A Interação Universidade-Empresa sob a Perspectiva de seus Atores: Um Estudo de caso no Sul do Estado de Rio de Janeiro

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A Interação Universidade-Empresa sob a Perspectiva de seus Atores: Um Estudo de caso no Sul do Estado de Rio de Janeiro André Ferreira (+55 24 3344-3024) Universidade Federal Fluminense Área temática de investigación: Inovação e Interação Universidade Empresa Marcelo Amaral (+55 24 3344-3024) Universidade Federal Fluminense [email protected] Área temática de investigación: Inovação e Interação Universidade Empresa Pítias Teodoro (+55 24 3344-3024) Universidade Federal Fluminense [email protected] Área temática de investigación: Inovação Maria Antonieta Leopoldi (+55 21 26292856) [email protected] Área temática de investigación: Instituições

Área Temática: Procesos de producción y uso del conocimiento científico y tecnológico

Resumo: Este artigo apresenta duas pesquisas relacionadas ao tema interação universidade-empresa, com foco em um novo Pólo Universitário, localizado no interior do Brasil. A pergunta central da pesquisa é como tornar um novo campus universitário localizado no interior de um país em desenvolvimento em uma universidade empreendedora. O referencial teórico é baseado na literatura de desenvolvimento regional e nos conceitos da Triple Helix. O objetivo é compreender o relacionamento entre os atores em uma região. O estudo de caso é o novo camous da Universidade Federal Fluminense, na Região Médio Vale do Paraíba, sul do Estado do Rio de Janeiro, Brasil. A pesquisa foi estruturada em duas partes: uma pesquisa com o corpo docente da do PUVR-UFF e uma pesquisa com empresas localizadas na RMVP. É possível concluir que o PUVR-UFF tem sido pouco influente no desenvolvimento regional até agora...

Palvras-Chave: Interação Universidade-Empresa; Inovação; Desenvolvimento Regional; Triple Helix; Universidade Empreendedora. 1 - Introdução As universidades públicas brasileiras têm sofrido um processo de expansão considerável, principalmente fora das grandes capitais, com o objetivo de estimular o desenvolvimento econômico regional. O surgimento de uma sociedade baseada no conhecimento exige um novo tipo de universidade, não apenas como fornecedora de recursos humanos, mas como promotora da inovação e desenvolvimento econômico (Etzkowitz, 2008). Assim, o desafio que se coloca é criar condições para que esta universidade regional, que originalmente tem seu foco na formação de recursos humanos e baixa vinculação com as necessidades do setor atividade produtivo (MCT, 2003), em uma universidade

empreendedora, incluindo em sua missão a difusão e aplicação dos conhecimentos gerados, em benefício da sociedade. O estudo de caso é realizado no Pólo Universitário de Volta Redonda (PUVR-UFF), campus da Universidade Federal Fluminense, a quinta maior universidade do sistema público brasileiro. O PUVR-UFF foi criado em maio de 2004 no programa de expansão do Ministério da Educação, e possui (dados de 2010) cerca de 2.000 alunos na graduação (Engenharia, Administração e Contábeis) e cursos de pós-graduação (Mestrado / Doutorado em Engenharia Metalúrgica e MBAs). O PUVR-UFF tem 126 membros no corpo acadêmico, sendo que mais 73% possui doutorado. O campus fica na região do Médio Vale do Rio Paraíba (RMVP), sul do Estado do Rio de Janeiro. Uma região estratégica, em termos geográficos e econômicos, pois está situada entre as duas principais metrópoles brasileiras - Rio de Janeiro e São Paulo. Várias indústrias estão situadas na região, com destaque para a Volkswagen/ MAN Caminhões, Peugeot-Citroën, Saint Gobain, Votorantim, Companhia Siderúrgica Nacional - CSN, GEFCO e Galvasud. Além disso, a região abriga uma grande quantidade número de pequenas e médias empresas com vocação metal-mecânica em seus treze municípios, totalizando 851,982 habitantes e o maior PIB per capita do Estado. A pergunta da pesquisa é como transformar um recém-criado campus universitário fora de uma área metropolitana em uma universidade empreendedora, integrando a missão de transformação do conhecimento gerado e acumulado em produtos, processos e serviços para a sociedade. O referencial teórico é a literatura de desenvolvimento regional e a Hélice Tripla (HT). Na abordagem da Hélice Tripla, o foco é a interação entre a UniversidadeEmpresa-Governo. O objetivo é compreender a interação UEG em uma região fora das áreas metropolitanas de um país em desenvolvimento. Baseado nisso, o foco da pesquisa é diferente de um sistema de análises tradicionais de inovação. O estudo de caso está procurando por sinais de ligações e interações entre os atores, não só com base nas entradas e saídas tradicionais de ciência e tecnologia (como a P&D ou patentes). A idéia é mapear o fluxo de criação de conhecimento. Foram estudados os tipos de interação, as barreiras e oportunidades, as crenças dos membros da academia e dos executivos empresariais e o papel das instituições no processo de inovação. São feitas referências aos indicadores tradicionais, mas o objetivo é compreender a dinâmica do processo. Foram realizadas duas pesquisas em cada uma das esferas da interação Universidade-Empresa (U-E), que serão apresentadas no decorrer deste artigo. 2 – Interação Universidade-Empresa: A segunda revolução acadêmica no Brasil e o surgimento de uma universidade empreendedora voltada para o desenvolvimento regional

