quadro “Meninas do Brasil”, que havia sido exibida no domingo passado ligou para a produção do Fantástico e denunciou uma boate em que os donos mantinham menores de refém para servirem como prostitutas. A reportagem nomeada de “Meninas do Brasil: pedido de socorro” foi atrás e avisou a polícia, que invadiu a boate, localizada em Bento Gonçalves, na serra gaúcha. Os donos foram presos em flagrante e as meninas ficaram sob proteção da polícia. A menina que fez a denúncia entrou para o Programa de Proteção à Testemunhas e foi enviada a outro estado. O “pedido de socorro” que virou título da reportagem é um elemento de Internet vivo e imprescindível para a construção dessa notícia – (iii). Apresentadores fazem mais duas chamas para depois do intervalo: Tensão em Acapulco; E futebol. Intervalo comercial passa e começa o quinto e último bloco – (i). Combate a tráfico de drogas mata 16 traficantes e dois policias em Kaleta, localizada na região turística de Acapulco, no México. Vários turistas tiveram que abandonar hotéis e algumas ruas foram fechadas por causa do tiroteio que durou aproximadamente duas horas. Uma repórter fala de Nova Iorque a visão do governo americano sobre o confronto no México e os reflexos no turismo do país, que já estava muito abalado com o surto da Gripe A (H1N1) – (i). Mais cinco vídeos de torcedores são exibidos no quadro “Você no Fantástico”. O primeiro é um recado para o técnico do Flamengo, após a derrota de quatro a dois para o Sport Clube Recife. É deste último time que o segundo vídeo fala. O torcedor comemora a goleada sobre o time de maior torcida do país no Campeonato Brasileiro. Os outros três também fazem menção de parabenizar ou homenagear ao clube que torce – (iv). Reportagem mostra Seleção Brasileira de futebol chegando a Recife após vitória sob o Uruguai na casa do adversário. A grande torcida que compareceu na chegada dos jogadores também é destaque. A reportagem chega a mencionar o alto número de flashes, que nem de

25

longe eram somente das câmeras dos jornalistas. Em seguida, Tadeu Shimidt, o apresentador esportivo, mostra os gols da rodada do Brasileirão de futebol. Em algumas partes, quando ele faz a passagem ao vivo do estúdio, o apresentador usa de um gráfico animado interativo. Ambos, câmeras digitais populares (que ficaram populares depois da popularização da Internet, e quase todas as fotos tiradas ali vão parar em algum álbum na própria Internet, e podem até virar conteúdo de Jornalismo Colaborativo) e o gráfico interativo são objetos da linguagem de Internet muito misturados a outros elementos de TV – (ii). Outro quadro que só é possível com colaboração de telespectadores entra no ar: “Bola cheia e bola murcha”. Dois jogadores profissionais de futebol e um ator fazem parte do júri que avalia qual o melhor e o pior lance exibido nos três vídeos que escolhidos em programas anteriores, que foram enviados pelo público. Os vídeos escolhidos irão para uma final em dezembro para disputar o troféu de bola cheia e bola murcha do ano. Trata-se de um quadro que não tem nenhum viés claro de Jornalismo, mas compreende extremamente a linguagem da Internet – (iv). Ao vivo no estúdio, os apresentadores falam sobre a exibição do jogo da Seleção Brasileira de Futebol na próxima quarta-feira pela TV Globo. E em seguida, é feito um convite para o público entrar em um Chat: “E você quer participar de um bate-papo no site do Fantástico? Então ó, vem com tudo. Nossa convidada especial de hoje é Regina Case. Ela vai falar mais sobre o que está bombando, como na gíria no Brasil, se você quiser mande também a sua idéia de tendência para a Regina. Quem sabe a sua sugestão aparece num dos próximos programas”. Os apresentadores se despedem, anunciam a estréia do programa “Jogo Duro” e o Fantástico termina – (iii).

