A influência da Química Verde na produção de conhecimentos e práticas sobre Sustentabilidade Ambiental: uma análise em teses e dissertações

August 5, 2017 | Autor: Franciani Roloff | Categoria: Teses e Dissertações, Química Verde, Sustentabilidade Ambiental
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Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ) Departamento de Química da Universidade Federal de Ouro Preto (DEQUI/UFOP)

Formação de professores

A influência da Química Verde na produção de conhecimentos e práticas sobre Sustentabilidade Ambiental: uma análise em teses e dissertações Franciani Becker Roloff1⌘* (PG), Leila Cristina Aoyama Barbosa1⌘ (PG), Leonardo Victor Marcelino1⌘ (PG), Carlos Alberto Marques1! (PQ) 1

Universidade Federal de Santa Catarina, ⌘Programa de Pós-graduação em Educação Científica e Tecnológica, !Departamento de Metodologia de Ensino, 88040-910 - Florianópolis (SC), Brasil. [email protected] Palavras-Chave: Química Verde, Sustentabilidade Ambiental, Teses e Dissertações RESUMO: A partir das categorias epistemológicas de Ludwik Fleck, apresenta-se parte de uma pesquisa que visa discutir a circulação intercoletiva e intracoletiva de ideias sobre a relação entre a Química e cuidados com o ambiente, a partir da filosofia da Química Verde e de conhecimentos e práticas associadas à ideia de Sustentabilidade Ambiental. Para tanto, busca-se analisar teses e dissertações elaboradas em programas de pós-graduação em Química, Educação e Educação Científica e Tecnológica, no período entre 2002 e 2012. As primeiras análises apontam que grande parte dos trabalhos citam e/ou dialogam explicitamente com os domínios ciência-ambiente, favorecendo, dessa maneira, a circulação de ideias e práticas entre esses coletivos, o que pode ajudar na instauração e transformação de estilos de pensamento acerca da Sustentabilidade Ambiental, no âmbito da Química.

INTRODUÇÃO Nas últimas décadas tem se intensificado as críticas sobre ações que degradam o ambiente, produzidas principalmente pelo crescimento econômico. Muito embora, neste período, os problemas ambientais emergentes - como, o aquecimento global, a escassez de água, a redução na produção agrícola em função do desgaste do solo, a poluição de um modo geral, o esgotamento de recursos naturais, os desmatamentos e extinção de espécies, o consumo, a produção de resíduos, a desigualdade social, e a pobreza extrema -, ainda não houvessem se manifestado na escala e intensidade atual e tampouco fossem reconhecidos pela economia como problemas a serem tratados por seus campos de conhecimento (LEFF, 2010). Diante da percepção desta crise ambiental global é que a ideia de sustentabilidade ganhou corpo e expressão política na adjetivação do termo desenvolvimento (NASCIMENTO, 2012b). O conceito de Sustentabilidade Ambiental (SA) emergiu na década de 1970 (BASIAGO, 1995), e de lá para cá diversas definições tem sido elaboradas, em vários campos do saber. Há inclusive quem a assuma como sendo hipotética, dado os peremptórios limites dos sistemas físicos (materiais e energéticos) do mundo biofísico, acrescidos pelas consequências do atual modelo de desenvolvimento econômico, industrial e social. Por outro lado, cresce a percepção social e política que o crescimento econômico, assim como grande parte do desenvolvimento científico e tecnológico, vem sendo alcançado de forma e ritmo “insustentável”, colocando, desta maneira, a busca pelo desenvolvimento em equilíbrio com o ambiente como algo no mínimo controverso. Portanto, falar em desenvolvimento sustentável (DS) torna-se apenas uma ideia-força sem saber propriamente o que significa e como se alcança. E, concordando com

XVII Encontro Nacional de Ensino de Química (XVII ENEQ) Ouro Preto, MG, Brasil – 19 a 22 de agosto de 2014.

