A intervenção arqueológica no Largo do Castelo de Coimbra: vestígios da Torre de Menagem. Abordagem preliminar dos resultados

June 29, 2017 | Autor: Sónia Filipe | Categoria: Geofisica Aplicada a La Arqueologia, Arqueología urbana
Share Embed


Descrição do Produto

FORTIFICAÇÕES E TERRITÓRIO NA PENÍNSULA IBÉRICA E NO MAGREB

APOIOS

Fundação para a Ciência e a Tecnologia MINISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E ENSINO SUPERIOR

Direcção Regional de Cultura do Alentejo

UNIÃO EUROPEIA

PROGRAMA OPERACIONAL FACTORES DE COMPETITIVIDADE

Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional

FORTIFICAÇÕES E TERRITÓRIO NA PENÍNSULA IBÉRICA E NO MAGREB

(SÉCULOS VI A XVI) Coordenação de

Isabel Cristina F. Fernandes

Vol. I

A obra colectiva Fortificações e Território na Península Ibérica e no Magreb (séculos VI a XVI) oferece aos investigadores e ao leitor comum interessado nestas maté­rias, distintas leituras do castelo, algumas com claro cariz monográfico, algumas tocando as transformações dos períodos de transição, a montante e a jusante, outras preferindo trabalhá-lo na dimensão do território, valorizando os contribu­tos das fontes escritas ou os da arqueologia, outras ainda conduzindo o enfoque para questões de restauro, gestão e valorização patrimoniais. Isabel Cristina F. Fernandes Coordenadora científica da edição

I

ISBN 978-989-689-374-3

FORTIFICACOES VOL.1(6-10-2014).indd 1

23-10-2014 15:55:07

Biblioteca Nacional de Portugal – Catalogação na Publicação

FORTIFICAÇÕES E TERRITÓRIO NA PENÍNSULA IBÉRICA E NO MAGREB (SÉCULOS VI A XVI)

Fortificações e território na Península Ibérica e no Magreb (séculos VI a XVI) / coord. Isabel Cristina Ferreira Fernandes. – (Extra-colecção) 1º v. – 472 p. – ISBN 978-989-689-374-3 I – FERNANDES, Isabel Cristina F., 1957CDU 904

Título: Fortificações e Território na Península Ibérica e no Magreb (Séculos VI a XVI) – Volume I Coordenação: Isabel Cristina Ferreira Fernandes Edição: Edições Colibri/Campo Arqueológico de Mértola Capa e separadores: DCCT – Câmara Municipal de Palmela Revisão dos textos: I. C. Fernandes; J. F. Duarte Silva; Patrice Cressier Depósito legal: 368 239/13

Lisboa, Dezembro de 2013

A intervenção arqueológica no Largo do Castelo de Coimbra: vestígios da Torre de Menagem. Abordagem preliminar dos resultados SÓNIA FILIPE* Reitoria da Universidade de Coimbra. Gabinete de Candidatura à Unesco

RICARDO TEIXEIRA** “A cidade de Coimbra é muito forte: é um castelo mui excelente (…) Coimbra é uma terra muito antiga” (COELHO, 1972: 42-43) 1. Localização e pressupostos da intervenção

O

LARGO D. Dinis, antigo Largo do Castelo, situa-se na alta da cidade de Coimbra, freguesia da Sé Nova, concelho e distrito de Coimbra. Esta praça inscreve-se na lógica de construção da Cidade Universitária de Coimbra, em meados do século XX, sendo ladeada por edifícios da Universidade: a norte o Colégio de S. Jerónimo, a sul o edifício do Departamento de Matemática, a oeste a Faculdade de Medicina e o edifício dos Departamentos de Física e Química, abrindo-se aqui para a rua Larga e a nascente para a Calçada Martim de Freitas e Escadas Monumentais (Fig. 1).

Fig. 1 – Localização (a vermelho) do Largo de D. Dinis na Alta da cidade de Coimbra. Adaptado de Coimbra Vista do Céu (Foto de Filipe Jorge. Argumentum, 2003).

O local em estudo vem assinalado na C.M.P. 1/25 000 nas folhas nº 230 e nº 241, com as seguintes coordenadas médias: N 40º 12’ 28.91” e W 8º 25’ 23.36”. Encontra-se a uma cota média de 99 m.

No âmbito do Plano de Pormenor da Alta Universitária, da autoria do Arq.to Gonçalo Byrne, encontra-se prevista a construção de um parque de estacionamento subterrâneo neste Largo (COSTA et al., 1997: 90-101). A gestão do espaço público é determinante na qualificação do conjunto patrimonial da Alta Universitária para os propósitos da almejada classificação deste conjunto monumental como Património Mundial. Desta forma, e pese embora as significativas transformações que esta área urbana sofreu no âmbito da construção da Cidade Universitária, o potencial arqueológico expectável veio a determinar a necessidade de realização de um conjunto de sondagens arqueológicas de natureza preventiva, de modo a caracterizar os eventuais vestígios arqueológicos, sua extensão, natureza e estado de preservação. Grosso modo, as informações existentes para o local de implantação do parque de estacionamento previsto apontavam para uma longa diacronia de ocupação humana: desde logo a muito provável localização de uma das necrópoles da cidade no período romano. Desta necrópole, situada ao longo de um eixo viário e imediatamente fora do núcleo muralhado de Aeminium, chegam-nos, por dois momentos, testemunhos indirectos da sua localização e cronologia. Um primeiro surge com as demolições realizadas cerca de 1773/1774 no castelo da cidade ou estrutura murária confinante, onde se verifica que o castelo medieval de Coimbra incorporou, como em tantos outros exemplos do território nacional, inscrições funerárias atribuíveis ao período romano. Cerca de um século passado, sensivelmente, nova acção demolidora junto ao Arco da Traição, levaria à identificação de duas inscrições funerárias para somar às já conhecidas e recolhidas (ALARCÃO, 2008: 31). Nesta área também se implantava o traçado da parte final do aqueduto da cidade, de origem romana, reparado e reabilitado por D. Sebastião, cuja progressão, a partir deste ponto de cota se desenvolvia subterraneamente até ao castelo de água que reservava e redistribuía as águas para a cidade.

Fortificações e Território na Península Ibérica e no Magreb (Séculos VI a XVI), Lisboa, Edições Colibri & Campo Arqueológico de Mértola, 2013, p. 445-456.

446

O eventual vestígio mais significativo seria, necessariamente aquele(s) que conduzisse à identificação de algum testemunho do castelo medieval da cidade de Coimbra, localizado nas proximidades de um dos principais acessos ao espaço intramuralhado. Seria parcialmente aproveitado, em momento posterior, para a construção do Observatório Astronómico (no âmbito da Reforma Pombalina dos Estatutos da Universidade no terceiro quartel do século XVIII) e, mais tarde, novamente adaptado para as estruturas do Hospital da Universidade. No início do séc. XX persistia nesta área uma densa malha urbana, de cariz residencial, sedimentada por séculos de ocupação. No entanto, a construção da nova Cidade Universitária, promovida pelo Estado Novo por meados do século passado, veio transformar radicalmente não só a lógica construtiva e ocupacional, mas também a geomorfologia em que esta se desenvolvia, com fortes movimentações de terras (por outros veja-se ROSMANINHO, 1996)1. Antecedeu a implementação no terreno das áreas de sondagem a escavar a realização de um conjunto de acções de estudo na área das arqueociências, nomeadamente a leitura pedosedimentológica das carotes de sondagem geotécnicas2 efectuadas em 2002 pela Universidade de Coimbra, indicando uma potência estratigráfica expectável compreendida entre a quase ausência de aterro na área central da Praça, e um intervalo definido entre os 1,5 metros e os 12 metros para áreas limítrofes da praça, inseridas no perímetro de afectação do parque de estacionamento. Foi ainda efectuada uma campanha de prospecção geofísica, pelo método do Georadar3, realizada em 2006, em toda a área prevista para construção desta infraestrutura. Os dados obtidos permitiram, de forma indirecta e não intrusiva, identificar um conjunto de anomalias geofísicas presentes no subsolo, com possível correspondência a estruturas arqueológicas, ou relacionadas com a forte infraestruturação da área (HERMOSILLA et al, 2008) (Fig. 2).

