A interdisciplinaridade da arquitetura do ponto de vista dos usuários- da concepção ao uso

July 8, 2017 | Autor: A. Thomazoni | Categoria: Design Process (Architecture), Architecture from users´point of view
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Fig. 01- Biblioteca da Universidade de Tecnologia de Delft. Projeto de Mecanoo Architects (1995). Funcionalismo sem dogma: o esforço de obter clareza conceitual e eficiência funcional é acompanhado pelo prazer imenso do projeto e por um resultado final atraente. Fonte: Voordt; Wegen (2013, p.38).

Resumo (abstract): O texto trata da ampliação do conceito de arquitetura, sob o ponto de vista dos usuários, com sua participação no programa de necessidades, nas questões projetuais e construtivas e também da ampliação do conceito da Avaliação Pós-Ocupação (APO), incluindo nesta o processo de decisão e os efeitos imprevistos e não intencionais. It is the extension of the concept of architecture from the users´ point of view that is discussed, with their participation in the architectural programming as well as in projective and constructive issues. The expansion of POE´s concept, including the decision process and unforeseen / unintended effects is also pointed out. Es la extensión del concepto de la arquitectura desde el punto de vista de los usuarios, con su participación en el programa de necesidades, en las cuestiones proyectuales y constructivas y de la ampliación del concepto de POE, incluyendo el proceso de decisión e los efectos imprevistos y no deseados. Título: A interdisciplinaridade da arquitetura do ponto de vista dos usuários- da concepção ao uso Ficha técnica: Arquitetura sob o olhar do usuário Theo J. M. van der Voordt, Herman B. R. van Wegen; tradução Maria Beatriz de Medina São Paulo: Oficina de Textos, 2013. Título original: Architecture in use: an introduction to the programming, design and evaluation of buildings. ISBN: 978-85-7975-074-8 Sobre os autores: Andrea Leitner Thomazoni, arquiteta e urbanista, é Doutoranda pelo Programa de PósGraduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.

Rosaria Ono, arquiteta e urbanista, é Professora Associada do Departamento de Tecnologia da Arquitetura da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo e pesquisadora bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Resenha: Pesquisadores da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Delft, os autores desta obra pesquisam procedimentos metodológicos para projeto e enfatizam a necessidade de aliar a qualidade no processo de projeto para atingir o produto final desejado, objetivando o bem estar e o atendimento às necessidades dos usuários. Do trabalho conjunto, o presente livro se constitui numa excelente força facilitadora no processo de projeto e no seu aprendizado. Os autores nos presenteiam com esta obra em uma edição muito bem elaborada. O texto convida estudantes, professores, pesquisadores e profissionais da arquitetura à leitura tanto pelo conteúdo e pela organização como pelo modo didático com que se apresenta. Os seis capítulos trazem, um a um, referências bibliográficas atuais deixando o leitor confortável para aceitá-las como sugestão para novas leituras - o que evidencia a forte presença da ética no pensamento dos autores. O livro apresenta um índice onomástico, com fortes ligações com a história e a geografia e um índice remissivo, que auxilia principalmente os estudantes. De início, a apresentação da edição em língua portuguesa, assinada pela Profa. Dra. Sheila Walbe Ornstein, (titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo) defende a ideia principal do livro: “a arquitetura traz como primeiro paradigma o atendimento às expectativas dos seus usuários”. Essa abordagem costura todos os seis capítulos da obra. No capítulo um, os autores discorrem detalhadamente sobre o conceito de qualidade arquitetônica num sentido amplo como sendo “a integração de questões funcionais, formais, técnicas e econômica” (Voordt; Vrielink, 1997), ainda que tenham, na publicação original em 2005, destacado especialmente a relevância da qualidade funcional: “diz respeito aos critérios que garantem a acessibilidade, a adequação dimensional, sua flexibilidade para se adequar aos usos e às condições físicas e espaciais promotoras de segurança e bem estar dos usuários”. O capítulo dois é extraordinariamente denso, traz à tona uma síntese de diversas escolas e tendências da arquitetura, além de opiniões convergentes e antagônicas de especialistas sobre os principais pensamentos da arquitetura quanto a sua forma, função e contexto. Com inúmeras ilustrações sobre as principais características da arquitetura em cada época, os autores, com olhar crítico, posicionam essas tendências não por cronologia, mas sim, pelas características arquitetônicas de cada edifício apresentado. E com exemplos notórios da arquitetura brasileira e do mundo, colocam o Brasil no cenário global, indo além, na medida em que convidam o leitor a se questionar sobre suas necessidades e bem estar enquanto usuários daqueles edifícios ali apresentados. A associação das escolas, a reflexão sobre os usos e a curiosidade que o presente capítulo incita leva o leitor a manipular o livro num movimento de idas e vindas das páginas na busca de respostas cabíveis. Neste momento se vê com clareza, como os autores suscitam o interesse pelo conteúdo até daqueles que ainda só detêm um conhecimento incipiente sobre o assunto. No desfecho da leitura, os autores ampliam as abordagens conceituais correlatas com vistas às expectativas dos seus usuários. No capítulo três, os autores enfatizam que o programa de necessidades deve ser um documento que permita incorporar ao processo de projeto, a comunicação entre o cliente e os futuros usuários daquela edificação, além das questões de orçamento, de viabilidade construtiva, legais e contratuais. O programa de necessidades deve também estimular a reflexão sobre necessidades, desejos e pressupostos do cliente final e usuários; ser o interlocutor entre o cliente, projetistas, usuários e outros; além de permitir