As universidades estão em um processo de transformação cultural, passando a desempenhar um papel importante na emergente sociedade do conhecimento. Esse processo de transição, a chamada "segunda revolução acadêmica”, que é a adição da função de desenvolvimento econômico e social na missão da Universidade, está ocorrendo em muitos países (Etzkowitz, 1994, 2001). No Brasil, tem um componente adicional: as universidades públicas brasileiras de pesquisa (UPBP´s) são uma ferramenta para difundir o conhecimento, pesquisa e desenvolvimento econômico para o interior do país (Amaral e Silva Filho, 2008). A tese da Hélice Tripla (HT) argumenta que a universidade após a segunda revolução acadêmica pode, ou deve, ser uma universidade empreendedora e a base do desenvolvimento regional: " uma pesquisa de base com potencial comercial; uma tradição em geração de empresas (start-ups); uma cultura empreendedora no campus; políticas definindo regras de apropriação da propriedade intelectual, a divisão de lucros, a administração dos conflitos; e a participação no desenvolvimento da estratégia de inovação regional.” ... ... ... ... ... “O transbordamento do conhecimento das universidades promove o desenvolvimento regional, através da comercialização da pesquisa e da formação de novas empresas, recursos humanos e novas idéias.” (Etzkowitz e Zhou, 2007).

As UPBP´s foram criadas entre 1920 e 1960 com a missão de ensino. Em 1960 elas começaram a incorporar atividades de pesquisa com programas de pós-graduação. Desde a década de 1990, o modelo de desenvolvimento econômico tem enfatizado a eficiência de gestão e inovação para melhorar a competitividade das empresas. Um conjunto de atividades de interação foram estabelecidas, como os serviços tecnológicos (testes, medições, consultorias, serviços de informação), serviços de educação, os projetos de pesquisa conjuntos com as empresas, os projetos realizados por empresas incubadas e projetos articulados com as empresas 'junior' - empresas de consultoria organizado pelos alunos com coaching do corpo docente (Maculan & Mello, 2009). Como conseqüência as incubadoras de base tecnológica, os parques de ciência e os escritórios de transferência de tecnologia (ETTs) foram criados nas UPBP´s (Etzkowitz et al, 2005). Dois tipos de padrões de transferência de tecnologia surgiram refletindo diferentes níveis de cooperação e participação (Maculan & Mello, 2009): • O participante conhecedor, ciente do potencial comercial que a tecnologia desempenha na transferência do conhecimento para a Empresa, e

• A rede integrada, que articula a integração das pesquisas acadêmicas realizadas. Uma universidade empreendedora engloba ensino, pesquisa e serviço para a sociedade, não em um processo linear, mas em uma constante retro-alimentação de cooperação trilateral. Acadêmicos desempenham o de papel agregar valor as empresas e este processo de aprendizagem melhora a qualidade da educação e o foco da pesquisa. É um processo contínuo e fundamental de aquisição, codificação, divulgação e criação de conhecimento. 3 - Inovação em Setores Tradicionais da Economia (Baixa Intensidade Tecnológica) Existe uma ampla literatura sobre inovação e desenvolvimento local/ regional, com destaque para Piore & Sabel (1984), Saxenian (1996, 2007), Storper (1997), Chesbrough (2002) e Cooke (2006, 2007). Esta ideia também é o núcleo de abordagem da HT, originalmente concebido no processo de transferência de tecnologia em setores high-tech (Etzkowitz, 2008). A HT nas interações entre Universidade-Empresa-Governo também pode ser uma metáfora para analisar o desenvolvimento econômico das regiões (Etzkowitz & Leydersdorf, 1996). Com base na literatura três pontos relevantes foram identificados: 

A economia do conhecimento não pode ser confinada somente aos setores de alta

tecnologia, como microeletrônica, comunicações, farmacêutica e software, pois os setores de média e baixa tecnologia como alimentos, materiais ou têxtil

a aprendizagem e a

inovação também podem ser significativas, sendo que suas fontes de conhecimento se encontram normalmente ao longo da cadeia de valor (Cooke, 2007). 

Nesta

mesma

linha,

as

universidades

além

de

transformar

pesquisa

em

desenvolvimento econômico, também devem prestar assistência na modernização de firmas de médio e baixa tecnologia (Etzkowitz, (2000). 

O contexto local tem uma importância fundamental como sendo o lugar onde a

identidade coletiva é produzida e reproduzida, a confiança mútua é reforçada e uma efetiva e flexível rede de relações econômicas e cognitivas suportam a criação do conhecimento e a sua difusão (Cooke, 2007).