Sónia Filipe e Ricardo Teixeira

Fig. 3 – Vista dos trabalhos de escavação arqueológica no Largo de D. Dinis (Foto Paulo Morgado, 2008).

A escavação arqueológica realizada, segundo o método preconizado por Edward Harris (HARRIS, 1991), permitiu identificar uma série de estruturas que coincidiam com anomalias detectadas na prospecção geofísica prévia, comprovando a sua correspondência como evidências arqueológicas significativas, tais como os testemunhos do aqueduto da cidade, na sua passagem a estrutura subterrânea, alguns alinhamentos murários que poderão ter correspondência com o percurso muralhado ou estruturas anexas dependentes do castelo medieval, ou mesmo, um interessante testemunho constituído por um conjunto ceramológico e alguns elementos osteológicos relacionados com a ocupação pré-romana deste espaço. De entre todas, destaca-se uma estrutura quadrangular, com cerca de 20 metros de lado, que foi interpretada como sendo a base da torre de menagem do antigo castelo medieval da cidade. É precisamente sobre este vestígio que nos ocuparemos um pouco mais em pormenor. 2. O sítio de Coimbra e o seu castelo medieval: breve enquadramento histórico

Fig. 2 – Modelo 3d da interpretação combinada das anomalias geofísicas identificadas com eventos de natureza infra-estrutural e/ou arqueológica (Elaborado por Helder Hermosilha, Sónia Filipe e Paulo Morgado, 2008).

Uma vez terminados estes trabalhos, e colocados os resultados em confronto com a cartografia histórica existente para o local em análise, localizaram-se as sondagens arqueológicas e iniciaram-se os trabalhos de escavação arqueológica4 (Fig. 3), da responsabilidade técnico-científica dos signatários.

O sítio de Coimbra, localizado junto ao rio Mondego, desde sempre apresentou características físicas excepcionais que funcionaram como pólo de atracção à fixação de populações, como bem explanou Fernandes Martins (MARTINS, 1940). Vestígios arqueológicos recentes permitem comprovar a ocupação humana desta colina, pelo menos desde o Bronze Final/Idade do Ferro. Os testemunhos mais impressionantes e que vêm atestar as características urbanas do aglomerado entretanto formado são já inseridas na época romana, como sejam o criptopórtico (ALARCÃO et al., 2009), o forum (id.), ou a domus identificada no Pátio das Escolas (CATARINO e FILIPE, 2003; CATARINO e FILIPE, 2003a; FILIPE, 2006), por outros. A posição geográfica de Coimbra vem a revelar-se fundamental na lógica das movimentações viárias entre o Norte e o Sul (atravessada pela via Olisipo-Bracara), e o Interior e o Litoral, quer na encruzilhada viária onde se insere, quer fluvial (MANTAS, 1996). A navegabilidade do rio Mondego dota a cidade de

A intervenção arqueológica no Largo do Castelo de Coimbra: vestígios da Torre de Menagem

algumas litoralidade, pese embora o afastamento do mar, e a importância e posicionamento do seu porto fluvial terá sido um forte contributo para o desenvolvimento e sucesso deste aglomerado urbano. (Fig. 4)

Fig. 4 – Planta de Coimbra dos finais do séc. XVIII mostrando o seu posicionamento estratégico face ao Mondego (Instituto Geográfico Português, Ref. CA 393 IPCC).

Será muito provavelmente no período tardo romano que Coimbra vê o seu perímetro urbano definido por uma primeira cintura de muralha. No decurso da Antiguidade tardia, alguns melhoramentos urbanos a cidade terá sofrido fruto da sua elevação a sede de diocese. Sobre este período no entanto, pouco se sabe das transformações urbanas de Aeminium, e o registo arqueológico até à data tem sido também pouco profícuo em testemunhos deste período, que surgem dispersos e fora do seu contexto original, como, por exemplo, os elementos decorativos de filiação visigótica inseridos nas muralhas da cidade ou na estrutura defensiva do Alcácer da cidade no período islâmico (NOGUEIRA e GONÇALVES, 1947; CATARINO e FILIPE, 2006). Conhecem-se quatro cunhagens de moeda na cidade durante o período visigótico. De facto, com o declínio do Império Romano e dealbar da Idade Média, este aglomerado urbano assume uma preponderância geoestratégica fundamental do ponto de vista militar, assumindo o domínio de um vasto território que, no mínimo, englobaria toda a bacia do Mondego. Após a conquista, em 714/715 e até 1064, assistir-se-á a um período de alternância política e administrativa entre muçulmanos e cristãos. A presúria de Afonso III em 878 conduz a um período de dominação condal, interrompendo a administração islâmica deste território, que viria a ser retomada em finais do século X, com as campanhas militares conduzidas por Almansor. Fernando Magno, em 1064, recupera estes territórios para administração político-administrativa cristã desta vez com carácter definitivo (CATARINO, 2008: 124). São vários os cronistas árabes que retratam a excelência do local, a sua antiguidade e as suas naturais características de defensabilidade, chegando mesmo a assumir que Coimbra era inexpugnável (COELHO, 1972). Depois da conquista cristã a cidade continuará a desempenhar um importante papel decorrente da manutenção da sua posição geoestratégica, mas também pela importância política que lhe virá a ser atribuída, um papel chave no desenvolvimento e emancipação de um território que se virá a transformar num país independente. É, de facto, com a

447

atribuição do Condado Portucalense e do antigo Condado de Coimbra a D. Henrique que a cidade ganha um novo protagonismo no território mais ocidental da Península Ibérica, e, sobretudo, com a ascensão de D. Afonso Henriques ao poder, transformando o Condado em Reino independente e atribuindo a Coimbra um papel de “capitalidade”. Será com o advento da independência que importantes infra-estruturas serão construídas ou melhoradas na cidade, seja pela construção (ou reconstrução) da ponte sobre o Mondego (ALARCÃO, 2008: 11), pela construção da Sé Catedral ou da instalação dos Crúzios na cidade (na época nos arrabaldes, fora de muralhas), mas também pela consolidação das muralhas e renovação do castelo. A governação de D. Afonso Henriques, constitui assim, para Coimbra, um período pautado por forte investimento em construções públicas e privadas de grande alcance. O castelo está entre uma das mais significativas embora, por força da sua demolição, seja hoje matéria do domínio da cripto-história. A feição medieval de Coimbra traduz esta confluência de diferentes influências sobre o mesmo espaço físico, denotando características próprias do sul islâmico (como o Alcácer, a presumível alcáçova e a cintura muralhada em torno da Medina) e do norte cristão (o castelo com a torre de menagem isolada no centro deste perímetro defensivo). (Fig. 5)

Fig. 5 – Planta da cidade muralhada, com o alcácer e castelo medieval, segundo proposta do Museu Municipal de Coimbra – Torre de Almedina: núcleo da cidade muralhada (Câmara Municipal de Coimbra).