verificar a viabilidade do projeto em estágio inicial; possibilitar determinar o orçamento de construção e poder fazer parte do contrato entre cliente e projetista. Os autores ressaltam a importância do programa de necessidades como etapa pré-projeto essencial na condução das etapas subsequentes. A abordagem conceitual do capítulo quatro é sobre a transição do programa de necessidades para o projeto, costurado pelas necessidades dos usuários, assegurando o fluxo contínuo de informações em forma digital, seja de documentos ou desenhos, o que propiciaria/transformaria o conteúdo do programa de necessidades em projeto com controle de qualidade. No capítulo cinco, discute-se a avaliação de edificações que se apresenta, mais uma vez, como uma abordagem ampliada e que pode ser ex ante, isto é, antes do término da construção (para o programa de necessidades e para o projeto arquitetônico) ou ex post, depois do término da construção e em uso. Neste último caso, apropria-se da Avaliação Pós OcupaçãoAPO que “permite o aprimoramento do projeto arquitetônico e da qualidade do programa de necessidades”. A APO, enquanto abordagem ampliada, convida o leitor a compreender além do ferramental, das técnicas utilizadas e de todo o seu processo amplamente conhecido, o processo de decisão e os efeitos imprevistos e não intencionais de forma integrada. Neste contexto, é possível intuir que a APO, além de um fator de realimentação cíclica e sistêmica no processo de concepção e uso do edifício, pode se apresentar em processos espirais, por força de alterações físicas e de ampliações ou das novas realidades imprevistas e não intencionais que emergem muitas vezes ao longo do tempo. Esses processos espirais podem ser intercalados ou gerar multi-processos, aplicação esta que ainda não se viu no Brasil, mas que já é possível antever. Finalmente, no capítulo seis e ainda ampliando as abordagens conceituais correlatas com vistas às expectativas dos seus usuários, os autores discutem critérios disponíveis para examinar a funcionalidade de projetos e de edificações concluídas. São apresentados alguns instrumentos para avaliação de ambientes do pré-projeto à ocupação, de forma a alcançar a qualidade funcional desejada. Em que se pesem os aspectos traçados desde a concepção do edifício e ao longo da obra, para uma arquitetura sob o olhar do usuário, infelizmente ainda não há a garantia da aproximação e participação de todas as figuras do processo de edificação e do uso do edifício, pois isso envolve uma gestão complexa. A conscientização sobre estes aspectos é uma questão de estudo e de propagação do conhecimento necessários, pois é sabido que nem sempre o usuário final é conhecido imediatamente, que intercorrências limitantes são naturais e que muitas vezes há conflitos de interesse. No Brasil, a respeito da transmissão de conhecimento sobre a vertente da arquitetura a partir do usuário final, há esforços recentes como das editoras do livro “Qualidade Ambiental na Habitação” (Ornstein e Villa, 2013), que apresentam análises realizadas por vários pesquisadores, de estudos de caso habitacionais no Brasil e no exterior. Neste sentido, a aproximação com o corpo de estudos de autores e pesquisadores como Voordt, Wegen e outros da Universidade de Delf é uma forma importante de conscientização, que favorece a troca de informações, de conhecimento e de cultura, colocando também o Brasil no cenário internacional. Referências bibliográficas: VILLA, Simone Barbosa Villa; ORNSTEIN, Sheila Walbe. Qualidade Ambiental na Habitação. Editora: Oficina de Textos, 2013.

VOORDT, Theo J. M. Van Der; VRIELINK, Dick; WEGEN, Herman B. R. Van. Comparative floorplan-analysis in programming and architectural design. Design Studies vol. 18 issue 1 January, 1997, p.1-130.

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