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Nascimento (2012a), talvez também por isto que vivemos uma ameaça ao futuro planetário. Mas, associada à maneira com a qual os problemas ambientais são avaliados, distintas proposições sobre o DS são propostas. Dentre elas, a mais difundida e também muito criticada (LAYRARGUES, 1998; LOUREIRO, 2012) é a apresentada no Relatório Brundtland (WCED, 1987), que define DS como “[...] um processo que permite satisfazer as necessidades da população atual sem comprometer a capacidade de atender as gerações futuras.” (Ibid., p.46). O conceito de DS assim compreendido além de vago, apresenta uma contradição, pois não deixa claro quais são as necessidades do presente, tampouco as do futuro. Cabe destacar que os conceitos de DS e Sustentabilidade muitas vezes são utilizados como sinônimos. Marques e Machado (2013) expõem que há uma diferença entre os dois conceitos: “Desenvolvimento sustentável refere-se a um novo caminho de desenvolvimento da nossa atual civilização tecno-industrial adequado para alcançar o objetivo final, como um estado sustentável - a sustentabilidade”. (MARQUES; MACHADO, 2013, p. 04). Portanto, há uma relação de interdependência presumida entre um e outro, ainda que os autores coloquem em dúvida sobre o alcance biofísico de sustentabilidade ambiental quando consideram as leis da termodinâmica. Neste cenário, a Química - por utilizar e desenvolver inúmeros processos que causam impactos ao meio ambiente - vêm se aproximando rapidamente destes novos compromissos societários, adotando novos esforços que objetivam investigar e contribuir com respostas aos problemas ambientais. Esta vem buscando agir preventivamente à geração de resíduos, modificando processos e produtos que possam causar impactos negativos ao ambiente. Isto tudo parece ser resultante do seu reconhecimento sobre a necessidade de se buscar sustentabilidade ambiental às suas práticas e processos. Para nós, estes são os valores maiores da Química Verde (QV), que como se sabe almeja "o desenho, o desenvolvimento, a produção e o uso de produtos químicos e processos que visam reduzir ou eliminar o uso ou geração de substâncias nocivas à saúde humana e ao meio ambiente" (ANASTAS; WARNER, 1998, p. 11). Dentro da complexidade que envolve a ideia-força do alcance da SA e o papel que a QV pode desempenhar na incorporação de critérios ambientais, no modo de pensar dos químicos e no desenvolvimento de suas práticas, defende-se que isto precisa fazer parte da formação de seus profissionais, desde a graduação até no ensino de química escolar. Atentos à circulação intercoletiva e intracoletiva de ideias sobre estes aspectos nos diferentes ambientes que os envolvem, interessa-nos analisar os estudos e pesquisas em teses e dissertações nas áreas da Química, da Educação e da Educação Científica. Assim, relatamos aqui parte de uma investigação que vem buscando identificar de que maneira pesquisas sobre o ensino da QV podem estar influenciando na produção do conhecimento e práticas em torno da SA. E, em última instância, objetivamos ainda analisar como isto pode vir a refletir no ensino de Química. A RELAÇÃO ENTRE QUÍMICA VERDE E SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL A Química Verde (QV) é um campo emergente, que teve origem nos 90 do século XX (ANASTAS; WARNER, 1998), em função da necessidade da busca por respostas e soluções para os desafios ambientais, consolidando-se como uma nova maneira de desenvolver a Química em relação à tutela do ambiente (MACHADO, 2004). XVII Encontro Nacional de Ensino de Química (XVII ENEQ) Ouro Preto, MG, Brasil – 19 a 22 de agosto de 2014.

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De lá para cá, muitas pesquisas utilizando os princípios da QV vêm sendo desenvolvidas, assim como conhecimentos científicos em torno desta nova prática também têm sido produzidos, visando à prevenção da poluição ambiental. Cabe ressaltar que a Química Verde é uma nova racionalidade no padrão analítico e produtivo da Química, não uma nova área. Desta maneira, deve perpassar por todos seus campos, sejam eles voltados à pesquisa, práticas industriais ou ao seu ensino (ROLOFF; MARQUES, 2014). Um viés que reconhece a QV como sinônimo de Química para o Desenvolvimento Sustentável, e que possui como objetivo conduzir ações científicas e processos industriais ecologicamente corretos, é o defendido e apresentado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE, 2010; 2012)1: A plena aceitação e adoção deste novo campo de atividades da química nos anos recentes se devem ao esforço bem sucedido de se acoplar os interesses da inovação química simultaneamente com os objetivos da sustentabilidade ambiental e com os objetivos de caráter industrial e econômico. A razão pela qual a química assumiu tamanha importância nestas últimas décadas se deve ao fato de que a química se situa no centro de todos os processos que impactam o meio ambiente, afetando setores vitais da economia. (CGEE, 2010, p. 09, grifo nosso)

