A inovação das propostas de museu no mundo vista sob a ótica da comunicação

July 24, 2017 | Autor: A. Galante Garcia | Categoria: Communication, Museum Studies, Heritage Tourism, Cultural Tourism
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A inovação das propostas de museu no mundo vista sob a ótica da comunicação Ana Gabriela Galante Garcia1 Nathalia Giulia Buzzo2

RESUMO: O presente artigo busca discutir as transformações ocorridas no espaço museológico, desde o surgimento das primeiras coleções particulares até as novas propostas atuais, que incluem a interatividade e o ecomuseu, tendo como base as teorias da comunicação. PALAVRAS-CHAVE: museu; transformações; comunicação. ABSTRACT: This paper intends to discuss the transformations occured in museums, since their beginnings, as private collections, until today, when we have new proposes that include interactivity and “ecomuseums” proposes, based in the Communication Theories. KEYWORDS: museum; transformations; communication.

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Estudante de Bacharelado em Turismo pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, Brasil. E-mail: [email protected] 2 Estudante de Bacharelado em Turismo pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, Brasil. E-mail: [email protected]

Intorodução A definição internacional de museu adotada pelo Conselho Internacional de Museus na 21ª Conferência Geral de Vienna, Áustria, em 2007, diz que este é “uma instituição sem fins lucrativos, permanente, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento, e aberta ao público, que adquire, conserva, pesquisa, divulga e expõe, patrimônios materiais e imateriais da sociedade, para fins de estudo, educação e divertimento”. Tal conselho completa dizendo que “graças ao seu papel de liderança na proteção e conservação do património e na promoção da diversidade cultural, os museus são capazes de promover a interação essencial entre a salvaguarda do património cultural e desenvolvimento cultural”. (ICOM, 2007). De acordo com Cunha (2010): “Entre nós, no senso comum, os museus são relacionados a mausoléus, cemitério de objetos, espaços destinados à reserva e recolhimento de velharias e coisas que representam o passado, que testemunham um tempo romantizado ou, ainda, representam indivíduos que alguma importância tiveram em determinado tempo e espaço social”.

Similar à ICOM, a Lei número 11.904, de 14 de janeiro de 2009, que instituiu o Estatuto de Museus no Brasil, diz que “consideram-se museus, para os efeitos desta Lei, as instituições sem fins lucrativos que conservam, investigam, comunicam, interpretam e expõem, para fins de preservação, estudo, pesquisa, educação, contemplação e turismo, conjuntos e coleções de valor histórico, artístico, científico, técnico ou de qualquer outra natureza cultural, abertas ao público, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento”. (IBRAM, 2014). Ou seja, tanto internacionalmente, quanto no Brasil, os museus não são considerados espaços dedicados apenas à salvaguarda (coleta/estudo, documentação, conservação e armazenamento) dos conhecimentos das mais diversas áreas, e sim considerados importantes meios de transmitir tais conhecimentos às pessoas, ou seja, através de suas exposições e publicações comunicam fatos e pontos de vista que serão interpretados de formas distintas por seus visitantes. Além disso, os museus trazem em si um retrato da sociedade, tanto daquela que está sendo exposta, quando daquela que está observando, por isso estão em constante adaptação. Sendo assim, o presente artigo busca discutir as mudanças no modo dos museus se comunicarem ao longo do tempo, tendo como base a teoria da comunicação.