No século XIV parece registar-se uma contracção populacional, sugerida pela documentação. A cidade terá tido um desenvolvimento diminuto, sendo a reparação da muralha durante o reinado de D. Fernando o investimento de maior vulto (ALARCÃO, 1999: 3). Após a centralização do poder em Lisboa a cidade assiste a algum esquecimento por parte do poder central, minimizado pelas esporádicas transferências da universidade para a cidade. É durante o reinado de D. João III, com a transferência definitiva da universidade para a cidade, em 1537, que esta conhece um novo impulso no seu desenvolvimento. Nesta fase a cidade vai adaptar-se à sua nova e definitiva função de cidade universitária, sendo esta instituição o seu

448

motor de desenvolvimento. Destaca-se a abertura da Rua da Sofia e a implementação de um elevado número de colégios universitários tanto no exterior do perímetro muralhado como no seu interior, na Alta. Durante o século XVII parece haver novo abrandamento no ritmo de crescimento da cidade. No entanto, no século seguinte, com o advento do consulado pombalino, um novo impulso é dado à cidade. Pretende o Marquês de Pombal criar uma universidade moderna. Para isso são iniciados grandes trabalhos de reforma na instituição, não só a nível pedagógico como pela construção de infra-estruturas capazes de facultar esse ensino moderno. “Apesar dos intuitos fundamentalmente arquitectónicos, isto é, visando, a criação de instalações adequadas aos novos objectivos postos ao ensino universitário, esta intervenção, no essencial levada a cabo entre 17773 e 1777, traduziu-se por grandes alterações no Castelo, onde se demoliu a chamada Torre Quinaria para instalar um observatório astronómico (que ficou inacabado, tendo-se edificado outro mais simples no Pátio das Escolas), e grandes alterações no complexo onde se construiu o Laboratório Químico e o Museu de História Natural” (ROSMANINHO, 1996: 21). No século XIX o crescimento é lento e apenas a partir de 1880 a cidade dá sinais de alguma evolução, rompendo a malha urbana medieval e ocupando áreas até então desocupadas. Na primeira metade do século XX continua este crescimento da cidade, sendo que, a partir dos anos 40 a zona mais central da cidade, a Alta, conhece nova reforma, desta vez com um grande plano de demolição (cerca de ¼ da sua área total), para que nesse espaço fossem construídos os novos edifícios da Universidade. Este plano alterou completamente a face do centro histórico da cidade, com inúmeras demolições e terraplanagens, após as quais começaram a nascer, paulatinamente, os novos edifícios, sendo o primeiro inaugurado em 1948 e o último, o Departamento de Matemática, em 1969 (ROSMANINHO, 1996). O castelo de Coimbra e a Torre de Menagem

O espaço hoje ocupado pelo Largo D. Dinis, foi, em grande parte da sua área, construído à custa da demolição do que restava do castelo de Coimbra e/ou das edificações que lhe sucederam no mesmo espaço (Colégio dos Militares, observatório astronómico inacabado e lavandarias do hospital). No século XX, aquando da abertura desta praça, já pouco restaria do antigo castelo, apenas parte da torre de menagem teria sobrevivido às obras de construção do observatório astronómico, sendo que o que não foi demolido nesta altura tê-lo-á sido durante a execução de outras construções, como o Colégio dos Militares e outras construções menores. Mesmo que algo do antigo castelo tivesse restado nas paredes do Colégio dos Militares, não terá sobrevivido à demolição operada no século XX, para que no seu lugar nascesse o edifício do Departamento de Matemática. Vergílio Correia e Nogueira Gonçalves alertam, por altura da redacção do Inventário Artístico, no volume destinado à cidade de

Sónia Filipe e Ricardo Teixeira

Coimbra e, mais concretamente, no capítulo destinado à descrição do seu castelo, em 1947, que os últimos vestígios físicos do castelo da cidade estão a desaparecer, pelo que urgia compilar a informação dispersa. As demolições avançaram rapidamente, com acções censórias associadas proibindo a registo fotográfico do processo (excepção será feita por decisão da Câmara Municipal de Coimbra, permitindo alguns registos, maioritariamente compilados no álbum A Velha Alta Desaparecida) e sem que os trabalhos fossem devidamente acompanhados por arqueólogos. São várias as referências ao castelo de Coimbra e às suas torres e, existem também algumas imagens que o representam, sendo de destacar, naturalmente, uma das principais fontes para o conhecimento actual do castelo: a planta de Guilherme Elsden, copiada por Guilherme Francisco Elsden, seu filho, em momento anterior à sua demolição em 1773 (Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, Inv. Ms. 3377/41, publicado em CRAVEIRO, 2004: 72). A “Planta do Castelo e cazas e elle contiguas em a Universidade de Coimbra” indica-nos de forma evidente a planta irregular do castelo da cidade, com representação da sua torre de menagem, de planta quadrada (Castello Novo) e a torre pentagonal, mandada erigir por D. Sancho I (Castello Velho). No momento em que se procedeu a esse registo verificou-se a existência de inúmeras casas adossadas aos panos de muralha que definiriam o perímetro da área acastelada, situação urbana recorrente, determinada pela perda da sua função defensiva. Naturalmente, esta planta representa a área do castelo da cidade à data, o que deverá diferir da planta medieval original, de feição mais simples. Da mesma forma, o Desenho para o novo Observatorio Astronómico, realizado em 1772 por Guilherme Elsden/ Inácio José Leitão, mostra de forma inequívoca como se previa a manutenção e integração da torre de menagem na futura construção do Observatório (Rio de Janeiro, Fundação Biblioteca Nacional, Inv.1.093.803 AA, publicado em CRAVEIRO, 2004: 73), ao mesmo tempo que nos aponta para as características robustas desta construção. Em imagens da cidade, dos séculos XVI e XVII como a de Hoefnagel (1578) e Pier Maria Baldi (1669) aparece a representação do castelo, no primeiro caso, e do topo das duas torres no segundo. A gravura de Hoefnagel pouca serventia histórica possui para o estudo do castelo, uma vez que é fantasista. A de Baldi regista o tramo superior das torres de menagem e quinária, uma vez que outras edificações ocultam uma vista mais pormenorizada. O castelo, localizado junto às portas do Sol (Fig. 6), topograficamente uma das áreas mais expostas da cidade, serviria, numa primeira análise, de reforço defensivo da entrada nascente da cidade. Encontra-se numa posição avançada em relação ao pano de muralhas, sobretudo a Torre Quinária. O castelo medieval de Coimbra ocupa um local estratégico num dos extremos do topo aplanado da colina. De um lado, a poente, implanta-se em período islâmico, o alcácer da cidade. No lado oposto, a nascente, vem a implantar-se o castelo medieval da cidade. Não é de

A intervenção arqueológica no Largo do Castelo de Coimbra: vestígios da Torre de Menagem

Fig. 6 – Planta do Castelo de Coimbra, com representação da Torre de Menagem (Castello Novo). Guilherme Elsden, 1773 (Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, Inv. Ms. 3377/41).