Tal entendimento está associado à ecoeficiência, pois reconhece como necessário enquadrar a economia a um modelo sustentável ambientalmente, concepção que é defendida pela Economia Verde. Este conceito é mais recente que o de desenvolvimento sustentável, e ganhou projeção na conferência Rio+20, sendo definido como “ [...] uma economia que resulta em melhoria do bem-estar da humanidade e igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz significativamente riscos ambientais e escassez ecológica.” (PNUMA, 2011, p. 02). Quem defende a bandeira da Economia Verde reconhece que a busca pela sustentabilidade se baseia no desenvolvimento econômico. Salientamos que compreender a QV como um elemento da Economia Verde pode ser algo perigoso por conta de concebê-la como um processo estritamente relacionado às inovações tecnológicas e de caráter salvacionista. Machado (2004) ao fazer reflexões sobre a relação existente entre a Química e o ambiente, discute sobre as diferenças entre a QV e a Química do, no e para o ambiente. Além disso, discorre sobre o papel das ideias de DS e da importância de se pensar as relações entre a química industrial e a SA, em termos científicos, técnicos, econômicos e sociais, expondo que, o termo Química Verde e Sustentável torna-se um variante da própria QV. Marques e Machado (2013) também reconhecem a Química Verde como uma nova prática da Química, adequada para trazer sustentabilidade a produtos e processos químicos, porém, destacam que a Sustentabilidade é um conceito complexo, que envolve uma série de problemas em diferentes níveis, dentre eles: observação, descrição, quantificação e esclarecimento dos fatos, a análise de suas causas, 1

A CGEE é uma organização social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, que tem, dentre outros objetivos: promover e realizar estudos e pesquisas prospectivas de alto nível nas áreas de educação, ciência, tecnologia e inovação e suas relações com setores produtores de bens e serviços; Promover e realizar atividades de avaliação de estratégias e de impactos econômicos e sociais das políticas, dos programas e projetos científicos, tecnológicos, de inovação e de formação de recursos humanos; Promover a interlocução, articulação e interação dos setores de educação, ciência, tecnologia e inovação com o setor empresarial. Para saber mais acesse: < http://www.cgee.org.br> . XVII Encontro Nacional de Ensino de Química (XVII ENEQ) Ouro Preto, MG, Brasil – 19 a 22 de agosto de 2014.