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Contextualização histórica A palavra “museu” tem origem grega e significa “templo das musas”. Atualmente, o termo é utilizado para denominar o local que se destina ao estudo das artes e das ciências. Pode-se afirmar que os museus tiveram início no período paleolítico, quando o homem passou a ter o hábito de guardar e reunir artefatos. Dos museus da antiguidade, o mais famoso foi criado em Alexandria por volta do século III a.C., possuindo estátuas de filósofos, objetos astronômicos e cirúrgicos, um parque zoobotânico e uma grande coleção de obras escritas, tornando-se posteriormente Biblioteca de Alexandria (ALEXANDER & ALEXANDER, 2008). Segundo McAllister (2005), depois do conceito de museu quase desaparecer durante a Idade Média, com a expansão do conhecimento do mundo através das Grandes Navegações entre os séculos XVI e XVII, se formaram na Europa inúmeros gabinetes de curiosidades, coleções altamente heterogêneas e assistemáticas de peças das mais variadas naturezas e procedências, incluindo fósseis, esqueletos, animais empalhados, minerais, curiosidades, aberrações da natureza, miniaturas, objetos exóticos de países distantes, obras de arte, máquinas e inventos, e toda a sorte de objetos raros e maravilhosos, que tiveram grande importância na evolução da filosofia natural e da história. O primeiro museu moderno, o Museu Ashmolean, nasceu na Inglaterra em 1683 e, desde então, os museus continuaram sua transformação ao incluir novas categorias e temas e ao abandonar o simples “colecionismo” em prol da exibição e catalogação sistemática ao longo do século XIX, que consistia em abranger vários períodos históricos para permitir ao público participar da história e cultura da humanidade, mesmo nos tempos mais recentes, inclusive nos campos da ciência e da tecnologia. É nesta época que coleções particulares de todo o mundo se tornam públicas, dando origem a muitos dos mais importantes museus, como o Museu do Prado, na Espanha, e o Museu Mauritshuis, na Holanda.3 Em meados do século XX, os museus passaram a enfrentar uma crise conceitual em que passou-se a criticar “o caráter aristocrático, autoritário, acrítico, conservador e inibidor dessas instituições, consideradas como espécie em extinção e, por isso mesmo, apelidadas de ‘dinossauros’ e de ‘elefantes brancos’”. (CHAGAS & CHAGAS, 2008).

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Disponível em: . Acesso em: 15 dez. 2014.

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Estes museus de caráter “colecionista” foram analisados mais tarde pelos estudiosos da Escola de Frankfurt como “templos onde a burguesia expunha sua ‘nobreza espiritual’”, pois entender de arte nessa época era sinônimo de ser importante socialmente. Deste modo, Walter Benjamim, em 1991, diz que as “exposições universais são locais de peregrinação ao fetiche da mercadoria. Peregrinação porque é, na verdade, um ritual de adoração da arte reduzida à mercadoria”. (apud Batista, 2003, p. 73). A partir daí, começou a ocorrer um aprofundamento científico da definição e dos potenciais dos museus, cuja reformulação conceitual ocorreu nas décadas de 70 e 80. Com a chegada da internet e da informatização dos processos, o museu passou a estar presente também no ciberespaço, criando discussões e gerando dúvidas sobre sua existência no futuro. De acordo com Cunha (2010), “vem ocorrendo mudanças de posicionamento em relação a esta abordagem em favor da compreensão do museu como espaço de convivência e aprendizagem, como um local em que ocorrem relações entre indivíduos e entre indivíduos e objetos”. A mostra de um museu é um processo que não pode ser improvisado devido à sua complexidade e à necessidade de justificar os, geralmente altos, gastos públicos com o museu, uma vez que estes incluem muita pesquisa, produção de materiais para divulgação e planejamento de marketing. Por ser a única etapa a que o público pode ter acesso dentre todas as outras, incluindo conservação e restauração, a exposição é o chamariz do museu. As mostras podem ser de vários tipos: longa ou curta duração, virtuais ou “extramuros”, sendo que em todas elas constituem a educação do público com o contato direto com a exposição, o que é um de seus objetivos principais.

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Análise do caráter comunicacional dos museus Tomando como base a contextualização apresentada, bem como as definições de museu aceitas internacionalmente, e levando em conta que a: “exposição museológica faz parte de um processo comunicacional, voltado tanto para a preservação quanto para a disseminação e produção de conhecimentos, por isso ela deve ser considerada um espaço de diálogo entre aquele que investiga um determinado fato - o pesquisador, museólogo - e os diversos públicos do museu. Para que a eficiência da exposição quanto veículo de comunicação seja atingida é necessário então conciliar os vários discursos que envolvem um determinado tema”. (CUNHA, 2010).