descurar a hipótese de ter existido uma estrutura de cariz defensivo neste local antes da construção do castelo afonsino. As características topográficas assim o parecem determinar. Nas escavações arqueológicas por nós dirigidas, verifica-se que as primeiras duas fiadas de pedra, directamente assentes sobre o substrato rochoso se encontram reentrantes face às fiadas superiores conservadas. Parecem ainda ser ligeiramente distintas nas dimensões do aparelho constituinte. Colocamos como hipótese que estas duas fiadas de pedras poderão corresponder a uma preexistência que a torre de menagem afonsina vem incorporar, em momento anterior ao século XII. O mesmo é reforçado pela análise do espólio cerâmico associado a um dos poucos estratos sedimentares sem revolvimentos encostado ao embasamento da Torre [UE 210], com um conjunto ceramológico que aponta para horizontes culturais balizáveis entre os séculos IX/X. É difícil precisar a data da fundação do castelo de Coimbra (LARCHER, 1935: 70). Será o castelo, segundo alguns autores, uma construção que remontará ao século IX e terá tido obras de reparação na época de D. Sisnando, após a conquista da cidade em 1064. No entanto remontará ao reinado de D. Afonso Henriques a construção da Torre de Menagem (a qual teria no seu interior uma cisterna de águas pluviais) e ao reinado de D. Sancho I a construção da Torre Quinária ou de Hércules (1198). Para Jorge de Alarcão, “o castelo foi edificado por D. Afonso Henriques e D. Sancho I” (ALARCÃO, 2008: 9). Quanto à possibilidade da existência de um castelo na cidade de Coimbra no período dos condes portucalenses, e ainda que indique que tal será mais do que provável, o autor defende que “mesmo admitindo que essa era já a posição do castelo da cidade nos fins do século XI e nos inícios do século XII, não podemos imaginá-lo com a força que depois lhe deram a torre de menagem de D. Afonso Henriques e a quinária de D. Sancho I. E (…) talvez o primitivo castelo de Coimbra tenha ficado junto da porta de Belcouce” (ALARCÃO, 2008: 205). Do castelo, de planta irregular, destacam-se as suas duas torres, a primeira, a torre de menagem, de forma quadrangular, era feita de “blocagem arga-

449

massada, dura como ferro, apertada entre revestimentos, interno e externo, de silharia gravada e siglada” (CORREIA, 1946: 334). A torre de menagem terá sido uma obra de boa feitura, conforme denuncia a base descoberta e descrita da seguinte forma por Vergílio Correia antes da sua demolição: “dentro do inacabado Observatório permanecia, formidável e compacta cortada por ventura a um terço da sua altura, a Torre de Menagem do Castelo de Coimbra. Com efeito, no centro do Observatório ficou incluída essa torre, que pela sua fortaleza os construtores destinaram a algum corpo da nova fundação. Só vendo se faz ideia da espessura das paredes, constituídas por blocagem argamassada, densa como ferro, apertada entre revestimentos, interno e externo, de silharia gravada e siglada” (apud LARCHER, 1935: 76-77). Esta estrutura, que deveria ter cerca de 22 metros de altura (ALARCÃO, 2008: 199), era ladeada por panos de muralha, paralelos a esta, dos lados Sudoeste, Noroeste e Nordeste, sendo que, do lado Sudeste lhe encostava um adarve que lhe deveria dar acesso directo à torre quinaria. Possuía poucas aberturas, com porta de entrada ao nível do primeiro piso, ao qual se acedia por meio de uma escada, cumprindo desta forma os propósitos de último reduto defensivo em caso de ataque ao castelo. Apesar da denominação de castello novo, seria efectivamente, mais antiga do que a torre pentagonal, identificada como castello velho na cartografia pombalina. Alguns autores defendem que este lapso se prende com as características construtivas distintas das duas estruturas, parecendo a torre de menagem, pela sua robustez construtiva, mais recente do que a torre quinária, de aparelho mais irregular. De facto, Joaquim da Silva Pereira, no seu manuscrito Coimbra Gloriosa indica que esta torre “era tão alta como a de cinco quinas, porem estava mais valente que a antecedente, por ser feita de pedra e cantaria lavrada” (apud. LARCHER, 1935: 76). Refira-se ainda que, no decurso das escavações arqueológicas que revelaram a preservação do seu embasamento, não se verificou a existência de qualquer bloco de pedra siglado. Tal deverá ser o reflexo de apenas termos escavado as fundações da estrutura, e a silharia gravada e siglada estar apenas presente a cotas superiores. Esta torre de menagem inscrever-se-á nas características construtivas militares medievais, contando com a presença de torres de menagem desde a segunda metade do Século XII (MONTEIRO, 1999: 57), dominando visualmente um amplo território ao longo dos campos do Mondego. Este castelo dominava a linha de defesa do Mondego, em associação com outros, como Montemor-o-Velho, Penela, Soure ou Miranda do Corvo, representando o centro de um verdadeiro território de fronteira durante todo o processo de Reconquista e estabilização da fronteira do reino português. A importância militar do castelo medieval de Coimbra seria fundamental do ponto de vista político-administrativo.

450

A torre de menagem surge isolada no centro do perímetro do castelo em clara filiação com as suas congéneres entre meados do século XII e meados do século XIII, período a partir do qual começam a erigir-se nas proximidades directas dos paramentos murários. Inscreve-se na mesma lógica construtiva das suas congéneres do Castelo de Tomar (1160), Pombal (1171), ou, mais a Sul, do castelo de Almourol (1171). Será em meados ou finais do século XIII que “começaram a edificar-se com plantas pentagonais ou hexagonais (MONTEIRO, 1999: 34). A torre de D. Sancho (não sendo de menagem) assume, assim, um carácter de grande protagonismo na evolução da arquitectura miltiar portuguesa” (ALARCÃO, 2008: 201) A torre quinaria, erigida por ordem de D. Sancho I em 1198, deveria ser um pouco mais alta que a torre de menagem, altura essa que rondaria os 26,5 metros (ALARCÃO, 2008: 199), e seria construída em “aparelho incerto” (CORREIA, 1946: 64). Esta torre localizava-se a SE da torre de menagem e, contrariamente à primeira não era rodeada pela muralha, a qual apenas lhe encostava. O acesso ao interior do recinto fortificado seria através de uma porta defendida por duas torres salientes, situada a norte. Daqui acedia-se a um espaço aberto, tipo praça. Se atentarmos na planta pombalina do castelo, verificamos que desta praça se acederia a uma outra (identificada como picadeiro), também defendida por porta. Uma importante hipótese de leitura da distribuição dos espaços do castelo da cidade, adarve, torre das mulheres, porta de acesso, fosso envolvente (que ainda terá sido visto e descrito por Vergílio Correia), pode ser obtida pela leitura da recente obra do Professor Jorge de Alarcão dedicado à evolução do espaço urbano de Coimbra (ALARCÃO, 2008: 201 e seg.) (Fig. 7).

Fig. 7 – Reconstituição do Castelo de Coimbra segundo Jorge de Alarcão. (Desenho de José Luís madeira. Coimbra: A montagem do cenário urbano, Imprensa da Universidade de Coimbra, Coimbra, 2008).