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prognóstico e formulação de hipóteses, a definição de objetivos, bem como a visualização e construção de estratégias para persegui-los. Neste contexto, Georgescu-Roegen (G-R) (2012) argumenta que a problemática ambiental necessita ser interpretada à luz da Segunda Lei da Termodinâmica, a qual impõe limites físicos ao crescimento econômico. Ele critica a ideia de economia como sendo uma mera circulação de valores (e bens), desconsiderando que tanto o estoque quanto o fluxo material têm origem na ideia de natureza como sendo infinita. Sustenta que o fabrico de uma mercadoria exige a extração/uso de matérias-primas, em processos que modificam irreversivelmente a natureza, envolvendo diretamente a transformação de massa e energia, em um processo de degradação entrópica. A matéria passa de estados de baixa entropia para estados de alta entropia, ocorrendo perda de energia útil, normalmente manifestada na forma de calor, portanto, a uma forma de energia irreversível e irrecuperável, a exergia. Sua tese é de que um equilíbrio entre economia e ambiente é fisicamente (termodinamicamente) impossível, mas o homem pode alterar sua relação com a natureza (o planeta), tornando-a durável no tempo histórico; para o qual defende um programa bioeconômico (GEORGESCU-ROEGEN, 2012). Portanto, há a necessidade de se levar em conta os limites físicos do ambiente, assim como as limitações impostas pela Segunda Lei da Termodinâmica no campo da Química (no que diz respeito às transformações materiais e energéticas), que não devem ser desconsideradas ao se discutir a SA no âmbito da QV (MARQUES et al., 2013). Por tais razões, assumimos, baseados em G-R, que a SA deve ser buscada como um processo sócio-histórico e, ainda que incessante e inalcançável, sua inevitável busca requer uma gestão adequada dos recursos naturais (energéticos e/ou materiais) e dos sistemas que dão suporte à vida (como a atmosfera, hidrosfera e o clima, por exemplo). Tudo isto que exige mudanças comportamentais e atitudinais no campo da economia, do social, do científico e também do tecnológico (LIAO, 2012). Desta maneira, os conceitos e práticas relacionados à Química e aos postulados da Termodinâmica, que envolvam o alcance da Sustentabilidade Ambiental, do Desenvolvimento Sustentável, e da Sustentabilidade em geral, devem fazer parte da formação dos químicos, já que tais entendimento irão influenciar suas práticas químicas, suas atividade científica, a também no ensino dessa ciência. CATEGORIAS EPISTEMOLÓGICAS: O USO DO REFERENCIAL FLECKIANO Orientados por categorias da teoria do conhecimento de Ludwik Fleck (2010), compreendemos que pesquisas desenvolvidas em Química Verde, e divulgadas a partir da publicação de teses e dissertações, podem configurar um caso significativo de circulação intercoletiva de ideias entre, pelo menos, dois coletivos de pensamento (CP): o de sujeitos que desenvolvem pesquisas sobre QV na área da Química e o de pesquisadores em QV no Ensino de Química. Para Fleck, toda comunicação deste tipo (entre coletivos distintos) tem um papel fundamental na extensão do estilo de pensamento compartilhado, podendo viabilizar, inclusive, o surgimento de novos estilos e a construção de novos fatos científicos, em determinadas circunstâncias (MARQUES; DREWS, 2012). Nestes termos, as pesquisas realizadas no âmbito da pós-graduação caracterizam-se como instrumentos singulares de disseminação dos conhecimentos, valores e práticas da QV, e possíveis veículos para o desencadeamento da dinâmica de constituição de um novo estilo de pensamento (EP), relacionado à produção de novos conhecimentos sobre a Sustentabilidade no ensino de Química. Embora esse XVII Encontro Nacional de Ensino de Química (XVII ENEQ) Ouro Preto, MG, Brasil – 19 a 22 de agosto de 2014.

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trabalho não tenha como objetivo identificar EP, mas sim o papel da circulação dos conhecimentos sobre QV, entende-se que essa categoria nos ajuda a delinear uma possível influência sobre conhecimentos e práticas acerca da SA. Ressalta-se que a circulação intracoletiva, na visão de Fleck (2010) ocorre dentro círculo esotérico, ou seja, de um determinado coletivo de pensamento, e que se dá entre os especialistas de mesmo estilo de pensamento; sendo, desta forma, gerador de outro estilo, para o círculo exotérico, que podem passar a seguir tal EP. Já a circulação intercoletiva torna-se então responsável “[...] pela disseminação, popularização e vulgarização do(s) estilo(s) de pensamento para outros coletivos de não especialistas [...]” (DELIZOICOV, 2004, p. 166). Tal diálogo é caracterizado pela comunicação entre coletivos de pensamento distintos. Porém, Fleck (2010) é cauteloso, e expressa que tais coletivos possuem pequenas diferenças entre os estilos de pensamento, e sua comunicação e troca de ideias favorece novos rumos para pesquisas, em áreas correlacionadas. Cabe esclarecer que a dinâmica envolvida no tráfego de conhecimentos entre círculos esotéricos (coletivo de indivíduos formado por especialistas, que caracterizam a identidade do coletivo de pensamento, por serem portadores do mesmo estilo de pensamento), e círculos exotéricos (constituído pelos leigos formados - ou não - que não compartilham do mesmo estilo de pensamento dos sujeitos do círculo esotérico), associa-se ao que Fleck chama de circulação intercoletiva e intracoletiva de ideias, conforme descrito anteriormente (FLECK, 2010). Pensando-se em tais categorias, pode-se afirmar que no caso de nossa investigação, os pesquisadores em Química Verde fazem parte de círculos distintos. Por exemplo, tomando os pesquisadores em Ensino de Química com parâmetro, estes são considerados constituintes do círculo esotérico em relação aos pesquisadores em Química, visto que esses constituem um círculo exotérico. Isso ocorre porque os coletivos possuem, além de objetos de pesquisa distintos, desenvolverem suas pesquisas em contextos diferenciados. O uso da epistemologia fleckiana possui grande potencial para aplicação na educação, pois, por articular-se à episódios históricos, pode modificar a visão de ciência, tanto de professores quanto de alunos. Neste aspecto, o ensino de Química pode problematizar e proporcionar reflexões epistemológicas que suscitem questionamentos e ações voltadas não apenas para remediação de problemas ambientais, mas sim para prevenção de sua geração. PERCURSO METODOLÓGICO E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS A pesquisa foi realizada em teses e dissertações, defendidas em Programas de Pós-graduação da área da Química, da Educação e da Educação Científica e Tecnológica, do Brasil, localizadas no Banco de Dissertações e Teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), no período entre 2002 e 2012. A chave de busca se deu principalmente nos títulos, nos resumos e nas palavras-chave destas produções. Foram elas: Química Verde, Ensino da Química Verde, Ensino de Química Verde, Green Chemistry (GC), Green Chemistry Education e Green Chemistry Teaching. A Tabela 1 mostra o panorama geral das produções selecionadas, assim como as áreas curriculares as quais se destinam. A análise dos conteúdos das produções investigadas, seus problemas de pesquisa, referenciais teóricos utilizados e procedimentos metodológicos adotados, podem auxiliar na compreensão do uso e aplicação da Química Verde, favorecendo a constituição de um olhar crítico sobre os XVII Encontro Nacional de Ensino de Química (XVII ENEQ) Ouro Preto, MG, Brasil – 19 a 22 de agosto de 2014.