É possível aplicar algumas teorias da comunicação quando levamos em conta o caráter comunicacional dessas instituições. A primeira delas é a semiótica de Pierce. Esta teoria diz que o “elemento básico que condensa o conhecimento sobre o mundo é chamado de representação - uma manifestação mental que faz a ponte entre a realidade e o intelecto” (ROMANINI, 2009), e esta representação é construída na relação triádica entre signo, objeto e interpretante. Ou seja: “o significado não se dá na relação entre o signo e o objeto apenas, [...] exige um terceiro correlato. Esse novo elemento é o interpretante, visto como o efeito produzido na mente pelo signo e, portanto, um outro signo”. (IDEM).

Romanini (2009) completa dizendo que: “para Peirce, a cognição é um processo dinâmico que não tem um ponto inicial de partida, mas acontece in media res. Nós devemos partir de nossos preconceitos, ou ideias imperfeitas e, lentamente, por meio de um processo contínuo de inferências e testes de hipóteses na realidade, tecer uma argumentação [...]”.

Tendo em vista que “exposições são traduções de discursos, realizados por meio de imagens, referências espaciais, interações, dadas não somente pelo que se expõe, mas inclusive, pelo que se oculta, traduzindo e conectando várias referências, que conjugadas buscam dar sentido e apresentar um texto, uma ideia a ser defendida”, podemos dizer que as exposições museológicas, possibilitam um processo de ressignificação, “uma vez que os objetos, ao serem introduzidos no espaço da exposição, passam a integrar um novo sistema de referências, por vezes em composições inteiramente novas e inusitadas” (CUNHA, 2010, p. 110). Ou seja, como os museus e exposições colocam objetos, imagens, documentos, textos e relatos dentro de um mesmo contexto para transmitir uma mensagem idealizada por seus

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organizadores, e o processo cognitivo (a formação do conhecimento) se dá quando as pessoas passam a dar sentido a determinados signos do seu dia a dia a partir das experiências vividas, podemos dizer que estas instituições recriam ideias e formam novos conhecimentos àqueles que recebem a sua mensagem. Porém, como cada pessoa possui experiências únicas de sua realidade e estão imersas em um contexto social regrado por valores diferentes, a mensagem transmitida pelas exposições e museus pode ser interpretada de forma distinta pelo seu público. O interacionismo simbólico, de forma a complementar a teoria da semiótica de Peirce, defende que a comunicação é um processo estruturado simbolicamente - os seres humanos agem em relação ao mundo fundamentando-se nos significados que estes lhes oferece - e que o significado das coisas deve ser visto como o produto da interação social, por essa razão os significados são manipulados por um processo interpretativo, o que faz com que a comunicação seja um processo coletivo de percepção da realidade (RÜDIGER, 2011). Com base nisso, Cunha (2010, p. 111) diz que é de extrema importância os museus se atentarem ao tipo de informação que eles querem passar e qual o alcance que querem dar a ela: se querem ficar apenas no campo da informação ou se pretendem avançar para o estabelecimento de um ambiente de comunicação. Ou seja, essa teoria só reforça o fato de que as exposições museológicas podem ser usadas como um instrumento para a produção e difusão de conhecimentos. No projeto “Exposição da Família Lobatense: seus costumes e tradições” - proposto por quatro alunas do curso de turismo no ano de 2014 ao município de Monteiro Lobato - por exemplo, tal exposição busca ao mesmo tempo resgatar a história e a cultura local a partir do envolvimento da população no resgate das informações, e também estimular o deslocamento do leitor até algum dos atrativos expostos. Ou seja, a comunicação desta exposição foi pensada a fim de gerar uma ação no leitor, e não apenas servir como base de informação da cultura local. O interacionismo simbólico diz ainda que a comunicação é parte indispensável de nosso desenvolvimento e que sua principal função é socializar a consciência e expandir o conhecimento. Segundo Cooley (apud RÜDIGER, 2011, p. 39) “o efeito da comunicação no desenvolvimento da natureza humana [...] favorece a expansão da inteligência, o declínio das formas de organização mecânicas e arbitrárias e a ascensão de formas de sociedade mais humanas”. Desta forma, quando museus trazem para cidades exposições sobre culturas e modos de vida diferentes dos daquela sociedade, ou fazem uma releitura de fatos históricos por uma ótica 6