No caso brasileiro, a maior parte das atividades de desenvolvimento econômico regional é a organização, decodificação e difusão de conhecimentos para a modernização do processo produtivo de pequenas e médias empresas. A experiência brasileira nos últimos dez anos juntou o conceito de universidade empreendedora com a política de desenvolvimento econômico regional (Etzkowitz et al, 2005; Amaral et al, 2009). Nos setores de baixa tecnologia, as ligações de interface do usuário são menos freqüentes e, em geral, orientadas para resolver problemas atuais e desenvolver novos produtos (Cooke, 2007). Empresas brasileiras em setores de baixa tecnologia não tem

grande demanda para tecnologias de ponta. Em muitos casos, o acesso a informação/ conhecimento para melhorar os padrões de produção são mais importantes para sustentar a competitividade (Tigre, 2007; Yusuf, 2007). O Ministério da Ciência e Tecnologia reconhece que o Brasil não pode subestimar os efeitos para a competitividade nacional de inovações incrementais (MCT, 2002). Muitas vezes, nos países em desenvolvimento, a ciência e as capacidades da tecnologia são usados para identificar e selecionar oportunidades geradas no exterior. O papel de um sistema nacional de inovação na periferia é seguir os fluxos tecnológicos internacionais (Rapini, 2009). Um aumento na complexidade dos níveis de infra-estrutura organizacional está ocorrendo concomitantemente com a desconcentração do poder do nível nacional e a criação de novas entidades regionais. Essa transformação inclui esforços para incentivar os agentes da interação UEG para empreender projetos de inovação conjunta e para aumentar os clusters, incentivando um amplo conjunto de Arranjos Produtivos Locais. "Encorajar um processo de meta-inovação, ativando as áreas da sociedade que tem estado distantes da inovação, permite que o modelo de hélice tríplice seja aplicado em países em desenvolvimento, onde ele tem sido um conceito mais normativo do que analítico. O processo é mais complexo do que uma simples organização e transferência da tecnologia. O mesmo mecanismo de organização pode desempenhar um papel completamente diferente em matéria de inovação, dependendo dos atores que promovam a sua introdução e do contexto no qual ela é introduzida. A incubadora foi adaptada às condições brasileiras, quando novos atores entraram em cena e adaptaram os mecanismos para alcançar seus objetivos. "(Etzkowitz et al, 2005).

4. Breve Caracterização da Região Médio Vale do Paraíba (RMVP) A partir dos dados do Cadastro Industrial do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN, 2007), foram selecionadas todas as empresas industriais da Região Médio Vale do Paraíba (RMPV) que possuem mais de 50 empregados. O resultado apresentou 118 empresas em diversas atividades industriais, com predomínio dos segmentos relacionadas a setores tradicionais da economia, como metalurgia, automotivo e alimentício. O Gráfico 1 apresenta a distribuição de número de empresas e número de empregados gerado por cada segmento industrial na região. Os dados demonstram que a característica predominante da RMVP é a sua vocação na área metalúrgica e automotiva, o que por consequência estimula o desenvolvimento de segmentos como a Construção Civil e Montagem Industrial. Dentre estas empresas, 32 são firmas exportadoras e 20 são multinacionais (12 Européias, 7 Norte-Americanas e 1 Asiática). Como pontos relevantes destacam-se uma indústria de combustível nuclear (urânio enriquecido) e a existência de três fabricantes de insumos farmacêuticos.

Gráfico 1: Perfil das empresas industriais da RMVP (Acima de 50 empregados)

5 - O Desenvolvimento do PUVR O Pólo Universitário de Volta Redonda (PUVR-UFF), criado em maio de 2004, é um campus da UFF situado a 140 km do campus principal em Niterói.e está estrategicamente situado na região do Médio Vale do Rio Paraíba, no Estado do Rio de Janeiro, que está localizado entre as duas principais conurbações urbanas do país e abriga um pólo de indústrias mecânicas complexas, particularmente no setor automobilístico, configurando um Arranjo e Sistema Produtivo e Inovativo Local, ou seja, com alta relevância para o desenvolvimento econômico e social da região. (CASSIOLATO e LASTRES, 1999). A estrutura original do PUVR-UFF foi a Escola de Engenharia Industrial e Metalúrgica de Volta Redonda (EEIMVR), criada em 1963 como uma faculdade independente, com o nome de Universidade do Trabalho, que ofereceu um elevado nível de educação e de serviços de laboratórios para a CSN. Esta faculdade foi integrada a UFF em 1966 e durante quase 40 anos foi uma importante faculdade regional para formar mão de obra especializada para a indústria local, mas desligada da estratégia geral da UFF. Em 2003, o Ministério da Educação (MEC) criou um programa para expandir as universidades públicas de pesquisa desconcentrando-as das grandes metrópoles do país em direção as cidades com liderança nas economias regionais. A EEIMVR aproveitou a oportunidade e propôs um projeto de R$ 3,5 milhões para a criação de novos cursos (administração de empresas, gestão pública e direito) e o desenvolvimento de pesquisa