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limites ao alcance da Sustentabilidade Ambiental, com reflexos na formação dos químicos e seus professores.

PROF

CURRICULO FORMAÇÃO/ ENSINO QMT

FIS

ANA

CAT

INO

FOCO ÁREAS DISCIPLINARES ORG

PRODUÇÕES

MEIO

Tabela 1. Distribuição e foco das produções

MS 45 17 03 05 11 03 06 DR 20 06 02 06 03 01 02 TOTAL 65 23 05 05 17 06 01 08 Nota: Produções de Programas de Pós-Graduação na forma de Dissertações (MS) e Teses (DR). Siglas: ANA (Química Analítica); CAT (Catálise); FIS (Físico-Química); QMT (Química de Materiais); INO (Química Inorgânica); ORG (Química Orgânica); PROF (Formação de Professores).

Foi possível perceber que o número de pesquisas voltadas à Química Verde aumentou a partir de 2008, comprovando que esta vem se constituindo em uma abordagem fundamental para o enfrentamento dos desafios aos cuidados com o ambiente. Pela análise da tabela é evidente a proximidade da Química Verde com a área da Orgânica e Analítica, talvez justificada pelo fato que a maior parte dos exemplos encontrados na literatura sobre sua aplicação origina-se da perspectiva das sínteses orgânicas, embora se perceba que a inorgânica, catálise, físico-química e de materiais também apresentam oportunidades de tratamento e abordagem da Química Verde. Ressalta-se que em cerca de 12% da amostra atribui-se importância a abordagem Química Verde na formação de professores de Química. Outra característica importante a se destacar, é que da totalidade de trabalhos identificados, pouco mais de 10% foram produzidos em programas de pós-graduação da Educação ou Educação Científica e Tecnológica. Dos 65 trabalhos, 58 pesquisas (dentre teses e dissertações) são oriundas de programas de pós-graduação em Química. Esse dado exemplifica a circulação intercoletiva de ideias no processo de produção do conhecimento, conforme argumentou Fleck (2010). Como nosso objetivo é entender como se dá esse processo de circulação de ideias acerca do uso e do ensino da Química Verde e sua influência na produção do conhecimento e práticas em torno da Sustentabilidade Ambiental, buscamos identificar as interrelações entre os termos Desenvolvimento Sustentável (DS), Sustentabilidade Ambiental (SA), Sustentabilidade (SUS), Química Sustentável (QS) e Educação Ambiental (EA), com a própria QV, manifestados nas produções de teses e dissertações. A investigação foi realizada em 49 documentos, pois, das 45 dissertações identificadas no levantamento inicial, apenas 37 foram localizadas. O mesmo aconteceu com as teses, das 20 selecionadas, apenas 12 estavam disponíveis na rede. Cabe destacar que houve a tentativa de localização dos demais trabalhos. Contato com os programas de pós-graduação onde as pesquisas foram desenvolvidas, com os autores e orientadores dos trabalhos também foram realizados, porém até a presente data, não obtivemos retorno/resposta às solicitações. A Tabela 2 mostra o cenário das relações estabelecidas e identificadas nos documentos de análise. XVII Encontro Nacional de Ensino de Química (XVII ENEQ) Ouro Preto, MG, Brasil – 19 a 22 de agosto de 2014.