que geralmente não é a ensinada pelos modelos ideológicos do estado (família, escola, meios de comunicação em massa), eles proporcionam às pessoas uma nova leitura de mundo. Por isso, “visitar uma exposição, é negociar sua relação com o exposto” (Autor desconhecido, apud CUNHA, 2010, p. 112), de modo que os espectadores irão absorver aquelas informações, correlacioná-las com suas experiências e valores e gerar uma nova visão sobre aquele determinado tema. Ou seja, essas instituições, a partir do momento que se preocupam em gerar um impacto em seu visitante, podem ser entendidas como “um espaço a ser utilizado para o desenvolvimento social, para a elaboração e reelaboração de identidades e afirmação de cidadanias” (IDEM). Esta característica de proporcionar diferentes pontos de vista sobre um determinado assunto vai ao encontro da teoria da Recepção Ativa de Stuart Hall, que diz que a ideologia passada pela mídia (no caso, pelas exposições museológicas) não é absorvida passivamente e igualmente por todos os seus espectadores, cada pessoa interpreta aquela mensagem de acordo com o seu contexto de vida, e quando essa mensagem é contrária aos valores originais de determinada pessoa ou grupo social, podem gerar questionamentos e até mesmo provocar debates (COSTA, 2012). Sendo assim, o dialogismo que Hall diz existir entre a estrutura social, os meios de comunicação e o público também pode ser notado na relação público objeto existente nas exposições museológicas. Por isso, Cunha (2010, p. 114) diz que: “no momento em que passamos a considerar a comunicação não mais como um sistema fechado dentro do esquema tradicional: emissão recepção, mas sim, como um processo dinâmico que implica realimentação, encarando o discurso como um fato em permanente construção, se apresenta a indagação sobre como podemos ultrapassar os limites estáticos de uma exposição, para que se possibilite um real processo de comunicação”.

Isso explica em parte a tendência dos museus em utilizar cada vez mais a tecnologia a seu favor a fim de universalizar o acesso de seu mais variado público àquela informação e desenvolver ainda mais seu caráter educativo. O espaço museológico tradicional é pensado com uma lógica diferente da tendência tecnológica, uma vez que as peças da exposição estão ali apenas para serem observadas, longe de qualquer tipo de contato. Para tanto, há bloqueios que impedem que as obras fiquem ao alcance das mãos, tal como vigias, faixas de segurança, alarmes e cercas. Este cuidado se justifica do ponto de vista da preservação das peças para que as gerações futuras tenham acesso a elas. Obras interativas, porém, tem uma dinâmica contrária, uma vez que é exigido contato físico ou postura ativa para que a interatividade aconteça. 7