tecnológica, além de atuar como um ator no desenvolvimento regional. Com a privatização da CSN em 1994, a EEIMVR perdeu uma importante fonte de financiamento para a infraestrutura de pesquisa, pois a CSN investiu perto de R$ 3 milhões na década de 1990 para implementar novos laboratórios e uma nova fonte de investimento em infra-estrutura seria muito bem vinda. Em 2004, após aprovação MEC, o primeiro movimento foi a criação de um novo departamento (Administração e Agronegócio) dentro da EEIMVR para o desenvolvimento de novos cursos. O curso de Administração de Empresas teve início em 2005 em uma parceria com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), localizada em Seropédica, a 60 km de Volta Redonda. No final de 2006, a Escola de Ciências Humanas e Sociais (ECHS) e o PUVR-UFF foram formalmente criados. Neste período, iniciou-se a construção de novos espaços, e também um processo de aproximação com o poder político local, como Prefeituras e representantes no Congresso Nacional. Nos últimos três anos, muitas pesquisas e projetos de infra-estrutura foram elaborados e aprovados pelas agências de fomento trazendo montante adicional de recursos e responsabilidades. Dois grupos de pesquisas foram criados na ECHS. O primeiro, o Grupo de Pesquisa em Gestão e Desenvolvimento Econômico e Social (GPADES), promove projetos de infra-estrutura, como laboratórios temáticos, pesquisas e incentivo para o desenvolvimento projetos orientados para a interação universidade-empresa-governo a partir da compreensão do estágio do desenvolvimento econômico, social e tecnológico da região Sul Fluminense. Um projeto de diagnóstico da economia regional e a ideia de criar e observatório para monitorar o desenvolvimento econômico, social e tecnológico surgido a partir destas discussões. O segundo grupo de pesquisa é o Triple Helix Research Group THERG-Brazil, uma filial do movimento internacional de Triple Helix. No termo da interação Universidade-Empresa, a primeira parceria de longo prazo foi assinada com a Peugeot Citroën em 2008. As atividades iniciais são de capacitação de pessoal especializado e, em uma segunda fase, estão previstos o desenvolvimento de projetos de pesquisa. Em 2007 o MEC criou um amplo programa para reestruturar as universidades públicas e expandir a sua ação. Este programa, denominado REUNI, contratou mais de 2000 professores/pesquisadores para os quadros das instituições federais de ensino nos últimos três anos. O PUVR recebeu mais recursos com o compromisso de criar outro novo conjunto de cursos (Pedagogia, Química, Matemática e Estatística). Neste contexto, o estudo de caso analisa a implantação do PUVR-UFF. Centra-se no processo de construção da sua direção estratégica e na percepção do seu corpo docente sobre as possibilidades de interação com o setor produtivo e as suas principais barreiras. A

escolha da temática é motivada pela já comentada discrepância entre a geração de conhecimento científico e tecnológico e o processo de inovação na indústria brasileira. 6 – Resultados da Pesquisa: Um objetivo, duas perspectivas A pesquisa foi estruturada em duas fases. Na primeira foi realizado um levantamento no âmbito da Universidade (PUVR-UFF) para investigar o seu papel no desenvolvimento local (parcialmente publicado em Ferreira et al, 2009). Na segunda etapa, foi realizada uma pesquisa com empresas localizadas na RMVP. 6.1 – Pesquisa Um: O ponto de vista do corpo acadêmico A pesquisa identificou o ponto de vista do corpo acadêmico sobre o papel da universidade para a criação de tecnologia e inovação para o desenvolvimento regional. Os pontos-chave pesquisados foram: • Os tipos de interação entre a universidade e a empresa, como: treinamento; consultoria técnica; desenvolvimento de: protótipos, equipamentos, sistemas ou software; pesquisa científica de base ou aplicada; e transferência de tecnologia. • Os obstáculos na interação UI como: as diferenças culturais e de objetivos; a falta de incentivos no âmbito das Universidades; os procedimentos administrativos e burocráticos, a falta de experiência em lidar com a indústria, a estrutura de recompensa; e o tempo disponível dos pesquisadores (Rapini , 2006).

O levantamento foi feito com um questionário impresso distribuído ao corpo docente e compilados entre fevereiro e março de 2009. Algumas entrevistas adicionais foram feitas para complementar as informações. A coleta de dados foi realizada com 95 professores e, deste montante, 80 questionários foram respondidos integralmente e úteis para serem analisados. Com base na homogeneidade da população, é possível supor que esta amostra de 80 vai dar a informação real para todos os 126 membros do corpo docente. Dos pesquisados, 76% são do sexo masculino e têm quarenta e dois anos de idade em média, sendo que 74% dos entrevistados têm menos do que esta idade. O tempo de serviço na universidade é de cerca de seis anos, em média, e 73% possuem doutorado ou pósdoutorado. A maior parte dos membros do corpo docente tem menos de três anos no PUVR-UFF. Isso não é tempo suficiente para desenvolver as interações de alto nível da interface do usuário. Quando questionados se nos últimos três anos realizaram algum tipo de interação com empresas, 46% dos entrevistados responderam positivamente. É um número significativo, mas como o PUVR-UFF é composto por duas escolas, onde as empresas são elementos centrais na perspectiva de estudo (Engenharia e Gestão de Negócios), a