Sónia Filipe e Ricardo Teixeira

Este espaço terá sido alvo de várias obras de beneficiação, reparação e adição de novos elementos. Inferindo uma fundação anterior ao século XII, Jorge Larcher indica que “o castelo de Coimbra sofreu várias obras, devendo ter recebido as primeiras reparações no tempo do conde D. Sisnando, que certamente depois da conquista de Coimbra por Fernando Magno o havia de reparar para poder resistir a qualquer ataque que de repente surgisse. Depois no tempo de D. Teresa, esposa do conde D. Henrique e mãe do primeiro Rei de Portugal, foram feitas, ou talvez reedificadas as torres da porta do Sol” (LARCHER, 1035: 72). Além da construção das duas torres anteriormente citadas, estão documentadas intervenções nos reinados de D. Dinis (chegando alguns autores a atribuir a este monarca a construção da torre de Menagem) e de D. Fernando (o qual terá mandado erigir a torre das Mulheres). No entanto, em 1573, a estrutura encontrar-se-ia bastante degradada, desprovida da sua função militar (MONTEIRO, 1999: 45-50), obrigando a Câmara Municipal a proceder à sua reparação, visando “melhorar as condições de residência do alcaide e da sua família” (ALARCÃO, 2008: 199). Perdendo a sua utilidade enquanto estrutura militar é adaptado a outros usos, tendo servido de cadeia e, no final do século XVI, de lazareto infantil. Durante os primeiros anos de reinado de D. Filipe I serviu de aquartelamento de soldados espanhóis (DUARTE, 2005: 95). Durante o século XVII, com a edificação do Colégio dos Militares, em 1615, o castelo terá sido parcialmente demolido, sobretudo o pano sul da sua muralha. No entanto, Nogueira Gonçalves refere que “nas demolições de casas junto ao pátio do Colégio dos Militares, em 1932, apareceu quase completa a cortina do lado sul, com a fiada de ameias e de seteiras abertas no corpo daquelas” (CORREIA e GONÇALVES, 1947: 2). A construção do Colégio dos Militares terá portanto aproveitado e incorporado algumas das estruturas murárias pré-existentes. No século XVIII, o castelo já se apresentaria em parte arruinado e terá sido integrado no domínio da Universidade para que, deste modo, se pudesse construir nesta área um moderno Observatório Astronómico. Data de 16 de Outubro de 1772, o documento do Marquês de Pombal que “encorporou no perpétuo Domínio da mesma Universidade o castello de Coimbra, portas delle, e todos os terrenos, que a elle e a ellas pertencem, para o estabelecimento do Observatório de Astronomia; dos apozentos dos Professores, e seus ajudantes; e da custódia dos Instrumentos Ópticos” (ALMEIDA, 1937: 22-23). No início do ano de 1774 o edifício projectado encontrava-se já em construção (ALMEIDA, 1937: 115), após a demolição do que restava do castelo, exceptuando a Torre de Menagem, a qual deveria ser incorporada no novo Observatório. A Torre Quinária revelou-se bastante difícil de demolir, tendo esses trabalhos demorado sete meses e havido necessidade de, recorrer a explosivos (CORREIA e GONÇALVES, 1947: 3). Em 1777 estava concluído o piso

A intervenção arqueológica no Largo do Castelo de Coimbra: vestígios da Torre de Menagem

térreo do Observatório Astronómico, mas este não chegaria a ter continuidade, uma vez que esta obra foi cancelada5. Mais tarde, já na segunda metade do século XIX, o espaço sido adaptado a lavandaria do Hospital. No século XX registaram-se dificuldades durante a demolição do que restava da Torre de Menagem, tendo Virgílio Correia observado que “os paramentos do interior do pavimento térreo, que era o único existente, encontravam-se fundamente desmantelados, com sinais de furos de broca, indicando que se teve de recorrer a explosivos” (CORREIA e GONÇALVES, 1947: 2). Durante os trabalhos arqueológicos agora realizados foi possível identificar alguns desses furos de broca no que actualmente subsiste da Torre de Menagem do Castelo de Coimbra [UE 407]. Em 1949, a Rua Larga e o antigo Largo do Castelo começaram a ser rebaixados, nalguns pontos em cerca de 3 metros (SOARES, 1961). Dos vestígios existentes, somente os que seguidamente se apresentam sumariamente, se terão preservado, por se encontrarem abaixo da cota de circulação prevista para a nova Praça. 3. A Torre de Menagem através do registo arqueológico Da totalidade da área escavada, centraremos a análise nas sondagens que vieram a revelar evidências físicas da Torre de Menagem, que passamos a descrever sumariamente. Depois de concluída a sondagem A, que não veio a revelar quaisquer vestígios relacionados com o Castelo de Coimbra, ainda que se localizasse na área onde a cartografia Setecentista representa uma das portas de acesso ao recinto, a escavação da Sondagem B, pelo contrário, vem confirmar a permanência do embasamento da torre de menagem do castelo de Coimbra, no canto Norte. Foi possível verificar que se conservam ainda quatro fiadas de pedra com o exterior facetado, correspondentes à fundação da estrutura defensiva medieva. A técnica construtiva aponta para a realização de um corte directo no substrato geológico, ao qual a estrutura em presença vai encostar/adossar. As pedras exteriores apresentam-se bem aparelhadas, com a face exterior facetada, servindo de paramento para o enchimento interior, realizado com a pedra calcária ligada por uma argamassa de cal e areia bastante forte. De um momento posterior, talvez correspondente aos trabalhos realizados para adaptação desta estrutura em Observatório Astronómico da Universidade de Coimbra, na segunda metade do século XVIII, identificou-se ainda um muro que assenta sobre a estrutura da torre. Associa-se a esta Sondagem ainda, a identificação de uma unidade estratigráfica [210], composta por terra negra, muito plástica e argilosa, bastante compacta, que encosta à estrutura pétrea. Tem associado um lote homogéneo e coeso de fragmentos cerâmicos enquadráveis em cronologia compreendida entre os séculos IX/X,6 (Fig. 8). Do estudo do lote cerâmico podemos observar que os fabricos variam na tecnologia de

451

modelação e tratamento de superfícies, apresentando, consistentemente, cozeduras redutoras ou heterogéneas e pastas pouco depuradas. O elevado grau de fragmentação dos vestígios não permitiu a identificação tipológica da maioria das peças, podendo, não obstante, referir-se o predomínio das formas fechadas (jarros e potes) e a abundância de fundos planos ou ligeiramente côncavos. Evidenciam-se as panelas de lábios em secção triangular (PEDD08 SB [210] 35 e PEDD08 SB [210] 8), o jarro com ressalto interior ao nível do bordo (PEDD08 SB [210] 18) e o jarro de lábio biselado (PEDD08 SB [210] 1), denotando-se nos colos uma tendência para os perfis troncocónicos invertidos. A panela de colo troncocónico invertido e bojo canelado (PEDD08 SB [210] 35) remete-nos para algumas formas da Província de Zamora (LARRÉN IZQUIERDO et al., 1995: Lam. I nº 12), enquanto o jarrito revestido a com pintura a branco e caneluras junto do colo (PEDD08 SB [210] 40) podem encontrar-se em contextos califais na Alcáçova de Santarém (VIEGAS [et al.], 1999: Fig. 5 nº 9). Relativamente aos recipientes de armazenamento identificados, refira-se um cântaro (PEDD08 SB [210] 3) de bordo moldurado e arranque de bojo decorado por cordão plástico digitado, próximo ao Tipo C de Santa Lucia del Trampa (CABALLERO ZOREDA et al., 1999: Fig. 102, nº 16).