Surgido nos anos 90, o conceito de interatividade está diretamente relacionado às novas mídias digitais, e diz respeito a uma nova forma de interação, de caráter eletrônico-digital (LAPA, 2011). A maioria dos museus possui site, mas poucos oferecem experiência interativa. Esta pequena quantidade de exemplos demonstra que este campo ainda pode ser muito explorado, tanto pelos artistas quanto pelos museus, sempre levando em consideração que a interação é mais importante do que a tecnologia em si, uma vez que a primeira pode ocorrer sem a segunda. No Brasil, museus como o da Língua Portuguesa, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu do Futebol, Catavento Cultural e Educacional - todos em São Paulo - além do Instituto Ricardo Brennand no Recife e Inhotim em Brumadinho, Minas Gerais, já estão tendo esse diferencial reconhecido internacionalmente por site que leva em conta avaliações do público em geral (Folha de S. Paulo, 2014). O Museu da Língua Portuguesa, por exemplo, tem um acervo predominantemente virtual e combina arte, tecnologia e interatividade através da utilização de vídeos, sons e imagens. O Museu do Futebol explora uma tecnologia que produz sensações e conduz a atenção do público numa tentativa de transmitir a ideia de um país avançado e moderno, utilizando um sistema de áudio, projeções e terminais multimídia que estimula os sentidos e a interação do público. Inhotim, por outro lado, é um museu de arte fora dos modelos tradicionais, as obras ficam distribuídas em meio ao parque e estão relacionadas ao espaço, dessa forma tornam a visitação uma experiência única para cada pessoa. Assim como Batista (2003) sugere, tais instituições, não estão apenas repensando o papel do museu ou o conceito de arte, mas, sobretudo, ampliando o mercado apreciador/consumidor de arte, nos moldes perceptivos que a comunicação de massa não só permite, como exige. Richards e Wilson (2005) ressaltam essa tendência e necessidade de se pensar a cultura de forma criativa afim de atingir os novos públicos que cada vez mais exigem novas experiências e vivências. Segundo eles, durante o século XX houve uma tendência das cidades e regiões que queriam competir turisticamente a realizarem uma constante reprodução da cultura. Essa reprodução pode ser vista, por exemplo, em cidades que trouxeram para si museus de arte que foram sucesso internacionalmente. Essa prática passou a criar o sentimento de “mais do mesmo” que nada mais é o conceito de “indústria cultural”, ou seja, a conversão da cultura em mercadoria

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- apresentado por Adorno, Horkheimer, Benjamin e Marcuse (apud RÜDIGER, 1999) - visto na prática. Frente a isso, cidades e regiões estão percebendo que a valorização de sua cultura local, de seu diferencial, é muito mais relevante do que a reprodução de informações já conhecidas pelo grande público. Sendo assim, museus que resgatam essa cultura e promovem a interação da comunidade com o espectador - os chamados “ecomuseus” - vêm ganhando força principalmente no meio rural. A própria organização e a estrutura de um ecomuseu propõem a participação ativa da sociedade no levantamento de informações sobre a sua cultura, história e tradições que englobam tanto o patrimônio material, quanto o imaterial, de modo que: “a ideia de um ecomuseu para uma determinada região deve resultar da consciência e importância que a população tem do seu território, mas também da preocupação de salvaguardar um patrimônio, nos seus múltiplos componentes, natural, cultural e socioeconômico, tendo como finalidade contribuir para o desenvolvimento das próprias populações”. (BABO e GUERRA, 2005).

Os pensadores dos Estudos Culturais, principalmente Stuart Hall, defendem a importância de se pensar em um conceito expandido de cultura que não fique restrita apensa às artes. Eles ressaltam a importância de se compreender a cultura presente nos rituais da vida cotidiana e nas práticas vividas da cultura popular (ECOSTEGUY, 2003). Isso é o que esta nova tendência de museu está promovendo, a cultura aparece como uma forma de disseminação de saberes e convivência, valorizando o cotidiano e as especificidades locais, criando uma particularidade que pode tornar-se a marca do local (BABO e GUERRA, 2005). Dessa forma, a organização dessa cultura na forma de um ecomuseu vai muito além de um espaço com objetos sem significação para públicos desatentos, porém Barbuy salienta que “o acervo não é indesejado ou banido; ao contrário, é ampliado, tanto no sentido de sua natureza como no de seu significado, abrangendo bens imóveis e territórios inteiros, além de espécimes vivos e de bens imateriais.” (BARBUY, 1995). Sendo assim, essa nova prática museológica consegue da melhor forma suprir seu caráter comunicacional, afinal, se, como dito anteriormente, para um objeto possuir significado é necessário estar imerso em um contexto, a partir do momento que as pessoas que tem sua história 9

contada passam a participar ativamente da curadoria das informações e objetos que serão expostos, a ressignificação dos sentidos passa a estar mais próxima da realidade de modo que não transmite o ponto de vista de um profissional mas sim da comunidade a qual está sendo relacionada.

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