26

CONSIDERAÇÕES FINAIS Apesar de a Rede Globo investir muito no webjornalismo, o jornalismo de TV está devendo muito em inovações. De 57 partículas dos programas jornalísticos analisadas, apenas 16 fugiam de algum modo à normalidade do costume – já que conforme Nelson Hoineff, a televisão não construiu linguagem própria. Mesmo assim, a linguagem de Internet é o único ponto de fuga dos telejornais da Rede Globo. O que se pode ver em um momento é o estabelecimento de um “reality show” utilizado para informar, que é o caso do quadro “Mudança geral” do Fantástico. No entanto, a maioria das reportagens é exibida sem nenhum caráter atrativo à moda de Internet. Trata-se de uma preocupação, pois o meio de comunicação Internet está ganhando muita audiência com sua linguagem interpessoal, enquanto os telejornais perdem com o módulo normal reinando nas matérias. Quatro das 57 partículas analisadas têm vestígios de linguagem de Internet, mas não são percebidos como tal, pois passam por um processo de “televisionamento” da informação. Três destas quatro partículas se apresentam no telejornal de maior audiência no país, Jornal Nacional. Na edição analisada, o telejornal de horário nobre da Rede Globo veiculou 18 matérias, sendo que 15 delas tiveram caráter nulo diante das possibilidades compreendidas pela linguagem da Internet. Na Internet, o Jornal Nacional se mantém muito apático também. A maioria do conteúdo exibido em sua página (g1.com.br/jornalnacional) são vídeos do próprio telejornal. Apenas dois links acolhem a opinião do leitor. E um link oferece ao leitor a possibilidade de receber as principais reportagens que irão ao ar no Jornal Nacional por e-mail diariamente. Tem ainda um vasto conteúdo histórico e oficial do telejornal, como informações sobre os apresentadores e editores. O telejornal do início da tarde já não comporta tanto tradicionalismo quanto o Jornal Nacional. O Jornal Hoje tem uma porcentagem de partículas muito maior na relação entre nulo e linguagem clara de Internet. Enquanto no Jornal Nacional não há nem uma partícula que caracteriza “iii” ou “iv”, no Jornal Hoje três partículas foram concluídas com o módulo “iii”. O que significa que o telejornal mais feminino da programação reconhece a linguagem de Internet como uma aliada no processo de veiculação de suas notícias. 12 matérias foram ao ar na edição analisada, e oito foram consideradas nulas em relação à linguagem da Internet. O padrão Globo de qualidade,

27

importado do telejornalismo americano ainda é aquele mais utilizado pelos telejornais brasileiros. A chance de o público participar da notícia ou dele transmitir a notícia é muito pequena, ou até mesmo ineficiente. É o caso do Fantástico. A maioria dos módulos nele caracterizados como de linguagem de Internet nada tem a ver com jornalismo. No quesito participação do público para puro entretenimento está, por exemplo: o quadro “bola cheia e bola murcha” e os vídeos de quem acha que canta igual à Susan Boyle. A maior parte do Fantástico, o público fica a espreita porque pode aparecer. Os apresentadores anunciam os mais variadas opções de envio de vídeo, o que é claramente linguagem de Internet, o que prende os telespectadores. Das 29 partículas do Fantástico analisadas 10 tem linguagem de Internet entremetida, o maior percentual dos três programas analisados, e certamente de todos os programas de notícia da televisão brasileira. O acervo interpessoal do Fantástico na Internet também é o mais abrangente de todos. Para começar, o Twitter. A página do “Show da vida” no microblog mais acessado do mundo é repleta de respostas aos seus seguidores (followers) e mensagens que nada tem a ver com o programa em si, enquanto o do Jornal Nacional tem links demais para os vídeos em que insiste em veicular pela Internet, no site da Rede Globo. O Jornal Hoje também tem Twitter, e fica com o meio termo. Mas esta análise não é o objetivo desta pesquisa. O Fantástico completo (Internet mais televisão) forma um programa de notícias ideal por apresentar esta interligação entre os dois meios. O que falta são mais matérias como a da menina que denunciou o bordel onde ela era prostituta por obrigação. Ou seja, a linguagem da Internet aplicada diretamente ao jornalismo. É o que está faltando na programação do telejornalismo brasileiro.

28

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BISTANE, Luciana e BACELLAR, Luciane. Jornalismo de TV. São Paulo: Contexto, 2005. BRAMBILLA, Ana Maria. Jornalismo Colaborativo Funciona. [Jornalistas da Web], 2007. Disponível em: . Acesso em: 23 mai. 2009. BRASIL, Antonio. Rio de Janeiro: Comunique-se, 2006-2009. COLUNA DE DANIEL CASTRO. São Paulo: Folha de São Paulo, 2008-2009. HOINEFF, Nelson. A Nova Televisão – Desmistificação e o Impasse das Grandes Redes. Rio de Janeiro, 1996. IBOPE. Internet release março 2009. Disponível em . Acesso em 26 mai. 2009. K. C. Rede Globo culpa novela pela baixa audiência do “Jornal Nacional”. [Antena Parabólica – Blogs Abril], 2009. Disponível em < http://blogs.abril.com.br/antenaparab olica/2009/03/rede-globo-culpa-novela-pela-baixa-audiencia-jornal-nacional.html>. Acesso em: 25 mai. 2009. MEMÓRIA GLOBO. Disponível em . Acesso em: 26 mai. 2009. PATERSNOSTRO, Vera Íris. O Texto na TV – Manual de Telejornalismo. Rio de Janeiro: Campus, 1999. SPYER, Juliano. Conectado. Rio de Janeiro: Zahar, 2007. SPYER, Juliano. Para Entender a Internet – Noções, Práticas e Desafios da Comunicação em Rede. Rio de Janeiro: Nãozero, 2009. WOLTON, Dominique. Internet, e depois?. Porto Alegre: Sulina, 2003.

29

ANEXOS Disponível os três programas jornalísticos na íntegra em três DVDs.

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.