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DISSERTAÇÕES 16 2 1 1 2 TESES 5 1 1 Total 21 2 2 1 1 2 Nota: SUS (Sustentabilidade); SA (Sustentabilidade Ambiental); EA (Educação Ambiental); QS (Química Sustentável).

DS + SUS

DS + QS

SUS + DS+ QS

SA + SUS +DS + QS + EA

SUS + QS

SUS + EA + DS+ QS

EA + SUS + DS

EA + DS

EA + SUS

DS

PRODUÇÕES QV EM RELAÇÃO COM

SUS

PRODUÇÕES

MEIO

Tabela 2. Identificação das teses e dissertações QV e as relações com DS, SUS, SA, QS e EA.

1 1 2 1 3 2 1 1 1 1 2 2 2 4 2 DS (Desenvolvimento Sustentável);

A primeira constatação se dá no número de pesquisas onde as relações foram identificadas: aproximadamente 43% das teses e dissertações defendidas fazem menção à relação QV com a defesa da Sustentabilidade, embora, na maioria dos casos, tal referência não tenha sido feita como justifica para realização das pesquisas, mas sim citada de forma mais geral ao longo dos trabalhos. De qualquer maneira, entendemos como um aspecto positivo, pois reforça a tentativa de discutir sobre possíveis soluções para questões do meio ambiente, buscando o Desenvolvimento Sustentável e/ou a Sustentabilidade Ambiental, no âmbito da Química – possibilidade essa levantada pela QV. Marques e colaboradores (2013) apontam que pesquisas denominadas de Química Verde “parecem surgir como uma resposta a tais expectativas, e se inserem em um amplo, histórico e crescente movimento social, científico e tecnológico em defesa do meio biótico e abiótico” (p. 914). Logo, a QV vêm contribuindo para o desenvolvimento científico e inovação tecnológica associada à Sustentabilidade (MARQUES, et al.; 2013). Uma breve análise qualitativa proporcionou uma interpretação de como estas relações são identificadas nas produções de interesse. A Química Verde como possibilidade para Sustentabilidade Ambiental foi reconhecida, basicamente, em três dimensões, a saber: quanto à inovação industrial; quanto ao uso de seus princípios e quanto à sua inserção na formação de professores e no ensino de Química. Foi possível observar nos trabalhos que o termo Química Sustentável, quando citado, é utilizado como sinônimo da própria QV, o que ocorre também com os termos Sustentabilidade Ambiental e Sustentabilidade; fato este já evidenciado na literatura (MACHADO, 2004; MARQUES; MACHADO, 2013). Tundo (2007), porém, apresenta uma diferenciação entre a Química Sustentável e a Química Verde. Para o autor, a QS trata de processos mais ambientalmente benignos e que possibilitam uma maior margem de lucro; enquanto a QV se interessa primordialmente por processos mais benignos ambientalmente, sem ser inerentemente de interesse industrial. Já Basiago (1995) quando discute os diferentes usos, definições e domínios da Sustentabilidade, defende que o conceito tem um caráter metodológico e, como a definição é imprecisa, a palavra pode ser usada para descrever uma variedade de preocupações sociais. Por exemplo , do ponto de vista da biologia, sustentabilidade é XVII Encontro Nacional de Ensino de Química (XVII ENEQ) Ouro Preto, MG, Brasil – 19 a 22 de agosto de 2014.