expectativa era maior. É possível concluir que PUVR-UFF tem um nível de interação intermediária. O que deve ser enfatizado é que 91% dos 80 pesquisadores entrevistados concordaram que parte da carga do trabalho na UPBP pode ser dedicada às interações Universidade-Empresa. Este é dado positivo porque mostra uma baixa barreira cultural e indica que a cooperação pode aumentar. Uma questão relevante é sobre o tipo de interação, que está baseada em atividades de baixo-médio nível de intensidade tecnológica, como transmissão de conhecimentos existentes (treinamento e consultoria) com 53% das atividades. A P&D têm menos relevância, apenas 22% das atividades. Não é novidade, devido à evolução histórica da escola de engenharia, criada nos anos 60 para formar força de trabalho. Analisando-se a propensão da Universidade de interagir com a Empresa, 47% das pesquisas apontaram a ausência de incentivos e condições de trabalho como as principais barreiras. A ausência de regras claras e convicções ideológicas são menos relevantes. Do ponto de vista dos entraves do corpo docente, os pesquisadores apontaram o baixo nível de conhecimento sobre os mecanismos de interação UI. Os pesquisadores também concordaram que mais tempo deve ser dedicado à atividade de interação, mas a falta de tempo não aparece como um obstáculo relevante. Do ponto de vista das barreiras abordadas pelas empresas, os pesquisados supõem a predominância do baixo nível de conhecimento, por parte das empresas, sobre os benefícios que poderiam ser aproveitadas pela interação / cooperação. Este baixo nível está diretamente relacionado com a falta de interesse por parte das empresas e a ausência de uma ação ativa da universidade para ser reconhecida. Isso poderia caracterizar uma distância cultural entre UE. Outro fato identificado na pesquisa que mostra um potencial de melhoria é o baixo nível de conhecimento sobre as leis de incentivo e os mecanismos para financiar a inovação no Brasil. Na pesquisa, 71% dos pesquisados não conhece ou não sabe com usar esses instrumentos. No caso da Lei do Bem, a situação é pior, provavelmente porque é a mais nova, sancionada em 2006. Apenas no caso dos Fundos Setoriais, a situação é um pouco melhor. Neste momento não há informações suficientes para avaliar a aplicabilidade da pesquisa desenvolvida no PUVR para as empresas da RMVP. É complexo avaliar esta questão, mas alguns dados estão sendo coletados para permitir este processo, pois o foco da pesquisa desenvolvida na universidade, e principalmente se ela é orientada para as questões locais, é um ponto chave para melhorar as interações U-E. 6.2 – Pesquisa dois: O ponto de vista da Empresa

A segunda pesquisa foi conduzida junto a 18 (dezoito) empresas localizadas na Região Médio Vale do Paraíba (RMVP). Trata-se de uma amostra não probabilística selecionada a partir do porte e/ ou importância de sua atividade para a região onde está localizada. Ao mesmo tempo, buscou-se também a representatividade de pelo menos uma empresa dentro de cada um dos setores mais dinâmicos em termos de inovação, como por exemplo, Farmacêutico e Nuclear, entretanto, em função da vocação da região houve o predomínio dos segmentos Metalúrgico e Automobilístico. A Tabela 1 resume as informações que caracterizam a amostra.

Tabela 1: Perfil das empresas pesquisadas Empregados S egmento

Origem Capital

Cidade

Exportadora

Tipo

Diretos

Indiretos

Receita Vendas 2009

Papel

USA

Piraí

Yes

Privada

550

102

129.600,

Automotivo

Alemanha

Resende

Yes

Privada

588

2536

5.800.000,

M etalurgia

Brasil

Barra do Piraí

Yes

Privada

294

67

396.653,

Nuclear

Brasil

Resende

Yes

Estatal

933

400

292.976,

Alimentício

Brasil

Volta Redonda

No

Privada

78

-

NI

Alimentício

Brasil

Porto Real

No

Privada

1005

15

260.000,

M etalurgia

França

Barra M ansa

Yes

Privada

1261

500

NI

M etalurgia

Brasil

Volta Redonda

Yes

Privada

8467

9220

10.504.554,

M etalurgia

Brasil

Barra M ansa

Yes

Privada

102

1

NI

Farmacêutica

Suiça

Resende

Yes

Privada

220

80

NI

Saneamento

Brasil

Volta Redonda

No

Serv. Público

405

37

33.519,

Automotivo

Brasil

Resende

Yes

Privada

180

-

NI

Automotivo

Itália

Porto Real

Yes

Privada

670

80

NI

Informática

Brasil

Piraí

No

Privada

90

100

NI

M etalurgia

Brasil

Barra M ansa

Yes

Privada

1363

791

NI

Cimento

Brasil

Volta Redonda

No

Privada

29

21

NI

Automotivo

França

Itatiaia

Yes

Privada

830

60

NI

M etalurgia

Brasil

Barra do Piraí

Yes

Privada

1658

50

Total

18.723

14.060

NI 17.417.302,00

Um guia semi-estruturado foi utilizado nas entrevistas, com três partes: • Informações gerais: segmento, receitas de vendas, número de empregados, etc ; • Atividades de Inovação - com base nos indicadores da pesquisa brasileira de inovação (PINTEC) aplicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (IBGE, 2005) • Relações universidade-Empresa - tipo de cooperação com a Universidade nos últimos três anos e a percepção sobre barreiras e facilidades.