Fig. 8 – Desenho de cerâmicas provenientes da UE 210 da sondagem B (Desenho de Constança Santos).

O conjunto integra, ainda assim, elementos, residuais, que poderão remontar a períodos mais recuados, como fragmentos em cerâmica cinzenta fina paleocristã, e alguns elementos mais recentes (Idade Média Plena). Por serem quase inexistentes os depósitos sedimentares em contexto primário associados à estrutura

452

Sónia Filipe e Ricardo Teixeira

defensiva identificada, unidades estratigráficas como esta sucintamente descrita, revestem-se de particular importância, na difícil tarefa de realizar uma atribuição cronológica mais precisa sobre a data primeira da edificação desta Torre defensiva. Localizada a Sul da estátua de D. Dinis, foi igualmente possível localizar o canto Oeste do embasamento da Torre de menagem (Sondagem C) (Fig. 9). Adossado ao alicerce da torre, no lado Sudoeste, identifica-se uma outra estrutura, de cronologia imprecisa, que poderá ter tido a função de contraforte. A sondagem D veio a confirmar a preservação das fundações da Torre, mais concretamente o enchimento interior do embasamento da torre, construído em pedra calcária e argamassa de cal e areia, assentando directamente sobre o estrato geológico. Uma das razões da localização desta sondagem prendeu-se com a indicação cartográfica e historiográfica de que no centro da Torre de Menagem, existiria uma cisterna para armazenamento de água. A evidência arqueológica mostra que, esta estrutura de reserva de águas estaria localizada numa cota superior, muito provavelmente implantada no primeiro piso da torre, e não escavada no estrato rochoso. O mesmo se verificou com a Sondagem I.

Fig. 9 – Pormenor construtivo do canto W da torre de menagem (Foto Paulo Morgado, 2008).

O aparelho constitutivo do preenchimento interior do embasamento da Torre de Menagem verificou-se ser idêntico, nos materiais empregues, características da argamassa, tamanho heterogéneo das pedras não afeiçoadas utilizadas, ao do observado num tramo de muralha existente no Colégio de S. Jerónimo, que, por virtude de uma adaptação de uma sala, veio a ser desconstruído e deixado o seu aparelho visível. Não só se constatou que o pano de muralha possui 2,40 m de largura no ponto interceptado, como foi possível visualizar o preenchimento interior da estrutura murária. Localizada a Sul da Praça de D. Dinis, e ocupando aquela que é neste momento a estrada fronteira ao Departamento de Matemática, a Sondagem J, veio colocar a descoberto todo o lado Sudoeste da torre (Fig. 10), tendo sido possível observar o canto Sul da mesma, além do “contraforte” já identificado na sondagem C.

Fig. 10 – Alinhamento SW da torre com estrutura paralela adossada (Foto Paulo Morgado, 2008).

A estrutura da base da torre preservada apresenta grande homogeneidade quanto à técnica construtiva. No entanto neste alinhamento da torre verifica-se a ocorrência de uma estrutura perfeitamente paralela ao alinhamento da torre, constituída por um forte embasamento de pedra não aparelhada e cal. Esta estrutura que adossa à fundação da torre possui, curiosamente, 2,40 m de largura, a mesma medida que se verifica nas muralhas associadas à estrutura do Alcácer da cidade, génese construtiva do complexo hoje denominado Paço das Escolas (CATARINO, 2005; CATARINO, 2008; CATARINO e FILIPE, 2006) e medida também verificada na mediação das estruturas murárias noutros pontos da cidade. Infelizmente, encontrava-se parcialmente destruída, não sendo possível reconstituir o comprimento original que teria. Tal facto, aliado à possibilidade de podermos visualizar o alçado do alicerce da torre de Menagem neste troço, determinou o desmonte de uma pequena secção. Já a Sondagem K, localizada, sensivelmente, a meio do Largo, a Este da estátua de D. Dinis, foi aberta na área em que, eventualmente, se localizaria o canto Este da torre de menagem. Não se observa a preservação de qualquer vestígio da mesma, talvez porque a torre não teria uma cota de fundação igual em toda a sua área, regularizando-se nas expressões de cota superiores, ou porque, neste ponto se tenha procedido ao desmonte parcial da estrutura. Localizada junto do edifício do Departamento de Matemática, construído no século XX, à custa da oblação das construções primitivas existentes, a Sondagem E veio a revelar um conjunto de vestígios arqueológicos em mau estado de preservação, devido ao rebaixamento da cota do terreno para a implantação do edifício e infra-estruturas associadas. Ainda assim, foi possível detectar o embasamento, já muito destruído, de dois muros paralelos, com orientação sensivelmente Sudeste-Noroeste. Difícil será estabelecer uma funcionalidade a estas estruturas, não só pelo estado de destruição que apresentam, como também pela área escavada nesta sondagem, muito

A intervenção arqueológica no Largo do Castelo de Coimbra: vestígios da Torre de Menagem

limitada. No entanto, parece-nos possível avançar com a hipótese de estas estruturas poderem, eventualmente, estar associadas à muralha do castelo. Tanto esta Sondagem como as seguintes – F, G e H –, se encontram dentro do perímetro de afectação do Parque de estacionamento previsto e na área construtiva relacionada com a implantação do Castelo da cidade, mas para além da Torre de Menagem. Muito sucintamente, destaca-se na Sondagem F, a presença, ainda que perturbada pela colocação de infra-estruturação contemporânea, de um conjunto de estratos arqueológicos relacionáveis com níveis de ocupação pré-romana neste espaço. Referimo-nos concretamente a um lote de fragmentos cerâmicos que se poderão inserir cronologicamente na fase de transição entre o Final da Idade do Bronze e a I Idade do Ferro (séc. VIII-VI a.C.), exumados em simultâneo com vestígios osteológicos humanos, recolhidos pelo Departamento das Ciências da Vida da FCTUC, sob coordenação da Prof. Doutora Ana Maria Silva. Na Sondagem G, fronteira às Escadas Monumentais e no exterior daquilo que teria sido a implantação do castelo medieval, foram escavados níveis sedimentares com características de aterro com mais de 4 metros, prova dos trabalhos de regularização da cota de circulação nesta área em momentos recentes (para a construção da Praça D. Dinis. Por forma a garantir a implementação dos projectos para este espaço central na Cidade Universitária, ocorrem, em simultâneo processos de desaterros nas áreas a Norte e Poente, por oposição a processos de aterro e nivelamento de cota a Nascente (Arquivo da Universidade de Coimbra. – CAPOCUC, processo de construção da Praça D. Dinis, rolo 335). Localizada no cruzamento da Calçada Martim de Freitas com a rua do Arco da Traição, a sondagem H, como seria espectável veio revelar a existência de um troço do aqueduto de S. Sebastião no momento em que este alteraria a sua passagem em arcos para estrutura subterrânea de condução das águas. No local em que o aqueduto foi interceptado, não se verificou o aparecimento de materiais que possam auxiliar o processo de datação da fundação da estrutura. A face do aqueduto virada a Sul encosta ao estrato geológico, servindo desta forma também como “muro de contenção” da estrada que passaria do lado Norte. Desta breve descrição, depreendemos que, não obstante o elevado nível de destruições e transformações que este espaço conheceu principalmente no terceiro quartel do século XVIII e, muito significativamente, em meados do século XX, foram detectadas diversas estruturas arqueológicas significativas. Podemos mesmo afirmar que grande parte das estruturas apresenta um razoável estado de conservação. Por razões de área de implantação, importância estratégica do vestígio posto em evidência e a procura de um mais amplo conhecimento sobre a mesma, face à afectação prevista decorrente da construção do parque de estacionamento, foi definido que o embasamento da torre de menagem do complexo do Castelo medieval da cidade de Coimbra, fosse esca-