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ligada à conservação da diversidade biológica, enquanto que no campo da economia, o conceito é usado por aqueles que defendem a contabilização dos recursos naturais. A esse respeito Marques e Machado (2013) ressaltam que a Sustentabilidade se manifesta, fundamentalmente, em três diferentes dimensões: econômica, social e ambiental, sendo então, nesta última esfera que se situa a Sustentabilidade Ambiental. Em muitos trabalhos, o Desenvolvimento Sustentável e/ou a Sustentabilidade Ambiental foram citados como modelos eco-industriais, pelo reaproveitamento de rejeitos e resíduos, ou ainda como objetivo de manter o progresso industrial que atenda às necessidades presentes, sem que comprometam as necessidades das gerações futuras. Tais compreensões estão associadas as perspectivas da Economia Verde (CGEE, 2012), e ao próprio conceito de Desenvolvimento Sustentável apresentado no Relatório Brundtland, discutidos anteriormente. Neste sentido, uma das dissertações traz uma observação pertinente, ao associar QV à SA, quando problematiza que nem todos os processos químicos industriais são factíveis do ponto de vista reacional e econômico, frente aos critérios enunciativos da Química Verde. Colocando-se em pauta as questões do ambiente, como a preservação, a qualidade de vida e a própria sobrevivência do planeta, é reconhecido que na atualidade muitos processos químicos têm na QV maneiras de buscar à promoção da SA (em um dado momento histórico). A busca por minimizar impactos ambientais tem atraído cada vez mais a atenção de profissionais e pesquisadores químicos, aspectos que ficaram evidentes nas teses e dissertações que afirmam utilizar os princípios QV em inovações compatíveis com um ambiente mais saudável. Fica claro que, por meio de pesquisas acadêmicas, são produzidos e aperfeiçoados processos e produtos com tais características e finalidades. Dentre elas, observaram-se alternativas verdes para determinadas sínteses, o uso de materiais derivados de fontes renováveis de energia, e a substituição de solventes voláteis, por exemplo. Nesse sentido, constata-se que há esforços da comunidade química no desenvolvimento de metodologias que se enquadrem na filosofia da QV, como uma alternativa à SA no campo da Química. Outra característica desvelada em alguns documentos trata da articulação dos conhecimentos químicos com a problemática ambiental na formação de professores e no ensino da Química, onde a QV (entendida também como a Química para o ambiente) pode promover conhecimentos para uma formação menos limitada aos saberes específicos da área, ou seja, sendo encarada não apenas como métodos e ferramentas, mas sim como promotora de novos conhecimentos que possam auxiliar/possibilitar a busca pela SA. Para tanto, os autores deixam claro a necessidade de se integrar a QV ao currículo de formação dos professores de Química, por oferecer solução para alguns problemas ambientais atuais, e contribuir com a formação e atuação de profissionais mais conscientes. Do ponto de vista das categorias epistemológicas fleckianas, a disseminação de tais compreensões e novas práticas, realizada a partir da publicação/divulgação das pesquisas realizadas, sejam elas em nível de mestrado ou de doutorado, parecem contribuir significativamente com a circulação de ideias acerca da relação entre a QV e os conhecimentos e práticas em torno da SA. Ela é intracoletiva quando compartilhada por sujeitos do mesmo circulo, e intercoletiva quando compartilhada por sujeitos circulo distintos (como, por exemplo, pesquisadores da área da Química e aqueles da Educação). As pesquisas analisadas apontam caminhos, apresentam sugestões, problematizam proposições que podem auxiliar na instauração, extensão e transformação de Estilos de Pensamento (DELIZOICOV, 2004) sobre a QV e a SA, e esse processo dinâmico, que associado ao compartilhamento de referenciais teóricos,