6.2.1 - Resultados da Pesquisa de Inovações de Produto e Processo O conceito do Manual de Oslo (OCDE, 1997) define produto tecnologicamente novo como aquele cujas características fundamentais diferem significativamente de todos os produtos previamente produzidos pela empresa. Assim, inovação refere-se a produtos ou processos novos para a empresa, não sendo necessariamente novos para o mercado ou setor de atuação.

A partir desse conceito, verificou-se que entre as 18 empresas participantes, quinze empresas introduziram produtos novos ou substancialmente aperfeiçoados (dezesseis registros), sendo: sete inovações com produtos inéditos para o mercado nacional, porém, existentes no mercado mundial; seis inovações inéditas no portfólio da empresa, porém, já existentes no mercado nacional e três inovações inéditas para o mercado mundial. Quanto ao responsável pelo desenvolvimento das principais inovações de produto: seis foram desenvolvidos pela própria empresa, cinco foram desenvolvidas por outra empresa do grupo, duas foram desenvolvidas pela empresa em cooperação com outras empresas ou universidades e duas foram desenvolvidos principalmente por outras empresas ou universidades. Com relação às inovações de processo, também em conformidade com o conceito de inovação apresentado no Manual de Oslo, dezesseis empresas responderam que realizaram inovações de processos. 

Em dez empresas houve inovações em equipamentos, softwares e técnicas específicas em atividades de apoio à produção, tais como medição de desempenho, controle de qualidade, compra, computação ou manutenção, com destaque para implantação/ aperfeiçoamento de sistema ERP, implantação da norma ISO 9000 e Sistemas Online de monitoramento de processo.



Em nove empresas houve inovação nos métodos de fabricação ou de produção de bens ou serviços, com destaque para a implantação do sistema Lean de manufatura enxuta implantado em duas empresas.



Em cinco empresas houve inovação nos sistemas logísticos. Em relação aos tipos de inovação identificados de processos, estes podem ser

caracterizados como inovações incrementais, pois somente uma empresa realizou inovação de processo que fosse inédita em termos mundiais. Em dez empresas as inovações são inéditas para empresa, porém, já existem no mercado nacional. Em cinco empresas as inovações são inéditas no mercado nacional, porém, já existem no mercado mundial. As inovações de processos apresentaram uma maior colaboração dos atores locais em seu desenvolvimento. Neste sentido, nove empresas declararam que a inovação do processo foi realizada principalmente pela própria empresa; cinco declararam que a inovação do processo foi realizada principalmente por outras empresas ou universidades, duas empresas declararam que a inovação no processo foi realizada principalmente pela cooperação entre a empresa e/ou outras empresas e ou universidades. Não houve registro de desenvolvimento de processo por outra empresa do grupo. Quando questionadas sobre o financiamento dos gastos com as atividades inovativas, nenhuma empresa respondeu utilizar financiamentos privados para inovação, sendo que a maioria (11 empresas) financia a maior parte de seus investimentos (pelo menos 80%) por meio de capital próprio.

.As empresas informaram que conhecem as possibilidades de interação entre

universidade-empresa, entretanto, não há o conhecimento sobre as oportunidades de financiamento, a maioria delas oferecidas pelo governo. Da mesma forma, as empresas pesquisadas não usam os benefícios da lei para implementar inovações. A Tabela 2 resume as fontes de financiamentos disponíveis e quais foram utilizadas pelas empresas entrevistadas.

Tabela 2: Fontes de Financiamento para Inovar Número de empresas

Tipos de fonte dos recursos aplicados em inovação Empréstimos

Capital próprio

11

Capital de risco

-

Incentivo fiscal Lei de Informática (Lei 10.664, Lei 11.077)

3

Incentivos fiscais à P&D e inovação tecnológica (Lei nº 8.661 e Cap.III da Lei nº 11.196)

2

Financiamento exclusivo para a compra de máquinas e equipamentos utilizados para inovar

2

Financiamento a projetos de P&D e inovação em parceria com universidades ou institutos de pesquisa

1

Subvenção à P&D e à inserção de pesquisadores (Lei nº 10.973 e Art. 21 da Lei nº 11.196)

-

Bolsas de fundações de amparo à pesquisa e RHAE CNPq para pesquisadores em empresas

-

Privado

Leis de incentivo

Total

19

6.2.2 - Resultados Interação Universidade-Empresa Com base na pesquisa constatou-se que das 18 empresas pesquisadas, 13 empresas tiveram pelo menos um tipo de interação com Universidade ou Instituto de Pesquisa, no período de 2007 a 2009, totalizando 27 ocorrências, conforme apresentado no Gráfico 2.