453

vado na sua quase totalidade. A quase ausência de potência estratigráfica associada a esta estrutura7, directamente implantada no substrato rochoso, tendo este sido cortado para a implantação das primeiras fiadas de pedra da estrutura defensivo – motivo que terá conduzido à sua preservação até ao momento presente -, associada aos reduzidos contextos arqueológicos sedimentares encontrados em articulação com a estrutura, com materiais preservados em situação de deposição primária, vêm colocar problemas ao nível da maior precisão cronológica do momento inicial de algumas das estruturas arqueológicas identificadas no decurso da escavação. Em síntese, os vestígios escavados da Torre de menagem do castelo de Coimbra, permitem reconhecer uma estrutura com fundações assentes directamente nas formações geológicas de base (margas e calcários de Coimbra e argila) (Fig. 11). No entanto, devido possivelmente à heterogeneidades nas formações geológicas, a base da sapata não se apresenta plana, modelando-se à morfologia do terreno. Nalguns pontos da fundação da torre existem mais fiadas de blocos de pedra e noutros menos, em número variável entre uma e quatro fiadas de pedra. Verifica-se ainda que nalguns locais as fiadas inferiores se encontram reentrantes face ao perfil, o que contraria o normal da engenharia de construção em que se verifica que os níveis inferiores são, muitas vezes, mais largos que os níveis que lhe assentam (Fig. 12). Pensamos que este facto poderá estar relacionado com uma pré-existência que foi aproveitada como nível de fundação desta estrutura medieval. Esta proposta de trabalho é dificultada pela quase ausência de estratigrafia arqueológica coeva da fundação da estrutura e muito menos anterior à mesma.

Fig. 11 – Assentamento da estrutura base da torre sobre o bedrock (dolomias de Coimbra e argilas) (Foto Paulo Morgado, 2008).

A estrutura escavada preserva ainda uma altura máxima de cerca de 1,50 m no alçado Sudoeste, sendo visíveis quatro fiadas de pedra. A pedras, de médias e grandes dimensões, são cuidadosamente facetadas e apresentam forma rectangular ou qua-

Sónia Filipe e Ricardo Teixeira

454

Fig. 12 – Pormenor do aparelho construtivo com diferenciação entre as fiadas inferiores e superiores (Foto Paulo Morgado, 2008).

drangular, com dimensões variáveis, compreendidas entre os 138 cm e 22 cm de comprimento, por uma altura, regular ao nível de cada fiada, com cerca de

40 cm nas fiadas superiores e 25-30 cm nas fiadas inferiores. O aparelho construtivo do embasamento da torre é muito regular e cuidado, numa aparente alternância entre blocos rectangulares e quadrangulares, solidamente unidos entre si por forte argamassa de cal (Fig. 13). Estas pedras afeiçoadas delimitam as faces exteriores da estrutura defensiva, por oposição ao preenchimento interior, composto por pedras colocadas de forma aleatória, ligadas por argamassa de cal e areia grossa, tornando-a bastante robusta. Tanto no “miolo” do embasamento da torre como no registo do interior da muralha observada no Colégio de S. Jerónimo, verificamos a aplicação de um modelo de preenchimento com recurso a pedras, não facetadas, de pequenas, médias e grandes dimensões, agregadas por uma argamassa de cal muito dura, com raras inclusões de materiais cerâmicos de construção no interior, definindo uma estrutura compacta e sólida (Fig 14).

Fig. 13 – Pormenores do aparelho construtivo identificado na escavação do embasamento da Torre de Menagem do Castelo de i Coimbra (PEDD.UC’08) .

Fig. 14 – Alçado Sul do tramo de muralha interceptado no Colégio de S. Jerónimo por nós registado em 2008. Foto do mesmo (Foto Paulo Morgado, 2008).

Formaria inicialmente um quadrilátero de 20 m de lado (Fig. 15). Grande parte do mesmo apresenta-se preservado ao nível das fundações, exceptuando-se o canto Este e uma área adjacente com sentido Este-Sul. De facto, mesmo as fundações da Torre se

encontram obliteradas em alguns pontos pela construção de uma vala nos finais do século XIX [UE 906] que a atravessa no sentido Norte-Sul, tendo sido foi também cortada, durante as obras dos anos 40, para efectuar um canteiro em volta da estátua de D. Dinis.

A intervenção arqueológica no Largo do Castelo de Coimbra: vestígios da Torre de Menagem

Com vestígios preservados apenas ao nível das fundações e quase ausência de estratigrafia e informação ceramológica ou outra coevas associada à estrutura pétrea, torna-se tarefa difícil avançar para já com certezas interpretativas quanto ao momento construtivo inicial desta Torre. Pese embora esse facto, parece-nos viável admitir que, em momento anterior à edificação desta estrutura defensiva por impulso de D. Afonso Henriques, no século XII, existisse já neste ponto da cidade uma outra estrutura do mesmo carácter, ainda que de dimensões ligeiramente diferentes, talvez como ponto avançado de defesa da entrada na cidade por lado nascente, através das Portas do Sol. As características ligeiramente diferenciadoras nos dois alinhamentos inferiores do

455

embasamento, reentrantes face às fiadas superiores e com as pedras apresentando menor altura, poderão contribuir para a viabilização desta hipótese de trabalho. Pretendemos com esta primeira aproximação, ainda embrionária, dar conhecimento da ocorrência deste testemunho do castelo medieval de Coimbra, mais concretamente, o embasamento da sua Torre de Menagem. Esperemos que o desenvolvimento dos trabalhos e estudos sobre esta área da cidade possam revelar mais informação sobre a mesma e, particularmente, deste período cronológico, determinante para a afirmação urbana e político-administrativa do território e da urbe. Há muito trabalho a fazer.

Fig. 15 – Foto com implantação dos vestígios do embasamento da torre de Menagem identificados (Foto Paulo Morgado, 2008).