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pressupostos, crenças, conhecimentos, atuações e práticas, possibilita mudanças contínuas nas pesquisas em Química e no ensino de Química no país. Em nossa investigação (que continua em nível de doutoramento), buscaremos aprofundar a compreensão dessa dinâmica de difusão da QV e sua influência em torno da SA, identificando, inclusive, possíveis Estilos de Pensamento sobre esta relação. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES FINAIS As publicações e a divulgação de tais pesquisas produzidas no âmbito de diferentes programas de pós-graduação podem estar contribuindo com a circulação de saberes sobre a Química Verde, fomentando a propagação de ideias, estudos e práticas sobre possibilidades e limites à Sustentabilidade Ambiental. Analisar tais ideias pode ser um valioso material para auxiliar a formação dos químicos (bacharéis e licenciados) para aperfeiçoar suas ideias e práticas de pesquisa e de ensino voltadas aos cuidados com o ambiente. Foi possível identificar e analisar como o uso e o ensino da Química Verde têm influenciado na produção do conhecimento e práticas em torno da SA, que se deu basicamente em três perspectivas: as que a justificam por meio do desenvolvimento industrial; pelo uso e aplicabilidade dos princípios QV; e por aquelas que julgam indispensável sua inserção na formação de professores e no ensino da Química. A circulação inter e intracoletiva de ideias entre esses grupos pode influenciar na instauração e transformação de estilos de pensamento. Vale destacar que a apropriação da epistemologia fleckiana possibilita o entendimento da dinâmica da construção do conhecimento científico compreendendo que a ciência é uma construção coletiva influenciada por fatores sociais, econômicos e políticos. Chamou-nos a atenção a ausência e falta de discussão sobre as limitações impostas pela segunda lei da termodinâmica, que tem óbvias implicações no campo da Química, e que merece atenção, tanto em termos filosóficos quanto práticos, especialmente para discutir os limites que a Sustentabilidade Ambiental impõe ao âmbito da Química Verde. Tal assunto foi totalmente desconsiderado nos trabalhos analisados. Desse modo, somos favoráveis à inserção da QV no ensino para a formação de profissionais químicos. No entanto, convém ressaltar que não se trata somente de incluir os doze princípios da QV em disciplinas do currículo da graduação em Química. Torna-se necessário um pensamento crítico e reflexivo que questione os objetivos do uso da QV para além de processos industriais mais limpos. A QV tem potencial para contribuir à sustentabilidade ambiental como processo histórico e temporal sempre tendo em vista a impossibilidade desse alcance pelos limites termodinâmicos, naquilo que temos configurado como uma Educação Química Verde. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANASTAS, P. T.; WARNER, J. C. Green Chemistry – Theory and Practice. New York: Oxford University Press, 1998. BASIAGO, A. D. Methods of defining ‘sustainability’. Sustainable Development, v.3, n.3, p. 09-119, 1995. CGEE (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos). Química Verde no Brasil: 20102030. Brasília: Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, 2010. XVII Encontro Nacional de Ensino de Química (XVII ENEQ) Ouro Preto, MG, Brasil – 19 a 22 de agosto de 2014.

Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ) Departamento de Química da Universidade Federal de Ouro Preto (DEQUI/UFOP)

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Divisão de Ensino de Química da Sociedade Brasileira de Química (ED/SBQ) Departamento de Química da Universidade Federal de Ouro Preto (DEQUI/UFOP)

Formação de professores

PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente).Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável e a Erradicação da Pobreza – Síntese para Tomadores de Decisão. Brasília: Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, 2011. QUEIRÓS, W. P.; NARDI, R. Um panorama da Epistemologia de Ludwik Fleck na Pesquisa em Ensino de Ciências. In: XI Encontro de Pesquisa em Ensino de Física, 2008, Curitiba. Anais: XI EPEF. Curitiba – PR, 2008. ROLOFF, F. B.; MARQUES, C. A. Questões Ambientais na Voz dos Formadores de Professores de Química em Disciplinas de Cunho Ambiental. Química Nova, v. 27, n. 3, p. 549-555, 2014. SLONGO, I. I.; DELIZOICOV, D. Um panorama da produção acadêmica em ensino de Biologia desenvolvida em programas nacionais de pós-graduação. Investigações em Ensino de Ciências, v. 11, n.3, p.323-341, 2006. TUNDO, P. Preface. Chemistry International, v. 29, n. 3, 2007. Disponível em: . Acesso em: 26 mai. 2014. WCED (World Commission on Environmental and Development): Our common future. Oxford University Press: Oxford, 1987.

XVII Encontro Nacional de Ensino de Química (XVII ENEQ) Ouro Preto, MG, Brasil – 19 a 22 de agosto de 2014.

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