Gráfico 2 – Tipos de Interação Universidade-

Verifica-se que há uma pequena predominância dos tipos de interação relacionadas a atividades de baixa intensidade tecnológica (Testes Laboratoriais e Treinamentos) com 13 ocorrências (48%), seguidos de atividades de maior intensidade tecnológica (Projetos de Pesquisa, e Desenvolvimento de Produto e Processo) com 8 ocorrências (30%) e por fim interações de médio conteúdo tecnológico (Consultoria Técnica e de Gestão, e MBA in Company), que totalizou 5 interações (18%). Houve um registro de interação relacionado a financiamento de Fundos Setoriais. Destaca-se que nenhuma empresa teve interação com universidade nas seguintes situações: desenvolvimento de empresas/projetos em incubadoras, desenvolvimento de software, licença não remunerada de professores universitários, desenvolvimento de equipamentos, e para transferência de tecnologia da universidade para empresa (como o licenciamento de patentes). Quando questionadas sobre a iniciativa nas interações realizadas entre as empresas e as universidades, 80% das firmas entrevistadas que tiveram alguma interação respondeu que a iniciativa foi da própria empresa. Destaca-se que a maior parte das empresas tem atividades P&D interno, mas não necessariamente organizadas em Departamento. Nenhum dos respondentes apontou que a iniciativa para o processo de interação partiu da universidade. No total, as empresas entrevistadas citaram 22 instituições de ensino superior como participantes das atividades de Interação Universidade-Empresa. Dessas instituições as mais citadas foram: Universidade de São Paulo (USP), Pontífice Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC–Rio) e a Universidade de Campinas (Unicamp) com interação com três empresas e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Universidade Federal de São

Carlos (UFSCar) com interação com duas empresas. O PUVR-UFF foi citado por duas empresas e a interação foi para testes de laboratórios. Predominantemente

as

interações

são

feitas

por

intermédio

de

Fundação

Universitárias (oito ocorrências) seguida de Convênio Universidade/empresa (três ocorrências), tendo ainda Contrato individual professor/ empresa (uma ocorrência), e por fim de maneira informal sem registro contratual (uma ocorrência). Foram apresentadas 10 possíveis barreiras na interação universidade-empresa, e solicitado aos respondentes que fosse apontadas as três principais. Houve predominância para o desconhecimento das possibilidades de contribuições da universidade e o tempo de resposta da universidade (ambas citadas por seis empresas); ausência de interlocutores adequados nas Universidades e Pesquisa Universitária não aplicável as atividades das empresas (ambas citadas por 4 empresas). Estes resultados reforçam a importância da melhoria da capacidade de articulação da universidade. Uma atenção especial e urgente deve ser dada às relações com as empresas para divulgar as competências da Universidade e como acessar esses recursos. Este é o caminho para tornar o conhecimento disponível e contribuir para o processo de inovação. 7 - Duas Pesquisas: confrontando as perspectivas As Universidades Públicas Brasileiras de Pesquisa (UPBP´s) têm sua missão baseada no tripé ensino, pesquisa e extensão. No entanto, em geral, não há uma equipe de funcionários e processos administrativos para apoiar todas as atividades, o que afeta negativamente o tempo de resposta às diferentes demandas da sociedade. Dentro das UPBP´s essas três atividades caminham separadamente, em departamentos autônomos e com características próprias. Esta estrutura foi adequada para lidar com propósitos definidos em outros tempos, não relacionados com a interação Universidade-Empresa. Hoje em dia, é clara (na opinião de ambos os lados Universidade e Empresa) a ausência de um interlocutor que conheça e use a linguagem apropriada para traduzir as diferentes linguagens e interesses. O resultado é um conjunto de interações incompletas com a sociedade, o que é perigoso para o reconhecimento da Universidade como um elemento fundamental da sociedade moderna. No entanto, encontrar um interlocutor pode não ser possível, porque a complexidade do ambiente é tão grande que apenas uma pessoa provavelmente não poderá terá condições de gerir todo o processo de interação. Talvez o caminho correto seja definir um conjunto de regras claras para orientar as relações. Somente a criação de um departamento, como o núcleo de inovação tecnológica (NIT), forçado pela Lei de Inovação, não vai resolver a questão. A universidade deve ter um papel ativo. Workshops, visitas técnicas, feiras e congressos são exemplos de atividades

para estreitar a interação U-I. Mas, provavelmente, a melhor maneira é atrair empresas para o campus, não apenas em processos de incubação, mas também em atividades que permitam a troca de experiências. Isto irá permitir o compartilhamento de problemas do cotidiano e orientar a busca de soluções eficientes. Esta experiência vai também melhorar os padrões de ensino, com exemplos reais da Empresa.