BIBLIOGRAFIA ALARCÃO, Jorge, Coimbra: A montagem do cenário urbano, Imprensa da Universidade de Coimbra, Coimbra, 2008. ALARCÃO, Jorge, “A evolução urbanística de Coimbra: das origens a 1940”, Actas do I Colóquio de Geografia de Coimbra, nº especial de Cadernos de Geografia, FLUC, Coimbra, 1999, p. 1-10. ALARCÃO, Jorge; ANDRÉ, Pierre; BARRELAS, Paulo; CARVALHO, Pedro; SANTOS, Fernando Pereira; SILVA, Ricardo, O Forum de Aeminium. A busca do desenho original, IMC – Instituto Português dos Mu-

seus/ Museu Nacional Machado de Castro / EDIFER, Coimbra, 2009. ALMEIDA, M. Lopes de, Documentos da Reforma Pombalina. Volume I (1772-1782), Por ordem da Universidade de Coimbra, Coimbra, 1937. Arquivo da Universidade de Coimbra, CAPOCUC. – Processo de construção da Praça D. Dinis, rolo 335 s.d. (A) Velha Alta …Desaparecida. Álbum Comemorativo das Bodas de Prata da Associação de Antigos Estudantes de Coimbra, 2º edição, Coimbra, 1991. CABALLERO ZOREDA, Luis; SÁEZ LARA, Fernando, “La Iglesia Mozarabe de Santa Lucia del Trampal, Al-

Sónia Filipe e Ricardo Teixeira

456

cuescar, Cáceres” Arqueologia y Arquitectura, Junta de Extremadura, 1999. CATARINO, Helena, “A Marca Inferior em Portugal na época de Almansor: hipóteses de trabalho e exemplos de Viseu e Coimbra”, em PINO, José Luís del (coord.), La Península Ibérica al fili del año 1000. Congreso Internacional Almanzor y su época (Córdova, 14 a 18 de octubre de 2002), Fundacion Prasa, Córdoba, 2008, p. 123-146. CATARINO, Helena, “Notas sobre o período islâmico na Marca Inferior (Tagr al Gharbi) e as escavações na Universidade de Coimbra”, Muçulmanos e Cristãos entre o Tejo e o Douro (séc-s VIII a XIII), Câmara Municipal de Palmela / Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2005, p. 195-214. CATARINO, Helena; FILIPE, Sónia, “Madinat Qulumbriya: arqueologia numa cidade de fronteira”, Al-Ândalus espaço de mudança. Balanço de 25 anos de história e arqueologia medievais, Seminário de Homenagem a Juan Zozaya Stabel-Hansen (Mértola 2005), Campo Arqueológico de Mértola, 2006, p. 73-85. CATARINO, Helena; FILIPE, Sónia, “A História tal qual se faz no Pátio da Universidade de Coimbra: apresentação sumária dos vestígios de época romana”, A História Tal qual se faz, Edições Colibri / Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Lisboa, 2003, p. 49-63. CATARINO, Helena; FILIPE, Sónia, “Arqueologia: Segredos e lições do Pátio da Universidade”, Rua Larga. Separata O Paço das Escolas Revisitado, n.1, Reitoria da Universidade de Coimbra, Coimbra, 2003a, p. 2-4. COELHO, António Borges, Portugal na Espanha Árabe, Lisboa, 1972. CORREIA, Vergílio, Obras, vol. I, Acta Universitatis Conimbrigencis, Coimbra, 1946. CORREIA, Vergílio e GONÇALVES, A. Nogueira, Inventário Artístico de Portugal – Cidade de Coimbra, Academia de Belas Artes, Lisboa, 1947. COSTA, Alexandre Alves; TÁVORA, Fernando; BYRNE, Gonçalo; FERREIRA, Hestnes, A Alta de volta, Concurso para o Plano de Reconversão dos Espaços dos Colégio de S. Jerónimo, das Artes, Laboratório Químico e área envolvente, Edições do Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, Tipografia Lousanense, Lousã, 1997. CRAVEIRO, Maria de Lurdes, “A Arquitectura da Ciência”, Laboratório do Mundo. Idéias e Saberes do Século XVIII, Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, 2004, p. 49-101. CRAVEIRO, Lurdes, Manuel Alves Macomboa, Instituto de História de Arte, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Coimbra, 1990. DUARTE, Berta, “Coimbra, Cidade Muralhada”, Arquivo Coimbrão: Boletim da Biblioteca Municipal, vol. XXXVIII, Coimbra, 2005, p. 93-108. FIGUEIREDO, A. C. Borges, Coimbra antiga e moderna. Lisboa, Livraria Ferreira (fac-simile da obra de 1886), Livraria Almedina, Coimbra, 1996. FILIPE, Sónia, “Estudos, Projectos e Trabalhos preparatórios – Arqueologia preventiva, escavações prévias no Largo de D. Dinis”, em LOPES, Nuno Ribeiro (coordenação executiva), De Coimbra | Universidade, Alta e Sofia – Execução, Dossier de Candidatura à UNESCO, Edição Universidade de Coimbra, Coimbra, 2012, p. 362-368.

FILIPE, Sónia, “Arqueologia urbana em Coimbra: um testemunho na Reitoria da Universidade”, Conimbriga XLV, Instituto de Arqueologia da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Coimbra, 2006, p. 337-357. FILIPE, Sónia; MORGADO, Paulo, Relatório da actividade arqueológica preventiva realizada no âmbito da construção do Parque de Estacionamento Subterrâneo do Largo D. Dinis | Estudo pedosedimentológico/geoarqueológico de carotes de sondagem obtidas em furos de prospecção geotécnica efectuadas no Largo D. Dinis. Reitoria da Universidade de Coimbra | Gabinete de Candidatura à Unesco, doc. não publicado, Coimbra, 2005. HARRIS, Edward C., Principios de estratigrafía arqueológica, Editorial Crítica, Barcelona, 1991. HERMOSILHA, Helder; FILIPE, Sónia;MORGADO, Paulo, “GPR and Archaeology on Urban Areas: two case studies on the University of Coimbra (Portugal)”, Publicação em digital das comunicações apresentadas no 12th International Conference on Ground Penetrating Radar, realizado de 15 a 19 de Junho na Universidade de Birmingham, Reino Unido, 2008. LARRÉN IZQUIERDO, Hortênsia; TURINA GOMÉZ, Araceli, “Caracterizacion y tipologia de la cerâmica medieval de la província de Zamora, siglos XI-XIV”, Actas das 2ª Jornadas de Cerâmica Medieval e Pós-Medieval – métodos e resultados para o seu estudo (Tondela, 1995), Câmara Municipal de Tondela, 1995, p. 81-89. LARCHER, Jorge, Castelos de Portugal. III – Distrito de Coimbra, Coimbra, Tipografia da Atlântida, 1935. MARTINS, A. Fernandes, O esforço do homem na bacia do Mondego, Tese de licenciatura em Ciências Geográficas na Universidade de Coimbra, FLUC, Coimbra, 1940. MONTEIRO, João Gouveia, Os Castelos Portugueses dos finais da Idade Média, presença, perfil, conservação, vigilância e comando, Lisboa, Edições Colibri, 1999. ROSMANINHO, Nuno, O princípio de uma revolução urbanística no estado novo. Coord. e apresentação de Reis Torgal. Minerva Editora, Coimbra, 1996. ROSSA, Walter, DiverCidade: urbanografia do espaço de Coimbra até ao estabelecimento definitivo da Universidade, dissertação de doutoramento apresentada à Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, Edição de Autor, Coimbra, 2001. SOARES, António José, Saudades de Coimbra. Pequena história da Academia de Coimbra (1901-1950), Coimbra, Edição de autor, 2ªedição aumentada em 3 volumes, Coimbra, Livraria Almedina, 1961/1985. VENTURA, Leontina, “A muralha coimbrã na documentação medieval”, Actas das I Jornadas de Grupo de Arqueologia e Arte do Centro, Coimbra, GAAC, 1979, p. 43-56. VIEGAS, Catarina; ARRUDA, Ana Margarida, “Cerâmicas islâmicas da Alcáçova de Santarém”, Revista Portuguesa de Arqueologia, nº 2, vol. II, 1999, p. 105-186.

NOTAS * Arqueóloga ** Arqueólogo.

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.