Em suma, as UPBP´s estão

envolvidas principalmente em atividades de ensino e atividades pesquisas auto-orientadas, ou seja, sem conexão com ensino ou com setor produtivo. A segunda revolução acadêmica é um processo a ser construído. No caso do PUVRUFF a pesquisa identificou um papel passivo ou reativo no processo de interação. O comportamento de professores e grupos de pesquisa é contraditório quando informam que querem cooperar com as empresas, porém desconhecem os mecanismos. Se eles realmente querem cooperar eles deveriam ser capazes de encontrar e aprender estes os mecanismos. No entanto, é possível compreender esta incoerência pela ausência de uma estrutura oficial no PUVR-UFF para lidar com gestão da inovação. Diferente do campus da UFF, em Niterói, que possui incubadoras, escritório de transferência de tecnologia e a Agência de Inovação (NIT) para coordenar a política institucional. Mas, como indicado acima, não apenas a estrutura (área de comercialização da tecnologia ou uma área de relações externas) vai resolver estas questões. É fundamental uma mudança de mentalidade, que a própria pesquisa demonstrou não ser inviável, pois a ampla maioria dos professores é favorável as atividades de interação com empresas. O baixo conhecimento sobre as leis e mecanismos para promover os vínculos entre UE são semelhantes de ambos os pontos de vista. Não há uma série de dados disponíveis para analisar a evolução das relações de interface dos usuários ao longo do tempo, mas com base em entrevistas e novos projetos de grupos de pesquisa (quatro deles criados nos últimos três anos), permitem uma suposição de que há uma tendência crescente de interação de alto nível. É uma tendência de médio prazo e depende de condições de trabalho adequadas (como espaço, pessoal administrativo, laboratórios e equipamentos). A RMVP tem uma configuração industrial típica dos países em desenvolvimento, eficiente, mas não dinâmica. As empresas da região não tem interação com a universidade em diversas categorias como: desenvolvimento de empresas incubadas, projetos, desenvolvimento de software, contratação de pesquisas (licença não remunerada de professores), desenvolvimento de equipamentos e transferência de tecnologia. Estas características exigem um esforço especial de todos os intervenientes das esferas da HT. As políticas das economias desenvolvidas, muitas vezes não pode ser usada como exemplo e/ou inspiração. O trade-off entre a inovação (e desenvolvimento de novos produtos e serviços em nível global) e modernização (novos produtos e serviços em nível local e / ou de produção em um nível global) estão configurados e difícil de ser resolvido. Em um

primeiro momento, o fortalecimento da articulação da interface do usuário é capaz de desenvolver as atividades menos intensivas, mas os processos de aprendizagem, como aprender fazendo e aprender por meio da cooperação, pode melhorar as competências para construir ligações dinâmicas envolvendo alta tecnologia na interação UE. Nas atividades de cooperação U-E identificado no caso estudado, as Universidades citadas (fora da área RMVRP) são as mais reconhecidos no Brasil em termos de excelência acadêmica e são referências em diversos campos do conhecimento. Essa concentração pode resultar para o país em uma distinção entre um pequeno grupo de U-líderes versus uma grande lista de U-seguidoras, o que poderia ser ruim para o desenvolvimento de novos centros de excelência e a difusão do processo de criação de conhecimento no interior do país. É um paradoxo para os elaboradores de políticas públicas, porque ao mesmo tempo tem que concentrar os recursos nos líderes de pesquisa e dispersar o processo de criação do conhecimento. Ela afeta também as relações de interface do usuário porque vai concentrar as possibilidades de criação de ligações em poucos atores. É também uma questão chave para o PUVR-UFF migrar a partir de U-seguidores para a lista de U-líderes. A questão metodológica a ser destacada na interpretação da abordagem HT está relacionada à ausência de análise do Governo sobre este papel. A pesquisa centrou-se apenas nos vínculos U-E, assumindo que o Governo tem uma postura ativa de incentivo à interação. Esta parece ser uma configuração diferente da HT. Não é o modo I (estática) nem o modo III (Etzkowitz & Leydesdorff, 1997). É muito mais como U(+g)–E(+g). 8 – Comentários Finais Este trabalho é parte de um estudo de investigação em curso sobre as interações UEG em uma região fora da área metropolitana de um país em desenvolvimento econômico. No caso do PUVR-UFF é possível concluir que a universidade tem pouca influência no desenvolvimento da RMVP até agora. Não há informações sobre qualquer pedido de patente, ou conhecimento/ tecnologia transferida para a empresa ou processo/ aprimoramento do produto. Talvez uma pesquisa mais aprofundada sobre os contratos de treinamento e serviços firmados entre o PUVR-UFF e as empresas, possa encontrar atividades de interação mais relevantes. Não há qualquer razão para dizer que PUVR-UFF é ou está em um caminho para ser uma universidade empreendedora. No campus principal da UFF este processo está mais avançado (Amaral e Silva Filho, 2008). Talvez o PUVR-UFF deve envolver-se mais nas atividades desenvolvidas na sede da UFF e replicar esse movimento na RMVP. Segundo a pesquisa, a cultura acadêmica ou entrave ideológico não afetará o processo, provavelmente porque parte do corpo tem experiência anterior de trabalho da Empresa.

A expectativa é de consolidar grupos de pesquisas comprometidos com o espírito empreendedor - as quase-empresas - e assim a segunda revolução acadêmica chegará ao PUVR-UFF. Existem idéias promissoras e estratégias com potencial para alavancar a participação da Universidade para o desenvolvimento econômico regional, não só no que diz respeito aos programas universitários e projetos de gestão, mas também aos modelos de relacionamento UI já testado na UFF e de outras universidades brasileiras. A questão é em quanto tempo esse processo chegará a maturidade. Qualquer descontinuidade no processo pode transformar o PUVR-UFF em uma escola de ensino com a pesquisa irrelevantes e a obtenção de financiamento tendendo a diminuir como consequência do baixo grau de interação com as empresas.

Nota: Os autores gostariam de agradecer à Fundação Carlos Chagas Filho de Pesquisa Ajuda do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), a Vice-Presidência de Pós-Graduação, Pesquisa e Inovação da Universidade Federal Fluminense (UFF / PROPPi) e do Instituto International Institute Triple Helix (IITH) para o apoio à investigação

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